‘Por onde passará, hoje em dia, a fronteira entre a notícia e a publicidade?’ – Carlos Brickmann, jornalista e empresário
O que o lançamento de uma loção de beleza tem a ver com coluna social? A resposta é fácil: nada. Porém, na terça-feira, a coluna Sônia Pinheiro – que está sendo escrita por redatores interinos – destacou com foto e tudo um novo produto que chega ao mercado. Uma autêntica peça publicitária. Para completar a festa do proprietário da loja em Fortaleza -presença frequente em colunas deste tipo – o texto é cópia perfeita de release enviado pela assessoria. É o velho copiou/colou. Isso não é nota de coluna social e nunca foi jornalismo. Quanto dinheiro o empresário não economizou com a cessão desse espaço privilegiado?
Ele errou? Não, o empresário fez seu trabalho. Tem influência na sociedade, amizade com jornalistas e divulgou a informação. O erro é o jornalista usar um espaço destinado a notícias para publicidade. Um favor que dá margens a várias interpretações. O Guia de Redação e Estilo do O POVO proíbe tal prática e prevê punição em caso de reincidência. No mesmo dia, o Circuito A, do Buchicho, registrou igual informação. A diferença é que este espaço é específico para lançamentos. A Chefia de Redação qualificou o fato como grave e advertiu os redatores.
MODISMOS
Em menos de um ano duas versões para o mesmo fato. O que parece ser apenas uma questão de semântica, para o leitor/torcedor tem uma enorme diferença. Em março de 2010, ao noticiar a conquista do turno inicial do Estadual, o Fortaleza foi declarado ‘Vencedor do 1º turno’. O mesmo aconteceu com o Ceará, em abril, vencedor do 2º turno. Mas na última segunda-feira (28) o jornal inovou e denominou o Ceará campeão do 1º turno. Pior. Na página interna manchetou ‘Vovô é campeão de ponta a ponta’.
Parece que a ordem na mídia esportiva é que se há troféu, tem que haver um campeão. Ao pé da letra o regulamento do Estadual não prevê campeão de turno e sim vencedor. Aliás, sempre foi assim. Houve época que a disputa tinha quatro turnos. Já imaginaram quatro campeões? O POVO precisa definir se entra no modismo ou mantém o tradicional – para mim o correto. Não pode é um ano dizer uma coisa e no ano seguinte outra. Já a outra manchete está errada. Alguém só é campeão de ponta a ponta se vencer tudo, o que não é o caso.
Força dos leitores
Preconceituosa e de mau gosto. Assim leitores qualificaram uma das peças utilizada na campanha da TV O POVO denominada ‘O porquê das coisas’. Ela mostra o líder sul-africano Nelson Mandela e o cantor Michael Jackson. No texto, frases como ‘O negro que foi preso’, ‘o amigo albino’ ou ‘Afrodescendente branquelo’. A professora Maria de Fátima Costa qualificou a peça de ‘conteúdo indigno’.
O professor Almir Leal, da UFC e da Universidade de Stanford, disse que a emissora passou imagem sexista e racialista. Paulo Linhares, diretor da TV O POVO em 2010 e que aprovou a campanha, afirmou que o objetivo foi sair do politicamente correto com bom humor. Diante das ponderações, fez nova reflexão. ‘As referencias raciais realmente foram exageradas’. O departamento de marketing prometeu não veicular mais a peça. A meu ver, faltou uma avaliação sensata do ‘por que das coisas’, principalmente ao fazer humor com cor de pele, ideais e preferência sexual.
Férias
O ombudsman entra em férias a partir da próxima quarta-feira ficando suspenso o atendimento ao leitor por este canal até dia 3 de abril. As mensagens serão respondidas no meu retorno. Reclamações continuarão sendo recebidas pelo setor de Atendimento ao Cliente. A coluna retorna no dia 10 de abril. Bom Carnaval!
Esquecido pela mídia: Situação dos esgotos clandestinos da orla de Fortaleza.
FOMOS BEM
SEM TEORIAS
Vida & Arte deixou denuncismo fácil, foi à rua e flagrou preconceito contra travestis em boates de Fortaleza.
FOMOS MAL
TRT
Cancelamento da mudança da 1ª vara da Justiça do Trabalho ganhou uma breve depois de ser manchete e tema de debate em Opinião.’