Em dezembro, o deputado ACM Neto (PFL-BA) foi esfaqueado por Rita de Cássia Sampaio de Souza, de 45 anos. O golpe atingiu o lado direito das costas do deputado, que ficou em observação no Hospital da Bahia e logo depois saiu.
Durante a cobertura do fato, tomei um tremendo susto quando vi que os veículos de comunicação, com a ajuda do delegado titular do 16º DP de Salvador, Wilson Ramos, estavam escondendo alguma coisa. A Rede Globo tirava completamente o som e mostrava apenas a imagem da mulher falando, com imagens da acusada bem transtornada, o que dava a entender que ela era completamente biruta. Vendo as imagens, o espectador não sabia o que ela estava dizendo.
Ainda tentei apelar para a leitura labial, mas não dava pra entender coisa alguma. E, depois, a equipe de jornalismo da Globo informava que as declarações eram contraditórias. Mas que contradições eram essas? O que a mulher estava realmente falando? Se ela dissesse que foi um alienígena ou o Inri Cristo que a motivou, era importante saber. E o que o ACM Neto teria realmente feito com essa mulher?
Aquilo não foi à toa. O fato é que a afiliada da Rede Globo na Bahia fez o velho jornalismo trambiqueiro que o ACM Avô sempre adorou. No final disseram que não sabiam se ACM Neto fora vítima de um assalto ou se o gesto seria em vingança pelo reajuste dos salários de deputados e senadores.
Manipulando a notícia
Depois dessa primeira divulgação sem pé nem cabeça, li no Globo OnLine que a mulher fizera aquilo porque ACM Neto havia prometido sacar o Fundo de Garantia dela, que estava retido na prefeitura. Mas, por que o delegado não disse isso antes? Por que a afiliada da Globo na Bahia tirou o som e mandou uma matéria tendenciosa para o Jornal Nacional e demais telejornais da Rede Globo? E, entre tantas versões, qual é a verdadeira?
Para a família ACM, que após a vitória de Jacques Wagner (PT) anda perdendo a majestade, não foi difícil manipular a notícia. ACM foi um dos controladores da mídia brasileira. Mandou nessa área durante anos e anos. Tinha ligação direta com os donos de jornais e revistas, assim como com jornalistas. Quando foi ministro das Comunicações, no governo José Sarney, ACM distribuiu canais de rádio e TV entre seus amigos. Nos jornais de seus amigos, a única coisa verdadeira é a data. E, mesmo golpeado após as últimas eleições, o venerando senador continua dando facadas na liberdade.
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Assessor de imprensa e estudante de direito, Campos dos Goytacazes, RJ