MÍDIA & POLÍTICA
Sarney ‘faz pose’ de defensor da liberdade de imprensa, diz jornalista, 11/12
‘A jornalista Alcinéa Cavalcante publicou em seu blog um post criticando a postura do senador José Sarney que, segundo ela, ‘posa como defensor de jornalistas’ enquanto usa o cargo de ‘todos os meios para calar as vozes que têm a ousadia de contestá-lo’. O texto foi publicado após a jornalista ter recebido da assessoria do senador uma carta em defesa do jornal A Tribuna da Imprensa.
‘Que homem é este que no Amapá é contra a imprensa livre e no resto do país faz pose e discurso de defensor da liberdade de imprensa?’, diz a jornalista em seu blog.
Alcinéa foi alvo de diversos processos movidos por Sarney por causa de matérias publicadas em seu antigo blog durante a campanha eleitoral de 2006. Em fevereiro de 2007, ela foi indiciada pela Polícia Federal. Alcinéa também foi pivô do movimento Xô Sarney. Por sua atuação como blogueira, ela foi premiada pela organização Repórteres Sem Fronteiras e pelo The Best Of The Blogs.
‘Aqui no Amapá está uma coisa absurda. Eu digo que é muito pior do que o regime ditatorial. É um ataque brutal à liberdade de expressão e a imprensa aqui não pode divulgar nada. Isso só acontece no Amapá e desde a campanha do ano passado’, revelou a repórter ao Comunique-se quando foi indiciada pela PF.
Na eleição de 2006, Alcinéa não foi o único alvo de Sarney e seu grupo político na imprensa. Na ocasião, o Tribunal Regional Eleitoral do Amapá aprovou diversas ações contra veículos de comunicação. Jornais, rádios e sites foram suspensos, multados e/ou obrigados a oferecer direitos de resposta a pedido do senador.
A assessoria do senador afirma que a carta de apoio à Tribuna da Imprensa foi enviada para diversos órgãos de imprensa, e que Alcinéa tem o direito de manifestar a sua opinião. Diz ainda que Sarney não fez nenhum comentário sobre o texto publicado pela jornalista.
Leia a nota publicada no blog da Alcinéa nesta quarta-feira
Não dá, senador!
Através de sua assessoria o senador José Sarney (PMDB) me envia matéria intitulada ‘Em defesa da imprensa livre’ com pedido para que seja publicada aqui no meu blog.
A matéria é sobre um pronunciamento que ele fez lamentando o fechamento do combativo jornal Tribuna da Imprensa.
Mas logo o Sarney que aqui no Amapá, em 2006, pediu o fechamento de blogs, jornais e mandou tirar do ar programas de rádio. Que homem é este que no Amapá é contra a imprensa livre e no resto do país faz pose e discurso de defensor da liberdade de imprensa?
Que homem é este que no Estado que lhe dá de presente o mandato de senador usa todos os meios para calar as vozes que têm a ousadia de contestá-lo e que no resto do país posa de defensor de jornalistas corajosos?
Não dá, senador, para publicar a matéria que o senhor me enviou. O seu lamento pelo fechamento da Tribuna soa muito falso, afinal aqui em Macapá o senhor mandou fechar blogs, jornais, tirar programas de rádio do ar, o senhor condenou vários jornalistas ao desemprego, ao pagamento de multas estratosféricas e a ter o nome no Cadin, o que impede que os jornalistas que o senhor condenou possam abrir uma empresa para começar um pequeno negócio seja na área de comunicação ou em outra qualquer, impede até que os cônjuges desses jornalistas possam acessar financiamento para aquisição da casa própria, como impede acesso a qualquer crédito, como um empréstimo bancário para um tratamento médico.
Decididamente, senador, não dá pra publicar tal matéria. Ninguém aqui vai acreditar nas suas palavras.
Ou será que o senhor mudou?’
JORNALISMO POPULAR
Vídeo que mostra cadáver de ex-marido de atriz gera polêmica, 12/12
‘‘Cuidado: cenas fortes’. É dessa maneira que o site do jornal O Dia avisa sobre o conteúdo de um vídeo publicado nesta sexta-feira (12/12) sobre o ex-marido da atriz Suzana Vieira, Marcelo Silva, morto na quinta-feira, no estacionamento de um flat na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Nas imagens, cenas do corpo vestido apenas com uma cueca, com uma mancha de sangue perto da cabeça. Para o professor de direito da FMU Edson Knippel, o jornal pode ser alvo de processos judiciais.
‘Essas imagens ferem o direito a intimidade, privacidade e dignidade da pessoa humana. No meu ver, a família do morto pode mover uma ação por danos morais. Houve um abuso da imprensa’, avalia.
‘O vídeo tem relevância jornalística’
Esse não é o entendimento do editor-executivo do O Dia, Henrique Freitas. Segundo ele, independente do conteúdo do vídeo, o jornal tem sempre que estar preparado para receber processos, já que isso depende do entendimento de terceiros e não apenas da correção do jornal.
Freitas conta que as imagens não foram feitas por profissionais do jornal e defende a sua veiculação. Ele afirma que a imagem é de interesse público, já que o assunto foi tratado por toda a grande imprensa. Diz ainda que três emissoras de TV e um site de internet requisitaram as imagens ao O Dia, o que demonstra a relevância jornalística.
‘É uma imagem relevante, não está simplesmente jogada ali. Se não fosse dessa forma, ela não seria publicada e nós não seríamos procurados por outros veículos de imprensa’, sustenta.
O secretário-geral da Associação de Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Rio de Janeiro (Arfoc), Alcyr Cavalcanti, não partilha da visão de Freitas. Em sua opinião, o vídeo é desnecessário e não contribui com informações de interesse público. Porém, afirma que a decisão de publicar ou não cabe ao editor do veículo.
‘A mídia, em geral, trabalha com o espetacular. Então, esses critérios de mostrar ou não ficam a cargo de cada jornal. São limites que não são e não podem ser impostos. Nós lutamos pela não interferência na liberdade de informação, mas eu não sei até onde vai a utilidade de se mostrar isso’, comenta.
‘A morte faz parte do mundo privado’
A exposição do vídeo com o cadáver também foi alvo de críticas do professor livre-docente aposentado da USP Manuel Carlos Chaparro. Ele defende o direito de livre expressão, mas argumenta que o uso da imagem pode causar danos a outros. ‘É o problema dos efeitos, da maneira como se usa a liberdade de expressão’, diz.
Chaparro explica que a morte, culturalmente, faz parte do mundo privado das pessoas e das famílias e a veiculação de imagens como as publicadas no site do O Dia podem representar uma invasão de privacidade.
‘Para explorar uma emoção coletiva, que é o interesse pelo mórbido, é preciso que se tenha um ganho social que se justifique. Nesse caso eu acho que não há’, afirma.’
IMPRESSOS EM CRISE
Correio Braziliense demite 11 jornalistas, 12/12
‘Por causa da crise econômica, o Correio Braziliense demitiu, esta semana, 11 jornalistas. Entre eles estão repórteres antigos no diário, como Pedro Paulo, que trabalhou no veículo por 11 anos e atuava em Internacional. A crise foi o motivo alegado ao Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal pela direção do diário, segundo conta o presidente da entidade, Romário Schettino.
A diretoria do jornal não falou com o Comunique-se na manhã desta sexta-feira (12/12). Para Schettino, o quadro é preocupante. ‘Vivíamos um momento de congelamento na contratação nas redações [do Distrito Federal]. A redução de postos é preocupante’.
O presidente do sindicato diz que, entre os motivos das demissões, estariam, supostamente, as dívidas contraídas pelo diário com a família Chateaubriand e uma retração no mercado publicitário.
Pedro Paulo divulgou uma carta para os amigos de redação. Ele mesmo não foi informado do porquê de sua demissão. ‘Não sei te dizer, mas precisamos ser humildes. Vou falar com a direção do jornal para saber onde eu falhei’, disse.
Tribuna do Brasil e Jornal de Brasília atrasam salários
Segundo o sindicato, a Tribuna do Brasil e o Jornal de Brasília atrasaram os salários de seus funcionários.
A reportagem não conseguiu entrar em contato com a redação da Tribuna do Brasil.
O Jornal de Brasília atrasou o salário no mês de dezembro. Segundo o editor-chefe, Jorge Eduardo, a remuneração será paga nesta sexta (12/12). ‘Não são só os jornalistas que estão com salários atrasados’, disse Jorge Eduardo. Ele atribui a falha aos altos encargos do fim do ano.
Jorge Eduardo enfatiza que, apesar do atraso, medidas foram tomadas para regulamentar a situação dos jornalistas do diário. ‘Elaborou-se um banco de horas para pagar horas extras’.’
Comunique-se
Tribuna da Imprensa volta em edição especial
‘Os leitores da Tribuna da Imprensa que passaram nesta quinta-feira nas bancas devem ter levado um susto. O jornal saiu hoje em edição especial para homenagear as pessoas que têm manifestado solidariedade ao seu fechamento. O proprietário do periódico, Hélio Fernandes, conta que a edição tem 10 mil exemplares e o objetivo de mostrar aos leitores que ‘estamos atentos’.
‘Aos 88 anos, hoje o que eu quero é ver a Tribuna voltar. Eu não tenho o amanhã, mas a Tribuna tem’, disse Fernandes.
O dono de jornal comemorou, nesta quarta, em entrevista ao Comunique-se, as muitas iniciativas de políticos e da sociedade em geral ao dar apoio à decisão de fechar momentaneamente o jornal, por causa das dívidas contraídas ao longo dos anos.
‘Usei há poucos dias a palavra momentaneamente e ela continua sendo a palavra de ordem para a volta da Tribuna da Imprensa’.
Fernandes ainda não decidiu, mas um de seus planos é fazer com que o jornal circule semanalmente. ‘Isso ainda não está definido’, finaliza.’
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‘A revista norte-americana Newsweek vai reduzir a circulação e demitirá funcionários, para evitar o fim da publicação, segundo o Wall Street Journal.
De acordo com o jornal, não se sabe o número de funcionários que serão demitidos, mas haverá uma redução de 2,6 milhões de exemplares para entre 0,5 milhão e 1 milhão de exemplares.
Ainda de acordo com o Wall Street Journal, a Newsweek circulará com menos páginas. ‘A revista Newsweek prevê reduzir seus efetivos dentro de uma importante renovação que resultará numa publicação reduzida’, afirmou o jornal financeiro.
Com informações da AFP.’
PROPAGANDA SEM CRISE
Mercado brasileiro de publicidade terá crescimento de 30%, diz estudo, 12/12
‘O mercado publicitário brasileiro deverá crescer 30% no próximo ano. A previsão é da Zenith Optimedia, cujo relatório mostra uma previsão otimista para 2009 na compra de espaço publicitário de jornais, revistas, internet, rádio, TV, cinema e outdoor. O Brasil aparece na frente de diversos países.
Rússia, Índia e China também deverão ter bons resultados, segundo o estudo, com 5%, 9% e 13%, respectivamente.
O crescimento de países emergentes vai compensar a redução dos investimentos nos maiores mercados de mídia, como dos Estados Unidos em 6,2% e na Europa, em 1,0%. Há dois meses, a previsão era mais otimista – a América do Norte teria alta de 0,9% e o Velho Continente, de 2,6%.
As previsões antes da crise mundial eram melhores. A região da Ásia e Pacifico, por exemplo, teve as previsões de crescimento revistas de 5,2% para 3,2%.
Segundo o estudo, num contexto geral, o primeiro semestre do próximo ano não terá bons resultados, mas o segundo apresentará crescimento. A publicidade deve apresentar recuperação a partir do terceiro trimestre.
Os mercados emergentes devem apresentar bons resultados também nos anos seguintes. A pesquisa mostra uma contribuição desses mercados de 89% de todo o crescimento nos investimentos entre 2008 e 2011. O share global deve crescer de 30% para 36%.
As informações são do M&M Online.’
MERCADO EDITORIAL
Imprensa americana destaca crescimento do mercado de jornais no Brasil, 11/12
‘O crescimento da indústria de jornais no Brasil foi destaque na imprensa americana. Na última terça-feira (09/12), o site The Huffington Post publicou a reportagem ‘A expansão da indústria brasileira de jornais’. A matéria serviu de contraponto com a atual situação do mercado americano, marcado por falências e demissões.
‘Brasil está no meio de um boom dos jornais. Brasileiros compraram 24% mais jornais nos primeiros três trimestres de 2008 do que em 2006’.
A matéria dá destaque à expansão dos jornais populares, citando o Diário de S. Paulo e o Super Notícia, reflexo do aumento do poder aquisitivo da população que migrou para a classe C. Diz ainda que os grandes jornais também registraram crescimento, assim como os jornais gratuitos.
‘E a publicidade não migrou para a internet tão rápido como nos Estados Unidos’.
Apesar de mostrar o bom momento dos jornais impressos, a reportagem ressalta que o índice de leitura per capita ainda é baixo quando comparado com os padrões norte-americanos e que a crise financeira mundial ainda não atingiu o Brasil como em outros países.’
ACADEMIA
Cícero Sandroni é reeleito presidente da ABL, 11/12
‘Cícero Sandroni terá seu segundo mandato como presidente da Associação Brasileira de Letras (ABL). Ele foi reeleito por unanimidade na quinta-feira (11/12). Outros membros da diretoria também serão mantidos em 2009. Ele, que também é jornalista, passou a integrar a ABL em setembro de 2003.
Ivan Junqueira continua como secretário-geral, Alberto da Costa e Silva como primeiro secretário, Nelson Pereira dos Santos como segundo secretário e Evanildo Bechara como tesoureiro.
O estatuto da ABL permite que um presidente tenha dois mandatos consecutivos. A eleição é anual. A posse para a nova gestão está prevista para 18/12, em sessão solene no Salão Nobre do Petit Trianon.
2009, o ano de Euclides da Cunha
No próximo ano, o centenário da morte do autor de ‘Os Sertões’, Euclides da Cunha, vai receber homenagem da ABL. O escritor morreu em 15 de agosto de 1909.
Euclides da Cunha terá uma exposição, como foi com Machado de Assis, a ‘Euclides vive!’ e será destaque na maior parte da programação cultural da entidade.
‘Vamos montar o que pretendemos venha a ser a maior exposição em torno de sua obra monumental’, afirmou o Presidente. De acordo com Sandroni, além de exposição, a ABL organizará ciclos de palestras, edições e visitas guiadas sobre o escritor Euclides da Cunha. ‘Queremos exaltar um intelectual brasileiro que, entre outros trabalhos, produziu um livro único – ‘Os Sertões’ -, que, para nós, representa um marco na vida mental do Brasil. Livro ímpar, sem igual em outras literaturas, que, misturando o ensaio, a história, as ciências naturais, a epopéia, o lirismo, o drama, mostra a definitiva conquista da consciência de brasilidade pela vida intelectual do país’, conta Sandroni.
Outra novidade que envolve a ABL é a expansão das atividades literárias em 2009 através de recursos tecnológicos, como a internet.’
MÍDIA & LEGISLAÇÃO
Justiça reconhece vínculo de jornalista contratado como pessoa jurídica
‘O Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região reconheceu a existência de vínculo trabalhista entre o jornalista Flávio Alcaraz Gomes e a Rádio Guaíba. Pela decisão, a empresa fica obrigada a pagar todos os direitos do funcionário que não foram recolhidos entre 1988 e 2007. Ainda cabe recurso ao Tribunal Superior do Trabalho.
Durante esses 19 anos, Alcaraz não teve a sua carteira de trabalho assinada e os pagamentos eram feitos em nome de uma empresa que ele teve que abrir. De acordo com o recurso da Rede Record, dona da rádio, ‘a relação havida entre as partes era meramente de natureza civil entre duas empresas legalmente constituídas’.
A alegação não foi aceita pelo relator do processo, desembargador Ricardo Luiz Tavares Gehling. Em seu entendimento, existe a presença da subordinação e, portanto, de uma relação de trabalho.
‘Que trabalhador autônomo, ou contratado como pessoa jurídica, seria formalmente cientificado pelo suposto contratante, de que nas semanas seguintes, gozaria de férias e seria substituído por um outro funcionário da própria empresa?’, questionou o relator.
Com informações do site Espaço Vital.’
JORNAL DA IMPRENÇA
Pena máxima para uma falta grave, 11/12
‘o que os homens
não vêem não
poderão espedaçar
(Alberto da Cunha Melo in O Presente)
Pena máxima para uma falta grave
A coluna recebeu o seguinte texto do Ex-Blog de César Maia:
Este Ex-Blog conversou com o Prefeito do Rio, que estava preso na época no DOPS de Minas Gerais, a respeito e obteve outra versão. Naquele dia 13, conta o Prefeito, os presos políticos no DOPS foram chamados a arrumar seus pertences e subir a ante-sala do delegado. Este leu o mandato de soltura dos mesmos. E em seguida leu o AI-5, o que tornava sem efeito o mandato e os mandou de volta para a cela.
Janistraquis ficou perplexo:
‘Considerado, é inconcebível que o redator do blog de um político não saiba a diferença entre mandado e mandato!!!’
É verdade; deve ser excesso dalguma coisa com a qual o colunista não atina; de todo modo, César Maia precisa tomar providências e o responsável pelo vexame deve ser condenado à pena máxima: escutar os discursos de Lula durante uma semana.
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Língua à moda
Aliás, bastante antenado com a coluna, o considerado Elpídio Rangel de Mendonça, paulistano, engenheiro aposentado, garante que não suporta mais os tais discursos de Sua Excelência:
O camarada não pode ver um microfone que logo vai espalhando os perdigotos. De uns tempos para cá, repete que ‘tem muita gente torcendo contra o Brasil’; que, ‘apesar de rezarem para o país ser engolido pela crise’, vamos muito bem, etc. e tal.
Ora, o presidente precisa enfiar naquela cabeça de torneiro mecânico que nenhum brasileiro, solto e trabalhando/produzindo, torce para o país ‘sifu’, para usarmos a linguagem dele; torce-se, isto sim, para que ele caia do palanque e engula a língua!
Janistraquis adorou essa de o Homem engolir a língua.
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Cunha Melo
O sociólogo e jornalista Alberto da Cunha Melo (José Alberto Tavares da Cunha Melo) nasceu em Jaboatão, Pernambuco, e pertence à chamada Geração 65 de poetas pernambucanos. Morreu em 2007, aos 65 anos. Deixou uma obra que lhe há de sobreviver pela eternidade afora. Leia no Blogstraquis a íntegra do poema cujo fragmento encima a coluna.
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Fenômeno
Comentário de Janistraquis depois que tomou conhecimento da notícia-bomba:
‘Considerado, com absoluta certeza o Fenômeno foi contratado por especuladores corinthianos habituados aos riscos do mercado futuro.’
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Erro ou não?
Chamadinha na capa do UOL:
Nos EUA — Mais da metade dos maiores de 18 anos joga videogames
Janistraquis observou, examinou, sopesou e disse em voz baixíssima:
‘Considerado, se a metade joga, mais da metade jogam. Estarei errado?’
Acho que meu assistente está certo, porém quem souber mais do que a gente que se manifeste.
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Aventuras na História
O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal em Brasília, de cujo varandão debruçado sobre a incivilidade ainda é possível escutar choro e ranger de dentes dos que ‘sifu’, pois Roldão concedeu alguns dias de licença ao Correio Braziliense, resolveu dar uma olhada no número de dezembro de Aventuras na História e de tal exercício de paciência anotou os seguintes comentários, enviados à direção da revista:
* p. 10 – ‘O retorno das incas’
‘No ano 1533, o assassinato do rei Atahualpa marcou a queda do Império Inca, …’
Comentário: Se era Império Inca, Atahualpa seria imperador e não rei.
* p. 37 – ‘PERU – Como é barato e engorda rápido, o peru virou símbolo de fartura entre os americanos..’
Comentário: Se o peru é barato e engorda rápido, por que há preferência comercial pela produção e venda da galinha (frango)?
* p. 31 – ‘Sacrifício de animais – Um animal grávido não podia ser sacrificado no mesmo dia do feto’
Comentário: Não entendi mesmo. Como é que isso funcionava?!?!
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No Purgatório
Depois das considerações finais e das exéquias, Janistraquis libertou do peito as aflições e esticou um passe em profundidade no rumo da razão:
‘Considerado, o problema não é estabacar-se na Segundona, que já abrigou muita gente boa, taí o Corinthians pra comprovar; o problema verdadeiro, a tragédia, é o Vasco não ter equipe para sair da Segundona. Poderemos lá permanecer pela eternidade afora, como dizem dalguns espíritos zombeteiros que habitam o Purgatório…’
Concordo plenamente e juro ao considerado leitor que também lamento o destino do Flamengo, que se humilhou na Arena da Baixada com o único objetivo de empurrar o Vasco pro abismo; porém, despencamos sem a ajuda desses urubus, os quais, por absoluta necedade, perderam a classificação pra Libertadores.
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Petúnia Rousseff
Deu na coluna do considerado Claudio Humberto:
Agência de propaganda Master já começa a trabalhar em prol da candidatura de Dilma Rousseff para a presidência da República em 2010.
Justifica-se a preocupação de Janistraquis:
‘Considerado, a dona Petúnia que me perdoe, mas só quero saber quanto vai custar esse negócio e de onde sairá o dinheiro.’
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…e Veja nasceu!
Sob o título Veja e eu, o considerado José Roberto Whitaker Penteado escreveu no indispensável Montbläat, jornal eletrônico do Fritz Utzeri:
Roberto, você está arriscando toda a Editora Abril por causa dessa revista…
(Gordiano Rossi, sócio e diretor da Abril nos primeiros anos de Veja.)
Quarenta anos passados, sei que tenho pelo menos um registro para a tal da posteridade: é no número 1 da revista Veja, no expediente, como diretor comercial, ao lado dos de Victor Civita, presidente da Abril, Roberto Civita, o editor e Mino Carta, diretor da redação – e muitos outros, claro.
Leia no Blogstraquis a íntegra do artigo que recorda o nascimento desse fenômeno editorial e aproveite para assinar o Montbläat; é só enviar mensagem para mailto:flordolavradio@uol.com.br.
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Preferência
Depois de sua visita diária a vários sites pornográficos, Janistraquis ponderou a degenerada realidade do país:
‘Considerado, com esses 70% de aprovação, creio que, com o maior respeito, já podemos chamar o ‘Homem’ de ‘presidente-bunda’. Afinal, falta pouco para Sua Excelência atingir a unanimidade num país cuja preferência nacional ninguém discute, né mesmo?’
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Lanyi no teatro
Vencedora do Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos em 2002, a peça ‘Quando Dorme o Vilarejo’, do jornalista e escritor José Paulo Lanyi, foi encenada ontem, 10/12, no Teatro São Bento, em São Paulo, numa apresentação especial em comemoração aos 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
O texto de inspiração surrealista conta o dia-a-dia de um vilarejo cujos moradores se sentem felizes ao saber que serão enforcados. ‘Eles nem ao menos têm alguma idéia de por que serão ‘homenageados’, embora fiquem honrados e torçam por que sejam os próximos escolhidos’, diz Lanyi.
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Consumidores…
O considerado Camilo Viana, diretor de nossa sucursal em Belo Horizonte, vizinha do Palácio da Liberdade onde Aécio sonha com uma aliança entre PSDB e PT, pois Camilo encontrou esta maravilha publicada em 8/12 na página de Economia do Estado de Minas, o qual, sob o título Falta um dálmata no filme de Disney, comemorava a maioridade do Código de Defesa do Consumidor:
Ao devolver o filme na locadora o cliente mostra-se furioso; ameaça processar a loja, a produtora do vídeo, a Walt Disney. Após tomar uma água com açúcar oferecida pelo dono do estabelecimento, explica o motivo da sua revolta: no filme 101 DÁLMATAS, contou o número de cachorrinhos e descobriu que faltava um. Alegou ter sido vítima de propaganda enganosa, pois havia apenas 100 dálmatas. E acredite: isso é fato verídico.
Stael Riani, do Procon, explica as demandas invocando propaganda enganosa que chegam com freqüência e registram até reclamações de que o queijo tal deveria ter mais sal ou que faltou açúcar no bolo. Há também questões de casamento falido e cachorro sumido.
‘Ir ao pé da letra com a publicidade pode induzir ao erro ou dar a entender outra coisa. Há uma interpretação lúdica que deve ser levada em conta, assim como a expressão ‘1001 utilidades’, que dá uma idéia de multiuso.’
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Nota dez
O considerado Sérgio Augusto, de longe o mais importante jornalista cultural do Brasil, escreveu no Estadão, sob o título Esse mulherio tá que tá:
Hillary Clinton, secretária de Estado; Susan Rice, representante dos EUA na ONU; Condoleezza Rice tocando piano para a rainha da Inglaterra e peitando os muftis seculares de Islamabad; Madonna ofuscando Ingrid Betancourt em Buenos Aires; Deborah Lawrence ameaçando a paz natalina na Casa Branca; Tina Fey cintilando na capa da Vanity Fair. O mulherio tá que tá.
Se o noticiário internacional fosse dividido por gênero ou sexo, como os banheiros públicos, o espaço ocupado pelos homens, nos primeiros seis dias de dezembro, teria sido bem menor que o habitual. Até a maior perda da semana foi uma figura feminina: a cantora negra Odetta, ‘a voz dos Direitos Civis’.
Leia no Blogstraquis a íntegra desse texto sem pintura, tintura ou blush de pieguice.
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Errei, sim!
‘BARRA PESADA – O Diário da Região, de São José do Rio Preto, em alentada reportagem sobre os problemas da construção civil: ‘(…) Este número de 86 nunca mais foi recuperado. No ano passado foram registrados 310.367 m2 de área construída, o que representa mais ou menos 117% a menos do que em 86’.
Janistraquis bestificou-se:
‘Considerado, 117% a menos é praticamente nada menos nada…ao quadrado!’. Concordei. ‘É feia a crise’, conclui o leitor Luiz Carlos Miranda, que enviou o exemplar do Diário.’ (outubro de 1992)
Colaborem com a coluna, que é atualizada às quintas-feiras: Caixa Postal 067 – CEP 12530-970, Cunha (SP), ou japi.coluna@gmail.com.
(*) Paraibano, 66 anos de idade e 46 de profissão, é jornalista, escritor e torcedor do Vasco. Trabalhou, entre outros, no Correio de Minas, Última Hora, Jornal do Brasil, Pais&Filhos, Jornal da Tarde, Istoé, Veja, Placar, Elle. E foi editor-chefe do Fantástico. Criou os prêmios Líbero Badaró e Claudio Abramo. Também escreveu nove livros (dos quais três romances) e o mais recente é a seleção de crônicas intitulada ‘Carta a Uma Paixão Definitiva’.’
WEBJORNALISMO
Alguns segredos do baú online [versão 2008], 10/12
‘Ao longo deste ano, recebi vários e-mails de leitores pedindo que eu voltasse a listar sites, livros, blogs e listas de discussão sobre assutos relacionados a conteúdo online. Para garantir que a versão 2008 de ‘Alguns segredos do baú online’ (17/05/07) pudesse fazer diferença, ou seja, trouxesse novos itens que acrescentassem algo de significativo à lista, posterguei ao máximo o momento de reproduzi-la. Como o ano começa a se despedir, já é mais que hora – ao ‘listão’, então!
Vale sempre lembrar o que eu escrevi ano passado: para quem se acha ‘zerado’ nos assuntos internet, jornalismo online, arquitetura da informação e tudo o que parece sânscrito, a lista é perfeita para fazer perder o medo de encarar o mercado. Afinal, uma das tradições do Ano Novo não é recomeçar? Mãos à obra!
— SITES
Sobre Webwriting
– Bruno Rodrigues – colunas ‘Webwriting’ na ‘Webinsider’ e na revista impressa ‘Webdesign’ e coluna ‘Conteúdo n@ Rede’ no ‘Comunique-se’.
– Crawford Kilian (blog do autor de ‘Writing for the Web’) – crofsblogs.typepad.com.
– Amy Gahran (blog da defensora da Persuasão no Webwriting) – blog.contentious.com.
– Nick Usborne (‘promessa’ da área de Webwriting).
– Jonathan Price (‘mestre’ das regras no Webwriting).
Sobre Jornalismo Online
– ‘Jornalistas da Web’ – o principal do Brasil.
– Instituto Poynter (site sobre Jornalismo em Geral e Pesquisas na área, incluindo Jornalismo Online).
Sobre Arquitetura da Informação
– Peter Morville (site do autor que é referência em Arquitetura da Informação e co-autor do livro ‘Information Architecture for the World Wide Web’) – semanticstudios.com.
– Guilhermo Reis (o maior especialista no país sobre o assunto)
Sobre SEO
– ‘Marketing de Busca’ (site de Paulo Rodrigo Teixeira, autor do livro ‘SEO – Otimização de Sites’).
Sobre Usabilidade
– Fred Amstel (site de um dos maiores especialistas brasileiros no assunto).
– Jakob Nielsen (site do ‘papa’ da Usabilidade).
Sobre intranet
– ‘IntranetPortal’ – do ‘guru’ da área, Ricardo Saldanha.
– ‘Intranet Journal’ – um dos principais sites sobre o assunto na web.
– ‘Intranet Blog’ – blog de Toby Ward, consultor para portais corporativos(intranetblog.blogware.com/blog)
Sobre Gestão do Conhecimento
– www.sbgc.org.br – site da Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento, com vários artigos essenciais.
– www.informal.com.br – site de uma das principais empresas do país em GC.
– www.terraforum.com.br – site do principal profissional do país em Gestão do
Conhecimento, respeitadíssimo no exterior, José Cláudio Terra.
– www.kmol.online.pt
– www.usabilidade.com
– www.kmworld.com
Sites que contêm e/ou divulgam pesquisas sobre web
– www.pewinternet.org
– www.forrester.com/rb/research
– www.jupiterresearch.com
– www.poynter.org
– csgames.incubadora.fapesp.br/portal (sobre games)
– www.emarketer.com
– www.nielsen-netratings.com
– www.quantcast.com
— LIVROS
Sobre Webwriting
– ‘Webwriting – Redação & Informação para a Web’, de Bruno Rodrigues, da editora Brasport.
– ‘Writing for the Web’, de Crawford Kilian, da editora Self-Counsel.
Sobre Jornalismo Online
– ‘Jornalismo na internet’, de J.B. Pinho, da editora Summus.
– ‘Jornalismo Digital’, de Pollyana Ferrari, da editora Contexto.
– ‘Guia de Estilo Web’, de Luciana Moherdaui, da editora Senac SP.
– ‘Os Jornais Podem Desaparecer?’, de Philip Meyer, da editora Contexto.
– ‘Manual de Laboratório de Jornalismo na Internet’, de Marcos Palacios e Beatriz Ribas.
Sobre Arquitetura da Informação
– ‘Information Architecture for the World Wide Web’, de Louis Rosenfeld e Peter Morville, da editora O’Reilly.
– ‘Ambient Findability: What We Find Changes Who We Become’, de Peter Morville, da editora O’Reilly.
– ‘Ergodesign e Arquitetura de Informação – Trabalhando com o usuário’, de Luiz Agner, da editora Quartet.
– ‘Cultura da Interface’, de Steven Johnson
– ‘O Uso estratégico da Arquitetura da Informação’, de Peter Morville
– ‘Não me faça pensar’, de Steve Krug
– ‘Web Navigation: Designing the User Experience’, de Jennifer Fleming
– ‘The Elements of User Experience: User-Centered Design for the Web’, de Jesse James Garrett
– ‘The Design of Everyday Things’, de Donald Norman
– ‘Designing Interactions’, de Bill Moggridge
Sobre Web Semântica
– ‘Web Semântica: a Internet do Futuro’, de Karin Breitman, editora LTC.
Sobre SEO (Search Engine Otimization)
– ‘SEO – Otimização de Sites’, de Paulo Rodrigo Teixeira [pode ser adquirido via livroseo.com]
Sobre Usabilidade
– ‘Design para a Internet: projetando a experiência perfeita’, de Felipe Memória, da editora Campus/Elsevier.
– ‘Projetando Websites com Usabilidade’ e ‘Projetando Websites’, ambos de Jakob Nielsen, da editora Campus.
Sobre Gestão de Conteúdo
– ‘Gestão de Conteúdo’, de Eduardo Lapa, da editora Brasport.
– ‘Content Management Bible’ (Second Edition), de Bob Boiko, editora Wiley.
Sobre Construção de Sites
– ‘Como Gerenciar Sites Web de Sucesso’, de Ashley Friedlein, da editora Campus.
Sobre Marketing Online
– ‘Web Marketing e Comunicação Digital’, de Paulo Kendzerski.
— LISTAS
Sobre Webwriting e Jornalismo Online
– Jornalistas da Web.
Sobre Arquitetura da Informação
– Arquitetura da Informação em Português’.
Sobre intranets
– WI Intranet: http://www.intranetportal.com.br.
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A próxima edição de meu curso ‘Webwriting & Arquitetura da Informação’ acontece em fevereiro no Rio. Para quem deseja ficar por dentro dos segredos da redação online e da distribuição da informação na mídia digital, é uma boa dica! As inscrições podem ser feitas pelo e-mail extensao@facha.edu.br e outras informações podem ser obtidas pelo telefone 0xx 21 … (ramal 4).
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1. Para quem não conhece meu blog, dê uma checada no http://bruno-rodrigues.blog.uol.com.br.
2. Gostaria de me seguir no Twitter? Espero você em twitter.com/brunorodrigues.
(*) É autor do primeiro livro em português e terceiro no mundo sobre conteúdo online, ‘Webwriting – Pensando o texto para mídia digital’, e de sua continuação, ‘Webwriting – Redação e Informação para a web’. Ministra treinamentos em Webwriting e Arquitetura da Informação no Brasil e no exterior. Em sete anos, seus cursos formaram 1.300 alunos. É Consultor de Informação para a Mídia Digital do website Petrobras, um dos maiores da internet brasileira, e é citado no verbete ‘Webwriting’ do ‘Dicionário de Comunicação’, há três décadas uma das principais referências na área de Comunicação Social no Brasil.’
PRÊMIO ESSO
O Esso e a Igreja Universal, 10/12
‘A grande vencedora do 53º Prêmio Esso de Jornalismo 2008, entregue na noite de ontem (terça-feira, 9 de dezembro), foi Elvira Lobato, com a série de reportagens ‘Universal chega aos 30 anos com império empresarial’, para a Folha de S. Paulo. Esse trabalho, que agora lhe rendeu R$ 30 mil pela conquista, lhe custou anteriormente, como muitos devem se lembrar, 105 processos (62 deles já por ela vencidos) e um polêmico uso de sua imagem nas telas das afiliadas da Record, rede de propriedade da mesma Igreja Universal, atacada na matéria.
A festa de premiação, no Copacabana Palace, na noite desta 3ª.feira (9/12), foi apresentada por Renata Cordeiro e Marcos Hummel.
Antes de conhecer o resultado, Elvira falou à editora Regional deste J&Cia no Rio de Janeiro, Cristina Vaz de Carvalho: ‘Eu me sinto muito honrada por ser finalista. Recebo a indicação como um desagravo, uma resposta à tentativa de calar a imprensa’. Dá para imaginar, agora que ela já sabe que ganhou o prêmio, o quanto isso deverá representar para a sua carreira e para o bom trabalho que fez naquela série histórica.
Ironia do destino, o outro mais importante prêmio da noite, o da categoria
Telejornalismo, foi vencido por…
Este colunista dá um picolé de limão para quem acertar. Sim, acertou quem arriscou Rede Record. Fácil, não é mesmo? Então é só entrar na fila e aguardar o picolé.
A Record, com a equipe integrada por André Felipe Tal, Ricardo Andreoni, Jorge Valente e Marcelo Zanini, ganhou o Esso de Telejornalismo com a reportagem ‘Dossiê Roraima: pedofilia no poder’, exibido no Domingo Espetacular, da emissora que tem o bispo Edir Macedo como seu principal mandatário, e que foi alvo da matéria de Lobato.
Ou seja, dois júris diferentes, um para mídia impressa e outro para telejornalismo, concederam aos veículos que mais se estranharam este ano as duas principais categorias do Esso.
Coisas da vida e que poderiam ser diferentes caso a Rede Globo desistisse da polêmica decisão de boicotar o prêmio desde o ano em que se sentiu injustiçada pela escolha. Decisão que também a revista Veja adotou anos atrás e que só a ela, Veja, traz prejuízos. O prêmio continua vigoroso e desejado como sempre, por dez entre dez jornalistas do País, inclusive entre os que trabalham na Globo e na Veja. Com essa decisão, esses veículos têm permitido aos concorrentes brilharem, como foi o caso este ano da Record, que venceu na categoria Telejornalismo, e da revista Época (da mesma Organizações Globo), ganhadora do Esso de Informação Científica, Tecnológica e Ecológica, com Suicídio.com, de Eliane Brum, Solange Azevedo e Renata Leal.
Outra coisa curiosa é que o boicote de Veja ao prêmio não é adotado pelas demais publicações da Editora Abril, caso da Superinteressante, que sempre se inscreve e vive beliscando prêmios, como aconteceu este ano na Categoria Criação Gráfica Revista, pelo trabalho ‘Quando a máquina dá pau’, produzido por Adriano Sambugaro, Josi Campos, Carlo Giovani, Fabiano Silva e Rodrigo Ratier.
E os demais vencedores da noite? Vamos a eles:
O Esso de Reportagem foi para Ana Beatriz Magno e José Varella, do Correio Braziliense, com o trabalho ‘Os brinquedos dos Anjos’.
Clóvis Miranda, de A Crítica, de Manaus, levou o Esso de Fotografia com ‘Martírio no Presídio’.
O Globo, com a matéria Desemprego Zero, de Fabiana Ribeiro, Lino Rodrigues, Higino de Barros e Henrique Gomes Batista, venceu na categoria Informação Econômica.
Na categoria Especial de Primeira Página venceu O Dia, com ‘Cientistas brasileiros fazem alerta: mais terremotos vêm aí’, de autoria de Alexandre Freeland, André Hippert, Breno Girafa, Ana Miguez e Luísa Bousada.
A Folha de S.Paulo ganhou também o Esso de Criação Gráfica – Categoria Jornal, com ‘Cigarro e álcool na adolescência’, de Renata Steffen, Fernanda Giulietti, Ivan Finotti, Alexandre Jubran, Tarso Araújo e Letícia de Castro.
O Esso Especial Interior ficou com o Diário de Santa Maria, com a matéria ‘No coração do Haiti’, escrita por Iara Lemos.
As três categorias regionais foram vencidas respectivamente por Diário de Pernambuco (Regional 1), com ‘Hanseníase’, de autoria de Sílvia Bessa e Marcionila Teixeira; Estado de Minas (Regional 2), com ‘Sangria na saúde’, de Alana Rizzo, Thiago Herdy, Maria Clara Prates e equipe; e O Globo (Regional 3), com ‘Tribunal do tráfico’, de Mauro Ventura.
Para a distinção de Melhor contribuição à Imprensa em 2008 foi escolhido o projeto Diário em Braille, do Diário de Pernambuco, iniciativa que consistiu em editar diariamente exemplares em braille e distribuí-los gratuitamente a entidades de apoio a deficientes visuais.
(*) É jornalista profissional formado pela Fundação Armando Álvares Penteado e co-autor de inúmeros projetos editoriais focados no jornalismo e na comunicação corporativa, entre eles o livro-guia ‘Fontes de Informação’ e o livro ‘Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia’. Integra o Conselho Fiscal da Abracom – Associação Brasileira das Agências de Comunicação e é também colunista do jornal Unidade, do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, além de dirigir e editar o informativo Jornalistas&Cia, da M&A Editora. É também diretor da Mega Brasil Comunicação, empresa responsável pela organização do Congresso Brasileiro de Jornalismo Empresarial, Assessoria de Imprensa e Relações Públicas.’
JORNALISMO ECONÔMICO
Não caiam no papo do Banco Central, 8/12
‘A crise para os jornais e os jornalistas em todo o mundo vai ganhando contornos cada vez mais graves. O jornal The Tennessean, da cadeia americana Gannett, fez o seguinte lide no relato dos seus problemas: ‘Executando sua parte numa das mais dramáticas demissões em massa na história dos meios de comunicação dos Estados Unidos, The Tennessean extinguiu 70 empregos, inclusive de 20 a 35 lugares na redação. Os cortes neste jornal se incluem entre os mais de 900 que ocorreram nas ultimas 36 horas entre os jornais da Gannett Co.’
A cascata do desemprego se espraia por muitos países e em todos os níveis de publicações, desde os grandes diários até pequenos semanários regionais, como o East Side Herald e o Spotlight, que existiam desde 1930 e agora fecharam, demitindo seus dez profissionais.
A conta é refeita diariamente e já era grande por conta da crise específica da imprensa, com o fechamento de jornais ou redução do quadro. Newsday, por exemplo, diário que até recentemente era uma próspera publicação em áreas próximas a New York e pertence a uma cadeia de TV a cabo, demitiu semana passada cem dos seus quase 2 mil empregados. E há uma conta, não confirmada, de que o total de demissões de jornalistas nos Estados Unidos, só nas últimas duas semanas, chegou a mais de 400.
A Fitch Ratings (agência de avaliação de risco) acredita que, nos Estados Unidos, ‘mais jornais não conseguirão pagar seus compromissos, serão fechados e liquidados no próximo ano, e várias cidades deixarão de ter jornal diário impresso em 2010.’ É mole? E explica que, ‘no futuro previsível’, os quatro itens de receita dos jornais – circulação, publicidade local, publicidade nacional e classificados – estarão sob pressão no preço e no volume, enquanto os custos poderão crescer. ‘Será difícil equilibrar o declínio das receitas com cortes de custos’.
E nós aqui? As direções de redações não falam sobre o assunto, mas O Globo já pediu aos editores que refaçam orçamentos e reduzam as previsões de despesas – sem menção a cortes de gente. Em O Dia, o pessoal da redação já espera o passaralho. No JB, há grande expectativa pelos ‘75 profissionais de multimídia’, que, segundo anúncio da empresa no próprio jornal, vão produzir grandes mudanças e avanços. Ninguém sabe exatamente o que ‘profissional de multimídia’ significa exatamente.
Sintoma ruim: em todos os estados, a queda do faturamento publicitário começa a ser evidente, se comparado ao de anteriores meses de dezembro.
Não quero ser mensageiro do terror, mas, por favor, não acreditem em estória de marolinha, porque as previsões de economistas e analistas de mercado, em sua maioria, são de que o Comitê de Política Monetária vai manter nossa taxa básica de juros, Selic, em 13,75% – a maior do mundo, enquanto o resto do mundo procura tornar o dinheiro uma mercadoria cada vez mais barata.
A turma do Banco Central pode até ganhar o Prêmio Nobel de Economia de 2009, porque o Brasil teria sido o único país a tomar o caminho certo. Mas, e se todos os outros estiverem certos e só nós errados? Aí nosso Presidente terá de repetir para o COPOM aquela expressiva palavra… ‘sífu’, é isso mesmo? E nós já teremos dito ‘núsfu’.
(*) Milton Coelho da Graça, 78, jornalista desde 1959. Foi editor-chefe de O Globo e outros jornais (inclusive os clandestinos Notícias Censuradas e Resistência), das revistas Realidade, IstoÉ, 4 Rodas, Placar, Intervalo e deste Comunique-se.’
TELEVISÃO
Para que serve a TV digital brasileira?, 8/12
‘Você pode não acreditar, mas a TV digital brasileira já está no ar há mais de um ano. Não percebeu? Não sabe o que é muito menos para que serve? Não se preocupe. Você não está sozinho. A maioria dos brasileiros continua ignorando mais essa enorme e custosa ‘aventura’ tecnológica do governo. Por enquanto, a implantação da TV digital no Brasil permanece um grande e custoso mistério.
Em matéria recente da UOL Tecnologia, ‘a TV digital chegou para apenas 0,5% da população brasileira desde janeiro, se nos basearmos nas expectativas de vendas de aparelhos da Eletros (associação que representa a indústria de eletrônicos). Segundo o órgão, foram vendidos cerca de 470 mil conversores até agora.’
E por que tão pouca gente assiste à televisão digital?
Assim como tantos outros projetos do governo, a TV digital brasileira foi motivo de grande divulgação em toda a mídia. Teve inauguração com show ao vivo, presença do presidente, ministros, autoridades e os principais interessados, os radiodifusores brasileiros. Eles acabaram sendo os grandes beneficiários dessa polêmica decisão: TV digital para a alegria do povo brasileiro.
Nossos impostos
Grandes investimentos foram feitos para a implantação da TV digital brasileira. Mas para o projeto ‘decolar’ ou pelo menos para não ‘despencar’, em tempos de crise mundial, estamos sendo obrigados a fazer novos e ainda mais altos investimentos com recursos públicos, ou seja, dinheiro dos nossos impostos.
Segundo o noticiário:
Crédito público de R$ 1 bilhão estimulará TV digital em 2009, avaliam especialistas
04/12/2008 |
Em solenidade realizada na última quarta-feira (3), em Campinas (SP), pela inauguração da nova sede digital da TVB local, especialistas do setor de comunicação afirmaram que a melhoria na obtenção de crédito facilitará a adesão da população à TV Digital em 2009. Segundo noticiou o jornal DCI, uma das iniciativas propostas para o próximo ano será o repasse de R$ 1 bilhão ao Programa de Financiamento à TV Digital (Protvd), dinheiro este financiado com recursos do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico Social (BNDES).
TV ganha prazo para financiamento
05/12/2008 |
Emissoras terão mais seis meses para liberar recursos para implantar o sistema digital
O ministro das Comunicações, Hélio Costa, liberou na quarta-feira o sinal de Televisão Digital em Campinas para as três emissoras instaladas na cidade – Rádio e TV Bandeirantes (Band), TV Princesa D’Oeste (TVB), Rádio e TV Bandeirantes (Band) e EPTV. O ministro também anunciou que o governo federal ampliou o prazo para a liberação de recursos de financiamento para as emissoras, especialmente as do Interior, providenciarem a aquisição de equipamentos importados para a TV Digital, que se encerraria no próximo dia 31 de dezembro e foi prorrogado por mais seis meses.
O governo federal garantiu uma linha de crédito de R$ 1 bilhão para a compra de material de TV Digital.
http://www.fndc.org.br/internas.php?p=noticias&cont_key=316244
E a crise? Que crise?
Assim como a rede nacional de TVs públicas, a televisão digital brasileira chegou com muitas promessas, pouquíssimas realizações e altos custos.
Insisto. Em tempos de crise mundial, essas promessas e seus altos custos deveriam e precisam ser repensados.
Mas será que realmente precisamos de tantos investimentos ‘públicos’ na implantação de TV digital em nosso país? As emissoras de TV ou os fabricantes de aparelhos não poderiam arcar com essas despesas sozinhos? Afinal, a quem interessa tanta TV?
A grande verdade, no entanto é que o conteúdo da nossa TV, ou seja, o que realmente importa para o público continua o mesmo, de péssimo a muito ruim.
Mas a grande questão permanece no ar: Será que cabe a governos se importarem tanto com um meio em decadência como a televisão? Será que precisamos de tantos investimentos no meio televisivo, seja ele analógico ou digital? Não seria melhor investir mais em educação do que em políticas de entretenimento, marketing político e factóides jornalísticos?
Aproveitei para selecionar algumas manchetes recentes sobre as tendências e expectativas em relação à TV digital brasileira e o futuro da própria TV.
Será que essa nova tecnologia poderia reverter o quadro atual de decadência, perda de qualidade e audiência?
Então, vejamos algumas dessas manchetes:
Pessoas infelizes passam 30% a mais do tempo em frente à TV, aponta estudo
17/11/2008 |
Um estudo publicado pela companhia européia Springer Science+ Business Media e intitulado ‘O que nos faz felizes’ relacionou o bem-estar ao acesso do público à televisão. Segundo noticiou o jornal Diário Digital, de Portugal, pessoas ditas ‘infelizes’ dedicam 30% a mais do tempo livre à televisão. O levantamento ainda mostra que o segmento de mídia em questão leva ao vício, o que dificulta o relacionamento inter-pessoal dos telespectadores.
Ainda, de acordo com a pesquisa, a televisão está diretamente relacionada ao desempenho conjugal da população. Pessoas que se sentem insatisfeitas com o matrimônio ou o cônjuge dedicam 10% a mais do tempo à televisão, em relação aos casais felizes.
Conteúdo sensual na TV estimula gravidez entre adolescentes
03/11/2008 |
A exposição a algumas formas de entretenimento exerce influência corruptora sobre crianças e adolescentes, disseram pesquisadores dos Estados Unidos nesta segunda-feira (3). Esse fenômeno aumenta a incidência de gravidez entre jovens que assistem a programas contendo sexo. Além disso, crianças que jogam videogames violentos tendem a adotar comportamentos agressivos. Da Redação, com informações da Reuters
http://www.fndc.org.br/internas.php?p=noticias&cont_key=300294
Lula afirma que televisão brasileira contribui para degradação familiar
De acordo com Lula, a programação vigente nas emissoras de televisão do país não agrega grande valor ao público. ‘Qual é o processo de educação que nós aprendemos quando ligamos uma televisão no país? Pelo contrário, o que nós assistimos, em muitos casos, é um processo de degradação da estrutura da família desse país’, afirmou o presidente. Redação Adnews, com informações da Folha de S.Paulo.
http://www.fndc.org.br/internas.php?p=noticias&cont_key=316165
Lula critica TV paga e defende cotas nacionais
Durante seu discurso, Lula também criticou a programação da TV paga. ‘Eu confesso a vocês que, quando a gente perde o sono e liga a televisão na TV por assinatura, a gente vê tanto mequetrefe, tanto filme vagabundo. Acho que é uma daquelas coisas feitas em Hollywood que o cara jogou no lixo, alguém passou, pegou, vendeu, e nós assistimos aqui.’
Mazelas e carências digitais
Enquanto isso na velha Inglaterra, um dos primeiros países a implantar essa tal TV digital…
Britânicos desaprovam conteúdo da TV digital
07/11/2008 |
Britânicos oprimidos pelo excesso de canais da TV digital gastam cerca de uma semana por ano procurando o que assistir. Telespectadores do Reino Unido ficam cerca de duas a três horas por dia em frente à TV, mas normalmente mais de um quarto deste tempo é consumido pela troca sucessiva de canais em busca de um programa interessante, de acordo com pesquisa encomendada pela divisão de TV Conectada da Microsoft.
No Brasil, a situação é ainda mais preocupante. Mais recursos para televisão podem significar menos recursos para educação.
Pesquisa mostra que 77 milhões de brasileiros não lêem livros
29/10/2008 |
Segundo ele, 95 milhões de brasileiros leram pelo menos um livro nos três meses anteriores à pesquisa, feita no final de 2007 pelo Instituto Pró-Livro. O levantamento, no qual foram ouvidas 5 mil pessoas em 311 cidades de todo o País, mostra que as mulheres lêem mais do que os homens, e que a Bíblia é tida como a obra mais importante para os adultos.
http://www.fndc.org.br/internas.php?p=noticias&cont_key=301432
Ainda está com dúvidas sobre a necessidade ou prioridade dos investimentos em televisão no Brasil?
Aproveito para destacar mais esta última manchete que esclarece muito as expectativas e objetivos de nossa TV.
Televisão brasileira é reflexo da sociedade, diz diretor da Rede Globo
05/12/2008 |
Mesmo que procure investir na programação cultural de qualidade, a televisão privada se vê, às vezes, obrigada a refletir a própria sociedade brasileira, com suas mazelas e carências. A avaliação é do diretor de Comunicação da Rede Globo, Luiz Erlanger, ao participar hoje (4) de mesa-redonda que discutiu o apoio da TV e do rádio ao desenvolvimento cultural.
É, pode ser. A velha teoria do ‘espelhamento’: somos apenas o ‘reflexo’ da sociedade. Não temos culpa de nada. Será mesmo?
Em verdade, analógica, digital, pública ou privada, deveríamos aproveitar mais essa crise para repensar nossas prioridades. Afinal, quanto custa e para que serve a televisão brasileira?
(*) É jornalista, professor de jornalismo da UERJ e professor visitante da Rutgers, The State University of New Jersey. Fez mestrado em Antropologia pela London School of Economics, doutorado em Ciência da Informação pela UFRJ e pós-doutorado em Novas Tecnologias na Rutgers University. Atualmente, faz nova pesquisa de pós-doutorado em Antropologia no PPGAS do Museu Nacional da UFRJ sobre a ‘Construção da Imagem do Brasil no Exterior pelas agências e correspondentes internacionais’. Trabalhou na Rede Globo no Rio de Janeiro e no escritório da TV Globo em Londres. Foi correspondente na América Latina para as agências internacionais de notícias para TV, UPITN e WTN. É responsável pela implantação da TV UERJ online, a primeira TV universitária brasileira com programação regular e ao vivo na Internet. Este projeto recebeu a Prêmio Luiz Beltrão da INTERCOM em 2002 e menção honrosa no Prêmio Top Com Awards de 2007. Autor de diversos livros, a destacar ‘Telejornalismo, Internet e Guerrilha Tecnológica’, ‘O Poder das Imagens’ da Editora Livraria Ciência Moderna e o recém-lançado ‘Antimanual de Jornalismo e Comunicação’ pela Editora SENAC, São Paulo. É torcedor do Flamengo e ainda adora televisão.’
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