O blogueiro malaio Raja Petra Kamaruddin, que deixou seu país em 2008 após ter ficado preso por 56 dias sob o Ato de Segurança Interna – que permite detenção sem julgamento por tempo indeterminado – está livre para voltar à terra natal, informou o advogado Jadadish Chandra. Ele não deve, no entanto, encerrar o autoexílio no Reino Unido por temer novas acusações na Malásia. ‘A ordem de prisão prescreveu, mas isto não impede que autoridades encontrem outra maneira de emitir uma nova ordem de detenção a meu cliente’, disse o advogado.
Kamaruddin é fundador do site Malaysia Today, e por muitas vezes irritou o governo com suas matérias críticas ao regime. Em 2008, ele foi acusado de escrever artigos que insultariam o Islã e foi a julgamento por difamação, por ter acusado o primeiro-ministro Najib Razak e sua mulher de ligação com o assassinato, dois anos antes, de uma amante de um dos conselheiros do premiê. Segundo seu advogado, apesar de as acusações terem sido foram ‘suspensas’, elas ainda podem ser reabertas.
Abuso de poder
O blogueiro foi libertado em novembro de 2008 quando a Alta Corte do país determinou que o governo agiu além de seus poderes ao ordenar uma detenção de dois anos. A decisão foi apelada, e o futuro de Kamaruddin ficou incerto – por isso ele deixou a Malásia. Como a ordem de prisão tinha validade de dois anos, acabou de expirar.
A detenção de Kamaruddin causou polêmica, porque, ao contrário da imprensa tradicional, a mídia online na Malásia era relativamente livre. Os grandes jornais e emissoras são fortes aliados da coalizão no poder; já a internet tornou-se um fórum para debate. Em 1996, o governo prometeu não censurar a web, como parte de uma campanha para promover o setor de tecnologia da informação. Informações da AFP [1/11/10].