Thursday, 28 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Suzana Singer

“Três notícias ruins para a polícia, publicadas na semana passada, provocaram reações iradas -e opostas-dos leitores.

Na terça-feira, Cotidiano publicou a suspeita de que a Rota tenha armado uma emboscada para matar seis ladrões que tentavam roubar um caixa eletrônico, sem dar a eles chance para que se rendessem. A ação aconteceu em 5 de agosto, em um supermercado na zona norte de São Paulo. Seria um ‘recado’ para a bandidagem, que já atacou 500 caixas neste ano no Estado.

No dia seguinte, saiu a informação de que um relatório da Polícia Civil levanta dúvidas sobre a mesma Rota, mas em um incidente ocorrido em 2010,quando a sede da tropa especial da PM teria sido atacada.

A hipótese, neste caso, é que tudo tenha sido forjado para tirar o foco de denúncias de envolvimento de policiais em roubos de carga.

No terceiro dia seguido, Cotidiano trouxe um vídeo que mostra dois presos baleados no chão, enquanto policiais lamentam que eles não tenham morrido. ‘Estrebucha!’, diz um deles.

A reportagem, na Folha.com, provocou uma avalanche de comentários (1.780).

O conjunto da obra revoltou os leitores que identificam na imprensa uma tendênciaaproteger os ‘direitos dos bandidos’. ‘Se fosse um policial agonizando, vítima de um assassino covarde, será que a mídia se daria ao trabalho de questionar?’, perguntou um dos internautas mais educados. ‘Parabéns ao empenho da Folha. A criminalidade agradece’, escreveu outro.

No extremo oposto, em número bem menor, leitores defenderam o jornal: ‘‘Um servidor do Estado, pago com os nossos impostos, se transforma em carrasco e é aplaudido.

Tenho mais medo da sede de sangue dos usuários deste site do que da atuação dos meliantes’.

Nesse grupo, porém, muitos criticam a Folha.com por permitir comentários extremados, que seriam ‘incitação à violência’, já que defendem que ‘bandido bom é bandido morto’. ‘As pessoas dizem as maiores barbaridades e fica por isso mesmo. Se fosse apologia da pedofilia ou algo racista, duvido que o jornal deixasse’, postou um estudante.

De fato, os comentários sobre violência extrapolam (em muito) os limites da razão-não só na internet, mas em qualquer discussão na rua ou em casa. Censurá-los não é a solução.

A impressão que se tem é que os latrocínios estão mais gratuitos, e os paulistanos, mais dispostos a dar carta branca à repressão.

A Folha está bem à frente dos concorrentes na denúncia de abusos policiais.

As três notícias acima, que enfureceram parte dos leitores, foram ‘furos’, informações exclusivas e importantes, que merecem aplausos. Cabe ao jornal apenas ter o cuidado de não passar a imagem de que toda a polícia não presta.

Falta de assunto

Depois de quatro dias de manchetes para a Líbia, o título principal do jornal voltou ao Brasil, na sexta-feira, com a revisão do PIB.

Má escolha. A redução de 4% para 3,7%é pequena, mesmo sendo importante o fato de o Planalto ter reconhecido um PIB menor.O país já cresceria menos que a China e mais do que os EUA mesmo sem essa diminuição.

P… frio

Foram necessários dois repórteres, por duas semanas, para constatar que garotas de programa não dispensam os decotes, mas reforçam as meias, quando a temperatura baixa. ‘Engana-se quem pensa que prostituta não sente frio’, dizia o texto, publicado com destaque, na quarta-feira.

Morte do bezerro

Outro tema que mobilizou o público (1.682 comentários no site)foi a morte de um bezerro na Festa do Peão de Barretos. Houve muita indignação com a crueldade contra animais e ‘sobrou’ para a Folha, que editou um suplemento e um site especial sobre a festa. ‘Caderno de rodeio é de lascar em um jornal progressista’,escreveu um leitor.

Malhação

Quem ficou feliz no domingo passado foi a assessoria de imprensa da academia Bodytech, dos sócios-celebridades João Paulo Diniz, Bernardinho, Alexandre Acciolye Luiz Urquiza. Em Mercado, saiu meia página falando de seus novos investimentos.”