Evoluímos, sem dúvida alguma. A revista Época procedeu corretamente, ao contrário da irresponsabilidade denuncista que tomou conta da nossa imprensa até há pouco tempo:
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Ao acusado foi dado o direito de defender-se.**
Foi identificado o doador do vídeo, o senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), ao contrário das outras ‘fontes’ sempre mantidas na sombra.**
Apesar de oposicionista o doador entregou o vídeo a quem de direito, o Ministério Público Federal.**
A matéria, aparentemente, não foi distribuída para toda a imprensa como sempre aconteceu. Preservou-se o mínimo de diversidade informativa e evitou-se a repetição dos linchamentos.Mas sob o ponto de vista técnico esta não foi uma reportagem investigativa. É um vazamento clássico com finalidades não muito claras. Só não se sabe, por ora, quem entregou a cópia do vídeo à revista. E isto precisa ser urgentemente apurado sob pena de comprometer gravemente a lisura e a credibilidade do Ministério Público.
A gravação foi coisa de profissionais e não de contraventores/bicheiros. Quem a realizou e como chegou ao senador são mistérios que precisam ser desfeitos.
Em 2002, em plena campanha eleitoral, alguém estava interessado em comprometer o PT e o seu então aliado, Anthony Garotinho. O alvo não era José Dirceu – que à época não era ministro nem superministro.
Se os responsáveis pela gravação estavam interessados em combater a corrupção não poderiam esperar dois anos. O ocultamento no caso é indício de cumplicidade.
Está evidente que a liberação do vídeo obedeceu a um preciso timing político: coincidiu com o pior momento do governo Lula e com o desgaste do ministro-chefe da Casa Civil (apesar de que o denunciado Waldomiro Diniz esteja agora subordinado ao coordenador político, ministro Aldo Rebelo). Os estilhaços que atingiram o casal Garotinho poderão ainda causar grandes estragos, mas até o momento são menos graves dos que se originaram nas revelações sobre o ‘propinoduto’.
A revista Época tem agora um compromisso não apenas com os seus leitores mas com a sociedade brasileira. Terá que revelar tudo o que sabe. Não pode pretender a defesa da sua fonte porque esta não é legítima.
Protegê-la é fazer o jogo dos arapongas, que não estão interessados na moralidade apenas em alcançar seus fins escusos. [Matéria fechada às 23h50 de 15/2]