Thursday, 28 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Informações desencontradas na mídia

Os protestos na Líbia receberam coberturas diversas, com veículos estatais optando por focar nas manifestações a favor do líder do país, Muammar Gaddafi. A TV estatal não fez nenhuma menção aos protestos antigoverno que ocorreram no leste do país no dia 16/2. À noite, a emissora exibiu um discurso ao vivo de Gaddafi, no qual ele criticava os EUA e seus aliados.


No dia 17/2, a programação na TV estatal não sofreu nenhuma alteração. Durante a manhã, o boletim de notícias continuou a mostrar as manifestações a favor de Gaddafi, que, segundo o canal, foram realizadas por todo o país. Segundo a emissora, havia em torno de 300 pessoas, na maioria homens, em cada protesto mostrado. Em uma das cenas, podia-se ouvir gritos contra a emissora al-Jazira, do Catar.


O Libya al-Yawm, jornal online privado com sede em Londres que é favorável do filho de Gaddafi, Sayf-al-Islam, considerado reformista, foi uma das únicas fontes da Líbia a divulgar os protestos anti-Gaddafi em Benghazi e al-Baydam. O jornal, em geral, faz uma cobertura equilibrada, mas no dia 16/2 foram divulgados artigos sobre os protestos anti-Gaddafi citando fontes confiáveis em Benghazi e al-Baydam e nenhuma das manifestações pró-Gaddafi em Trípoli. Segundo as matérias, ônibus carregavam pessoas vestidas de verde, cor da bandeira da Líbia, e armadas com facas para lutar contra manifestantes em Benghazi. Posteriormente, o site afirmou que forças de segurança extras foram providenciadas para controlar a situação. Ainda de acordo com o jornal, quatro manifestantes foram mortos em al-Baydam. Celulares teriam sido usados para enviar mensagens alertando contra a tomada das ruas no dia 17/2.


Já o Quryna, que fazia parte do grupo de mídia al-Ghad, de Sayf-al-Islam, mas foi apropriado pelo governo, publicou matérias afirmando que a ordem teria sido restaurada em Benghazi. Um dos artigos dizia que ‘as famílias dos mártires mortos no dia 17/2/06 encontraram o líder da Líbia e condenaram os protestos’. A capa do estatal Al-Jamahiriya foi dedicada a manifestações pró-Gaddafi e sua aparição pública em Trípoli. Informações da BBC [17/2/11].