Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Folha de S. Paulo

TELEVISÃO
Daniel Bergamasco

São Paulo Photoshop

‘Para protagonizar a próxima novela das 19h da TV Globo, ‘Tempos Modernos’, a atriz Fernanda Vasconcellos, 25, deu uma repaginada geral: emagreceu oito quilos e repicou o cabelo, agora com franja.

Já o cenário em torno dela, o centro paulistano, sofreu uma transformação bem maior -ao menos nas cenas da novela, que estreia em janeiro de 2010.

Quem ligar a TV verá violinistas e cellistas se apresentando a céu aberto na praça Ramos, em um clima artístico, nova-iorquino. Verá também livraria substituindo uma loja antiga na avenida São João, em um clima literário portenho. Por fim, perceberá ressaltadas por um filtro as luzes amareladas dos postes, em clima romântico, parisiense.

Em resumo, será o centro paulistano que o mercado imobiliário, a prefeitura e urbanistas dizem que, mais ano, menos ano, se tornará realidade.

Os paralelos com Nova York, Buenos Aires e Paris são do diretor-geral, José Luiz Villamarim. O autor, Bosco Brasil, diz esperar que a novela ‘acelere o processo de revitalização’.

‘A TV é muito influente nos padrões de comportamento e pode atrair as pessoas para o centro. Vamos deixar para essa cidade mais que uma novela.’

Sem pornô

A equipe de Villamarim passou o mês de outubro gravando cenas externas, com e sem atores, na região. A maioria delas se passa na região do vale do Anhangabaú -viaduto do Chá, viaduto Santa Ifigênia, avenida São João e Teatro Municipal.

O edifício Grande São Paulo, que abriga algumas secretarias municipais, servirá de fachada para o Titã, prédio tecnológico inteligente frequentado por ‘pessoas burras’.

De volta ao Rio, agora gravam na cidade cenográfica. Ali, na reprodução artística da São João, há espaço para a Galeria do Rock e outros prédios reais, mas saem cinemas pornôs e fachadas deterioradas, apesar de alguma sujeira e pichações serem mantidas, por realismo.

Prédios muito feios poderão sumir por computação gráfica e as cenas de rua desviarão da marginalidade e dos viciados em drogas. ‘Não faria sentido discutir crack na novela das sete. É claro que não vai ter.’

Nas gravações em São Paulo, ruas com cheiro forte de urina foram lavadas com desinfetante e água trazida por dez caminhões-pipa. Villamarim diz que isso é praxe em gravações, não interessa se é no viaduto Santa Ifigênia ou no Leblon.

Em cena na praça Ramos, produtores pediram a mendigos que saíssem do enquadramento. ‘Pedimos isso a todos, porque usamos figurantes nas cenas’, diz o diretor.

Bosco Brasil diz que ‘a Globo não está colocando uma máscara’ no centro. ‘Até acho que isso será cobrado da novela, mas as mazelas não fazem parte dessa ficção’, diz.

Para Gilberto Belleza, ex-presidente do IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil), o caminho escolhido pela novela contribuirá mais com a região. ‘É importante que o público valorize o centro, que, apesar de estar num estado deplorável, é muito bonito. O resultado é que o povo vai até lá, deixa de jogar papel no chão, cobra atitudes dos governantes.’

Novela na Vila Madalena

Em 1999, a Globo lançou a novela ‘Vila Madalena’, que resgatava um clima provinciano já meio em falta no bairro da zona oeste. Apesar de não ter sido grande sucesso, o programa foi transformador para o bairro. ‘De repente, todo mundo quis vir morar e abrir comércio aqui’, diz Marcio Natividade, diretor de associação comercial local. ‘Há duas óticas aí: o bairro se valorizou, mas o trânsito e o barulho pioraram.’

Wanderley Romano, que já foi dono de bares na Vila Madalena e abriu há três anos o bar Salve Jorge no centro, diz esperar o mesmo efeito para ‘Tempos Modernos’. ‘A vinda de concorrência seria boa para nós. Hoje, os estacionamentos fecham cedo. É preciso atrair as pessoas, os empresários.’

Ele diz que ‘apesar de mendigos jogados na rua, fazendo xixi e cocô’, o centro ‘está seguro. Nunca um cliente foi assaltado ao sair daqui’. Os profissionais da novela tiveram impressão semelhante: o único assalto que sofreram aconteceu nos Jardins.

Colaboraram ALBERTO PEREIRA JR., do ‘AGORA’, e CLARICE CARDOSO’

 

Rede TV! pinta favela para embelezar cenário de telejornal

‘A Rede TV! planeja pintar fachadas de uma favela próxima à sua sede, em Osasco, na Grande São Paulo. É que as casas aparecerão ao fundo do novo cenário translúcido de seus telejornais, que mostra a cidade atrás dos apresentadores. A emissora diz que fechou parceria com a prefeitura local e que procura apoio de uma fábrica de tintas para a pintura.’

 

Silvia Corrêa

‘Pânico’ cria reality e confina humoristas na ‘Xurupita’s Farm’

‘O que é, o que é? Tem confinados, ofurô, vacas e avestruzes, mulheres seminuas em atividades rurais e um fazendeiro comandando tudo? Quem respondeu a fazenda, adivinhou. Mas certamente errou o canal.

Depois de sete domingos liderando a audiência ao menos por alguns minutos, o ‘Pânico na TV’ (Rede TV!) sofreu com a estreia de ‘A Fazenda’ (Record) e reagiu: criou a ‘Xurupita’s Farm’ e mandou metade do elenco de seus humoristas para lá nos últimos dias -Sabrina, Alfinete, Zé Bonitinho, Jackson etc.

O nome é uma referência à comunidade da zona norte de São Paulo onde vive o ex-segurança noturno Zina, o fazendeiro da semana.

‘Não é uma paródia como a do Tom Cavalcante nem a casa dos deprimidos, do Alexandre Frota’, diz o diretor Alan Rapp, em referência a ‘O Curral’, da própria Record, e à ‘Casa dos Artistas’, feita no SBT em 2001 e da qual Frota participou.

Panicats e ‘garotas-tarja’ passaram a quinta-feira entre a piscina e o ofurô. Na sexta, limparam as cocheiras. O ponto alto deve ser uma festa à fantasia.

A propriedade é, de fato, a Fazenda MC, em Espírito Santo do Pinhal (202 km de SP), conhecida por criar Red Angus, uma sofisticada raça de gado de corte. Além desses animais, a fazenda de ‘Xurupita’ tem cavalos, peixes, avestruzes e vacas holandesas -tudo por conta dos ‘confinados’.

Não haverá prova para indicar alguém para a roça. A escolha caberá a Zina, o fazendeiro, o que torna o final do programa absolutamente imprevisível.

CONTRA ROBERTO CARLOS, SBT APOSTA EM ROBERTO JUSTUS

Roberto Justos ensaia: ‘Não sei de onde vem minha serenidade. Estou muito seguro’

Cada um com seu Roberto. Publicitário, apresentador e cantor, o Justus é a estrela de um especial de final de ano do SBT batizado de ‘Histórias e Canções’. É o mesmo título do show que ele já levou a 14 cidades neste ano, normalmente contratado para encerrar eventos corporativos. A inspiração vem, sim, do tradicional espetáculo do outro Roberto -o Carlos. Mas Justus, além de cantar, conta histórias. ‘Falo sobre a vida, sobre garra, coragem, paixão pelo que se faz’, diz o empresário, que não descarta que a música vire, um dia, sua ocupação principal. ‘Nunca digo nunca.’

No show, ele repete o formato de duetos adotado no CD que lançou em 2008. O que muda são os parceiros. ‘My Way’ ele cantará com Agnaldo Rayol. ‘Unforgettable’, com Marina Elali. ‘Yesterday’, com Roupa Nova, que Justus a-do-ra. E, com a Família Lima, ‘What a Wonderful World’. No total, são 14 músicas. Para a apresentação solo ficaram as letras em português: ‘Epitáfio’ e ‘Garota de Ipanema’, uma homenagem a Helô Pinheiro, que hoje é sogra do empresário-cantor e estará na plateia. Um coral de 60 crianças vai encerrar o especial, que irá ao ar em 23 de dezembro.

‘As pessoas não esperam. Pensam: ‘Esse cara é louco, ele não canta nada’. Elas vão se surpreender.’ Esse é Roberto Justus.

‘CASSETA’ ESTREIA ESCOLA DE BRUXOS

Uéslei Potter (Marcelo Madureira) é um bruxinho que estuda numa escola municipal de bruxarias. Estreia na terça. Os quadros que agradarem podem ficar no programa em 2010

DESCOLADOS

‘Descolados’, série adolescente da Mixxer em coprodução com a MTV, deve ter uma segunda temporada no começo de 2010. A ideia é manter o elenco -Lud, Teco e Felipe- e usar um apartamento na av. Cásper Líbero (centro).

STAR WARS

A Band exibirá na sequência cronológica os seis episódios de ‘Guerra nas Estrelas’, inclusive ‘A Vingança dos Sith’, inédito na TV aberta. Começa no dia 6 de dezembro e vai até 10 de janeiro, sempre às 20h de domingo. ‘Sith’ irá ao ar no dia 20.

PIRATARIA 1

A briga entre os jogadores Obina e Maurício, no jogo entre Grêmio e Palmeiras, foi filmada só pela Globo, mas apareceu na Band e na Record. Para a Band, a Globo diz que cedeu a imagem sem logo da emissora mesmo, devido à correria da partida.

PIRATARIA 2

Já para a Record, quem cedeu foi a produtora que faz o programa de esportes da Band em Porto Alegre. Copiou e mandou, sem autorização de ninguém. A Record tirou do ar. A Band diz que foi ‘pirataria’ e promete ‘medidas jurídicas’.’

 

Rodrigo Russo, José Orenstein e Laura Mattos

Brecha legal leva religião e vendas à TV

‘É só zapear o controle remoto e constatar: na TV aberta o que não falta é programa religioso e de venda de produtos.

Levantamento feito pela Ilustrada, com base na programação de São Paulo de 8 a 14 de novembro, mostra que Rede TV!, Record, Gazeta e Band ocupam entre 23% e 30% da grade semanal com programas religiosos.

E a Rede 21, do grupo Bandeirantes, tem só 30 minutos diários de programação própria, o restante tomado pela Igreja Mundial do Poder de Deus.

Dentre os programas exibidos nessas emissoras estão os cultos como os da Igreja Universal do Reino de Deus, de Edir Macedo (dono da Record), e os da Igreja Internacional da Graça de Deus, de R.R. Soares.

Além disso, Rede TV! e Band têm espaços alugados para programas de vendas, 10% e 6% do total da programação, respectivamente. Já a Gazeta ocupa 29% da semana com venda de produtos -isso sempre sem contar intervalos comerciais-, sendo que a própria emissora produz os programas.

Nesse telecomércio, tem de tudo. Liquidação de roupa, panelas fritando ovo ao vivo e lançamentos de condomínios etc. As TVs se aproveitam de um vácuo na legislação para alugar parte de seus horários a igrejas e a empresas de venda de produtos. A lei, de 1962, não trata do tema. Diz apenas que no máximo 25% da programação pode ser ocupada por ‘publicidade comercial’, sem deixar claro o que isso quer dizer.

As emissoras podem estar em situação irregular ou não, dependendo da interpretação.

A venda de espaço para igrejas entra na cota de 25%, visto que o canal tem um lucro? Os programas de vendas entram? Ou ‘publicidade comercial’ são apenas os intervalos? Eis o nó.

O governo vai entrar na polêmica. A ideia é regulamentar a comercialização do tempo de programação, uma vez que canais abertos são concessões públicas, reforçar a fiscalização do limite de 25% de publicidade e deixar claro o que entra na cota.

A proposta, da Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência, será apresentada em dezembro na Conferência Nacional de Comunicação, convocada por Lula. O documento, obtido pela Folha, fala em ‘coibir a comercialização do tempo de programação’. ‘A concessão é dada a uma pessoa jurídica sob certas condições. Não tem sentido subcontratar’, diz Ottoni Fernandes, secretário-executivo da Secom. O texto fala também em ‘regular a prática de proselitismo religioso’. ‘Estamos propondo a discussão. Concessão pública implica, em tese, ser destinada a programas informativos, culturais’, afirma Fernandes.

Para o sociólogo e professor de comunicação da USP Laurindo Lalo Leal, ‘uma TV aberta arrendar horários para igrejas ou vender tapete e joia 24 horas por dia contraria a lei’.

‘Esses programas de venda de produtos e os que as igrejas colocam no ar porque pagam ao canal deveriam ser computados nos 25% de espaço comercial permitidos pela lei hoje em vigor’, afirma Leal.

Além disso, ele acredita que ‘alugar o horário é sublocação de concessão pública’, diz Leal, que é ouvidor da TV Brasil.

O professor de direito da PUC Celso Antonio Bandeira de Mello não vê problemas: ‘Apesar de ser concessão pública, estamos no ramo de empresas privadas de TV, previsto pela Constituição. A liberdade de comunicação não pode ser cerceada’.

Com isso, opina, o aluguel de horários na TV a igrejas não pode ser considerado violação do princípio do Estado laico.

As TVs negam praticar irregularidades.

Colaborou ANDREZA MATAIS, da Sucursal de Brasília’

 

Redes dizem que precisam de verba

‘A Rede TV! e a Gazeta foram claras sobre por que alugam horários para igreja e programas de venda: é questão de sobrevivência.

‘Temos a Globo com 43% de ibope, que fica com 80% da verba do mercado publicitário. Enquanto a distribuição dessa verba não for equilibrada, as outras têm que fazer isso para sobreviver, até para que não haja no país um só microfone’, diz Kalled Adib, superintendente de operações da Rede TV!.

‘Os programas de venda dão audiência e faturamento. O telespectador está com o controle remoto na mão. Quem perde com isso? Precisamos de dinheiro para produzir nossa programação.’

Segundo ele, o plano é reduzir o espaço alugado por programação própria.

Superintendente comercial da Gazeta, Luiz Fernando Taranto Neves também afirma ter planos de reduzir o espaço de programas de venda: ‘Fazer TV é caro. A venda de produtos é um modo de ganhar dinheiro e ir melhorando a programação. Já trocamos, aos sábados, o ‘Best Shop’ por futebol’.

Ele ressalta que a produção dos programas de venda é da própria Gazeta. ‘Temos um ‘call center’ com 300 funcionários, vendemos e entregamos os produtos. Como são programas nossos, posso tirar do ar quando quiser. É diferente de alugar o horário, quando precisamos respeitar o contrato.’

A Band, dona também da Rede 21, enviou e-mail, por meio da assessoria: ‘Ciente de seu papel na sociedade, a Abra (Associação Brasileira de Radiodifusores) aceitou o convite do presidente da República para debater as comunicações brasileiras na Confecom [Conferência Nacional de Comunicação]. A Band, que integra a Abra com a Rede TV!, está disposta a discutir os temas mais importantes do setor, ao contrário da mídia impressa, que preferiu ausentar-se do debate’.

A Record também se pronunciou por e-mail, via assessoria de comunicação: ‘A Record cumpre todas as determinações da legislação em vigor’.’

 

Sílvia Corrêa

Cultura faz maratona de animação

‘Do Paraná vêm o cão Bolota e a gata Chumbrega. Do Rio, Cadu, um menino que acha uma arma alienígena e tem que defender a Terra. Da Bahia desembarcam formigas revoltadas com uma planta carnívora.

Histórias como essas, para crianças de 6 a 14 anos, são a base de 17 curtas nacionais de animação que serão exibidos pela TV Cultura de 25 a 29 de janeiro, nas férias escolares, de manhã, com reprise à tarde. Cada curta tem 11 minutos. Na estreia, a emissora mostrará os bastidores da produção. E, no sábado (30), todos eles irão ao ar em sequência, tomando mais de três horas de programação.

A maratona marcará a etapa final do AnimaTV -um projeto de R$ 6 milhões feito em parceria pelo Ministério da Cultura, a TV Brasil e a TV Cultura.

Cada piloto custou R$ 110 mil. Os 17 finalistas foram selecionados entre 270 inscritos. Os dois melhores receberão mais R$ 950 mil verba para produzir uma série com mais 12 episódios. ‘Nossa ideia é, depois, tentar coproduções no exterior’, diz Cristiane Oliveira, coordenadora do projeto.

Contarão pontos a qualidade do piloto, roteiro, argumento, cenário e uma pesquisa qualitativa que será feita com crianças. Talvez os telespectadores possam votar pela internet, mas isso não pesará na decisão do comitê.’

 

Lúcia Valentim Rodrigues e Fernanda Ezabella

Assassino de série vira pai e encontra mentor

‘Agora um homem de família, Dexter precisa de tempo. Tempo para si mesmo, o que significa tempo para matar. O assassino de serial killers da série ‘Dexter’ enfrenta a complexa agenda da vida de casado e pai.

Enquanto conversa com sua nova vítima, é interrompido por um telefonema da mulher, pedindo para que compre remédio para seu bebê.

O sono interrompido todas as noites pelo choro, aliado ao cotidiano do trabalho e às horas extras de seu segredo criminoso, faz com que ele capote o carro no caminho para casa logo no episódio de estreia da movimentada quarta temporada, atualmente em exibição nos EUA e que entra no ar no canal pago FX no ano que vem.

Sangue é o que move Dexter. Ele é um analista de provas para a polícia de Miami, onde sua irmã é detetive, durante o dia. À noite, vira um justiceiro e esconde seus rastros para que nem ela descubra quem ele é. Vivido pelo ator Michael C.

Hall, Dexter oficializou o casamento com Rita (Julie Benz) no final do terceiro ano do seriado, não antes de matar um oponente que arrancava pedaços de pele das vítimas. Nessa nova fase, o cerco parece se fechar em torno dele, que vai ter de abrir mão de algumas coisas para assumir as responsabilidades de ser um chefe de família. Só que matar não parece ser uma delas.

‘Quem assistiu desde a primeira temporada nunca imaginaria Dexter casado e com filhos’, afirma Hall, em entrevista por telefone de Los Angeles.

‘Esse conflito de interesses vai determinar quanto mais ele consegue segurar seu segredo’, diz. ‘É questão de tempo até que algo balance as coisas.’ A nova temporada tem Dexter quebrando, aos poucos, os pontos de seu código de conduta e uma violência mais explícita, com a chegada de John Lithgow (da comédia ‘Third Rock from the Sun’). É ele que inaugura as matanças ao incorporar um assassino que refaz crimes de 30 anos atrás.

Dexter, a princípio, entra na missão de pegar o Assassino da Trindade como seu novo troféu, mas as coisas se complicam. ‘Ele vai ter uma conexão com o matador. Vai ser delicioso esse embate, porque ele nunca se sentiu tão fascinado com alguém. De alguma forma, ele reverencia esse cara, que conseguiu escapar com um histórico de mortes tão grande.’

Além disso, Dexter se conecta com o filho. É para ele que revela o grande segredo: ‘Papai é um serial killer’. Como a criança não chora, ele tem certeza de que vai ficar bem.

‘É desafiador interpretá-lo com emoções. No começo, ele falsificava tudo. Agora, sente algo realmente. Ainda assim, há um tipo de desconexão que permite que ele continue matando. Tenta ser mais humano, mas não se desvencilha da herança sociopata’, define o ator.

A jornalista LÚCIA VALENTIM RODRIGUES viajou a convite do canal Sony’

 

Protagonistas tentaram evitar relação para não confundir público de série

‘A vida imita a arte. Ou não.

Michael C. Hall e Jennifer Carpenter são irmãos na série. Na trama, ele foi adotado pelo pai dela, que criou o código para aplacar a sede de matar de Dexter ‘com quem merece’.

Na vida real, eles se casaram numa cerimônia particular durante o intervalo para começar as gravações desta temporada.

‘A gente tentou não se envolver, até para não confundir o público. E também qual era a chance de a gente se casar, né? Mas, no final das contas, você acaba escolhendo viver sua vida. Agora, me sinto mais completa e mais responsável’, diz Jennifer Carpenter.

Já para ele, ‘a confiança é muito importante no set’. ‘Nisso nossa relação ajudou. Não é sempre que temos cenas juntos, então não é como se estivéssemos lado a lado num cubículo. Trabalhamos juntos, mas não estamos grudados.’

Segundo a atriz, eles também tentam não falar de trabalho em casa. ‘Só eu posso defender minha personagem. Após tudo o que ela já passou, como ter um namorado que queria matá-la, ou outro que foi assassinado a tiros e mais um torturado… Ninguém sabe mais do que eu por que Debra não vive numa camisa de força. Não ligo para a opinião dos outros.’

É ela que dá a definição mais interessante para Dexter. ‘Ele tem um quê de um herói dos quadrinhos. Mas, por outro lado, é como uma bebida forte. Você sabe que tem um gosto amargo. Mas tem dias que você quer algo que morda sua boca.’

Lado feminino da vida de casal diante das telas, Julie Benz, que interpreta Rita, defende a ingenuidade de sua personagem, que, mesmo dividindo a mesma cama, continua sem desconfiar do ‘hobby’ dele. ‘Ela está num sonho. Tem um marido, uma linda casa, um bebê. Vai perceber pequenas mentiras, mas nunca imagina que ele possa ser um serial killer. Não dá para viver com alguém se você identificar essa escuridão nela’, explica.

Gostar de Dexter faz o telespectador entrar num dilema. Você torce para que ele se safe, mas o que ele faz no tempo livre é assassinar pessoas.

‘A chave é que ele só pega pessoas terríveis. Se ele matasse inocentes, não iam gostar dele. E ele age como uma criança. O jeito que percebe o mundo e como interage com outros não é calculista. Ele tenta realmente ser normal’, diz Hall.’

 

Bia Abramo

‘A Fazenda 2’ deve repetir êxito

‘‘A FAZENDA 2’ estreou brigando a sério pela audiência, mostrando que a Record achou um formato de reality show que não deve ser passageiro.

Em sua primeira edição, ‘A Fazenda’ remetia, em tom menor e algo mais precário, ao grande sucesso dos reality shows já feitos no Brasil, o ‘Big Brother’. Em vez da mansão no Rio de Janeiro, o tom rural da fazenda. Em vez de anônimos almejando a celebridade, celebridades quase anônimas tentando erguer o pescoço.

Essa segunda edição vem um pouquinho mais bem acabada: o ‘casting’, por assim dizer, é um pouquinho mais conhecido, o apresentador Brito Júnior parece ter encontrado enfim um tom mais simpático e adequado etc.

A primeira versão acabou por se tornar uma espécie de sucesso cult -a truculência de Dado Dolabella, a tosquice de Carlos Alberto Silva (o Mendigo) e os barracos vários tinham aquela qualidade trash que consegue, para um certo tipo de espectador, transformar o grotesco em divertido.

Nesta segunda, a probabilidade que isso se repita é enorme. Num certo sentido, os participantes de ‘A Fazenda’ são mais ‘escolados’ no espetáculo do que os do BBB -ainda que não se possa, de maneira nenhuma, classificá-los como ingênuos.

Mas as trajetórias na semi-obscuridade da falsa fama têm uma certa eficácia para coreografar esses momentos que acabam caindo no YouTube.

Como a coluna vaticinou, a série de mulheres agredidas de ‘Viver a Vida’ prossegue em grande estilo. Nesta semana, um pedido de perdão, de joelhos, foi respondido com uma bofetada: a cena foi recompensada com o primeiro pico de audiência.

O confronto, agora, foi entre Tereza (Lília Cabral) e Helena (Taís Araújo). O diálogo enuncia a cascata de culpas que caem sobre Helena: de usurpar o marido de Tereza, de mandar a Luciana para a ‘morte’, de ‘matar uma criança’ e de ser bem-sucedida mesmo tendo sido uma negra pobre.

Na lógica da novela, os dois primeiros crimes serão, ao final, prescritos, assim que Tereza encontrar um novo amor e Luciana encontrar o caminho da superação da pequena tragédia de ter ficado paraplégica.

Já os dois últimos, o aborto (sempre sinônimo de ‘crime’) e o fato de Helena, como negra e pobre, ter almejado sair de sua condição social dada (e ser bem-sucedida na empreitada), ah, isso não vai dar tempo de perdoar na novela. Nem na vida real.’

 

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