Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Truculência contra a mídia não estimula a auto-análise

Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.


Uma boa notícia: o Brasil está se transformado num gigantesco Observatório da Imprensa. Parabéns aos observadores e observados! O lado ruim é que neste imenso observatório a imprensa foi convertida num saco de pancadas.


Ontem à tarde, em Brasília, militantes do PT e funcionários do governo esqueceram que viviam numa democracia e hostilizaram os jornalistas que cumpriam o seu dever profissional.


A vilanização da mídia pode ser entendida como manifestação de ceticismo político, mas o linchamento da mídia e dos seus trabalhadores é truculência política, ato totalitário, inaceitável.


O presidente interino do PT, Marco Aurélio Garcia, ontem mesmo condenou a violência dos militantes e cobrou da mídia uma reflexão sobre a sua atuação na campanha eleitoral, mas é preciso lembrar o que disse o próprio presidente Lula no debate da Record: é legítimo queixar-se da imprensa, isso faz parte do jogo democrático. Não é legítimo nem republicano levar a mídia aos palanques eleitorais e culpá-la por atos que não cometeu.


A auto-análise sugerida pelo professor Marco Aurélio Garcia é oportuna, imprescindível. Nós do Observatório da Imprensa reclamamos a mesma coisa da mídia há mais de uma década. Mas uma auto-analise não pode ser imposta.


Colocar a imprensa no banco dos réus não é convite à reflexão – parece coação.