Saturday, 30 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1316

Paulo Rogério

‘‘Os meios de comunicação estão diante de uma nova tarefa: redefinir com clareza, no noticiário, as fronteiras entre crime e legalidade.’ Mauro Malin, jornalista

A morte de Idelfonso Maia Cunha, o pistoleiro Mainha, na terça-feira (4), um dos bandidos mais procurados da década de 80, acusado de até 100 assassinatos, ocupou o primeiro grande destaque da imprensa cearense em 2011. Nada menos que 122 comentários foram postados no O POVO On line nos mais variados tons. Alguns – a maioria – questionavam os motivos do mesmo estar em liberdade apesar de tantos crimes. Outros variavam do sentimento de comiseração ao de justiça, apelando para provérbios no estilo ‘quem com ferro fere, com ferro será ferido’.

Todas as matérias enfocaram a questão da morte do mito, do pistoleiro temido, de um justiceiro da Era Moderna, pobre e amigo de poderosos. O POVO manchetou a edição com uma indagação: Quem matou Mainha? Em duas páginas contou a história do pistoleiro e trouxe depoimentos de quem conviveu com ele.

E as vítimas?

Ninguém foi atrás de saber a história dos familiares de quem Mainha matou. Como ficou a família do casal João Terceiro de Sousa e Raimunda Nilda, do motorista Francisco de Aquino ou o policial José Leonor de Araújo, assassinados em 83? O que eles pensam do chamado ‘mito’? Porque ele estava solto? É de se lamentar ainda que nenhum comentário dos leitores tenha sido utilizado.

Os detalhes da investigação, importantes para responder a questão feita na manchete, foram quase esquecidos. Quem se preocupou com isso foi o jornal concorrente, em matéria de meia página. O POVO apostou na linha comportamental e na reação das pessoas durante sepultamento de Mainha, em Jaguaribara. Critiquei o tom da cobertura na avaliação interna. A editora adjunta de Cotidiano, Juliana Matos Brito, interinamente na coordenação do núcleo, diz que a aposta foi correta. Ela ressalta que a investigação foi dada em uma nota. ‘Demos pouco. O que é diferente de nada.’ explicou. Prefiro meia página.

Excesso de vaidade

Por mais que se critique o colunismo social pela futilidade dos temas, há quem goste de ter fotos estampadas nestas seções. Questão de vaidade. O problema é quando o próprio colunista rouba a cena. O leitor Luciano Paiva contou quantas vezes Lázaro Medeiros, da coluna Chics, do Buchicho, apareceu no caderno de domingo (2). ‘Nada menos do que dezessete fotos. Sou do tempo em que Paulo Sarasate era dono do jornal e, mesmo vaidoso, aparecia muito pouco’, lembrou. ‘Com o senhor Lázaro parece que o lema é aparecer’, desabafou.

A observação está correta, porém as contas erradas. O colunista aparece em 15 das 67 fotos publicadas – todas com um copo de champanhe na mão – além de ter sete fotos nas ‘cabeças-de-coluna’ (cabeçalho). Ou seja, 22 fotos. A pergunta do leitor é direta: ‘Por que ele aparece tanto?’. O editor executivo do Núcleo de Cultura & Entretenimento, Magela Lima, admite o erro. ‘Reconhecemos um problema de avaliação, todavia, entendemos que essa exposição é marca do colunista’. Ele promete mais atenção, mas ressalta que era uma edição retrospectiva e o colunista tem um perfil participativo. Até demais, eu diria.

Mais de mil

Terminamos o primeiro ano de gestão ultrapassando a marca de mil atendimentos ao leitor. Foram exatos 1.241 atendimentos entre telefonemas, e-mails, cartas e visitas. A preferência continua a opção pela conversa ao telefone para esclarecer dúvidas, criticar ou sugerir pautas. Em um ano foram publicados 358 erramos. Fortaleza e Política lideraram o ranking. Devido às férias do ombudsman, em março, a tradicional prestação de contas bimestral passa a ser quadrimestral.

Esquecido pela mídia: Projeto que estabelecia sentido único nas avenidas Santos Dumont e Dom Luiz.’