Deborah Howell usou sua coluna de domingo [11/6/06] para analisar as reações de leitores a temas polêmicos. A ombudsman citou três artigos publicados pelo jornal em junho e exemplificou algumas manifestações de leitores recebidas por ela. Em sua maioria, as respostas mostraram que muitos leitores se incomodam com a publicação de artigos considerados ‘ofensivos’. Deborah rebateu as críticas, e deu um aviso ao público: ele deve, sim, esperar encontrar notícias e artigos provocativos nas páginas do Post, pois é isto que faz um bom jornal.
Um dos textos citados pela ombudsman, assinado por Karl Vick em 3/6, trata das razões pelas quais os iranianos gostam do presidente Mahmoud Ahmadinejad. O outro, do dia 6/6, é uma coluna escrita por George F. Will sobre o 25º aniversário da identificação da Aids. O terceiro exemplo, do dia 4/6, é o depoimento de uma mulher que fez um aborto e culpou políticos conservadores por falta de distribuição de medicamentos contraceptivos de emergência, conhecidos por pílulas do dia seguinte.
Presidente polêmico
Um leitor reclamou do tratamento dado pelo jornal a Ahmadinejad, a quem chamou de ‘monstro’. A ombudsman alega que o Post já publicou dezenas de artigos sobre Ahmadinejad – muitos deles com comentários críticos sobre o presidente iraniano, como o do primeiro-ministro israelense Ehud Olmert, afirmando que ele é ‘um psicopata do pior tipo’. ‘É importante para os nossos leitores saberem por que os iranianos elegeram Ahmadinejad e como eles o vêem. Isto revela muito sobre os esforços diplomáticos dos EUA para combater as ambições nucleares do Irã’, opina a ombudsman. ‘A matéria [do dia 3/6] informava que Ahmadinejad é um político trabalhador que consegue encher estádios de futebol com iranianos e que convida os iranianos a mandarem cartas para ele, pedindo o que suas famílias precisam’, completa.
A ombudsman explica que alguns leitores viram as citações favoráveis ao presidente do Irã como um reflexo do apoio do Post a ele – o que não é verdade. Para Deborah, os editoriais do Post não têm nada de bom a dizer do presidente iraniano.
Preconceito
Sobre a coluna de Will, um leitor gay sentiu-se insultado por um gráfico que mostrava o número de gays infectados pela Aids. ‘Alguém no Post se importa com a dignidade humana, ou é apenas uma questão de opinião? Vocês têm de reconhecer os direitos civis e os sentimentos das pessoas com as quais vocês estão lidando’, desabafou. Deborah também ficou tocada com o gráfico, e acredita que isto tenha ocorrido porque seu irmão gay morreu de Aids em 1998. No entanto, a ombudsman considera que as colunas refletem simplesmente a opinião de seus autores. ‘O Post publica muitas matérias sobre o tema e há muitos gays na equipe do jornal’, afirma Deborah.
Tabu
Em um depoimento sobre aborto publicado no jornal, uma leitora escreveu: ‘os políticos conservadores da administração Bush me forçaram a fazer um aborto que eu não queria’. Segundo a leitora, se a pílula do dia seguinte fosse disponibilizada nas farmácias, ela não teria engravidado. ‘Ela culpa a todos, menos a ela e a seu marido, que são os verdadeiros ‘culpados’. Afirmar que o governo a fez realizar um aborto é absurdo e vê-la no Post é ainda mais absurdo’, opinou outra leitora, que reclamou da publicação do artigo de opinião. ‘Achamos que era um assunto importante para um debate público’, justifica Susan Glasser, editora da seção Outlook, que publica artigos de opinião polêmicos.