O Gerente de Assinaturas do Globo, Alexandre Ferraz, enviou um solene comunicado aos assinantes do jornal não-residentes no município do Rio de Janeiro. Diz ele que, a partir de 1º de agosto, esses assinantes não mais receberão os cadernos de serviços como ‘Boa Chance’ (empregos), ‘Morar Bem’ (imóveis), ‘Carro, Etc.’, ‘Informática, Etc.’ e ‘Rio Show’ (entretenimento).
Faz algum sentido, são cadernos eminentemente locais, com publicidade dirigida aos consumidores locais.
Mas não fez sentido algum – ao contrário é prova de insensatez – incluir no corte o caderno literário ‘Prosa e Verso’. É um atentado contra a cultura carioca que precisa ser conhecida além das suas fronteiras.
É verdade que o caderno ficou muito ruim desde que lhe foram decepados os rodapés assinados por Wilson Martins e Afonso Romano de Sant’Anna. Mas igualar o que restou do valioso suplemento literário a um caderno de classificados dá uma idéia do ‘jornalismo de resultados’ ao qual O Globo parecia resistir e hoje se entrega com volúpia.
Com o ‘Segundo Caderno’ voltado para entretenimento pop, O Globo opta por inferiorizar-se no plano nacional e cultural diante dos concorrentes que apostam em conteúdo. A medida deve ser um desdobramento das doutrinas de nivelamento por baixo pregadas pela Universidade de Navarra.
E, para compensar, a assinatura do jornal passará de R$ 56,60 para R$ 54,53. Este Observador muitos outros leitores pagariam cinco m’réis para ter o caderno de volta.