Um grupo de clérigos linha-dura da Arábia Saudita faz campanha com o Ministério da Informação do país para que proíba a aparição de mulheres na TV e em jornais e revistas – ‘não importa o motivo’. Em uma declaração enviada ao ministro Abdel Aziz Khoja, que assumiu o cargo em fevereiro, 35 clérigos também pedem a proibição de música e shows musicais na programação televisiva.
Ainda que aumentem a pressão sobre o novo ministro, as recomendações dos representantes religiosos devem ter pouco efeito prático no país. A indicação de Khoja ao cargo fez parte de uma ação do rei Abdullah que removeu membros radicais do governo, em um aparente esforço para enfraquecer a influência de líderes conservadores no reino.
Radicalismo
A Arábia Saudita foi fundada em uma aliança da seita fundamentalista Wahabi, ramificação puritana do Islã, que vê a mistura de gêneros como algo condenável e acredita que a música é ofensiva aos valores religiosos. O antigo ministro da Informação, Iyad Madani, havia irritado os conservadores radicais anos atrás ao permitir que fosse tocada música na emissora de TV do governo e que jornalistas mulheres entrevistassem homens, apesar das regras de segregação de gênero.
Hoje, mulheres aparecem na TV com o rosto à mostra, ainda que em público a maioria delas se cubra. Nos jornais, em grande parte das fotos as mulheres sauditas têm a cabeça coberta, enquanto imagens de mulheres ocidentais são mostradas com os braços e decotes pintados por cima. Entre os clérigos que participam da campanha estão professores de uma universidade ultra-conservadora, pesquisadores, funcionários do governo e até um juiz. Informações de Donna Abu-nasr [Associated Press, 22/3/09].