Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

O Estado de S. Paulo

POLÍTICA
Clarissa Oliveira

PT vai lançar rádio e TV na web para alavancar Dilma

‘Mesmo sem a certeza da aprovação pelo Congresso do projeto que regulamenta do uso eleitoral da internet, o PT já começa a tirar do papel um de seus principais projetos nessa área. Em mais um sinal de que está decidida a tirar proveito da rede mundial de computadores na corrida presidencial de 2010, a direção nacional do partido decidiu criar uma emissora online de rádio e televisão.

Apesar de surgir como um canal institucional de comunicação, o projeto ajudará desde já a melhorar a exposição da chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, na rede. Além disso, reconhecem dirigentes da sigla, é uma chance de testar o potencial de ferramentas online que poderão ser replicadas pela campanha petista na eleição de 2010.

A estratégia ainda está em fase de desenvolvimento, mas a pretensão do PT é ir além da simples publicação de vídeos em seu site na internet, fórmula que já existe nas páginas de vários partidos políticos. A ideia é, no longo prazo, cobrir ‘todo o dia a dia do PT’, por meio da produção de reportagens, cobertura de eventos, entrevistas e transmissões ao vivo, de forma a preencher uma grade completa de programação voltada aos internautas.

O partido já encomendou equipamentos para montar um estúdio completo dentro do prédio que abriga a sua sede nacional, em Brasília. Parte da equipe da emissora será montada por meio da ampliação do atual quadro de funcionários na área de comunicação. Mas uma parcela do conteúdo será produzida por meio de um contrato de terceirização com uma empresa especializada. O plano é iniciar as transmissões, ainda num formato mais tímido, entre novembro e dezembro.

Até o fim deste ano, a expectativa da direção partidária, é de gastar R$ 150 mil na iniciativa. O montante, de acordo com petistas, servirá apenas para ‘dar a largada’ no projeto. A próxima direção da sigla, que será escolhida na eleição interna agendada para novembro, vai definir os valores que serão aplicados no projeto durante o ano eleitoral e dali em diante.

MÍDIA

A aposta ocorre após décadas de embate entre o PT e a mídia. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva costuma se queixar da atuação da imprensa e da cobertura que os meios de comunicação dão ao governo. Lula já declarou, por exemplo, que a leitura dos jornais lhe causa azia. Na semana passada, em entrevista à agência francesa de notícias AFP, ele voltou a tocar no assunto, ao comentar o fechamento de emissoras de rádio na Venezuela. Disse ter nascido na política ‘brigando com as informações da imprensa’..

O PT informa não ter a pretensão de fazer frente aos meios de comunicação, mas vê na televisão pela internet uma forma de mostrar sua versão. ‘Não temos a ilusão de que este canal vá permitir um contraponto. Mas, pelo menos, ele existirá. Será uma forma de tornar pública a nossa versão dos fatos para quem quiser saber’, diz o presidente nacional do partido, deputado Ricardo Berzoini (SP).

Envolvido nos preparativos para a montagem do novo estúdio, o secretário de Finanças do PT, Paulo Ferreira, diz que a reorganização financeira comandada pelo partido desde 2005 abriu espaço no caixa para a empreitada. Desde o escândalo do mensalão, a sigla refinanciou uma dívida que alcançava a casa dos R$ 50 milhões.

‘É uma opção política que fizemos. Poderíamos perfeitamente optar por investir em outra coisa, em seminários, eventos’, argumenta o tesoureiro. ‘Queremos dar um salto na comunicação do PT com seus filiados e a sociedade em geral.’’

 

O Estado de S. Paulo

Obama inspira projetos virtuais

‘Ao desenvolver seu plano para a eleição do ano que vem, o PT buscou inspiração na campanha do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Alguns petistas chegaram a se reunir individualmente com Ben Self, dono da Blue State Digital e autor da estratégia online aplicada na eleição americana. Mas chegaram à conclusão de que não era o caso de assinar um contrato.

A avaliação foi a de que há no Brasil know-how suficiente nessa área, que leva em consideração as características do eleitorado local e o fato de a penetração da internet ainda estar longe do patamar observado nos EUA. Mas ainda há chances de Self atuar indiretamente na campanha da chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. O americano já teve vários encontros com o marqueteiro João Santana, que assinou a campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A informação, no PT, é de que Santana estuda um contrato de consultoria, cujo valor não ultrapassaria R$ 100 mil.

Self também chegou a conversar com o PSDB. As negociações, entretanto, não avançaram. ‘Havia mais uma curiosidade sobre o trabalho que eles fizeram’, explicou o tesoureiro tucano, Eduardo Graeff. ‘Como, da parte deles não houve continuidade do contato, imagino que eles tomaram outro rumo.’’

 

PSDB paulista já testa televisão na rede

‘Decidido a se colocar como alternativa ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2010, o PSDB tende a aproveitar na esfera nacional parte da experiência desenvolvida por seu diretório estadual em São Paulo, que lançou recentemente o portal tucano.org. Focado na interatividade, o site já prevê um modelo de televisão pela internet, a TV Tucana. Ainda assim, dirigentes do partido dizem aguardar a regulamentação do uso eleitoral da internet para definir ao certo o rumo que darão a sua estratégia nacional nesse segmento.

Enquanto decide quem vai lançar para o Palácio do Planalto no ano que vem – o governador paulista José Serra ou o mineiro Aécio Neves -, o PSDB ensaia algumas ações pontuais para testar seu potencial na rede.Tucanos desenvolveram, por exemplo, um blog para falar especificamente da atuação da sigla na CPI da Petrobrás. Outro endereço tem como foco a ação da bancada no Congresso. Mais uma iniciativa, de acordo com o tesoureiro do partido, Eduardo Graeff, pretende fazer um ‘trabalho de guerrilha’ na rede. Trata-se do blog ‘Gente que mente’, recheado de críticas ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo Graeff, o PSDB já trabalha com a previsão de aumentar seu quadro de funcionários para explorar a internet na eleição do ano que vem. ‘Mas, por enquanto, estamos em um compasso de espera. Não queremos tomar nenhuma decisão que, depois, seja frustrada por estar em desacordo com a legislação eleitoral’, afirma o tesoureiro tucano.

Já o PV, que se prepara para lançar a senadora Marina Silva (AC) ao Palácio do Planalto, terá um grupo específico para desenvolver sua estratégia online. Com a filiação da senadora no último dia 30 – numa cerimônia com direito a transmissão ao vivo pela rede -, o partido montou uma coordenação nacional composta por 21 membros. Dentro dessa estrutura, será criada uma coordenadoria de informática e web. ‘Vamos de fato colocar na nossa estrutura organizacional um conjunto de ações e um espaço de desenvolvimento voltado a essa área’, explica o cientista político Carlos Novaes, recém-filiado ao PV e indicado por Marina para compor a nova coordenação nacional da sigla.

Cobiçado como aliado por seu tempo na propaganda eleitoral no rádio e na televisão, o PMDB também já começou a se movimentar. Num trabalho comandado pelo deputado Eliseu Padilha (RS), a legenda já contratou novos profissionais de comunicação para reformular seu site institucional. O trabalho inclui a modernização do portal da Fundação Ulysses Guimarães que, segundo o deputado, inclui uma estrutura de ensino à distância com aproximadamente 200 mil alunos. O parlamentar afirma que o plano é usar os portais para renovar o eleitorado peemedebista e viabilizar a formação de novos líderes partidários. ‘Precisamos disso se quisermos pensar em um projeto nacional.’’

 

VENEZUELA
O Estado de S. Paulo

Mais 29 rádios serão fechadas, diz ministro

‘O ministro de Infraestrutura da Venezuela, Diosdado Cabello, anunciou ontem que mais 29 estações de rádio serão fechadas nos próximos dias. A medida, disse Cabello, busca ‘democratizar’ a posse de empresas midiáticas que supostamente transmitiriam ‘informações deturpadas’. Em julho, o governo Hugo Chávez fechou 34 rádios.’

 

PROPAGANDA
João Domingos

Petrobrás gastará R$ 480 milhões em publicidade

‘Para cumprir a determinação do governo de exaltar o sentimento nacionalista e a tendência estatizante, a Petrobrás redirecionou suas campanhas publicitárias para mensagens de cunho ufanista e patriótico, deixando em segundo plano a exposição dos seus produtos. O pré-sal, cujo marco regulatório foi lançado segunda-feira passada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, virou o carro-chefe da grande campanha iniciada pela estatal.

A Petrobrás recusa-se a dar detalhes sobre os valores pagos por sua publicidade – trata-se de uma questão de mercado, diz -, mas a Secretaria da Comunicação de Governo (Secom) informou que a verba global da estatal para este ano é de R$ 310 milhões, em contratos com quatro empresas: PPR Profissionais de Publicidade Reunidos Ltda, Master Publicidade, F/Nazca, Saatchi & Saatchi Publicidade Ltda e Heads Propaganda Ltda. Em 2010, ano eleitoral, o valor total para a propaganda e publicidade deverá ser elevado para R$ 480 milhões, de acordo com informações do mercado publicitário.

As agências já estão alvoroçadas com a notícia porque também no ano que vem vencem os contratos. Um dos blocos, hoje de R$ 250 milhões, terá o contrato encerrado em 29 de janeiro; o outro, de R$ 60 milhões, acabará em 18 de março.

A ideia passada por quatro peças publicitárias que estão no ar é que, com o pré-sal, a Petrobrás descobriu a riqueza do futuro para o povo da Nação que só despertou depois da posse de Lula. Isso tudo, num abismo de 7 mil metros, no Oceano Atlântico, num desafio tecnológico sem precedentes. Na propaganda, a Petrobrás diz que é hoje uma das empresas mais admiradas do mundo e a única a já retirar petróleo do pré-sal.

Ao mesmo tempo em que busca provocar em cada cidadão o sentimento de orgulho por ter nascido num País que, segundo a publicidade, já é autossuficiente em petróleo – embora ainda importe óleo leve, o Brasil consome por dia 2 milhões de barris e produz 2,5 milhões, de acordo com dados do Ministério de Minas e Energia -, a propaganda tenta passar para a sociedade a impressão de que a empresa está sendo vítima de injustiças. Principalmente por parte do Senado, que abriu uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar supostas irregularidades em contratos da estatal.

Isso fica claro no texto das peças publicitárias: ‘Que país não gostaria de ter uma empresa como esta? Quase tudo que ela produz, ela produz aqui. E é consumido aqui, por brasileiros. É aqui que ela cria tecnologia. É aqui no Brasil que ela investe em cultura, meio ambiente, cidadania. E por ter um compromisso assim, com o seu País, ela é uma das empresas mais admiradas do mundo. A Petrobrás fez história. E está fazendo o futuro.’

Outra peça ressalta a grandiosidade da estatal: ‘Quando a gente olha para essa marca, a gente vê uma das empresas mais admiradas do planeta. Essa é a marca da única empresa de energia do mundo que já está produzindo petróleo no pré-sal. E isso deixa a gente com uma única certeza: se o nosso País tem muitos desafios pela frente, não vai faltar energia para vencer cada um deles. A Petrobrás fez história. E está fazendo o futuro.’

Por fim, o cidadão é levado a pensar nas profundezas abissais, nos avanços tecnológicos antes tão distantes: ‘Imagine o mar, o fundo do mar. Depois do fundo do mar, embaixo de uma camada de sal, a Petrobrás descobriu uma quantidade gigantesca de petróleo. Foram muitos desafios até chegar lá. Agora, em pouco tempo, a produção de petróleo do Brasil vai dobrar. Vai gerar riquezas. No pré-sal não tem só petróleo. Tem um outro país. A Petrobrás fez história. E está fazendo o futuro’. Cada peça tem 30 segundos.

Ao lançar o marco regulatório do pré-sal, no dia 31, o presidente Lula avisou que o assunto não era apenas para os iniciados. Nem tampouco um tema que deva ficar restrito ao Parlamento. Ao contrário, ele interessa a todos e depende de todos, disse Lula. E prosseguiu: ‘Por isso mesmo, quero convocar cada brasileiro e cada brasileira a participar desse grande debate’, disse.’

 

IMAGEM
Jack Schofield

Futuro da fotografia passa pelo celular

‘Até recentemente, os celulares com câmeras eram os primos pobres das câmeras amadoras. Mas alguns deles chegaram agora ao ponto de serem capazes de tirar fotografias de verdade, mesmo à noite. Esta é, ao menos, a promessa da Nokia para promover as vendas do seu N86. A empresa convocou o fotógrafo britânico David Bailey para produzir a exposição Alive at Night, reunindo fotografias tiradas com o novo telefone celular para o seu lançamento.

A proposta era fotografar um conjunto seleto de pessoas que trabalham na noite londrina. Entre elas havia uma garçonete, um paramédico, um açougueiro, um padeiro e algumas dançarinas exóticas.

Não se tratou de um grande desafio. O N86 é mais avançado do que a maioria das câmeras digitais amadoras: tem sensor de 8 megapixels, lentes Carl Zeiss Tessar de abertura ampla (f/2.4), obturador com velocidades mecânicas de até 0,001s, redução automática dos borrões nas fotos em movimento e flash embutido. Seja como for, seria de se esperar que uma pessoa tão talentosa quanto Bailey correspondesse à expectativa. E ele correspondeu.

Eu não soube ao certo se tinha ficado desapontado pela exposição montada na galeria The Old Dairy, em Bloomsbury, região central de Londres. As fotos são fantásticas. Entretanto, a maioria delas dá a impressão de que poderia ter sido feita com uma câmera 35mm.

Talvez o objetivo fosse justamente esse: mostrar que o N86 pode ser usado para substituir uma câmera ‘de verdade’. Por outro lado, não havia nas fotos nada que justificasse a opção de um fotógrafo pelo N86 em lugar de outros equipamentos. Mas o principal atrativo do N86 parece ser o mais óbvio: você pode usá-lo quando deixar suas câmeras de verdade em casa.

Matt Gibbs, diretor de contas da empresa de pesquisa de mercado GfK Retail and Technology, diz que ‘o total de vendas de câmeras está muito maior do que o registrado anteriormente, o que significa que a fotografia digital foi benéfica para as câmeras’.

Mas ele não acredita que os celulares possam substituir as câmeras normais. ‘Haverá certamente um grupo de pessoas que dirá: ?Não precisamos mais comprar câmeras porque a tecnologia está disponível em nossos celulares.? Mas, quando pensamos nos números envolvidos, é difícil imaginar um canibalismo. Neste ano, foram vendidos cerca de 15 milhões de celulares equipados com câmeras, número comparado a cerca de três milhões de câmeras digitais vendidas no mesmo período. A redução nas vendas das câmeras digitais deveria, portanto, ser muito maior do que os 7% ou 8% registrados.’

Os telefones celulares são vistos como ameaça para muitos dispositivos individuais: PDAs, reprodutores de MP3, aparelhos GPS e similares, consoles portáteis e leitores de livros eletrônicos. Mas o impacto provocado pelo celular variou de acordo com cada setor. ‘Acredito que os celulares estejam incrementando suas vantagens tecnológicas em termos de capacidade e qualidade das imagens, mas as câmeras também estão progredindo’, diz Gibbs.

‘Estamos descobrindo câmeras com zoom de grande alcance, detecção automática de rosto, telas sensíveis ao toque e avanços do tipo. Até certo ponto, isso mantém clara a fronteira entre os diferentes dispositivos e suas funcionalidades.’

Enquanto isso, David Bailey ainda não se impressionou com a ascensão das câmeras digitais, e nem pelo fato de o iPhone ter se tornado a câmera mais popular no Flickr. ‘O que é Flickr?’, pergunta ele.

‘Para mim, o formato digital foi a melhor coisa que aconteceu, porque conferiu ao meu trabalho um caráter mais único’, diz Bailey. ‘As fotos de todo mundo são iguais. É como uma reprise de quando a Kodak lançou a Box Brownie há mais de cem anos, e disse: ?Este é o fim da fotografia. Ninguém conseguirá tirar fotos decentes outra vez.? O mesmo aconteceu com as câmeras Polaroid, com as câmeras digitais, e acontece agora com as câmeras digitais dos celulares. É engraçado como, no fim, a tecnologia nem sempre torna as coisas melhores, mas as torna mais acessíveis. Isto não proporciona fotos de maior qualidade. Mas trata-se de algo bom, afinal: uma nova ferramenta à disposição.’’

 

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