ELEIÇÕES
‘O site da pré-campanha de Dilma Rousseff e o PT estão divulgando um site criado pela Presidência da República cujo objetivo é estimular a ascensão das mulheres aos postos de comando.
‘O Brasil nunca teve uma mulher na Presidência, assim como poucas candidatas ao cargo, fato que não ocorre em outros países, que têm ou já tiveram mulheres como chefes de Estado e de governo, inclusive vizinhos na América Latina’, diz o ‘Mulheres no Poder’ (www.maismulheresno poderbrasil.com.br).’
Folha e UOL fazem série de sabatinas com presidenciáveis
‘A Folha promove, em parceria com o portal UOL, sabatinas com os três principais candidatos à Presidência da República. Os eventos, nos dias 16, 17 e 21 de junho, terão inovação no formato: pela primeira vez, os internautas também participarão.
Os leitores podem enviar perguntas em vídeo aos candidatos por meio do site especial de eleições da Folha.com. Algumas serão exibidas durante as sabatinas e respondidas pelos políticos.
Uma página (que pode ser acessada em folha.com.br/poder ou em uol.com/sabatina) exibe as contribuições enviadas pela internet, que devem ter até 20 segundos de duração e obedecer aos critérios de mediação.
Até o momento, transportes e economia estão entre os temas mais recorrentes.
A primeira candidata a ser sabatinada é a senadora Marina Silva (PV), no dia 16, quarta-feira. No dia seguinte, 17, é a vez da ex-ministra Dilma Rousseff (PT). O ciclo se encerra no dia 21, segunda-feira, com o ex-governador José Serra (PSDB).
A ordem em que os candidatos à Presidência serão sabatinados foi decidida por sorteio, com a presença de representantes das três campanhas. Todas as sabatinas acontecerão às 11h.
Durante duas horas, os candidatos responderão a perguntas de quatro entrevistadores, da plateia -que poderá enviar questões por escrito- e dos internautas, exibidas em vídeo.
Os entrevistadores serão Fernando Rodrigues, colunista da Folha e do UOL, Renata Lo Prete, editora do Painel, Vera Magalhães, editora do caderno Poder, e Rodrigo Flores, gerente geral de Notícias do UOL.
As inscrições estão abertas para assinantes da Folha e do UOL pelo e-mail eventofolha@grupofolha.com.br ou pelo telefone 0/ xx/ 11/ 3224-3473, de segunda a sexta feira, das 14h às 19h.
As sabatinas serão no Teatro Folha, em São Paulo (av. Higienópolis, 618, 2º andar).
Para que o assinante da Folha se inscreva, é preciso informar nome completo, código de assinante, telefone, RG e a sabatina a que deseja comparecer. Assinantes do UOL devem informar nome completo, e-mail e CPF.
A programação de eventos da Folha, como sabatinas e debates, pode ser consultada pelo Twitter @Folhadebate.’
COPA
Imprensa não torce
‘JORNALISTA NENHUM vai à Copa do Mundo para cobrir seu próprio umbigo, ou seja, ninguém viaja para falar da própria imprensa. Para discuti-la, já existem sites e programas suficientes, como o Comunique-se e o ‘Observatório da Imprensa’.
Mas a semana em Johanesburgo registrou tantas confusões sobre o correto papel dos jornalistas que exige uma reflexão. Já na primeira pergunta, da primeira entrevista coletiva, a apresentadora da TV Record Mylena Ciribelli errou na medida: ‘Queria dizer que, antes de jornalistas, somos torcedores do Brasil’, afirmou. Nem ela está certa nem o técnico da seleção, ao dizer que há 300 jornalistas torcendo contra o Brasil.
Cada frase mal formulada, por quem tem por ofício usar as palavras, aumenta o tamanho da bagunça mental de quem joga o Mundial.
Os jogadores e o técnico acham mesmo que uma das missões da imprensa é ajudar a seleção. Não é.
‘Eu conheço muitos jornalistas que torcem a favor’, disse Kaká, na sexta-feira. Mais uma confusão. Jornalista nenhum deve ir à Copa para torcer, nem contra nem a favor de seleção nenhuma.
Não quer dizer que se esteja proibido de socar o ar na hora do gol. Quer dizer que os jogadores e a comissão técnica deveriam entender que uma notícia não deixará de ser publicada, nenhuma crítica deixará de ser feita, mesmo que provoque um terremoto na concentração brasileira. O tempo dirá se a avaliação foi correta ou equivocada.
No exercício de sua profissão, jornalista não tem time, não tem amigo nem inimigo. Seu gol é a notícia. Gol contra é informação errada. Nesse caso, é preciso corrigir rápido e, mesmo assim, a seleção terá razão em brigar, espernear, processar.
Mas não diga que os jornalistas não notaram a educação dos zimbabuanos só porque preferiram o enfoque político, por jogar na terra do ditador Mugabe. A muitos, isso pareceu mais relevante.
Como nos dias de blogs e portais todo mundo é jornalista ou pensa que é, Dunga também esteve do outro lado do balcão. Foi comentarista da TV Bandeirantes, em 2006. Pois na quinta, ao dizer que a imprensa foi quem disse primeiro que Weggis foi uma balbúrdia, foi questionado sobre a sua opinião. Respondeu que não ia aos treinos e só comentava jogos no estúdio ou no estádio.
De fato, a rotina dos comentaristas de TV exige muito tempo no Centro de Imprensa. Mas ir à Copa e não ver nenhum treino? Dunga não entende mesmo o papel dos jornalistas.’
Laura Mattos e Thiago Ney
Marcação cerrada
‘Na Copa das imagens em alta definição, cerca de três bilhões de espectadores vão se valer de supercâmeras e programas de computadores inéditos para ver e rever cada lance em todos os ângulos e velocidades imagináveis.
Os jogos do Mundial da África do Sul, que começa na sexta, serão captados por até 33 câmeras, uma delas em um helicóptero. Na Copa passada foram 25. Os jogos nacionais têm entre 10 e 20.
A transmissão é única, gerada pela Fifa, e as emissora detentora dos direitos (Globo e Band na TV aberta) podem ter suas câmeras na torcida.
Fora esse verdadeiro Big Brother da bola, será lançado um tira-teima de ponta, que reconhece cada jogador e armazena toda a movimentação dos atletas e da bola.
Qualquer jogada pode ser reconstituída em um gramado virtual. Como em um jogo de videogame, o público revê o lance em movimento e na velocidade que o diretor escolher. Há ainda uma câmera virtual que pode se movimentar e mostrar o mesmo lance por outros ângulos.
Ele também fornece dados às mais úteis (e inúteis) estatísticas: Kaká correu mais do que Robinho? Qual foi a velocidade média dos atacantes?
Chama-se ‘optical tracking’, como explica o diretor de engenharia de jornalismo e esportes da Globo, José Manuel Marino. ‘Um operador identifica cada jogador assim que sua imagem surge. O programa reconhece os atletas pelo formato do corpo, cor do cabelo, tom da pele.’.
Para deleite dos comentaristas e do público e desespero dos árbitros, outra novidade é a câmera ultralenta ou ‘extreme slow motion’.
Replay em qualquer velocidade e pausa num momento preciso são nítidos. Ela filma até mil quadros por segundo, enquanto o olho humano capta no máximo 60.
‘Em câmera lenta, vemos coisas impossíveis a olho nu. Ela pode mostrar a bola tocando a mão, mas é difícil saber se foi mão na bola [proibido] ou bola na mão. O espectador diz: ‘Como o juiz não viu?!. Não dá para ver’, diz Arnaldo Cézar Coelho, juiz da Fifa por 21 anos e comentarista da Globo desde 1989.
Polêmica à parte, os recursos ‘embelezam’ a transmissão, que fica mais ‘plástica’, diz Marino. Provocam quem entende de futebol e ajudam a prender os que se ligam nisso de quatro em quatro anos.’
Thiago Ney e Laura Mattos
Fifa quer tecnologia na TV, mas não em campo
‘‘A tecnologia não deve entrar no futebol. Desejamos que ele continue sendo humano. Aí está a sua beleza.’
Assim um representante da Fifa justificou, em março, o veto ao uso de aparatos eletrônicos pelos juízes.
Ao mesmo tempo, a instituição que organiza o esporte no mundo incentiva as inovações nas transmissões de TV para dissecar lances duvidosos nos jogos da Copa.
Foi pênalti? A falta era para cartão vermelho? O atacante estava em impedimento? O olho humano não captou; a tecnologia soluciona.
‘Quanto mais informações, melhor. O telespectador quer se sentir dentro do jogo’, opina Caio Ribeiro, comentarista da TV Globo.
Mas ele pede ‘tolerância’ aos juízes, que ‘têm de tomar decisões rápidas’.
‘É uma covardia com os árbitros’, afirma Wilson Luiz Seneme, que apita jogos do Campeonato Brasileiro. ‘Não temos o ângulo de visão dessas câmeras. Quanto mais a tecnologia avança, mais ficamos vulneráveis às críticas.’
Recurso utilizado há tempos nas transmissões de futebol, a câmera lenta, nesta Copa, ficará ainda mais potente. Para Vitor Birner, comentarista do ‘Cartão Verde’, da TV Cultura, e do portal Vírgula, a ferramenta deve ser utilizada com cautela.
‘A câmera lenta serve para sabermos se a bola saiu ou não, se entrou ou não no gol. Quando é usada em lances em que o jogador comete uma falta, ela distorce a jogada. Você perde a noção de força, de velocidade.’
A tecnologia eletrônica, por enquanto, não é usada nos jogos de futebol, mas indiretamente já influencia no que ocorre dentro do campo.
Sergio Soares, técnico do Santo André, vice-campeão paulista, diz que os treinadores têm assistentes que veem as partidas pela TV e revelam por telefone, para os técnicos, se o time está sendo prejudicado pela arbitragem.
Para ele, a TV ‘deveria tentar mostrar a visão do juiz em lances duvidosos. Aí poderíamos julgá-lo melhor’.
Caio Ribeiro diz que a quantidade de câmeras no campo intimida os jogadores, que evitam infrações.
‘As câmeras mostram tudo. O jogador deve ter noção de que a malandragem que havia antes não tem mais espaço. Se antes ele cuspia ou empurrava alguém e saía impune porque ninguém via, hoje será visto por todos.’’
TELEVISÃO
SporTV mandará globais para a Copa
‘Em mais uma estratégia de marketing, o SporTV terá pelo menos 11 celebridades como repórteres ocasionais durante a Copa do Mundo na África do Sul.
Entre os nomes certos para o time estão Suzana Vieira, Regina Duarte, Flávia Alessandra, Letícia Spiller, Marcos Pasquim e Mart’nália. Outros estão em negociação.
A movimentação, diz o canal, foi conduzida nas três últimas semanas pela promoter Alicinha Cavalcanti.
Não haverá cachê e os contratados têm total liberdade para escolher o que e como registrar na cobertura.
Os repórteres vão filmar com celulares ‘smartphone’ distribuídos pelo SporTV. Os filmetes serão exibidos em horários ainda a definir. A direção do SporTV havia negociado presentear torcedores com ‘smartphones’.
Para dar grife à cobertura, decidiu-se destinar aparelhos a celebridades.
‘A mistura de celebridades e anônimos dará um olhar diferenciado’, diz Júlio Damasceno, diretor comercial do SporTV.
Em São Paulo, na última semana, ele participou do ‘Miojo Cup’: jogo de futebol de botão que marcou a despedida da equipe. Recebeu esse nome porque não demorava mais do que três minutos, o tempo do macarrão instantâneo.
A CAÇULA E O MICROFONE
Fernanda Gentil, 23, repórter do SporTV, se orgulha de ser uma das caçulas do time escalado pelas emissoras para a cobertura da Copa.
‘Desde que comecei a assistir a TV, quis segurar o microfone do SporTV’, afirma.
Mas vai com recomendação expressa para evitar problemas com a falta de segurança em Johannesburgo: ‘Não andar sozinha nunca’.
Embarcou para a África na última semana com uma meta em mente: ‘É algo modesto porque, como estou começando, farei meu melhor para não decepcionar nem o telespectador nem o canal’.
Readmitido O ‘Pânico na TV’ (Rede TV!) oficializou: mandará mesmo Alfinete, que havia sido demitido no ar e depois recontratado também no programa, e o repórter Vesgo, que vai escrever para o Twitter, para a África do Sul.
Lenço No ‘SBT Repórter’ de quarta, Pelé fará uma retrospectiva das Copas de 1958 a 2006. Falando do Mundial de 1970, chorou ao se lembrar de uma crise de nervos que teve no ônibus da delegação.
Avental Com o título ‘Lugar de Mulher É na Copa’, o GNT apresentará uma programação especial em junho. No dia 16, a série ‘Fugas Culinárias de Jamie Oliver’ acompanha a cozinha local de seis países na Europa e na África.
Fashion Só vai dar Copa no ‘Fantástico’ (Globo) de hoje. No quadro ‘Anjo da Guarda’, Patrícia Poeta conta de Milão o périplo do goleiro da seleção Júlio César para pintar de azul celeste os sapatos que calçou no casamento com Susana Werner. Disse que era para combinar com o terno.
Step A MTV contratou na África do Sul serviço de banda larga e uma produtora local; também está levando uma maleta que permite enviar as filmagens por satélite.
Exclusivo A Band produziu um clipe para esquentar as transmissões. Comprou os direitos do ‘Tema do Canal 100’ para a trilha sonora do filmete em que vai apresentar torcedores de diferentes profissões.’
Vanessa Barbara
Este ainda não é o meu cachecol
‘ÁLVARO GARNERO, 42 anos, apresentador e multimilionário, já apareceu em rede nacional untado em óleo de oliva e vestindo calça de couro, durante uma luta turca.
Já cavalgou no mar da Jamaica, socializou com velhos berberes do monte Atlas, comeu frutas secas em Damasco, tomou banho com elefantes na Malásia, andou de quadriciclo e pagou os maiores micos vistos na televisão brasileira, sem ligar a mínima.
No sábado passado, foi ao ar o último episódio desta temporada de ‘50 por 1’ (Record), inteiramente dedicada a viagens pelo Brasil. Foi quando o carismático e alaranjado Álvaro Garnero mostrou-se em sua melhor forma, interagindo com o povo simples e sorrindo mais do que permitia a força humana.
Em São Paulo, aprendeu a rolar de uma escada e ateou fogo no próprio braço durante um curso para dublês. Em Alagoas, visitou o peixe-boi Aldo. Em Joinville (SC), vestiu colant e tentou acompanhar uma aula de balé.
Uma de suas frases mais proferidas nesta temporada: ‘Você só escuta o pessoal rindo por todos os lados. É um negócio inacreditável’.
Tudo isso pontuado pela participação do narrador, Mario Chamie, poeta e membro da Academia Paulista de Letras. Em ‘off’, ele fornece dados históricos sobre as localidades, bem como informações gerais e adendos sarcásticos. A certa altura, reflete: ‘Quem não é um eterno iniciante nas grandes lições da vida?’.
Corta para Álvaro de cachecol.
No último episódio, em Porto Alegre, o apresentador trocou de adereço cervical três ou quatro vezes. Vestiu coletes modernos e postulou: ‘Não existe gaúcho sem cavalo’, numa frase que entrará para a história da atração.
Álvaro dançou o ‘copérnico’, nitidamente confuso entre a dupla de cantores Hique e Nico, do Tangos & Tragédias. Emitiu inúmeras vezes seu famoso bordão: ‘Mas esta ainda não é a minha Porto Alegre’. Bateu com o remo na própria cabeça e caiu sem querer na água, usando um maiô azul de corpo inteiro.
Vestiu bombachas. Jogou punhobol e exclamou a clássica: ‘Gente, vocês não têm noção’, para gáudio dos telespectadores do programa, um dos mais involuntariamente divertidos da TV aberta.
Por fim, concluiu: ‘Observar a doma de um potro é um aprendizado. Esta é a minha Porto Alegre’.’
PUBLICIDADE
A ‘puta’ ideia
‘Só a grande ideia continua tendo o poder de seduzir, porque só ela é sexy; para ser uma Maria Sharapova das agências de publicidade, é preciso grandes criadores e ideias surpreendentes
Neste mundo globalizado e digitalizado, para uma agência de publicidade ser realmente fora de série, ela precisa ser uma espécie de Maria Sharapova das agências: grande e sexy.
Presente na maioria dos países, associada a uma das maiores redes, forte na América Latina, (no Brasil, principalmente) confiável para gerir contas locais, regionais e globais, com capacidade de monitorar as áreas de interesse dos clientes e descobrir o que pode trazer verdadeiras vantagens competitivas.
Mais do que isso, tem que saber detectar, testar e entender novas soluções e serviços, ter capacidade de criar encontros personalizados, trazendo os seus mais brilhantes talentos mundiais para junto dos clientes locais e buscar soluções inovadoras.
Deve também ser capaz de contar com uma plataforma que acione digitalmente os seus melhores cérebros, para gerar respostas rápidas a desafios que necessitem de uma solução imediata. A Maria Sharapova das agências tem ainda que ter especialistas em construção de marcas, planejamento de mídia, soluções digitais, ativação, eventos, pontos de venda e relações públicas.
Tem que ter uma ferramenta própria de ROI (Retorno sobre Investimento), que simule milhares de variáveis e saiba responder qual ponto de contato traz mais resultados entre todas as alternativas existentes e qual combinação de pontos de contato garante maior retorno.
Tem também que saber detectar os hábitos e valores dos públicos-chave, saber como se comportam os construtores de identidades (adolescentes), os construtores de carreira (jovens adultos), os construtores de família (jovens casais) e os construtores de uma nova vida (pessoas na maturidade).
Saber as escolhas e preferências do consumidor de alta renda, descobrir para onde vai a classe C e antecipar quais são as novas tendências que estão prestes a virar comportamento de massa. Esses são, basicamente, alguns dos ingredientes para uma agência ser fora de série, mas só eles somados ainda não são suficientes.
Sem grandes criadores, capazes de gerar ideias surpreendentes, nenhuma agência chega a ser uma Maria Sharapova, mesmo contando com grande aparato intelectual e tecnológico.
Chega no máximo, a ser uma Maria Vai com as Outras, particularmente aquelas outras que também são grandes, mas não são sexy. A verdade é que, apesar de todas as mudanças que aconteceram no quadro social e no universo da comunicação, uma coisa continua absolutamente igual. Só a grande ideia continua tendo o poder de seduzir, porque só a grande ideia é sexy.
Só a grande ideia é capaz de produzir ‘excelence in advertising’. A grande ideia (‘puta ideia’, para os íntimos) é a origem e a razão dessa profissão. Foi assim na idade do ‘lay’ lascado, é assim nestes tempos de iPads ambicionados e será assim no futuro, que a nós pertence.
WASHINGTON OLIVETTO, publicitário, é chairman da agência W/McCann.’
INTERNET
Banda (quase) larga
‘O Plano Nacional de Banda Larga, lançado em maio, provocou um embate entre o governo e as empresas de telefonia fixa e móvel.
O plano propõe conectar 30 milhões de brasileiros à internet em cinco anos com velocidade superior a 512 Kbps (kilobits por segundo).
Mas, de partida, o país já se coloca uma geração tecnológica atrás dos outros que se propuseram a lançar um programa de acesso à internet.
Nos EUA, a proposta é garantir velocidade de 100 Mbps (megabits por segundo). Outros países, como Japão e Austrália, avançam na mesma direção, prometendo velocidade 20 vezes superior à do plano brasileiro.
Para gerenciar essa oferta no país, o governo federal reativou a Telebrás, sob o argumento de que as teles não têm interesse de levar a internet a lugares distantes e com população de baixa renda.
Para o governo, as operadoras privadas levariam tempo demais para amortizar os investimentos nessas localidades, onde a previsão de receita é baixa.
Por isso, o plano prevê que a União levará a internet onde hoje ela não existe. Em contrapartida, as teles perderão os contratos com órgãos públicos (municipais, estaduais e federais).
Hoje essas contas garantem ao caixa das operadoras R$ 20 bilhões por ano.
As teles já estudam formas de entrar na Justiça acusando o governo de mudar as regras do jogo, definidas após a privatização do setor pela Lei Geral de Telecomunicações.
Para elas, não há respaldo legal para recriar a Telebrás. Isso porque as operadoras atuais (antigas subsidiárias da estatal) foram vendidas na privatização do setor -o que seria um golpe contra a segurança jurídica no país.
Além disso, elas dizem que ainda não está claro se a Telebrás irá competir com elas sob as mesmas condições.
TRIBUTOS
Não se sabe, por exemplo, se a estatal pagará os mesmos impostos ou se arrecadará contribuições para fundos setoriais. Caso opere sem essas obrigações, ficaria muito mais competitiva.
A reativação da Telebrás também levantou suspeitas sobre o plano. Em fevereiro, a Folha revelou o envolvimento do ex-deputado José Dirceu, que recebeu por consultoria prestada a um dos sócios da Eletronet, empresa cuja rede de fibras ópticas será utilizada pela Telebrás.
Antes de o plano ser anunciado, as ações da Telebrás se valorizaram em 35.000%, entre janeiro de 2003 e fevereiro de 2010. Resultado: a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) está investigando o vazamento de informação privilegiada ao mercado.’
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