‘A cobertura do caso Isabella Nardoni, a menina que foi jogada do sexto andar no dia 29 de março na zona norte de São Paulo, exigiu esforço redobrado da redação do Último Segundo. O assassinato chamou a atenção pela crueldade e pela superexposição que a mídia deu aos envolvidos no crime e na investigação. A exemplo de grande parte dos veículos, o iG deu a maior importância ao caso. Com audiência recordista, as notícias tinham chamadas sensacionalistas, eram repetitivas e, quase sempre, apresentavam somente um lado do fato.
Muito antes dos laudos oficiais, o iG já mostrava especulações como se fossem notícias relevantes e checadas. Delegados, promotores, advogados e parentes receberam status de fontes inquestionáveis. Mesmo com a prisão do pai de Isabella e de sua atual mulher, ainda não foi apresentada (e talvez nunca seja, como às vezes ocorre) uma prova cabal que os incriminasse.
Dias após o crime, sem dados conclusivos, a mídia (inclusive o iG) já os havia condenado. Um circo foi armado em torno das investigações, reconstituições e depoimentos. Tudo acompanhado de perto por cordões de isoalamento, caravanas de camburões com sirene nas alturas, helicópteros, cordões de isolamento, transmissões ao vivo e histeria popular.
Em outubro, a superexposição seria reeditada no seqüestro e depois assassinato de Eloá por seu ex-namorado, que confessou ter dado os tiros. A imprensa não se contentou em acompanhar, mas interferiu no caso (ao entrevistar o seqüestrador, por exemplo). De alguma forma, a atitude dos jornalistas pode ter contribuído para o desfecho trágico. Deu palanque a uma pessoa psicologicamente desequilibrada, que precisava de pretexto e de atenção para apertar o gatilho.
Hoje, nada se fala sobre o que ocorreu após a prisão de Lindembergue – com os hematomas exibidos em sua chegada à delegacia. Mesmo a invasão da polícia – alvo de polêmica na ocasião – foi esquecida pelo noticiário. Seria importante reconstituir os erros da mídia e da polícia, para retirar lições e melhorar os procedimentos que levaram a resultados trágicos.
Sobre a cobertura do caso Isabella, fica a dica de um vídeo produzido pelo Garapa.org, produzido por pessoas que cobriram a história e que fazem a crítica de como ela foi veiculada.
Inundação em Itajaí
Santa Catarina inunda e o iG dá números
Dependente de agências e fontes oficiais, o iG perde muito em não ter uma reportagem in loco da tragédia. Com textos predominantemente numéricos e, por isso, frios, não houve uma abordagem mais sensível ao destino das vítimas e ao futuro das famílias desabrigadas. Além disso, o iG deixou escapar a oportunidade de elevar a um novo patamar seu serviço de jornslismo cidadão – o Minha Notícia. Com pouco empenho na dinamização desse serviço de enorme potencial, a participação foi mínima.
Nos últimos dias, inundações atingem Minas Gerais, Rio de Janeiro e novamente Santa Catarina. É a chance do iG melhorar a apuração e de seguir o caso para além do mero registro estatístico.
18/12
Balanço do ano: como foram algumas coberturas do iG
Superação, pioneirismo, carência de recursos e mesmice marcaram as coberturas jornalísticas do iG em 2008. Nesta primeira parte do balanço das principais reportagens do ano, analiso dois fatos marcantes que tomaram conta das páginas do portal.
Eleições municipais
O iG foi pioneiro na internet ao promover um debate de candidatos a prefeito em São Paulo. O vencedor, Kassab, estava presente; seus dois principais adversários, Marta Suplicy e Alckmin, não vieram. Terminaram derrotados. Houve transmissão ao vivo e grande aparato. O iG não deu continuidade à iniciativa. O restante da cobertura foi apenas razoável, restringindo-se basicamente às cidades de São Paulo e do Rio.
Febre amarela
O iG, como quase toda imprensa, alardeou o surto, ocorrido no mês de janeiro, como se fosse uma epidemia de grandes conseqüências. Houve sensacionalismo, pânico, corrida aos postos de saúde, esgotaram-se os estoques de vacina. Não adiantaram as informações das autoridades recomendando calma. Morreram mais vítimas dos efeitos colaterais das vacinas aplicadas do que da própria febre amarela. Passado o escândalo, a mídia calou-se, como se não fosse com ela. Nem o iG nem seus concorrentes fizeram até agora qualquer autocrítica.
O iG e a venda da Brasil Telecom
As decisões em torno da autorização para a venda da Brasil Telecom para a Oi/Telemar continuam sendo cobertas de maneira muito insuficiente pelo iG. Hoje, ministro do Tribunal de Contas da União expediu medida cautelar interrompendo processo de decisão da Anatel, que está na iminência de autorizar a transação.
O iG não destacou na capa a surpreendente decisão. Na reportagem sobre o assunto, publicada em página interna, o portal não informa que a Brasil Telecom é proprietária do iG. Nos Estados Unidos, quando um veículo noticia sobre seus controladores, revela essa condição a seus leitores.
O jornalismo parado no trânsito
Se a questão do colapso do trânsito nas ruas das grandes cidades merece a maior atenção da mídia, em São Paulo é caso de urgência pública. Hoje e ontem, o iG publicou duas reportagens sobre protestos de moradores da região do Rodoanel, em São Paulo, contra o início da cobrança de pedágio naquela via, planejada e ‘vendida’ como uma obra destinada a desafogar o excesso de veículos, especialmente de caminhões, das ruas da região mais central da capital paulista.
As reportagens do iG registram adequadamente as críticas que associações de moradores e parlamentares de oposição fazem ao início da cobrança. Apesar disso, os textos do iG são insuficientes, superficiais e pouco rigorosos. A primeira pergunta, a mais óbvia, não foi esclarecida: por que o pedágio está sendo cobrado? Qual é a versão do governo estadual? É para financiar a continuação da obra? Qual será o lucro da concessionária? Esta já construiu algum trecho na expectativa dessa cobrança que agora passa a ser feita?
O segundo conjunto de questões diz respeito às repercussões da cobrança sobre o trânsito da região que o Rodoanel se destinava a aliviar. Os caminhões vão fugir pelos caminhos antigos?
É preciso, portanto, realizar mais reportagens, mobilizar repórteres que examinem o tema e todas as suas conexões nos serviços públicos e na seara política. O leitor precisa ser informado tanto dos argumentos do governador José Serra como da concessionária do Rodoanel. Tem que saber dos pareceres de oposicionistas, moradores e especialistas de trânsito. A minha impressão é de que se fosse uma decisão do presidente Lula e não do governador José Serra, a cobrança seria bem maior.
O mesmo se pode dizer em relação a um outro tema envolvendo o trânsito da maior cidade do país: a construção de duas faixas adicionais nas Marginais. O tema envolve a desapropriação de moradias. A eficácia do projeto e suas implicações exigem mais informação e merecem uma abordagem mais ampla, no contexto mais geral das propostas para uma política de trânsito para a cidade e até mesmo para o país.
Às vezes, só ‘informar’, equivale a não informar.
Balanço do ano: como estão alguns serviços do iG
Os serviços do iG foram um foco importante de reclamações dos internautas nos contatos com este ombudsman em 2008. Houve melhoras e esforços positivos mas, ainda assim, persistem muitos problemas.
O atendimento perfeito gera cliente fiel
Fora da área de abrangência da nova lei que regula os call centers (restrita às telefônicas, seguros e bancos), o atendimento é campeão em reclamações do iG, seja pela demora, seja por aquilo que os internautas qualificam como ineficiência. Nem sempre o internauta consegue ter seu problema adequadamente resolvido. Ainda existem casos de falha no acesso e de probelmas no cancelamento, por exemplo.
Na minha opinião, o iG deveria aderir aodecreto, em uma demostração de respeito ao internauta. Entre outras determinações, a nova lei estabelece que o cliente possa cancelar o serviço com o primeiro atendente.
Busca precisa seguir perseguir os líderes
Ainda bastante precária, a ferramanta de buscaprecisa de aperfeiçoamentos. Sem um serviço eficiente na localização de arquivos, o conteúdo produzido pelo próprio iG se perde, sua permanência fica prejudicada.
Ao procurar uma notícia sobre ‘Santa Catarina’, por exemplo, o internauta é conduzido a um caminho tortuoso. Primeiro, aparecem os links patrocinados, uma janela com resultados no iG e outra com resultados na web. Clicando no Último Segundo, a primeira notícia qua aparece na lista é do dia 3 de setembro. A ferramenta, portanto, na prática, não funciona. Quando o internauta tenta uma vez, e não consegue obter o resultado esperado a ferramenta perde credibilidade. Criar formas eficientes de indexação do conteúdo, poderia também aumentas a audiência direcionada por robôs confiáveis, como o Google.
O desafio do iG Empresas
A hospedagem de sites e serviços para empresas tem sido recebido críticas por ser instável, principalmente em relação aos emails. Instabilidades ainda prejudicam assinantes que dependem das páginas para trabalhar.
Novo BliG é avanço
Ao ser lançado no mês de agosto, o novo publicador de blogs do iG enfrentou problemas de estabilidade, mas hoje o serviço está plenamente aprovado. Com a tecnologia WordPress,. as reclamações diminuíram e a publicação está muito mais fácil. Continua complicada, porém, a inserção de vídeos e de outros itens em flash.
A newsletter é arma valiosa
O envio de notícias por email é um serviço ainda bastante precário do iG. Desde agosto, quando o assunto foi abordado neste blog, nada mudou em termos de conteúdo. O cadastramento é fácil, mas as notícias não chegam. Quando chegam, a apresentação é pobre.
Muito mais velocidade no carregamento da página
Um avanço importante foi a velocidade no carregamento da homepage do iG. De acordo com as ferramentas WebOptimization e SelfSeo, o iG está cada vez mais rápido, o que facilita muito a vida do internauta e ajuda muito a sustentar a audiência. Ainda há muito a fazer para que o iG se aproxime de foguetes como o Google, campeão de audiência sem qualquer notícia apelativa em sua página de entrada.’