Friday, 20 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Militantes petistas entram
em confronto com jornalistas


Leia abaixo os textos de terça-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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O Estado de S. Paulo


Terça-feira, 31 de outubro de 2006


ELEIÇÕES 2006
Evandro Fadel


Requião trata imprensa com sarcasmo e ironias


‘A primeira entrevista coletiva de Roberto Requião (PMDB) como governador reeleito do Paraná foi marcada por ataques à imprensa do Estado e do País. Com tiradas irônicas e sarcasmo, ele acusou a mídia de ter trabalhado durante a campanha para desacreditar seu governo perante os eleitores. Disse que, apesar de ter vencido por estreita margem, a aprovação de seu governo é de 75% (pesquisa Ibope anunciada em 6 de setembro revelou que 50% dos paranaenses considera a administração de Requião ótima ou boa e que 67% a aprovam).


Requião afirmou que quase foi derrotado pelo candidato Osmar Dias (PDT) por culpa dos meios de comunicação. ‘Houve um bombardeio contra a imagem pessoal do governador, com a colaboração da Rede Paranaense de Comunicação – RPC (jornal Gazeta do Povo e a retransmissora da Globo), dos jornalões, da CBN’, disse. Em outro momento, insistiu em que com esses ataques ele caiu nas pesquisas eleitorais.


Cada vez que um jornalista fazia um pergunta o governador aproveitava para atacar o veículo ao qual pertencia. Quando a repórter do jornal Gazeta do Povo indagou se faria mudanças no governo, em razão da pequena diferença dos pouco mais de 10 mil votos que o separaram da derrota, Requião respondeu, com sarcasmo, que convidaria um dos sócios do jornal para ser seu secretário.


Ele reclamou que durante a campanha não compareceu a uma entrevista solicitada pela Gazeta, que então decidiu publicar só as perguntas. ‘Eram pergunta sórdidas, perguntas canalhas, perguntas sem ética e sem moral’, atacou.


Não foi a única reclamação. Ele atacou a comentarista Miriam Leitão e o repórter Pedro Bial, da TV Globo, por reportagens sobre o Porto de Paranaguá. Disse também que os grandes jornais ‘reproduziram sem crítica, sem confirmação e sem o contraditório, as mentiras da campanha do Osmar Dias’. E mais: ‘Como vocês vêem, há muito pouca compostura nesse processo e uma guerra ideológica contra o Estado do Paraná, que foi vencida nesta eleição.’


Na opinião do governador, os jornais teriam agido de forma facciosa: ‘Isso é absolutamente insuportável para um Estado democrático.’


Ante uma pergunta da repórter da rádio CBN, ele aproveitou para atacar a emissora: ‘Quero cumprimentar a CBN pela boca-de-urna que fez pelo meu adversário desde as 8 horas da manhã, botando o Álvaro Dias, o Rubens Bueno e o pessoal todo, despudoradamente, pedindo votos para a coligação do grande capital.’


Quando a repórter perguntou sobre a possibilidade de disputar a Presidência da República, ele respondeu com ironia: ‘Estou pensando em comprar a CBN e transformar em rádio cívica, com debates limpos. Vou virar radialista.’


Apesar do clima pesado, um grupo de assessores do governador, presente à coletiva, tratou de puxar palmas para ele em diferentes momentos. Um jornalista lembrou que a atitude de Requião com a imprensa durante a campanha era muito diferente e também foi tratado com ironia: ‘O mundo é bom e você também vai ser feliz. E não precisa puxar o saco de patrão aqui.’


Ao final, quando uma jornalista foi ao microfone e começou a fazer sua pergunta, foi interrompida. ‘Tínhamos estabelecido uma pergunta para cada órgão’, disse Requião. A repórter retrucou que tinha sido autorizada pela assessoria. ‘Então está desautorizada por mim’, encerrou ele, sob novos aplausos dos assessores.’


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Militância hostiliza jornalistas em Brasília


‘Militantes do PT que foram saudar a chegada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à cidade hostilizaram a imprensa por suposta cobertura tendenciosa durante o processo eleitoral. Enquanto o presidente comentava a vitória nas urnas diante das câmeras, em frente ao Palácio da Alvorada, os petistas gritavam em coro: ‘Eu, eu, eu, a Rede Globo se f…’ Na briga para se aproximar do presidente, os militantes chegaram a gritar para os seguranças: ‘Tira a imprensa, tira a imprensa.’ Parte dos militantes era gente com cargo comissionado no governo, alguns usavam até crachá funcional.


Os petistas e servidores mais exaltados diziam ter saudade do regime militar (1964-1985). ‘A ditadura matava com baionetas, a imprensa hoje mata com a língua’, afirmou um militante. ‘Prefiro a ditadura, vamos fechar todos os jornais’, disse outro. Um repórter foi chamado de ‘almofadinha’ da ‘imprensa marrom’ e até acabou agredido com uma bandeirada na cabeça.


Uma petista disse que não iria tolerar perguntas ‘provocativas’ ao ídolo Lula, como questões ligadas à tentativa de compra do dossiê Vedoin por petistas para implicar políticos tucanos na máfia dos sanguessugas: ‘Se perguntarem sobre dossiê, vão levar um dossiê na cara.’ Outro militante do partido avisou: ‘Nada de pergunta sobre mensalão.’ Receberam vaias de repórteres que resolveram responder às agressões.


Na conversa com os jornalistas, o presidente não voltou a comentar os ‘ataques’ da imprensa, como se refere à divulgação dos escândalos de seu governo. Lula deixou o Alvorada no início da tarde para despachar no Palácio do Planalto. Ao chegar à garagem do palácio, 200 petistas com cargos no governo cantaram jingles de campanha e empunharam bandeiras. Depois, o presidente e os militantes rezaram o Pai-Nosso.


INTOLERÂNCIA


À tarde, durante entrevista coletiva do presidente do PT, Marco Aurélio Garcia, os jornalistas voltaram a ser hostilizados. Garcia condenou o comportamento dos militantes. ‘Se houve qualquer manifestação de intolerância, tem nossa condenação. Todos sabem que muitas vezes divergimos sobre o comportamento da imprensa, mas nunca a ponto de negar o papel que ela tem.’ Mesmo assim, sugeriu que os meios de comunicação façam uma ‘auto-reflexão’ sobre sua atuação na campanha.’


Dora Kramer


O dado concreto


‘Reeleição numérica e politicamente bonita, tempo de homenagens ao vencedor, usemos, pois, uma expressão cara ao presidente Luiz Inácio da Silva para ajudar na análise de sua primeira manifestação após a vitória: o dado concreto é que das palavras presidenciais não se extrai nada de objetivo sobre como será seu governo daqui em diante.


O discurso não deixou pistas sobre como realmente será o segundo mandato de Lula, a não ser que o presidente pretende fazer um governo melhor, com mais emprego, mais renda, mais justiça e que os pobres vão ter a preferência de sempre.


Mas, como o presidente prometeu falar muito nesse segundo período, e não só sob a forma de monólogo, dará muitas entrevistas, teremos muitas chances de esclarecer o que permaneceu obscuro nos variados pontos abordados por ele na noite de domingo, quando abriu espaço para perguntas e inaugurou o novo estilo.


Poderemos saber, por exemplo, sobre quais propostas e de que maneira patrocinará a reforma política, ‘logo no início do mandato’. Por enquanto, desconhecemos o que Lula, o governo e até mesmo a oposição entendem por reforma política.


Algo que vá além das duas palavras às quais todos os políticos atribuem efeitos mágicos, mas tema a respeito do qual não se detêm com disposição firme de alterar a relação representantes-representados, de forma a privilegiar os últimos mesmo em detrimento da segurança eleitoral dos primeiros.


A condição primeira para o presidente conseguir dar prosseguimento a qualquer plano que depende da lei, caso da reforma política – depois, evidentemente, de definir em detalhes as mudanças pretendidas -, é a organização da base partidária no Congresso e, quanto a esta tarefa, o presidente disse que pretende ele mesmo cuidar disso.


Terá um articulador, informou, mas Lula em pessoa tratará de conversar com todos os partidos ‘até dezembro’. E nesse ponto apresentou-se de novo uma ambigüidade.


Lançou a proposta do diálogo, mas o fez não em tom conciliador. Da maneira como falou, pareceu ameaçar. ‘Vou chamar todo mundo para conversar e quem não quiser conversar, vai ter de se explicar.’


Outra vez para falarmos ao gosto do presidente, ou seja: na forma, a mão estendida, no conteúdo, a faca no peito.


A menos que Lula venha a explicar sua intenção, de sua frase depreende-se a idéia da obrigatoriedade, sem concessão ao convidado da prerrogativa de recusar. Por exemplo, se a moldura e a pauta da conversa não lhe forem convenientes.


Do jeito como foi posto parece o seguinte: chamada ao palácio, a oposição deve necessariamente aceitar, sob pena de receber o carimbo de intransigente, intolerante e de agir de costas para o interesse do País.


E se os termos da conversa não interessarem? Se sentir que está sendo convidada a coadjuvar uma peça publicitária para o governo, a oposição deve ir ou deve examinar as conveniências e, dependendo, recusar?


Afinal de contas, estando o País em vigência plena da democracia, é admissível, senão desejável, que a oposição se oponha e não necessariamente adira aos planos governamentais. Cabe aos oposicionistas observar a civilidade das relações – e, neste aspecto, convite de presidente, em princípio, é para ser aceito.


Mas ao governo cumpre também observar limites. O mais nítido deles é que 58 milhões de votos não lhe dão a veleidade de requerer unanimidade nem a força política decorrente lhe confere o direito de menosprezar a parcela da população representada nos votos dados ao oponente de Lula, muito menos de pôr as coisas como foram postas pelo presidente: ou conversa ou ‘se explica’. Inclusive porque, em matéria de explicações os vencedores devem-nas a mancheias.


Outro ponto obscuro do pronunciamento do presidente recém-reeleito ficou ainda mais obscurecido com as declarações de ministros a respeito da política econômica. Lula afirmou que a política fiscal continuará ‘dura’, não obstante uma dureza leve o bastante para não causar ‘sofrimento no povo’.


Depois disso, o ministro Tarso Genro decretou o fim da ‘era Palocci’, naturalmente referindo-se à política econômica e não ao uso de instrumentos de Estado para constranger cidadãos ao ponto de quebrar-lhes o sigilo bancário.


Genro apontou conservadorismo e neurose na obstinação do ex-ministro da Fazenda com a manutenção das metas de inflação. Disse que agora a política é de crescimento, posição reforçada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, que pregou ‘política desenvolvimentista’.


A ministra Dilma Rousseff, ao que se sabe a figura forte do próximo período, vai na mesma toada mas, contrariando Genro, assegura a manutenção das metas de inflação e o próprio presidente diz que manterá o superávit primário nos índices atuais.


Falam em mudanças, mas não dizem para onde. Como se o ‘crescimento’ fosse a política e não a conseqüência de uma série de decisões, medidas e atitudes que continuam rigorosamente desconhecidas. Na ambigüidade, prevalece a especulação, o que é péssimo para o País.’


TELEFÔNICA & TVA
Renato Cruz


Para Net, Telefônica na TVA representa ‘concentração ofensiva’


‘O presidente da Net, Francisco Valim, atacou ontem o acordo para a compra da TVA pela Telefônica. ‘Ele não aumentou a competição’, afirmou o executivo. ‘É um ato de concentração que chega a ser ofensivo.’ A aquisição foi vista por analistas de mercado como uma reação à presença da mexicana Telmex, dona da Embratel, no controle da Net. A Telmex é a principal concorrente da Telefônica no mercado latino-americano de telecomunicações.


‘Eles querem todas as plataformas em São Paulo’, afirmou Valim. ‘Só falta a radiodifusão.’ Ele não viu problema em a empresa adquirir participações da TVA fora de São Paulo. Mas, segundo o presidente da Net, por causa de cláusulas do contrato de concessão, não poderia comprar nada em São Paulo. O contrato veda o controle de empresas de TV a cabo na área de concessão. Por isso, a Telefônica decidiu ficar com somente 19,9% de participação na empresa de cabo em São Paulo, mas comprou 100% do MMDS, TV por microondas, na cidade. ‘O mercado relevante é TV por assinatura, e não cabo’, argumentou Valim. ‘Por isso, não poderia ficar com nada.’


O mercado de TV por assinatura é pequeno quando comparado a outros serviços de telecomunicações. No primeiro semestre, o setor faturou R$ 2,6 bilhões, o que representa 7% dos R$ 34,5 bilhões que faturaram as operadoras de telefonia fixa. Se a diferença entre os mercados é tão grande, por que as empresas de telefonia consideram essencial distribuir conteúdo? Por causa do chamado triple play, estratégia de incluir em um só pacote serviços de voz, dados e vídeo. A Net tem hoje a oferta tripla de produtos (telefone, internet de banda larga e tv a cabo), e as operadoras de telecomunicações não.


O temor das operadoras é perder seus melhores clientes para as empresas de televisão a cabo. Segundo a consultoria Accenture, as residências de classes A e B, com renda média mensal de R$ 4.866, correspondem a 24% do total no País, mas são responsáveis por 56% do faturamento mensal das operadoras de telefonia fixa com clientes residenciais. Existem cerca de 11,7 milhões de domicílios das classes A e B, um número quase coincidente com os 11 milhões de residências que têm TV a cabo. Além disso, o mercado de TV paga retomou o crescimento, com uma expansão de 9% no número de clientes no ano passado. A telefonia fixa, por outro lado, ficou estagnada.


A Net tem como sócios a Telmex e as Organizações Globo. A Telmex, dona da Embratel, pertence a Carlos Slim, terceiro homem mais rico do mundo, que também controla a América Móvil, dona da Claro. Em 2005, a Telmex/América Móvil faturou US$ 31,3 bilhões e a Globo, US$ 2,5 bilhões. A TVA passou a ter como acionistas a Telefônica e a Abril. A Telefónica faturou US$ 48,5 bilhões em 2005 e a Abril, US$ 1 bilhão.


ESPERA


No domingo, a Telefônica, presidida por Fernando Xavier, anunciou a compra da TVA. A empresa assumiu 100% das operações de MMDS da TVA em São Paulo, Rio, Curitiba e Porto Alegre. Não existe limitação legal para que a empresa exerça o controle do MMDS. A companhia também comprou todos os papéis sem direito a voto das operações de cabo. Em São Paulo, ficou com 19,9% das ações ordinárias, porque seu contrato de concessão a impede de ser controladora de empresas de cabo em sua área. Em Curitiba, Florianópolis e Foz do Iguaçu, ficou com 49% das ações com direito a voto, pois a Lei do Cabo determina que 51% do controle devem ficar com brasileiros.


O negócio ainda precisa ser aprovado pela Agência Nacional de Telecomunicações. ‘Acreditamos que a Anatel vai barrar’, afirmou Valim, da Net. Ele não ainda não tem planos de entrar na Justiça, caso a compra seja aprovada.’


Gerusa Marques


Costa defende compra de TV a cabo pela Telemar


‘A área técnica da Anatel é favorável à compra da empresa mineira de TV a cabo Way Brasil pela Telemar. O ministro das Comunicações, Hélio Costa, revelou ontem que o relatório da Superintendência de Comunicação de Massa da Agência diz que o negócio ‘é possível, é viável e não há conflito’. Para que a operação seja efetivada, é necessária a aprovação da Anatel, que ainda vai avaliar o assunto.


A TNL PCS, que controla a Telemar, comprou a Way Brasil em junho por R$ 132 milhões, mas ainda há dúvidas legais pelo fato de a Telemar ser uma concessionária de telefonia fixa e, portanto, estar impedida de adquirir empresa de TV por assinatura que opere na mesma região de atuação da concessionária, como é o caso de Minas Gerais.


Hélio Costa, que teve acesso a todo o processo que tramita na Anatel, disse que não é a Telemar que está comprando a Way Brasil, e sim uma empresa que tem como acionistas os mesmos acionistas da Telemar. ‘O mesmo dono das ações da Telemar é o dono de ações da empresa que está comprando a Way Brasil. Isso não é interpretado como conflito.’ Ele avalia que é boa para o consumidor a dinâmica do mercado em que uma empresa de telefonia compra uma de TV a cabo. ‘Não havendo conflito com a Lei Geral de Telecomunicações (LGT), acho que é bom para as empresas. E, evidentemente, resulta em melhores serviços para o usuário.’’


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Setor quer revisão das regras


‘Se a lei permitisse, a Telefônica não teria se contentado em ficar com uma participação minoritária nas operações de cabo da TVA. O mesmo pode ser dito da Embratel em relação à Net. ‘A Telefônica resolveu adquirir a TVA dentro dos limites possíveis, para depois insistir na revisão dos marcos regulatórios’, destacou o diretor executivo da Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA), Alexandre Annenberg.


Apesar da briga entre Telmex e Telefônica, ambos os grupos parecem ser favoráveis a mudanças na legislação. A Lei do Cabo, anterior à Lei Geral de Telecomunicações, limita em 49% a participação do capital estrangeiro em empresas do setor. Representantes da Telmex já expressaram o interesse de aumentar sua participação na Net, quando a lei o permitir. Ao mesmo tempo, a posição da Globo em relação ao setor de TV paga é se concentrar na produção de canais, saindo da distribuição.


‘Defendemos uma discussão ampla, que inclua radiodifusão também’, disse Annenberg. ‘O assunto deve estar entre as prioridades do novo governo, para deixar de ser uma pedra no sapato.’ No começo do ano, o governo chegou a ensaiar a discussão sobre uma Lei Geral de Comunicação Social, que não foi em frente. O diretor da ABTA elogiou o acordo entre TVA e Telefônica: ‘Há muito tempo insistimos no conceito de parceria. Pelas notícias que li, o acordo respeita até a última vírgula da legislação.’’


INTERNET
O Estado de S. Paulo


Yahoo tenta comprar AOL para barrar avanço do Google


‘O Yahoo negocia com a Time Warner a compra do site America Online (AOL), segundo informações da revista Fortune. De acordo com a revista, a compra seria uma tentativa do presidente da empresa, Terry Semel, de chamar a atenção dos investidores de Wall Street e tirar um pouco os holofotes do Google.


O portal Yahoo era líder em buscas na internet até a chegada do Google, que tem hoje o domínio absoluto desse mercado. Além disso, o Google começou a entrar em outras áreas e a tirar cada vez mais espaço do rival. A última grande cartada foi a compra do YouTube, site de compartilhamento de vídeos que também era cobiçado pelo Yahoo. Para analistas, a compra fez com que o Google se aproximasse dos estúdios de Hollywood, tradicionais parceiros do Yahoo.


A compra da AOL seria uma espécie de vingança para Semel. No ano passado, o Google tentou a compra da AOL, mas acabou fechando apenas um acordo para ficar com 5% da empresa por cerca de US$ 1 bilhão. Além disso, tornou-se o site de buscas exclusivo da AOL.


Essa aquisição não provocaria grandes transformações no Yahoo, diz a revista, mas daria à empresa um aumento considerável no tráfego e uma arma poderosa para seu negócio de venda de publicidade relacionada às buscas na internet.


A grande questão é se a Time Warner está interessada em vender a AOL. ‘A Time Warner tem uma nova estratégia para a AOL e não pensa em vendê-la’, disse um porta-voz da companhia. Segundo estimativas do analista Jason Bazinet, do Citigroup, o valor da AOL poderia chegar a US$ 13 bilhões. AOL e Time Warner protagonizaram em 2000 a maior fusão da história, avaliada em US$ 183 bilhões. A nova companhia passou a se chamar AOL Time Warner. Com a perda de força da AOL no mercado de internet, o grupo voltou a se chamar simplesmente Time Warner em 2003.


A Fortune diz que, se o negócio com a AOL não der certo, Terry Semel tem algumas opções na manga. O executivo, de 63 anos – que já foi co-presidente da Warner Bros. -, tem um caixa considerável para aquisições (o Yahoo tem valor de mercado de US$ 35 bilhões e cerca de US$ 3 bilhões em caixa). A possível aquisição do site voltado aos jovens Facebook, por mais de US$ 1 bilhão, vem sendo comentado no mercado há semanas.


Uma outra opção de Semel seria simplesmente vender a empresa. A Microsoft, por exemplo, adoraria comprar o Yahoo, ainda dono dos maiores índices de visitas únicas da internet. O Google também adoraria comprá-lo – pelo menos para mantê-lo longe do controle da Microsoft.


Para a Fortune, uma venda para a Microsoft poderia ser a melhor opção para os acionistas do Yahoo. Tanto o Yahoo quanto o site MSN, da Microsoft, vêm brigando com o Google pela publicidade na internet. E a compra daria à Microsoft uma sólida posição no Vale do Silício. Se uma fusão como essa fosse concretizada, a receita combinada do Yahoo e do MSN chegaria a cerca de US$ 7 bilhões, o mesmo valor previsto para o Google este ano.


De acordo com a revista, uma outra opção para o Yahoo seria uma fusão com o site de leilões online eBay, já que, por ocuparem mercados tão diferentes dentro da internet, poderiam ser complementares. De fato, segundo a Fortune, eBay e Yahoo já vêm costurando uma parceria nos Estados Unidos, e ambas se preocupam com o avanço do Google.


Uma eventual fusão entre essas empresas vem sendo discutida há anos. Mas, embora possa parecer tentadora, fontes próximas às empresas dizem ser muito provável que jamais ocorra. O argumento é que os focos das companhias são tão distintos que seria difícil que chegassem a um entendimento.


Uma outra opção para o Yahoo seria, segundo a Fortune, simplesmente manter seu curso atual. Essa é a encruzilhada da empresa. Semel tem dito que se o Yahoo pode ganhar mais com publicidade na internet e explorando novas áreas, como anúncios em telefone celular, vídeos e sites de relacionamento, fará isso muito bem. ‘Com as mudanças no horizonte, me sinto muito instigado com todas essas oportunidades para o Yahoo’, disse Semel este mês, logo depois de anunciar os frustrantes resultados no terceiro trimestre. Apesar do entusiasmo de Semel, segundo a revista, o problema é saber se os acionistas da empresa terão toda essa paciência.’


MERCADO EDITORIAL
O Estado de S. Paulo


Jornais têm nova queda nas vendas nos EUA


‘The New York Times – A circulação diária dos maiores jornais dos Estados Unidos caiu 2,8% no período de seis meses terminado em setembro. Aos domingos, a queda de circulação foi de 3,4%, segundo cálculos da Newspaper Association of America, a associação de jornais americana.


Alguns jornais, porém, tiveram um desempenho muito pior que essa média. O Los Angeles Times teve queda de 8% na circulação diária, e de 6% aos domingos. O Boston Globe, propriedade da New York Times Company, perdeu 6,7% na circulação diária e quase 10% aos domingos. A edição de final de semana do Wall Street Journal, que tem apenas um ano de vida, também apresenta queda de 6,7% no período.


Tanto o Los Angeles Times quanto o Boston Globe estiveram presentes nos noticiários nos últimos dias por causa do interesse de potenciais investidores. O Los Angeles Times é controlado pela Tribune Company, que vem recebendo algumas sondagens de fundos de investimento que pretendem comprar alguns de seus ativos – ou até mesmo toda a empresa. O Boston Globe, por sua vez, pode ser alvo de compra por parte de Jack Welch, legendário ex-presidente da General Electric.


O Philadelphia Inquirer, que tem novos donos desde o início do ano e enfrenta um difícil processo de negociações com o sindicato dos trabalhadores, perdeu 7,6% da circulação diária e 4,5% aos domingos.


A circulação dos jornais já vinha caindo lentamente há muito tempo, mas agora parece que esse ritmo se acelerou, enquanto as empresas tentam conter a migração de leitores e da publicidade para a internet. Segundo a associação de jornais, os números divulgados ontem representam a ‘maior variação ano a ano’ já registrada, o que é alarmante.’


TELEVISÃO
O Estado de S. Paulo


A honra de ser vice


‘Diz o comunicado semanal do Superintendente Comercial da Record Walter Zagari que a Record, assim como o presidente eleito, é 13. A brincadeirinha visa a anunciar a média da semana, 13 pontos, ante os 11 alcançados pelo SBT na faixa das 18 h à 0 h da semana passada.


A Record tem alcançado sistematicamente a vice-liderança no horário. Não abocanha a vaga do SBT de cabo a rabo porque as manhãs ainda dão mais platéia ao SBT, mas no faturamento, a tabela comercial da Record já lhe permite anunciar-se como vice.


A consolidação da teledramaturgia da TV de Edir Macedo tem sido ponto decisivo na conquista do bolo, mas novela, antes de dar retorno, exige muita folga de caixa para grandes investimentos.


O SBT não tem alcançado o ritmo da concorrente, não só por questão financeira, mas também por falta de planejamento. Houve um tempo em que a TV de Silvio Santos conseguia estrear novela nova assim que a anterior terminava. Não é o que se dá neste momento. Cristal acabou na sexta-feira, quando a emissora ainda começava a pensar no elenco de sua próxima produção, a mexicana Maria Mercedes. A Record ganha, com isso, mais espaço para avançar.’


Gabi faz uma década de GNT


Em comemoração aos 10 anos de programa, o Marília Gabriela Entrevista de domingo estréia cenário novo, assinado por Ucho Carvalho, e entrevista Hebe Camargo. Aos 77 anos, a apresentadora fala de política, fama, sexo, beleza e bom humor.


entre-linhas


A segunda edição de Bailando por um Sonho, que foi ao ar no sábado à noite, perdeu em audiência para a reprise do Show do Tom. O placar foi 8 de média de ibope para a Record diante dos 7 pontos do SBT.


O SBT, um dos poucos veículos selecionados para fazer perguntas ao presidente Lula em seu primeiro pronunciamento após o resultado das eleições, era o único canal que naquele momento não transmitia a cena ao vivo. No horário, exibia filme.


Amaury Jr. se livrou do efeito Cinderela. A partir de hoje, a RedeTV! transmite o seu programa às 23h30.


O Shoptime irá comemorar seu aniversário de 11 anos com 36 horas, ao vivo, no ar. A maratona terá início dia 7, ao meio-dia, e só chegará ao fim à meia-noite do dia 8.


Há quem julgue que a série de animação South Park tenha passado dos limites do humor negro dessa vez. Em um novo episódio, o desenho fez piada com a morte do Caçador de Crocodilos, Steve Irwin.


Está marcada para ir ao ar amanhã cena emocionante do encontro de Léo (Thiago Rodrigues) com seu filho Francisco em Páginas da Vida. Choradeira à vista.


Um dos poucos atores de Prova de Amor a não renovar contrato por longo prazo com a Record, Leonardo Vieira deve voltar para a Globo em 2007. Tem convite para mudar de canal em 2007.’


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Folha de S. Paulo


Terça-feira, 31 de outubro de 2006


ELEIÇÕES 2006
Fábio Zanini


Presidente do PT cobra uma ‘auto-reflexão’ da imprensa


‘No dia em que jornalistas foram agredidos por militantes petistas em frente ao Palácio da Alvorada, o presidente interino do partido, Marco Aurélio Garcia, repudiou o ato de violência, elogiou a liberdade de imprensa, mas criticou a mídia pedindo uma ‘auto-reflexão’ sobre sua atuação na campanha.


Também disse que a imprensa deve ao país a informação de que não teria havido a compra de deputados pelo governo, conforme descrito pelo ex-deputado Roberto Jefferson, em entrevista à Folha em junho de 2005, no escândalo do mensalão. Se houvesse jornalismo investigativo ‘mais consistente’, de acordo com o petista, isso já teria sido explicitado.


Ele se irritou ao responder a uma pergunta sobre o escândalo do ‘valerioduto’. Disse que o fato de ter havido um esquema irregular de financiamento de campanha promovido pelo PT não significa compra de partidos aliados.


‘Tanto é assim que a imprensa investigativa não foi capaz de estabelecer nenhuma conexão entre votos e ingressos de dinheiro. Não há nenhuma evidência, e essa é uma das dívidas que setores da imprensa têm com a opinião pública, de que posições no Parlamento de apoio tenham sido cobradas’, afirmou.


Ele cobrou da mídia que explique isso à população. ‘Esse é um problema que vai ter que ser esclarecido em algum momento. Historiadores talvez façam isso. Ou, se aparecer um jornalismo investigativo mais consistente, se lance luz sobre esse problema.’


A entrevista de Jefferson à Folha gerou uma das maiores crises do governo Lula. Quatro deputados renunciaram e José Dirceu deixou o Ministério da Casa Civil.


Sobre a cobertura das eleições, Marco Aurélio disse que a ‘imprensa deve ser avaliada sobre seu desempenho. Caberá em primeiro lugar aos jornalistas fazerem uma auto-reflexão sobre o papel que eles tiveram na campanha eleitoral’, disse.


Sentimento


O petista diz que tem informações de que parte dos profissionais de imprensa partilha de sua opinião. ‘Sei que esse é um sentimento que atravessa uma parte dos jornalistas nas redações. Tenho informações disso e sei que existem instituições da sociedade civil preocupadas. Da mesma forma que sei que há movimentos crescentes de consumidores de órgãos de imprensa que estão manifestando a sua inconformidade através do cancelamento de assinaturas’, declarou.


Para Garcia, essa realidade é ‘sadia’. ‘Esses movimentos no passado permitiram que a imprensa se repensasse’, afirmou. Deixando claro que espera um movimento espontâneo de autocrítica, ressaltou que ‘essa não é uma tarefa de governo’.


Garcia disse que o PT condena ‘de forma muito clara’ agressões a jornalistas. ‘Não compartilharemos de forma nenhuma com essas práticas. Muitas vezes nós divergimos com a imprensa, mas isso nunca foi ao ponto de negar o papel que ela tem. Tudo é irrelevante diante do valor mais alto que é a liberdade de imprensa.’’


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Petistas fazem ato de protesto contra imprensa


‘Os militantes petistas que se reuniram ontem para receber o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio da Alvorada e na base aérea de Brasília substituíram históricos gritos de apoio ao petista por palavras de ordem contra a imprensa. Os principais alvos foram a Rede Globo e a revista ‘Veja’, mas houve também gritos contra os jornais, entre eles a Folha.


Mesmo enquanto Lula abraçava e beijava os petistas, os gritos contra a mídia prosseguiram. Alguns pediam ao presidente reeleito que expulsasse os jornalistas e fizesse a comemoração somente com os militantes.


O tom da hostilidade começou na base aérea, quando alguns petistas puxaram ‘Ou, ou, ou, a Veja se ferrou’ e ‘O povo não é bobo, abaixo à Rede Globo’. Mais tarde, no Alvorada, alguns militantes, muitos deles funcionários comissionados do governo federal, passaram a interrogar um a um os jornalistas: ‘Tem alguém da Veja por aí?’, perguntavam.


Enquanto os repórteres aguardavam Lula, os militantes provocavam ‘A ditadura era melhor do que a imprensa, eles matavam com baionetas, vocês matam com a língua’, disse um militante.


‘Vamos fechar todos os jornais’, gritou outro. Uma mulher de aparentes 50 anos, repetia: ‘Se perguntar de dossiê, leva um dossiê bem na cara’.


No Alvorada, o clima ficou mais tenso com a chegada de Lula. Uma militante bateu três vezes com uma bandeira, de cabo de plástico, na cabeça de um repórter. Outro foi cercado, com gritos. Funcionários da Globo se trancaram no caminhão da empresa, temendo represálias, além das verbais.’


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Associação Nacional De Jornais Condena Atitude De Militantes


‘A Associação Nacional de Jornais condenou a ‘agressão física e moral’ sofrida por jornalistas por parte de militantes petistas que se reuniram ontem para receber o presidente Lula no Palácio da Alvorada e na Base Aérea de Brasília. ‘Procedimentos dessa natureza têm origens naqueles que não entendem o pleno exercício da liberdade de informação, que só entendem a linguagem da truculência. As imagens são prova de que os jornalistas sofreram uma agressão covarde’, disse o diretor-executivo da ANJ, Fernando Martins.’


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Lula em quatro redes


‘Enquanto Ricardo Boechat, do ‘Jornal da Band’, bradava ‘entrevista exclusiva com o presidente Lula’, Fátima Bernardes anunciava, quase humildemente, ‘um dos compromissos do presidente Lula hoje vai ser uma entrevista ao vivo no ‘Jornal Nacional’.


E foi para o ‘Jornal da Record’ que falou primeiro, com perguntas sobre crescimento e, claro, ‘o fim da era Palocci’, repisadas depois por Franklin Martins na Band. Para Lula, não tem fim de era, foi só uma ‘produção independente’ do ministro Tarso Genro.


Ele falou aos quatro telejornais, nova estratégia que foi até manchete na Folha Online. E que contrastou muito com a cobertura pós-eleição de 2002, então com entrevistas exclusivas para ‘Fantástico’ e depois ‘JN’, na bancada. Nas palavras de Lula, no discurso da vitória, domingo, ‘eu disse a vocês [jornalistas] que ia mudar o meu comportamento com a imprensa’.


ANTES E DEPOIS


Diz a Reuters Brasil que ‘o presidente decidiu dirigir-se primeiro aos eleitores’ e só ‘depois agendar interlocução com partidos, governadores’. Daí as entrevistas e, para hoje, o pronunciamento em cadeia de rádio e televisão -sobre ‘as possibilidades que se abrem agora para o país’.


E hoje, segundo a Folha Online, haveria ‘também a expectativa de uma entrevista coletiva para a imprensa’.


REPENSAR RELAÇÕES


De Bob Fernandes, que questionou Lula no debate da Record sobre democratização da mídia, em reportagem no portal Terra, da Telefônica:


– Lula comunicou que ele modificaria sua relação com a mídia, [falando] ‘a toda hora’. O que não disse nem dirá é que não apenas nesse aspecto pretende rever suas relações com a mídia. Irá repensar, também, as relações de poder com grupos de comunicação.


AS TELES ESTÃO CHEGANDO


A Telefônica, que antes cruzou o caminho da Globo na disputa pelo padrão de TV digital, atacou no domingo da eleição. No título do site Pay-TV, ‘Abril conclui venda da TVA para a Telefônica’. E no texto de ontem, ‘no longo prazo, uma das formatações é que a Telefônica assuma a integralidade’. Segundo a Reuters Brasil, ‘a negociação reafirma uma tendência recente no mercado brasileiro, de integração de empresas de telefonia e TV por assinatura’.


O foco é ‘conteúdo’. E a Associação Brasileira de TV por Assinatura já disse que aceita as teles como sócias.


ZÉ DIRCEU, A SOMBRA


Começou no domingo à noite, na mesa-redonda da Band, com longa participação.


E prosseguiu ontem, em dois endereços inusitados. Na estatal Cultura, José Dirceu atacou um adversário direto, no confronto interno petista, dizendo ‘eu não acredito que o ministro Tarso Genro tenha legitimidade para propor’ a tal refundação, nem mesmo ‘representatividade’. E falou à Veja On-line, na estréia do podcast de Lauro Jardim.


O PRIMEIRO EDITORIAL


O francês ‘Le Monde’ saiu ontem à tarde com o primeiro editorial da reeleição -sob o título ‘Os desafios de Lula 2’.


Saiu dizendo que ‘é preciso saudar a ampla vitória de Lula da Silva’. Na região ‘tentada pelo nacional-populismo de Chávez, a reeleição prova que a social-democracia é uma via que pode ser bem-sucedida’. O mandato inicial conseguiu ‘principalmente casar, com pragmatismo, a ortodoxia econômica com o social’.


BBC/Reprodução


‘HOSTILIDADE EXTRAORDINÁRIA’


Nos canais de notícias pelo mundo, lá estava Lula ontem no Telesur, de Chávez, mas sobretudo -e repetidamente- na CNN, que falou em ‘vitória esmagadora’, ‘festa no Brasil’ e ‘um sonoro ‘sim’ para o presidente Lula’. Na BBC também, expressões como ‘vitória decisiva’ ou ‘segunda vitória esmagadora’ -que ‘foi ainda mais marcante porque Lula enfrentou hostilidade extraordinária da elite política tradicional e de muitos dos aliados dela na mídia’.’


TELEFÔNICA & TVA
Adriana Mattos


Venda da TVA é legal, diz associação de TVs


‘O acordo de venda da TV por assinatura TVA para a Telefônica foi desenhado com tamanho cuidado que, mesmo com a concorrência já esperneando, não deverá haver impedimentos legais para a operação. A ABTA, associação do setor de TV paga, informou ontem que o negócio ‘está dentro da lei’, pois não fere as normas que regulam o segmento.


‘Se a Telefônica tivesse feito o que a Telemar fez, aí não teria jeito, faríamos alguma coisa, sim, Mas não é o caso’, disse ontem Alexandre Annenberg, diretor-executivo da ABTA. Em julho, a Telemar comprou a empresa de TV paga Way Brasil, mas a ABTA encaminhou um documento à Anatel, agência reguladora da área de telecomunicações, se posicionando contra a operação. Isso porque ela fere, diz a ABTA, fundamentos da lei geral do setor. A Telemar questionou esse posicionamento (veja texto abaixo).


Desta vez, para Annenberg, há diferenças. No acordo assinado entre as empresas no domingo, a Telefônica, empresa de origem espanhola, assumiu 100% das operações de MMDS (TV por assinatura via microondas) da TVA em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre. Isso pode ser feito porque a lei geral que rege o setor não limita a participação de empresas de telefonia no MMDS. Com isso, a Telefônica pode ficar com o bolo todo. Já na operação de TV a cabo em São Paulo, a companhia espanhola comprou 19,9% das ações ordinárias, taxa limite estabelecida pela lei do setor, que determina que uma empresa de capital estrangeiro explore -como controladora ou por meio de coligadas- até 20% do mercado da região em que já atua. A Telefônica já opera em São Paulo.


Além disso, outros acertos estão presentes no acordo assinado. A Abril, dona da TVA, vai desenvolver conteúdo que será distribuído para as operações de TV por internet -nova mídia que será explorada pela companhia. O que existirá, de maneira geral, é um compartilhamento de estruturas que busque sinergia e favoreça a convergência de tecnologias. As companhias não divulgaram o valor envolvido no negócio. O capital social da TVA gira em torno de R$ 800 milhões.


A princípio, as operações de banda larga (internet) das companhias, com marcas diferentes -Ajato, da TVA, e Speedy, da Telefônica-serão mantidas. O que pode ocorrer é uma fusão de operações de maneira que as infra-estruturas não se dupliquem -o que se traduziria em custos maiores. Para o consumidor, o que pode existir é menor cartela de opções: seja o Ajato, seja o Speedy, o cliente só poderá optar pelos serviços da Telefônica. A Anatel ainda precisa aprovar a operação.’


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Para Costa, Anatel aprovará compra da Way Brasil


‘A área técnica da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) deverá recomendar ao conselho diretor da agência reguladora que aprove a compra da operadora de TV por assinatura Way Brasil pela Telemar.


De acordo com o ministro Hélio Costa (Comunicações), que teve acesso ao relatório da área técnica da agência, não há impedimento ao negócio.


‘A Superintendência [de Comunicação de Massa da Anatel] está tecnicamente dizendo que é possível, que [a compra] é viável’, disse Costa.


O ministro afirmou que não há problema na compra da Way Brasil porque não seria a Telemar a empresa compradora.


‘Não é a Telemar que está comprando. O mesmo dono de ações da Telemar é dono de ações da empresa que está comprando a Way Brasil. É uma empresa que, por coincidência, tem acionistas que também são acionistas da Telemar. Isso não é interpretado como conflito pela Lei Geral [de Telecomunicações]’, disse Costa.


Questionado a respeito do acordo entre a Telefônica e a TVA, o ministro afirmou que não tinha conhecimento específico de detalhes desse acordo, mas que, de modo geral, aprova o movimento das teles.


‘Não havendo nenhum conflito com a Lei Geral de Telecomunicações, acho bom. É bom para as empresas que estão vendendo e é bom para quem está comprando. Evidentemente, isso resulta em melhor serviço para os usuários. É bom para os consumidores’, disse o ministro.


A compra da Way Brasil pela Telemar vem sendo contestada pela ABTA (Associação Brasileira de TV por Assinatura), que entregou à Anatel documento informando que o contrato de concessão de telefonia no país não permite que uma concessionária adquira uma operação de cabo em sua área de cobertura.


A Way opera em quatro cidades de Minas Gerais, na área de exploração da Telemar.


A venda da Way Brasil à TNL PCS Participações, do grupo Telemar, ocorreu em julho em operação de R$ 123 milhões, em leilão. A Way registrou em 2005 receita líquida de R$ 45,6 milhões e atende pouco mais de 60 mil pessoas em Poços de Caldas, Barbacena, Uberlândia e Belo Horizonte.’


INTERNET


Folha de S. Paulo


Google reclama buscador livre no ‘Windows’


‘O Google disse que a Microsoft deveria manter aberta à escolha dos usuários a tecnologia de busca em seus novos produtos. A empresa não disse, porém, se as mudanças já feitas pela Microsoft no ‘Windows Vista’ são suficientes para garantir isso.


‘É nossa visão que qualquer nova versão dos produtos da Microsoft que inclua buscas deve ser feita de modo a preservar a escolha’, disse David Drummond, vice-presidente de desenvolvimento corporativo do Google.


Especula-se que o ‘Vista’ terá busca pelo MSN como padrão, o que preocupa concorrentes.’


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Yahoo! pode comprar AOL, diz ‘Fortune’


‘O Yahoo! pode apresentar à Time Warner oferta para a compra da America Online, segundo reportagem da revista ‘Fortune’.


De acordo com a publicação, o Yahoo! teria feito uma tentativa recentemente de retomar com a Time Warner conversas que foram interrompidas há um ano. Uma fonte do Yahoo!, no entanto, negou tal aproximação.


No ano passado, o site de buscas Google comprou 5% de participação na AOL, por US$ 1 bilhão.


Segundo a ‘Fortune’, se a AOL recusar o negócio, o presidente do Yahoo!, Terry Semel, tem outras aquisições em vista.’


POLÍTICA CULTURAL
Talita Figueiredo


BNDES libera R$ 12,8 mi para produção de filmes


‘A capacidade de atrair público foi decisiva na seleção dos 20 filmes que receberam apoio de R$ 12,8 milhões do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Social) para produção ou finalização das obras. Na lista, anunciada ontem, estão produções com apelo comercial, como ‘Polaróides Urbanas’, de Miguel Falabella, ‘Romance’, de Guel Arraes, e ‘Sexo Oposto’, de Wolf Maya.


Segundo o representante da comissão, o sociólogo e sócio da cadeia Unibanco Artplex Adhemar Oliveira, ao escolher os classificados entre os 166 projetos recebidos, a idéia era ‘apostar no filme que tenha um alcance maior de público’.


Ele disse ainda que a comissão se preocupou em apoiar produtoras de sucesso -das dez maiores produtoras do país, sete foram beneficiadas.


‘Uma produtora de cinema precisa ter uma produção a cada ano [para se manter], por isso produtoras que tiveram sucesso nos últimos três anos e apresentaram dois projetos [no processo] tiveram um deles aprovado. São produtoras que fizeram quatro, cinco milhões de espectadores.’


Demian Fiocca, presidente do BNDES, tentou relativizar a declaração de Oliveira e disse que o banco não priorizou a visão ‘comercial’. ‘Quando o BNDES assume, dentro do conjunto de políticas do Ministério da Cultura, um papel mais relevante na dimensão da economia da cultura, não significa que passe a ter uma denominação comercial. Não é a busca apenas do sucesso financeiro do filme’, defendeu. Para ele, alcançar mais público não significa que o filme tenha menor qualidade. ‘Não é no sentido mercantilista, de só querer saber do lucro’, afirmou.


Presente ao evento, o ministro da Cultura, Gilberto Gil, disse que o edital fortalece a posição do banco de ‘levar sua política de atendimento ao setor cultural com visão mais republicana’. ‘A cultura como economia é uma percepção cada vez mais difundida, e o governo não está alheio a isso’, afirmou.


A verba é distribuída com base na Lei de Incentivo ao Audiovisual, ou seja, o banco ganha participação nos filmes- a porcentagem varia para cada produção – e obtém reembolso do investimento no IR.


Dos 20 filmes, a maioria (13) é do Rio, Estado que apresentou cerca de metade dos projetos. Os selecionados são 15 filmes de ficção, três de animação e dois documentários.


Segundo Oliveira, os documentários passam por uma ‘profusão perigosa’, porque a câmera digital está facilitando a criação deste tipo de filme, que nem sempre deve ser distribuído nos cinemas. Por isso, argumenta, a comissão teve critérios rigorosos na aprovação dos dois que foram financiados.’


TELEVISÃO
Daniel Castro


Abril vai produzir canais para TV e celular


‘Com a venda de parte da TVA para a Telefônica, o Grupo Abril voltará a produzir conteúdo para TV paga, como fez nos anos 90 (era sócio da ESPN Brasil e dono do Eurochannel).


O acordo da Abril com a Telefônica prevê que a primeira irá produzir uma série de canais pagos para a segunda. Assim, a Abril pode vir a exercer com a Telefônica o mesmo papel que as Organizações Globo têm na Net e na Sky, o de parceiro produtor de conteúdo.


A Folha apurou que já há dois projetos de novos canais em estágio avançado de gestação: um sobre games e outro dedicado à veiculação de clipes independentes. Ambos devem ser produzidos pela MTV (emissora do Grupo Abril).


A Abril também prepara um pacote de dez canais de TV exclusivos para celular (e a Telefônica é sócia da Vivo).


A parceria da Telefônica com a Abril, contudo, não impedirá que o grupo espanhol negocie com a Globo a distribuição dos canais da Globosat (SporTV, Telecines, Globo News).


A compra de parte da TVA (que opera em cabo e MMDS) não aborta o projeto da Telefônica de lançar uma operadora de TV via satélite (DTH). A nova operadora já está em testes.


A Folha apurou que a Telefônica não pretende investir no aumento da rede de cabos da TVA. Seu projeto original é distribuir TV paga por sua própria rede de cabos telefônicos, via IPTV (TV por internet).


NOVA THALIA 1O SBT planeja produzir no Brasil a trilogia ‘Maria Mercedes’, ‘Marimar’ e ‘Maria do Bairro’, sucesso da rede mexicana Televisa, estrelada pela atriz e cantora Thalia. A ‘Thalia’ brasileira será Bárbara Paz.


NOVA THALIA 2Já está certa a produção de ‘Maria Mercedes’, que estréia em março. A novela entra no lugar da natimorta ‘Confidente de Secundária’.


NÃO É INCRÍVEL?E-mail enviado ontem ao mercado publicitário pelo superintendente comercial da Record, Walter Zagari, comemorava os 13% de participação na audiência, obtidos pela rede na semana passada, e a incrível ‘coincidência’ de o presidente Lula ter sido reeleito ‘também com o número 13’.


PIORES MOMENTOSO ‘Domingo Legal’ teve uma de suas piores audiências anteontem, em um dia em que o SBT (ao contrário de todas as demais redes) praticamente ignorou que havia eleições no país. O programa deu só 11 pontos. O normal tem sido 15.


MELHORES MOMENTOS Já o ‘Domingão do Faustão’ marcou 25 pontos na Grande SP, com picos de 41 durante o quadro ‘Dança no Gelo’.


FATURAMENTOA Record comemorou por ter sido a primeira emissora de TV a fazer pergunta ao presidente Lula, na semi-entrevista coletiva de domingo à noite. A Globo transmitia ao vivo e não teve como impedir o ‘merchandising’ da concorrente, nem do SBT (que também fez pergunta, mas não exibiu ao vivo).’


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