Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Paulo Machado

‘O leitor Francisco (sobrenome não informado) leu nossa coluna Serviços e desserviços aos leitores (*), publicada dia 26 de março, e escreveu: ‘A que se presta a Ouvidoria? É apaniguar? O leitor escreve … e recebe um palavrório, mas a informação sobre os direitos do cidadão não aparece em lugar algum da reflexão do ouvidor…então para que mais um subsidiado, assalariado senão há prestação alguma ao leitor e aos direitos a que ele e milhares de cidadãos que sustentam estes assalariados que não respondem e nem ouvem o cidadão , a não ser com um palavrório sem fim …e sem a informação devida ao leitor que escreve a EBC que deveria ao menos dar a resposta que ele almeja! Um dia teremos profissionais menos apaniguados…, um dia teremos profissionais que se orgulham de se opor ao PIG e praticar a boa matéria, a cidadania do século XXI e não mais do XVIII…a ouvidoria que escuta e esclarece com as INFORMAÇÕES que o cidadão reclamou ter direito e tem direito de ser integrais! Um dia viveremos no XXI… na EBC.

O que o leitor talvez não tenha percebido é que apesar de não citarmos explicitamente algum direito do cidadão naquela oportunidade, o conteúdo da coluna trata exatamente do direito dele à informação de qualidade: ‘Ao contrário do que ele [leitor] suspeitou, a ABr não informou errado, mas informou mal. Notícias como essa, chamadas pelos jornalistas de ‘matérias de serviço’, têm a função de prestar um serviço ao cidadão, mas dependendo da maneira como são escritas e editadas, acabam por prestar um desserviço, criando falsas expectativas, resultando em frustrações, perda de tempo e consequente descrédito no veículo que as publicou.

Ao Senhor Francisco respondemos: ‘Esta Ouvidoria tem a função de defender o direito dos leitores à informação de qualidade. Nosso trabalho está orientado neste sentido. Não cabe a nós produzirmos a informação e sim observarmos se o seu direito está sendo respeitado. Nossas críticas e sugestões dirigem-se aos jornalistas que têm a função de produzir a informação. Nosso ‘palavrório’ visa justamente ajudar a adequar a informação publicada aos interesses do cidadão. Neste sentido escrevemos a coluna a que o senhor se refere, no dia 26 de março. Justamente pelo fato de a matéria em questão ter sido mal formulada é que ela gerou mais desinformação do que informação. Apontamos os problemas para que eles sejam corrigidos em futuras notícias. Procuramos ajudar a reparar erros de procedimentos ou erros técnicos do jornalismo – a Ouvidoria não faz jornalismo. Este é antes de tudo um espaço para pessoas como o senhor se manifestarem contribuindo com suas críticas e sugestões para que continuemos buscando estar à altura da cidadania do século XXI. Desculpe-nos se o decepcionamos mas vamos continuar trabalhando para cumprir com nossas obrigações, mesmo que nem sempre sejamos compreendidos.

Na coluna Os bastidores da Comissão da Verdade, do dia 22de janeiro, tratamos da questão da fonte que não quis se identificar, procedimento chamado no jornalismo de ‘fonte em off.

Naquela coluna escrevemos:

‘No ultimo dia 30 a Agência Brasil publicou a matéria Governo deve alterar proposta de Comissão da Verdade sobre episódios da ditadura militar, informando, com base em fontes não identificadas, que o governo iria rever a proposta de criação da comissão encarregada de apurar os fatos históricos sobre a repressão durante o regime militar.

A esse respeito, escreveu a leitora Suzana Lisboa: ‘A matéria foi baseada em declarações ou determinações do Presidente Lula? Se não foi, como acredito, serviu pra incendiar a direita criminosa e desinformar completamente a mídia. Quem escreveu não conhece o assunto e muito menos leu a proposta. Um assunto tão delicado ao governo merecia, no mínimo, reparo e cuidado por parte dessa agência. Em especial por ter sido protelado pelo Presidente em seus 7 anos de governo. Esta agência não pode ter posição ou lado – tem que informar!.

Para o leitor Jorge Roriz nossa coluna foi tendenciosa. Segundo ele: ‘ A Contestação de Suzana Lisboa não faz sentido. Embora a matéria não informe a fonte. O governo realmente fez uma alteração (impedindo a punição de apenas um dos lados do conflito entre guerrilheiros comunistas e militares. O fato de não informar a fonte não significa que a informação não fosse verdadeira. Um conjunto de fatos e de declarações do próprio presidente, mostravam a tendência da alteração que ele realmente fez. O ministro Vanuchi afirmou que caso fosse alterada qualquer palavra do PNDH III ele iria pedir demissão. O ministro não cumpriu com a palavra. A alteração de Lula foi significativa. Na prática impede a punição unilateral dos militares. Discordo da resposta da ouvidoria sobre o assunto quando diz que a punição para tortura não tem prescrição. A anistia ampla, geral e irrestrita continua em vigor. O governo e o ministro desejavam punir apenas os torturadores militares. Os guerrilheiros da esquerda, sequestraram pessoas ( será que o sequestro não é tortura?), jogaram bombas em locais públicos matando inocentes, e também torturaram militares que foram assassinados. Considero a resposta dada, tendenciosa a favor da esquerda comunista e do governo.

Quanto ao fato do crime de tortura, citado pelo leitor, ser ou não imprescritível e não passível de anistia, citamos naquela coluna textualmente a afirmação do Ministro da Defesa externada em outra matéria da Agência Brasil: ‘Além do mais, dificilmente o ministro seria portador de uma posição que ele próprio sabia equivocada, pois na matéria publicada dia 7 de novembro de 2008, Jobim lembra que, segundo a Constituição, tortura não é passível de anistia, o próprio ministro havia declarado não ser necessário alterar a Lei da Anistia para se levar a julgamento, e eventualmente punir, torturadores, conforme reza na Constituição.

Se fomos tendenciosos nas posições defendidas naquela oportunidade, conforme afirma Jorge Roriz, com certeza não foi a favor dessa ou daquela ideologia mas sim, mais uma vez, a favor do direito à qualidade da informação pelo leitor. Por isso escrevemos na referida coluna: ‘Um dos princípios da qualidade da informação é justamente informar sua origem. Disso depende a confiabilidade que os leitores emprestarão ao que foi informado. Para esconder a origem e arriscar a credibilidade de uma agência de notícias há que se ter uma razão muito forte como, por exemplo, sujeitar a fonte a risco de morte. Por isso, para o jornalismo ocultar a origem de uma informação, normalmente, são consultadas instâncias superiores da direção da empresa de comunicação, é uma decisão editorial colegiada, tamanha sua gravidade.

Uma outra coluna desta Ouvidoria que mereceu comentário dos leitores foi Transformações no site deixam parceiros desesperados, publicada dia 09/04. Lenilson Ferreira escreveu: ‘Parabenizo-o pela iniciativa de colocar no ar as reclamações dos usuários quanto ao caótico estado deste site que sempre foi uma ferramenta excelente em meu trabalho jornalístico. Entendo que as explicações apresentadas por este corpo técnico são piores do que o lamentável estado do site. Como autênticos burocratas, eles falam muito e não dizem absolutamente nada útil. Senti-me ofendido com o engodo que foram suas vazias explicações. Caso fossem funcionários de uma empresa privada, já teriam sido todos demitidos ou nem teriam sido contratados. Problemas técnicos são resolvidos no meio corporativo em minutos ou no máximo em horas. No rico meio governamental, em dias, semanas ou meses. Creio que a próxima matéria que esta Ouvidoria colocará no ar será ‘Usuários do site revoltados com a ineficiência e a cara de pau do setor técnico.’ Por que não foi feita uma pesquisa de satisfação de como os usuários antes desta desastrada mudança? Por que modificar aquilo que já funcionava? Fica no ar a possibilidade de que alguém tenha tirado vantagem pessoal com estas mudanças infelizes. Recomendo o pronto afastamento de todos os responsáveis pelo caos em que foi transformado o antes excelente site da prestimosa e eficiente Agência Brasil.

‘Nas ultimas semanas esta Ouvidoria tem recebido dezenas de mensagens de parceiros que utilizam o material produzido pela Agência Brasil – cerca de 85 % delas são de jornalistas que trabalham em veículos de comunicação. Acostumados a baixar fotos, notícias, vídeos e aúdios para revistas, agências noticiosas, sites e blogs, eles reclamam principalmente do funcionamento precário que tem impedido, dificultado ou até mesmo inviabilizado seu trabalho.

A situação do site da Agência Brasil, comentada pelo leitor, começou a ser alterada. Segundo pudemos constatar o sistema de RSS do novo site está funcionando, bem como a busca de fotos publicadas a partir de 12 de fevereiro. No entanto os arquivos da ABr, tanto de matérias quanto de imagens, áudios e vídeos anteriores àquela data continuam inacessíveis. A posição desta Ouvidoria continua sendo lembrar que: ‘Nas agências virtuais de notícias a facilidade de acesso à informação é um aspecto tão importante quanto à própria informação. Da qualidade do suporte tecnológico depende a qualidade do conteúdo pois sem um o outro simplesmente não existe.

Até a próxima semana.’