‘O leitor Isaac Ribeiro escreveu: ‘ Para o bem da verdade, 1º de maio simboliza o Dia Internacional do(s) Trabalhador(es), e não o ‘Dia do Trabalho’ como as elites o denominam. Assim, a Agência Brasil deveria fazer jus a data, escrevendo nas suas matérias ‘Dia do Trabalhador’ ao invés do que agora se vê. Impõe-se observar que as notícias desta Agência são republicadas nos principais veículos de comunicação do país, provocando, uma atitude como a que se pede, um efeito cascata nacional.’
Nas 14 matérias, publicadas nos dias 29, 30 de abril e 01 de maio, há 41 citações do nome da comemoração sendo: Dia do Trabalho 22 (54%), 1º de Maio 13 (32%), Dia do Trabalhador 3 (7%), 1° de Maio Solidário (no Paraná): 2 (5%) e Dia Internacional do Trabalho 1 (2%). Se na cobertura não há um consenso sobre o nome da data, como pede o leitor, observamos que o seu conteúdo mudou bastante em relação ao mesmo período de 2009.
Na coluna Os leitores conduzem o debate, publicada em maio de 2009, a partir da demanda de uma leitora, observamos : ‘Talvez a leitora provavelmente esperasse encontrar na cobertura da agência pública não somente os fatos, a cobertura da efeméride, mas o processo histórico da luta da classe trabalhadora, lembrando o verdadeiro sentido da data e que promovesse o debate sobre os possíveis ‘desvios’ ou mudanças de rumo, cumprindo assim com sua função de formar cidadãos críticos.’
Naquela oportunidade: ‘Lembramos que durante a ditadura os militares trabalharam duro no sentido de descaracterizar a data com um dia de protesto e de reflexão sobre as condições de vida da classe trabalhadora, sentido esse, ao qual a leitora se referiu e que, ao que parece, também foi esquecido pelas entidades sindicais desde a década de 90. Um sintoma disso não seria o fato de transformarem as manifestações em shows com artistas famosos e sorteios de variados prêmios para quem comparecesse aos atos? Não seria esse também um sintoma de falta de legitimidade dos sindicatos para mobilizar os trabalhadores em torno de seus reais interesses de classe? Apesar da ausência desse contexto na cobertura da ABr, a falta de um conteúdo mais substancial talvez deva ser atribuído ao próprio esvaziamento e transfiguração do sentido da data promovidos pela liderança sindical com eventos muito mais folclóricos do que reivindicatórios, muito mais de entretenimento do que de reflexão e protesto.’
Nas comemorações deste ano encontramos esse ‘ conteúdo mais substancial’ não só no sentido dos atos promovidos pelas centrais sindicais mas também na própria cobertura da ABr discutindo as principais reivindicações e conquistas da classe trabalhadora. A recuperação do contexto que marcou a data no passado está presente na matéria Conflito com policiais nos Estados Unidos originou Dia do Trabalho, publicada dia 1º de Maio.
Sem deixar de noticiar os fatos e shows comemorativos a Agência Brasil conseguiu mostrar que os trabalhadores retomaram o rumo de sua luta histórica por melhores condições de trabalho e renda ao colocarem na agenda nacional discussões como a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais e o fim do fator previdenciário no cálculo das aposentadorias. Aliás, sobre esta ultima reivindicação, outra leitora escreveu para a Ouvidoria pedindo mais informações pois o assunto é decisivo para as decisões que tomará sobre sua aposentadoria.
Até o momento, encontramos na ABr apenas uma pequena nota tratando do tema: Câmara aprova fim do fator previdenciário, publicada dia 4. Na próxima semana voltaremos ao assunto que tem colocado o Executivo e o Legislativo em lados opostos. Os rumos da politica previdenciária causam grande impacto na vida do cidadão, tanto em sua dimensão de contribuinte quanto de trabalhador.
Até lá.’