Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Hélio Costa suspende
concessão da Renascer


Leia abaixo os textos de quinta-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007


MÍDIA & RELIGIÃO
Daniel Castro


Ministério suspende canais da Renascer


‘O ministro das Comunicações, Hélio Costa, anunciou ontem que revogará a portaria que concedeu um canal retransmissor de TV em Vila Velha (ES) à Igreja Apostólica Renascer em Cristo, liderada por Estevam e Sonia Hernandes, investigados por contrabando de dinheiro e uso de doações de fiéis para aquisições pessoais.


Costa informou ainda que, ‘a bem do serviço público’, irá cancelar a outorga à igreja, ocorrida em dezembro, de um canal em Limeira (SP). Também foram suspensos os processos que analisavam pedidos de canais em Ribeirão Preto (SP) e Divinópolis (MG).


A portaria que autorizou a igreja a usar o canal no ES saiu no ‘Diário Oficial’ de segunda. A freqüência foi cedida à Ivanov Comunicação e Participações para retransmissão dos sinais da Fundação Evangélica Trindade, concessionária do canal 53 de São Paulo.


A Ivanov está registrada no mesmo endereço da sede administrativa da igreja. A Fundação Trindade foi criada pelo casal Hernandes, nos anos 80, para conquistar, sem licitação, um canal ‘educativo’, o 53 de São Paulo, que é explorado sob a marca comercial Rede Gospel.


Costa disse que foi ‘colhido de surpresa’ porque os nomes dos Hernandes não aparecem na Ivanov nem da Trindade.


As suspensões dos canais só serão definitivas se uma investigação detectar irregularidades. A Renascer não comentou.


SEM FÉRIAS Tiago Lacerda termina de gravar ‘Páginas da Vida’ no final deste mês e já entra na produção de ‘Eterna Magia’, próxima novela das seis da Globo, que estréia em 14 de maio. Na trama, ele será marido de Malu Mader, a protagonista.


CENÁRIO NOVO As primeiras gravações de ‘Eterna Magia’, logo após o Carnaval, serão na Irlanda, um país inédito no ‘roteiro de viagens’ das novelas da Globo. A história, ambientada nos anos 40, retratará uma comunidade de descendentes de irlandeses em Minas Gerais.


MENOS PIOR A Band perdeu 0,6 ponto no Ibope do horário nobre com a extinção do ‘Boa Noite, Brasil’, de Gilberto Barros. Mas sua programação ficou melhor.


NAFTALINA A festa de lançamento de ‘Paraíso Tropical’, próxima novela das oito da Globo, será no hotel Copacabana Palace, em salões recém-reformados e que outrora foram cassinos.


PARA MENORES 1 Programada para ser publicada em 12 de dezembro, a portaria do Ministério da Justiça que muda as regras de classificação indicativa de TV ainda está passando por ‘ajustes’ no governo federal. Não há previsão de quando será editada.


PARA MENORES 2 Uma das novidades da portaria é a criação da faixa de classificação de 10 anos. Mas os programas enquadrados como impróprios para menores de 10 não serão vinculados a um horário (tipo 20h). Servirão apenas de orientação para os pais.’


Vinícius Queiroz Galvão


Justiça cancela audiência de casal da Renascer nos EUA


‘Pela terceira vez consecutiva, a Justiça americana cancelou uma audiência prevista no processo a que os líderes da Igreja Renascer em Cristo, Estevam e Sonia Hernandes, respondem por contrabando de dinheiro e depoimento falso à polícia.


Desta vez, a procuradoria pediu o cancelamento da sessão protocolada pelo casal para pedir a revisão da fiança de US$ 100 mil à juíza Andrea M. Simonton. Um acordo entre procuradores e defesa chegou à conclusão de que o valor seria mantido.


Na decisão de ontem, ao cancelar a audiência, a juíza Simonton manteve as condições da liberdade vigiada, chamada de ‘fase intensiva’. A bispa e o apóstolo usam um chip no tornozelo para serem monitorados eletronicamente por agentes federais americanos.


Até agora, o casal pagou apenas um sinal de 5%, ou US$ 5.000. No pedido de reavaliação da fiança, a defesa pedia a redução da garantia imobiliária de US$ 250 mil, penhor em caso de não pagamento do valor inicial.


Nos bastidores, a Folha apurou que defesa e procuradoria ensaiam acordo para livrar o casal das acusações. Consideram irrelevante a quantia de US$ 56.467 (cerca de R$ 121 mil) não declarada à alfândega dos EUA e buscam penas alternativas.’


Folha de S. Paulo


Confessores dão a repórter conselhos na contramão da ortodoxia do Vaticano


‘Sem se identificar como jornalista, o repórter Ricardo Bocco, do semanário ‘L’Espresso’, ‘confessou’ a um padre de Turim que havia sido cúmplice da morte do pai, por eutanásia. Inventou que ele sofrera por 15 anos de esclerose incurável.


‘Eu o proíbo de conviver com remorsos’, respondeu o clérigo. Em Nápoles, ao confessar o mesmo e suposto pecado, um outro padre disse que a igreja tinha o direito de manter suas posições, mas que, se estivesse convivendo com uma situação idêntica, ‘eu tiraria da tomada o aparelho de respiração dele’.


A reportagem, ao demonstrar que nem sempre os padres seguem a ortodoxia em questões altamente definidas pelo Vaticano, traz outras ‘confissões’ curiosas.


No confessionário de uma igreja de Roma, o jornalista se disse arquiteto e homossexual -contou que abandonou a mulher para viver com um colega de trabalho.


‘A igreja está mudando suas posições. Há muitos sacerdotes homossexuais e freiras lésbicas’, disse-lhe o padre. Ao se espantar com a revelação sobre o homossexualismo das freiras, o padre o tranqüilizou e afirmou que não é tão freqüente e que a mídia ainda não se estava tão informada a respeito.


Um outro padre, na cidade de Turim, foi mais rígido: ‘Tente manter essa relação [com o amante] apenas nos limites da amizade.’


Ao se ‘confessar’ em Roma, o repórter disse ser soropositivo e afirmou ao padre que não usava preservativos em suas relações esporádicas. ‘Pense em se casar’, aconselhou o padre. O confessor também disse laconicamente que ele deveria, mesmo numa relação conjugal, evitar o uso da camisinha. Em Turim, outro padre respondeu apenas que ‘é um problema de consciência’.


Em Milão, o repórter inventou que, num exame pré-natal, sua mulher descobriu que a criança sofria de síndrome de Down e que o casal pensava em abortá-la. ‘Nem pensar’, respondeu o padre.


Em Nápoles, um padre lavou as mãos quando o repórter disse que havia agendado uma consulta na Espanha, para recorrer a técnicas de inseminação com embriões para engravidar sua mulher, com quem estava casado há dez anos.


Com agências internacionais’


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Supermega


‘‘Depois de longa e acirrada disputa’, noticia a Globo, sai hoje o presidente da Câmara. ‘No fim do prazo, três blocos parlamentares foram formados’, um deles ‘o superbloco’ ou ‘blocão’ de PT e PMDB. Na manchete da Record, ‘os partidos se unem em apenas três blocos para ter mais poder na Câmara’.


A coisa, é claro, vai além da Câmara. Na manchete da Folha Online, ao longo do dia, ‘Megabloco garante a Lula maioria absoluta para aprovar projetos’. Ele vem se somar ao ‘bloquinho’, também governista, para ultrapassar de uma vez a ‘maioria qualificada’ -e aproximar Lula, quem sabe, de Néstor Kirchner, Hugo Chávez e seus superpoderes reeleitorais.


É DO BRASIL


Nos sites de ‘Washington Post’ e outros, a Reuters dá que ‘artistas brasileiros trazem super-heróis à vida’, caso do Homem-Aranha desenhado por Roger Cruz desde seu ‘pequeno apartamento em SP’. A ‘onda’ nos EUA de apelar aos brasileiros inclui Marcelo Campos, Octavio Cariello -e Renato Guedes, que hoje desenha o Super-Homem.


CLUBE DE UM


Abrindo a reportagem do ‘Wall Street Journal’ sobre a decisão da Standard & Poor’s de elevar a nota da Índia a ‘grau de investimento’, a exemplo de Rússia e China hoje, o que ‘deixou o titã latino-americano num clube de um’, isolado entre os quatro grandes emergentes:


– Os déficits governamentais crônicos, o crescimento econômico lento e um clima pouco amistoso para os negócios não estão somente adiando o sonho do Brasil de conseguir o status de grau de investimento. Estão também fazendo com que o país fique para trás dos seus colegas de mercado emergente, os chamados Brics.


BRILHO E MEDO


A derrota da brasileira CSN para a indiana Tata, na disputa pela Corus, serviu de metáfora noticiosa da ultrapassagem do Brasil pela Índia. No dizer do ‘WSJ’, ‘marca a chegada à maturidade dos maiores grupos da Índia’.


‘Mas’, avisa logo o jornal, a aquisição já dispara temores entre analistas e investidores -que derrubaram a cotação em 10%, segundo a BBC. No título do mesmo ‘WSJ’, ‘temor por débito retira o brilho da vitória da Tata’.


‘NERVOS DE AÇO’


O ‘Financial Times’ foi bem mais animado, com manchete e relatos quase épicos, como no texto ‘Batalha de oito horas exigiu nervos de aço’, trocadilho com o setor das empresas. Foi tudo ‘dramático’, em ‘oito rounds’, com ‘jogos psicológicos’ etc.


NÃO DESISTE NUNCA


Exilada nas agências, a CSN surgiu na Dow Jones, no site do ‘WSJ’, argumentando que ‘decidiu não exceder o limite de débito’ que se deu, daí a derrota -e a alta nas cotações da empresa, em contraste com a queda da Tata.


Por outro lado, na Reuters, a notícia era que a ‘CSN continua comprometida com internacionalização’, segundo o presidente, Benjamin Steinbruch -que se diz preparado para ‘as melhores oportunidades’ que vão surgir.


OUTRAS BATALHAS


E não deve parar por aí mesmo o avanço das empresas nacionais pelo mundo. O ‘FT’ adianta reportagem de Peter Marsh, dizendo que a Coteminas, do vice de Lula, José Alencar, vai ‘levar a batalha dos têxteis à China’, abrindo fábricas por lá.


COMÉDIA?


O texto ‘+ lido’ na Folha Online foi ‘Kassab faz piada com cratera do metrô’. Era o link para cenas de um programa que flagrou o prefeito de SP rindo ao falar do ‘motel ao lado do acidente do metrô que, quando veio o estrondo, imagina a zoeira que foi, todos saindo’. Segundo ele, foi uma ‘comédia’.’


INTERNET
Folha de S. Paulo


Lucro do Google triplica no 4º trimestre e chega a US$ 1 bi


‘O Google teve um lucro de US$ 1,03 bilhão no último trimestre do ano passado, ante US$ 372,2 milhões no mesmo período de 2005. Em todo 2006, a empresa ganhou US$ 3,07 bilhões -o lucro do ano anterior foi de US$ 1,46 bilhão.


O crescimento das vendas de publicidade ligadas a buscas na internet fez o faturamento de 2006, de US$ 10,6 bilhões, praticamente dobrar em relação ao ano anterior. Ele foi de US$ 3,21 bilhões só no último trimestre do ano passado (67% maior que no mesmo período de 2005).


O resultado, porém, foi menor do que o esperado por investidores, provocando a queda na cotação das ações do Google.


A Microsoft divulgou na semana passada que seus lucros no último trimestre de 2006 foram de US$ 2,63 bilhões. Nesse mesmo período, o faturamento da empresa foi de US$ 12,54 bilhões.


Já a Apple ganhou US$ 1 bilhão e faturou US$ 7,1 bilhões entre outubro e dezembro do ano passado.


Com agências internacionais’


TELEVISÃO
Folha de S. Paulo


Setor de TV por assinatura se expande 9,5%


‘As TVs por assinatura terminaram 2006 com 4,6 milhões de clientes, alta de 9,5% ante 2005, segundo a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).


Em 2005, na comparação com o ano anterior, o setor já havia atraído mais 400 mil assinantes, com expansão de 10,5%.


Os preços médios dos pacotes básicos ofertados pelas TVs pagas chegou a R$ 51 ao final de 2006. No ano anterior, o valor era de R$ 47. Apesar da alta, os preços ainda estão abaixo dos praticados em 1998, em torno de R$ 68.


No mercado de MMDS (microondas) e TV a cabo, a Globo/Net tem a maior participação, com 12,6%, seguida pela Vivax (12%).’


MEMÓRIA / SIDNEY SHELDON
Folha de S. Paulo


Morre aos 89 anos o escritor Sidney Sheldon


‘Criador da série ‘Jeannie é um Gênio’, roteirista vencedor do Oscar em 1948, dramaturgo premiado e escritor de best-sellers como ‘O Outro Lado da Meia-Noite’ e ‘A Herdeira’, o americano Sidney Sheldon morreu anteontem à tarde, em um hospital de Palm Springs, Califórnia, aos 89 anos, de complicações de uma pneumonia.


A primeira mulher de Sheldon, Jorja Curtright Sheldon, morreu em 1985. O escritor era casado com Alexandra Kostoff desde 1989, e deixa ainda uma filha, a escritora Mary Sheldon, e dois netos. A família não deu detalhes sobre o funeral.


Trajetória


Nascido no dia 17 de fevereiro de 1917, em Chicago, filho de pai alemão e mãe russa, ambos judeus, Sheldon Shechtel se mudou para Hollywood aos 17 anos, quando começou a trabalhar como parecerista de roteiros para o estúdio Universal.


Aos 25, depois de servir como piloto durante a Segunda Guerra, já havia acumulado três musicais de sucesso na Broadway: ‘A Viúva Alegre’, ‘Jackpot’ e ‘Dream With Music’. Ainda como dramaturgo, foi vencedor de um Tony Award, em 1959, pelo musical ‘Redhead’, estrelado por Gwen Verdon.


Depois de vencer o Oscar de melhor roteiro original por ‘Solteirão Cobiçado’, comédia estrelada por Cary Grant e Shirley Temple, Sheldon, já roteirista dos estúdios MGM e Paramount, escreveu outros 25 filmes, entre eles ‘Desfile de Páscoa’, com Judy Garland e Fred Astaire e ‘Maravilhas em Desfile’, com Bing Crosby.


Em 1963 o escritor se voltou para a televisão, como roteirista de ‘The Patty Duke Show’, e posteriormente como criador, produtor e roteirista de ‘Jeannie é um Gênio’, seriado que teve cinco temporadas, entre 1965 e 1970, quando ele começou a escrever seu primeiro romance, aos 50 anos.


O resultado foi ‘A Outra Face’, desprezado pela crítica, mas que vendeu 21 mil cópias na edição de capa dura, e 3,1 milhões na edição em brochura. Lançado em 1975 no Brasil, onde esteve duas vezes, esse é o romance mais vendido de Sheldon no país, com mais de 270 mil exemplares impressos.


Na segunda metade da década de 70, ainda produzindo e escrevendo seriados de TV como ‘Casal 20’, Sheldon continuou a carreira de romancista, tornando-se um habitué das listas de mais vendidos. Os personagens femininos fortes eram sua marca registrada.


Nos anos 80, todos os romances que escreveu -’A Ira dos Anjos’, ‘O Reverso da Medalha’, ‘Se Houver Amanhã’, ‘Um Capricho dos Deuses’ e ‘As Areias do Tempo’, tornaram-se minisséries de TV. Também nessa década Sheldon recebeu uma estrela na Calçada da Fama, em Holllywood.


Ao todo, o escritor publicou 18 romances e foi traduzido para 50 idiomas, o que lhe rendeu, nos anos 90, uma menção no livro de recordes ‘Guinness’ como ‘autor mais traduzido do mundo’. Seus livros foram comercializados em 180 países. O número de vendas já ultrapassam 300 milhões de exemplares em todo o mundo.


Memórias


Em 2000 e 2004 saem no Brasil ‘O Céu Está Caindo’ e ‘Quem tem Medo de Escuro?’, últimos romances do autor. Sua carreira soma ainda 250 roteiros para televisão, 25 filmes e seis peças para a Broadway.


Em 2005, o escritor lançou seu último livro, ‘O Outro Lado de Mim’, autobiografia de 378 páginas em que dedica apenas 20, e com interrupções, à sua experiência como romancista. ‘Em ‘O Outro Lado de Mim’, escrevi sobre meus primeiros anos na Broadway e em Hollywood. Eu só comecei a escrever romances quando tinha 50 anos de idade’, lembrou Sheldon em entrevista à Folha, em dezembro de 2005.


‘Escrevi minhas memórias porque decidi fazê-lo enquanto sou jovem. Os romances que eu escrevi não existem para justificar nada -eles foram feitos para entreter o leitor.’’


Adriano Schwartz


Vida do autor superou a sua literatura


‘É irônico que, ao morrer, Sidney Sheldon passe a ser lembrado principalmente pelos livros que escreveu e suas vendagens astronômicas, quando a sua vida e as coisas que fez antes de optar pela ‘literatura’, já com 50 anos, são muito mais interessantes do que sua obra.


Personagem bem melhor do que qualquer um que tenha concebido, ele serviu durante a Segunda Guerra, fez sucesso na Broadway (o que lhe valeu um Prêmio Tony), foi roteirista em Hollywood (e ganhou um Oscar), criou e produziu séries para a TV (pela mais famosa, ‘Jeannie É um Gênio’, foi indicado a um Emmy).


Não é mera coincidência que a sua autobiografia, ‘O Outro Lado de Mim’ (ed. Record, 2005), dedique praticamente todas as suas quase 400 páginas -com a habitual riqueza de detalhes e a mais habitual ainda pobreza de estilo- à memória desses eventos, com destaque para a sua convivência com diretores, atores e atrizes do período de ouro do cinema americano, e tenha tão pouco a dizer sobre sua experiência como escritor.


Na verdade, o próprio autor não fazia muita idéia das razões de seus livros estarem entre os mais vendidos de todos os tempos. Em uma entrevista para a Ilustrada na época do lançamento da autobiografia, ele tentava explicar o fenômeno assim: ‘Creio que meu sucesso se deve ao fato de que escrevo histórias que cativam a imaginação dos leitores.


Meus romances têm personagens que o público costuma considerar interessantes, se passam em lugares glamourosos e geralmente são divertidos’. A fórmula, como se percebe, vale para uma infinidade de outros produtores de best-sellers.


Recentemente, à mistura de intrigas amorosas e suspense que sempre esteve presente em seus textos (‘O Outro Lado da Meia-Noite’, ‘O Reverso da Medalha’, ‘A Ira dos Anjos’ etc.), Sheldon havia acrescentado questões científicas. Assim, em ‘Quem Tem Medo de Escuro?’ (ed. Record, 2004), por exemplo, discutia os perigos do controle do clima no planeta.


O problema é que basta abrir qualquer página do livro, assim como acontecia com os anteriores, para encontrar frases como: ‘Dois minutos depois estavam na cama, e Henry fazia um amor refinado com ela. Foi maravilhoso. Exaustivo. Empolgante’.


De qualquer modo, como provavelmente um filme logo virá para comprovar, ninguém pode dizer que não tenham sido 89 anos muitíssimo bem vividos. Afinal, como escreveu Bernardo Soares, semi-heterônimo de Fernando Pessoa, ‘o êxito está em ter êxito, não em ter condições de êxito’.


ADRIANO SCHWARTZ é professor de literatura da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP0-0Leste e autor de ‘O Abismo Invertido0-0Pessoa, Borges e A Inquietude do Romance em ‘O Ano da Morte de Ricardo Reis’ (ed. Globo).’


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O Estado de S. Paulo


Quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007


MÍDIA & RELIGIÃO
Emilio Sant’anna, Patrícia Campos Mello e Gerusa Marques


Juiz do caso Renascer é ameaçado e MP afirma já ter suspeitos


‘Em Miami, casal Hernandes consegue baixar valor da fiança, que volta a ser de US$ 100 mil


Os promotores do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) estão próximos de descobrir o autor das ameaças ao juiz Paulo Antônio Rossi, titular da 1ª Vara de Justiça Criminal de São Paulo e quem determinou a prisão do casal Hernandes, líderes da Igreja Renascer, no País. No dia 9 de novembro, duas cartas foram enviadas a Rossi exigindo, em tom intimidador, que esquecesse o caso da Igreja. Em um dos trechos, está escrito: ‘a Renascer é maior do que você imagina! Nossos líderes são influentes na política, na polícia’.


‘Não descartamos a hipótese de que o autor seja funcionário do próprio fórum’, disse o promotor Arthur Lemos. As evidências são fortes. As cartas foram colocadas num intervalo de duas horas sob a porta do banheiro privativo de Rossi no Fórum Criminal da Barra Funda. ‘Certamente quem colocou as cartas sabia que aquele era um lugar exclusivo do juiz’, conta. ‘É importante deixar claro que essas ameaças estão sendo investigadas pelo Gaeco e nada têm a ver com o processo a que os líderes da Igreja respondem’, completa.


Procurado pela reportagem do Estado, o juiz alegou que não se manifestaria em razão do segredo de Justiça decretado no caso, e também para ‘garantir a imparcialidade do processo’.


ACORDO


Os fundadores da Renascer, Sonia e Estevam Hernandes, fecharam um acordo ontem com a Justiça americana em Miami para relaxar as condições da fiança exigida deles por tentarem entrar no país com dinheiro não declarado.


A fiança, de US$ 250 mil em uma garantia imobiliária e 15% a 17% desse valor em dinheiro, caiu para US$ 100 mil. Mas, para isso, o casal terá de continuar no programa de supervisão intensiva do Departamento de Imigração, com uso de algemas eletrônicas e prisão domiciliar. Eles foram presos dia 9 no Aeroporto de Miami quando tentavam entrar nos Estados Unidos com US$ 56,5 mil, tendo declarado apenas US$ 10 mil.


Eles entregaram seus passaportes e estão em liberdade condicional, acusados de contrabando de divisas e não declaração na alfândega.


A primeira audiência de Sonia e Estevam Hernandes na Justiça americana, que já foi adiada duas vezes, está marcada para o dia 6 de fevereiro, caso não haja acordo. Eles podem se declarar culpados ou inocentes. Então o Departamento de Justiça marcará o julgamento para dali a 70 dias. Só então seriam julgados por um júri de 12 pessoas.


TELEVISÃO


O ministro das Comunicações, Hélio Costa, disse ontem, em Brasília, que vai cancelar a autorização dada pelo ministério à Igreja Renascer para retransmissão de sinal em Vila Velha, no Espírito Santo.


A autorização foi dada na segunda-feira à empresa Ivanov Comunicação e Participações Ltda., para retransmitir sinais gerados pela Fundação Evangélica Trindade, canal 53, em São Paulo.


A autorização foi emitida enquanto o ministro estava de férias. Costa alegou que somente na terça-feira foi alertado sobre as denúncias de que a Fundação Trindade tem relação com os líderes da Renascer.


A revogação vale até que os processos contra os fundadores da Renascer por lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e estelionato sejam concluídos.’


PUBLICIDADE / EUA
O Estado de S. Paulo


Campanha publicitária causa medo em Boston


‘Pequenos painéis eletrônicos com luzes intermitentes – no formato de um personagem de desenho animado para adultos fazendo um gesto obsceno – provocaram ontem alertas de bomba na cidade americana de Boston, onde as autoridades interditaram estradas, pontes e um trecho do Rio Charles até verificarem que os artefatos eram inofensivos. A Turner Broadcasting informou que os painéis foram espalhados por Boston como parte de uma campanha publicitária do desenho Aqua Teen Hunger Force. A polícia prendeu um envolvido no caso.’


TELEVISÃO
Etienne Jacintho


Ibope do BBB7 frustra torcida


‘A Globo mudou as regras desta sétima edição do Big Brother Brasil, escolheu gente bonita em casas noturnas – Fernando Luiz e Diego – para tentar atrair a audiência. Mas, até agora, este BBB7 não empolgou muito o público. O paredão de anteontem, entre Alan Pierre e Íris – uma disputa que caberia bem na reta final da atração -, esquentou um pouco a atração em número de votos do público, mas não em ibope. O reality marcou 39 pontos de média de audiência, número fraco no histórico do BBB, e teve 21 milhões de votos – mais que o dobro de votos dos paredões anteriores.


Por falar em paredão, a platéia no dia de eliminação é composta por 40 torcedores de cada um dos emparedados. Os amigos e familiares têm lugar garantido, mas apenas quatro ganham passagens aéreas e um dia de hospedagem em um hotel da Barra da Tijuca, com direito a refeições. No Projac, os familiares ficam em camarim com lanche até o início da atração ao vivo.


Quatro televisores de plasma ficam dispostos estrategicamente no cenário – dois para cada lado da arquibancada. Por eles, a platéia pode acompanhar a exibição do programa na Globo e o pay-per-view da casa.


Quando os amigos e parentes dos emparedados não preenchem os 80 lugares disponíveis, figurantes entram em cena. Mas não são profissionais pagos e sim pessoas que se inscrevem para participar de auditórios de programas como o Domingão do Faustão e o Caldeirão do Huck e são convidadas para o BBB.


ATRÁS DE AUDIÊNCIA


Para angariar público, a Globo inovou também o site do reality show. Além de blogs dos participantes, a rede promove, a partir de hoje, um chat quinzenal com Pedro Bial no endereço, sempre às quintas, às 16h30.


entre-linhas


Anteontem, das 22h23 às 23h14, Vidas Opostas, da Record, atingiu 15 pontos de audiência, com picos de 19, graças a uma cena de ação na favela. A emissora esperava superar a audiência no capítulo seguinte, em que seis pessoas morrem durante um tiroteio na favela.


O GNT exibirá no domingo, às 21 horas, o documentário O Julgamento de Saddam, que acompanha todo o processo contra Saddam Hussein.


Após ganhar o Globo de Ouro por melhor ator em série dramática, Hugh Laurie, de House, foi premiado nos SAG Awards.’


Patrícia Villalba


Samba paulista, o marginal dos marginais


‘Repetiu-se tanto que o paulista não sabe sambar, que a idéia colou e acabou se revertendo num escasso registro do passado dos cordões e escolas do Estado. Reconstruir de maneira linear essa história é hoje praticamente impossível, mas um grupo de alunos da ECA-USP conseguiu montar – com apenas R$ 12 mil e muita perseverança – um painel rico sobre o tema na série de documentários Samba à Paulista, que a TV Cultura exibe a partir de hoje.


‘Hoje não é mais assim, mas no passado quem iria se preocupar em fazer registro de alguma coisa tão deixada de lado quanto o samba de São Paulo? Nossa primeira dificuldade foi conseguir uma narrativa da história do samba paulista, que estava praticamente perdida. Por isso, optamos por um documentário que apresenta fragmentos dessa história’, conta o diretor, Gustavo Mello, de 24 e que se forma em Publicidade no fim do semestre. Com um núcleo de três coordenadores-alunos, o bloco do projeto só foi à rua graças a parcerias, da TV USP e TV Cultura ao MIS e à produtora Brás Filmes, do diretor André Klotzel. ‘Nossa idéia é desdobrar o projeto, e levar o documentário a escolas e outras TVs educativas do País’, planeja o diretor.


No primeiro episódio, Samba à Paulista apresenta as raízes rurais do gênero no Estado e suas manifestações, como o tradicional samba de bumbo de Vinhedo e o batuque de umbigada de Tietê. Fala também sobre a origem do ritmo em São Paulo, que coincide com a chegada em massa de negros às plantações do Estado, no século 18 e, principalmente, 19. E explora bem a construção do ritmo na ‘terra do trabalho’. ‘Nos preocupamos muito em entender a relação de São Paulo com o samba, o porquê de ele ter sido sempre tão marginalizado. Quisemos fazer essa contextualização para explicar o processo de formação do nosso samba’, detalha o diretor.


A pesquisa dos estudantes é baseada em teses acadêmicas, em especial a da professora Olga Von Simson, e num raro material audiovisual. Com relação a este último, uma das surpresas é o depoimento de Dionísio Barbosa, fundador do Grupo Barra Funda, que se transformaria mais tarde no cordão Camisa Verde e, depois, na escola Camisa Verde e Branco – as imagens estavam, em película, no próprio arquivo da TV Cultura. A outra é uma música, provavelmente inédita. É A Marcha do Cordão Camisa, de 1928, que fazia parte das pesquisas da professora Olga e foi agora gravada em estúdio por Adriana Moreira, especialmente para o documentário. Biscoito fino, está no segundo episódio da série.


(SERVIÇO)


Samba à Paulista. Hoje e nos dias 8 e 15, sempre às 23h40. TV Cultura (canais/operadoras: Sky, 37; Net, 16)’


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