Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Paulo Rogério

‘O leitor não é burro, ele quer ter a informação, mas ele quer ter textos interessantes e ter prazer de ler’ Xico Sá, jornalista

O Ceará é pródigo em receber bem seus visitantes. A fama de povo hospitaleiro do cearense corre o País e até serve como referência para o turismo. Quando esse visitante é do exterior então, tudo é fácil. Houve um tempo em que o próprio fortalezense propagava que aqui havia praia, sol e mulher à vontade. A cidade ainda paga caro por essa mentalidade. Agora, quando há promessa de investimento no Estado as facilidades aumentam. Foi assim, em 93, com o taiwanês Chhai Kwo Chheng, pivô do caso Yamacon, que causou milhões de prejuízo ao contribuinte, principalmente para um grupo de costureiras do Maciço de Baturité.

O POVO lembrou o caso na última terça-feira (31) ao noticiar, na editoria de Economia, que a Justiça havia decretado a prisão de Chheng, hoje naturalizado brasileiro. Uma boa matéria, exclusiva, mas que pecou por não se aprofundar na questão política e social do caso. Faltou contextualizar quem participou do que na época e deixar o leitor formar a opinião. Personagens públicos daquele momento ainda hoje estão atuantes e não foram sequer citados. Em, 1993, vivíamos o governo Ciro Gomes. Antonio Balhmann – hoje candidato a deputado – estava à frente da Secretaria da Indústria e Comércio.

Ambos promoveram uma série de incentivos fiscais a grupos empresariais como Grendene, Vulcabrás e fiascos como Yamacon e Gurgel Veículos. A matéria não avançou para refrescar a memória do leitor e mostrar a responsabilidade que esses gestores tiveram no caso. Também falhou do lado social ao não humanizar a pauta e mostrar como ficou a vida daquelas costureiras. A editora executiva do Núcleo de Negócios, Neila Fontenele, admite a falta dessas informações e prometeu que uma equipe irá a Acarape ver como ficou a comunidade após o golpe.

Nem tudo é igual

A África é o terceiro continente mais extenso do mundo com cerca de 30 milhões de quilômetros quadrados. Possui aproximadamente 900 milhões de habitantes distribuídos em 54 países independentes, com cultura, tradições e histórias diferentes. Um continente de contratastes. Para o leitor Luiz Bernardo, apesar dos meios de comunicação estarem adotando uma linguagem positiva sobre o continente africano, ainda há muito que melhorar. ‘Até pouco tempo, dificilmente se via tal fato. A não ser para mostrar desgraça pingando sangue com miséria a ilustrar’ lembrou.

O POVO, entretanto, ainda mistura tudo. No dia 15, a coluna Bolsa S/A mostrou que o Banco do Brasil e o Bradesco iriam investir na África. Só não disse em que local irão os investimentos. ‘Fiquei contente, mas quis saber qual dos países seria o contemplado’ lembrou. Na terça-feira, novo caso. Na editoria Ceará, ao noticiar posse da diretoria da Unilab, a matéria citou que ‘estudantes africanos’ dançaram músicas típicas doe continente. ‘Não disse a que país pertencem’ explicou Luis. Ele tem razão. A África do Egito, Líbia, Marrocos é uma. Já aquela de Angola, Congo e Gana é outra. A imprensa brasileira tem que ser mais precisa ao se referir à África como se fosse uma única cultura. O leitor revelou ainda que muitos estudantes de Guiné Bissau, que moram em Fortaleza estão vivendo em precárias condições e são vítimas de discriminação.

Fé abalada

O POVO cometeu um erro na última quinta-feira que desagradou católicos e espíritas. Ao comentar o lançamento do filme Nosso Lar, o Vida & Arte escreveu que ‘Embora para muitos a ideia da ressurreição seja um absurdo, na obra de Chico Xavier ela é fundamental…’. Há um equívoco total. O repórter conseguiu trocar reencarnação com ressurreição, o principal ponto de discussão doutrinária entre católicos e espíritas. Chico Xavier, autor do livro psicografado Nosso Lar, era adepto da doutrina espírita, cuja base é a reencarnação, a volta do espírito em outro corpo. Alertada, a editoria disse que houve uma confusão do repórter e corrigiu o erro na edição seguinte. Ainda bem que estamos no Brasil. Fosse um país fundamentalista, nem em outra vida haveria perdão.

Ajuste de contas

O quarto balanço de atividades do Ombudsman registra um pequeno crescimento no número de atendimento aos leitores. Foram computados 188 atendimentos, a maioria por telefone. No período anterior foram 176 atendimentos. A média permanece estável com 3,3 contatos diários. Cresceu também o número de Erramos publicados, o que pode ser encarado como positivo, por demonstrar a preocupação em corrigir as falhas detectadas. No primeiro balanço foram 54 depois 57 e em seguida, 55. Neste quarto período foram publicados 60 erramos.

Esquecido pela mídia: Prédio do ‘esqueleto’ no Centro de Fortaleza ocupado por ex-comerciantes do Beco da Poeira em abril.’