A blogueira dissidente cubana Yoani Sánchez foi atacada pelo governo do país por travar uma ciberguerra contra o regime comunista. Seu blog, Generación Y, que ganhou diversos prêmios e destaque mundial por suas reflexões sobre o cotidiano na ilha, foi tema, esta semana, de um programa de TV de uma série chamada Razões de Cuba. Yoani foi acusada de fazer parte de uma campanha de mídia com a intenção de ‘demonizar’ o socialismo.
O programa mostrou imagens granuladas da blogueira entrando em embaixadas europeias em Havana, afirmando que ela já arrecadou US$ 500 mil em prêmios por seu trabalho. ‘A ciberguerra não é uma guerra de bombas e balas, mas de informação, comunicação, algoritmos e bytes. É uma nova forma de invasão que surgiu no mundo desenvolvido’, afirmou o narrador.
A série tenta mostrar como os EUA estão usando novas tecnologias para tentar subverter o governo de Havana. A exibição coincidiu com a condenação do empreiteiro americano Alan Gross, preso desde dezembro de 2009 por tentar levar a internet para opositores do governo. Gross foi sentenciado a 15 anos de prisão.
Apoio
Após a exibição do programa, Yoani agradeceu as mensagens de apoio que recebeu. ‘Estou feliz. Finalmente a blogosfera alternativa está na TV oficial, embora seja para nos insultar. Obrigada a todos os textos de apoio. Há muitos deles e só tenho 10 dedos’, brincou.
Não é a primeira vez que ela atrai a ira do regime cubano. Em novembro de 2009, a blogueira foi agredida por um grupo de pessoas contratadas para silenciá-la, quando seguia para um protesto pacífico. Há três anos, logo depois que Cuba negou permissão para que ela viajasse à Espanha para receber o prêmio de jornalismo Ortega y Gasset, Fidel Castro expressou sua desaprovação em relação ao blog.
Em uma entrevista ao jornal espanhol El País em 2008, ela explicou os motivos de seu blog. ‘O discurso oficial em Cuba é lento e por isso os blogs oferecem uma perspectiva vigorosa. São os jovens que controlam a tecnologia e geralmente se sentem motivados a expressar suas opiniões’, declarou. Informações de Sam Jones [The Guardian, 22/3/11].