Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A propaganda e o noticiário-propaganda

A partir da semana passada, na propaganda do candidato Geraldo Alckmin fala-se do ‘falso dossiê para incriminar Alckmin’, e não mais José Serra. Imagino que o candidato tenha percebido (provavelmente a partir de resultados de pesquisas qualitativas) que falar de Serra distanciava Lula (foco da paixão dele) do problema que sua campanha lhe quer imputar.

Mas, como explicar esta súbita troca? Será um lapso e uma confissão implícita de culpa do Alckmin – e aí Freud (o Sigmund) explica? Ou estaremos diante de uma tática de marketing político (à moda de Goebbels), em que vale repetir qualquer mentira, até que todos se convençam de que é verdade?

Nada de Abel

Pergunto-me também sobre o porquê da omissão das ‘autoridades’. Propaganda mentirosa, quando se trata de produto, é contestada, eliminada e seu autor, penalizado. E propaganda eleitoral, que tenta nos vender tal ou qual idéia para influenciar o voto que decide a administração política da nação, decisão muito mais importante do que comprar tal ou qual marca de sabão em pó, essa pode dizer impunemente qualquer mentira? Não há nada a fazer?

Chamou também a atenção o noticiário da TV Globo na sexta-feira (20/10). A chamada, perto das 19h, anunciava que a investigação se estendia ao empresário Abel Pereira, amigo de Barjas Negri, do PSDB, ex-ministro da Saúde ‘na gestão de FHC’. Foi a primeira vez em que ouvi a Globo acoplar qualquer problema ao partido PSDB – até agora, todos os suspeitos de qualquer-coisa só têm seu vínculo partidário (real ou pressuposto) revelado quando se trata do PT.

Passou-se um tempo e, no Jornal Nacional, nada se disse da notícia sobre Abel Pereira (que deveria prestar depoimento na segunda-feira). De ‘novidade’, trouxeram o nome de José Dirceu e de Gilberto Carvalho… e seu vínculo com o PT.

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Psicóloga, pesquisadora do Instituto Opinião e presidente do conselho da Sociedade Brasileira de Pesquisadores de Mercado