Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Leitores reclamam de anúncio em blog

Leitores do The Choice, blog do repórter Jacques Steinberg sobre educação, encontraram algo atípico quando clicaram em um link no segundo parágrafo de seu post do dia 29/9, conta o ombudsman do New York Times, Arthur Brisbane, em sua coluna de domingo [17/10/10]. Era uma página convidando-os a pagar US$ 225 por um curso online do NYTimes sobre admissões universitárias, ministrado pelo jornalista. ‘Era o equivalente a um comercial. Ele não deveria ter permissão para anunciar seu produto no espaço que deveria ser uma fonte pública de informação sobre educação superior’, escreveu a leitora Emily M. Schneider. Outros leitores também registraram seu desconforto com o episódio, questionando se não havia ali um conflito de interesses.

Segundo Brisbane, o curso de Steinberg é só o primeiro de diversos que serão oferecidos pela New York Times Knowledge Network, empresa fundada em 2008 e que agora conta com 100 cursos. A maioria deles é apresentada em parceria com universidades e outras entidades educacionais. Este ano, no entanto, o NYTimes lançou uma iniciativa com 12 cursos produzidos inteiramente pela equipe do jornal, em três áreas: jornalismo e redação; ciência da saúde; e cuidando de filhos adolescentes. ‘De repente, começamos a fazer algo que nunca fomos capazes de fazer no New York Times. Estamos criando esta experiência altamente interativa usando nossa plataforma online’, contou Felice Nudelman, diretora-executiva de educação do diário. A Knowledge Network claramente alinha-se com outras estratégias para gerar lucros com o conteúdo e talento do NYTimes, por meio de livros, cursos ou eventos especiais.

Jornalismo vs. Merchandising

Stephen J.A. Ward, que lidera o Centro de Ética Jornalística na Universidade de Wisconsin, observou que ‘há uma percepção pública de que o dinheiro está entrando no caminho dos julgamentos objetivos e do que tem valor jornalístico’. ‘Parece que talvez haja um projeto comercial movendo o jornalismo do NYTimes‘, opinou.

Já o jornalão não pensa assim: considera o link anunciando o curso consistente com os padrões jornalísticos da empresa e uma extensão razoável do jornalismo apresentado no blog e no trabalho de Steinberg como repórter de educação nacional. A editora Lawrie Mifflin, que administra a iniciativa de cursos, comenta que o curso em questão foi completamente aprovado pela redação. A inclusão do link só foi feita após permissão de editores do alto escalão do jornal, como o de padrões, Philip Corbett. Na opinião do ombudsman, seria mais sensato para o NYTimes oferecer uma página intermediária para discutir o programa dos cursos e explicar que se trata de jornalismo, e não merchandising.