Continuo insistindo com a idéia de constituir uma Comissão Parlamentar de Inquérito, mesmo depois de perceber que o governo consegue, com celeridade, esvaziar qualquer possibilidade de investigação, pelo Congresso, do caso Waldomiro Diniz. Por quê?
No caminho de coleta das assinaturas, tenho encontrado poucos argumentos de fundo a justificar as negativas. Percebi pelas respostas de alguns, os sinais de pressões do governo. Pressões que alguns mais afeitos ao jogo político julgam naturais. Francamente, não vejo desta maneira, mas vá lá que seja assim.
Em 1993, estive de frente com esta gente do crime organizado e no centro do processo que os levou à condenação, encontrei uma declaração contundente de um dos promotores que cuidaram do caso, o promotor Raphael Cesário:
Chega! Para mim não dá mais. Naquela época as palavras do promotor foram mais um motivo a me impulsionar na direção de dar uma solução justa ao processo. A sociedade corre sérios riscos quando as instituições desconhecem ou fingem desconhecer a ousadia, inteligência e capacidade de sobrevivência do crime organizado e suas intenções de capturar o Estado como maneira de lhe facilitar a vida e aumentar os lucros.
Será prova de ingenuidade acreditar que as fitas e reportagens que vieram à público sobre o comportamento do senhor Waldomiro Diniz, são só demonstração de atitudes de corrupção passiva, de tráfico de influência ou de financiamento espúrio de campanhas eleitorais. As fitas falam bem mais do que isto e demonstram métodos de atuação do crime organizado. As fitas comprovam a explícita maneira como age o crime para capturar o Estado, quer por meio da compra de seus agentes ou de suas decisões.
A minha proposta de uma CPI não cuida de investigar se, de fato, o senhor Waldomiro Diniz recebeu ou deixou de receber dinheiro do crime organizado para si e para financiar campanhas eleitorais. Disso devem cuidar a Polícia e o Ministério Público.
A CPI que proponho tem como objetivo investigar a vulnerabilidade do Estado Brasileiro, comprovada agora pelo fato determinado do caso Diniz. Tem como foco investigar os métodos de ligação entre o crime organizado e as estruturas públicas.
Os ‘Waldomiros’ são descartáveis, como o foi o tal Diniz. Foi, primeiro pelo próprio crime, afinal, as fitas foram produzidas pelo crime com este objetivo de descartar o sujeito quando ele não mais servisse aos seus propósitos. E foi descartado pelo governo, quando o esquema veio a público. Será que o crime abandonou o Planalto quando o senhor Waldomiro saiu? É o que desejo elucidar.
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deputada federal pelo PSDB do Rio de Janeiro