Quatro jornalistas foram seqüestradas, no sábado (8/2), por mulheres membros de uma sociedade secreta em Serra Leoa que apóia a mutilação da genitália feminina. As repórteres Manja Balama-Samba e Henrietta Kpaka, da emissora SLBS, e Isha Jalloh e Jenneh Brima, da rádio Eastern, publicaram notícias sobre uma campanha anti-circuncisão feminina na última sexta-feira (6/2), dia internacional de tolerância zero para tal prática. Elas foram acusadas pelas seqüestradoras de terem insultado suas tradições.
Testemunhas informaram que as repórteres tiveram que se despir e andar em uma rua de Kenema antes de serem soltas. O governo afirmou, no ano passado, que iria proibir a circuncisão feminina, mas não fez nada até o momento. A Associação de Jornalistas de Serra Leoa condenou o seqüestro. ‘Reiteramos nosso apelo ao público de que há canais civilizados e formais para pedir retificações a jornalistas, que devem ser respeitados’, declarou a organização. As sociedades secretas têm muita influência no país e os políticos relutam em falar publicamente contra a circuncisão, temendo perder votos.
De acordo com dados da ONU, 94% das mulheres de 15 a 49 anos em Serra Leoa passaram pela mutilação genital. No país, crê-se que isto controla a sexualidade feminina e torna as mulheres mais ‘aptas para o casamento’. Informações do Guardian [10/2/09] e da BBC News [9/2/09].