A Polícia Federal parece que está muito estressada com as suas brigas internas e, pela segunda vez em quinze dias, foi mexer com a imprensa. Nesta quarta-feira (8/11), foi revelado que a área de inteligência da PF, aquela que investiga o Dossiê Vedoin, achou necessário pedir a quebra do sigilo de dois telefones da Folha de S.Paulo‘, em Brasília: um fixo e um celular.
Há duas semanas, a mesma Polícia Federal convocou indevidamente três repórteres da Veja para depor num inquérito interno. As explicações dos federais não convenceram antes no caso da revista Veja e não convencem agora, no caso do jornalão paulista.
A área de inteligência de uma polícia tão qualificada tem a obrigação de saber quem é quem. Tem a obrigação, sobretudo, de saber que telefone de jornalista é intocável. Aliás, tocar pode, não pode é pretender quebrar o seu sigilo. O ato configura atentado à Constituição, tentativa de censura ou intimidação.
Considerados isoladamente, os dois episódios poderiam ser avaliados como ‘trapalhadas’ profissionais. Isso acontece nas melhores equipes, em qualquer atividade. Mas, juntos e tão próximos um do outro, não podem ser minimizados nem desconsiderados. Sobretudo, porque a imprensa vem sendo abertamente criticada nas últimas semanas por altas autoridades do governo, por figurões do partido do governo e por formadores de opinião próximos ao governo.
Com este background tão ruidoso contra a imprensa, o que poderia ser visto como um lapso seguido de outro ganha outra conotação. Vejamos o que dirão agora os especialistas em denunciar o ‘complô da mídia golpista’.