‘26/01/07
Folha e ‘Estado’ ainda mantém o foco no Programa de Aceleração do Crescimento, anunciado segunda-feira por Lula:
A Folha dá voz ao governo – ‘Dilma afirma que PCA é ´dinheiro público na veia´‘, resposta à crítica, inclusive da Folha, de que o plano dependerá principalmente de investimentos privados.
‘Estado’ dá voz à oposição – ‘Serra ataca plano de Lula e pede ação dos governadores’.
O ‘Globo’ divulga o resultado de uma pesquisa feita pela Fecomércio-RJ: ‘Comércio do Rio gasta R$ 2,6 bi com segurança’.
Ontem foi aniversário de São Paulo. A Folha publicou na Primeira Página, na Edição SP, a foto do prefeito reagindo a protestos dos sem-teto (‘Batalha na Sé’). O ‘Estado’ editou, também na capa, a imagem da multidão que assistia ao show dos Mutantes no Parque da Independência (‘Declarações de amor’). A Folha ignorou a festa. O ‘Estado’ ignorou o protesto. Não era possível registrar os dois momentos igualmente importantes e indicativos das contradições da cidade?
‘Mundo’
Não se usa, em português, ‘toque de queda’ – como está na ‘lupa’ do texto ‘Violência põe Beirute sob toque de recolher’ (capa de ‘Mundo’) – para se referir ao toque de recolher. Faltou a tradução do espanhol.
‘Dinheiro’
Não está correto o título ‘Banqueiros blindam Meirelles e criticam PAC’, (B3). Um banqueiro criticou o PAC (Charles Dallara) e outro banqueiro elogiou Henrique Meirelles (William Rhodes).
Deve haver algum erro no penúltimo parágrafo do texto ‘Gastos de turistas no Brasil e de brasileiros fora são recordes’ (B5). Se os números de desembarques nacionais em 2005 e 2006 eStão corretos, deve estar errado o cálculo do percentual de crescimento.
É impressionante a comparação da evolução anual do PIB chinês com a evolução anual do PIB brasileiro (‘A todo vapor’, B6). Mas, para que o contraste fosse de fato percebido, os gráficos deveriam ter sido feitos na mesma escala.
‘Cotidiano’
A forma como foi escrito o relato sobre as mortes de sete jovens no Rio (‘No Rio, 7 jovens são achados mortos dentro de um carro’, C7 da Edição SP) permite uma leitura dúbia. O texto faz parecer que os jovens tinham algum envolvimento com os comandos do tráfico, o que está comprovado. O jornal deveria ter publicado mais informações sobre os mortos, além das idades. O ‘Globo’, por exemplo, informa que, entre os já identificados, um é estagiário da Imprensa da Cidade, outro sorveteiro, outro era estudante e um freqüentava uma escola de futebol. No jornal do Rio, a notícia está mais direta: ‘Traficantes matam sete jovens de favela rival – Sobrevivente conta que grupo foi seqüestrado, torturado e morto porque morava em comunidade de outra facção’.
‘Ilustrada’
O que é ‘visual glam’, como está no texto da capa de ‘Ilustrada’? Por que alguém sofre com ‘visual glam’?
25/01/07
Hoje, feriado em São Paulo, não haverá a Crítica Interna do Ombudsman.
24/01/07
Hoje não circulará a Crítica Interna do Ombudsman.
23/01/07
O assunto, como não poderia deixar de ser, foi um só, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) anunciado ontem por Lula. As manchetes refletem o foco de cada jornal. A Folha e o ‘Valor’ foram os mais críticos:
Folha – ‘Plano de Lula é criticado por empresários e governadores’. Os dois extratos selecionados procuram equilibrar as análises: ‘Pacote não toca no problema dos juros elevados’ (Janio de Freitas) e ‘Indústrias de base e eletrônica são beneficiadas’ (Vinicius Torres Freire).
‘Valor’ – ‘PAC é tímido nos gastos e no ajuste’, ‘Economistas acham difícil expansão de 5%’, ‘Programa enfrentará teste no Congresso e nos Estados’ e ‘Pacote tem obras já previstas por FHC’.
Os outros:
‘Estado’ – ‘Dinheiro público sustenta plano’, ‘´Aqui não se sacrifica democracia´, diz Lula’, ‘Mantega cobra de Meirelles o corte de juros’ e ‘Governadores preparam agenda para as reformas’. O jornal destacou com frases a repercussão entre empresários.
‘Globo’ – O jornal do Rio abriu um título forte, em duas linhas e seis colunas, para o que entendeu ter sido um recado de Lula para o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que atacou o jornal quando passou pelo Rio: ‘Lula: ´Aqui não se cresce sacrificando a democracia’. O ‘Globo’ batizou o PAC como ‘O primeiro pacote do PT’.
‘Gazeta Mercantil’ – ‘Indústria aprova pacote mas aguarda o Copom’.
‘Correio Braziliense’ – ‘Lula ensaia novo rumo econômico’.
‘JB’ – ‘Lula acelera sem tirar o pé do freio’.
‘Estado de Minas’ – ‘Pacote para o país crescer’.
Alguns jornais traduziram o PAC segundo os interesses dos seus Estados:
‘Jornal do Commercio’ (Recife) – ‘Pacote de Lula inclui obras em Pernambuco’.
‘Zero Hora’ – ‘Plano de crescimento prevê 15 obras para o Rio Grande do Sul’.
E a tragédia do Metrô já sumiu da Primeira Página da Folha. Internamente, o caso já foi para a página C7 (Edição SP) e já não tem sequer título em seis colunas. Parece que a Folha desativou sua equipe de apuração. Não é compreensível que, passados apenas dez dias do desastre, o jornal não tenha, sobre o assunto, nenhuma notícia relevante para colocar na Primeira Página.
Câmara dos Deputados
O jornal voltou à rotina na cobertura da disputa pela presidência da Câmara dos Deputados. Não há critério jornalístico que justifique que a confirmação de que o ‘PSDB deve oficializar hoje apoio a Fruet’ mereça um alto de página, como está na página A6 da Edição Nacional da Folha.
PAC
O ‘Globo’ chamou de ‘O Dia D’; o ‘Estado’, de ‘Em busca do crescimento’. A Folha preferiu a sobriedade do ‘PAC’ para designar as páginas da cobertura.
O ‘Estado’, com o equivalente a um pouco mais de oito páginas na editoria de Economia e três páginas e meia em Política, foi o jornal que mais deu espaço para a cobertura do lançamento do plano, incluindo os jornais de economia.
A cobertura da Folha é extensa (pelo meu cálculo, cerca de seis páginas), detalha os principais aspectos do plano, está crítica, mas tem pelo menos duas falhas:
– O jornal explora mal os desdobramentos políticos do plano no Congresso e nas negociações que serão exigidas do Planalto. A questão política foi reduzida a aspas colhidas entre poucos parlamentares e alguns governadores. Não há um levantamento próprio do jornal, não há análises dos desdobramentos políticos do pacote (exceto as colunas de sempre na página A2).
– As repercussões do jornal estão focadas nos empresários e em (poucos) economistas. O movimento sindical, o setor trabalho, praticamente não foi ouvido. É sintomático que a única retranca exclusiva com os sindicalistas (‘Para sindicato, empregos terão pouco impacto’, B7) esteja sob o chapéu ‘PAC/Empresários’.
22/01/07
Os jornais registram (alguns com ceticismo) o lançamento, anunciado para hoje, do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo Lula.
Folha – ‘Lula quer vender ações de bancos para financiar PAC’.
‘Estado’ – ‘Petrobrás vai bancar 40% dos investimentos do pacote’. Depois mudou para ‘Lula anuncia hoje pacote de investimentos de R$ 500 bi’.
‘Globo’ – Manchete meio óbvia: ‘Lula admite que fez o pacote que era possível’.
‘Valor’ – ‘Sem cortes, PAC pretende estimular grandes obras’. Não é o principal assunto do jornal econômico, que preferiu dar manchete para ‘Europeus e EUA perto de acordo que reabriria Doha’. Internamente, o título sobre o PAC é mais crítico: ‘Lula anuncia hoje pacote menor que o previsto’.
‘Gazeta Mercantil’ – ‘PAC sai hoje sob desconfiança’. A manchete foi para a previsão de investimentos: ‘Multimercado e ações, as vedetes para 2007’.
‘Correio Braziliense’ – ‘Lula e seu pacote: É tudo ou nada’.
A Folha destacou ainda a continuação das investigações sobre o acidente no metrô de São Paulo: ‘´Somatório de erros` causou acidente no Metrô, afirma IPT’, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas do governo de São Paulo.
O ‘Estado’ encolheu o noticiário na Primeira Página, com uma pequena chamada e foto sem destaque: ‘Desmontada a grua, trânsito volta hoje à Marginal’.
A melhor foto do dia está no ‘Estado’, e não saiu na Folha: o Titã Charles Gavin revistado pela Força Nacional de Segurança numa estrada do Rio. Aliás, a Folha praticamente ignorou o primeiro final de semana de trabalho da Força Nacional nas estradas e divisas do Rio.
Urnas eletrônicas
A Folha deveria dar mais atenção para as suspeitas de fraude nas urnas eletrônicas durante as eleições em Alagoas. O jornal registrou o caso, levantando pela revista ‘Veja’, na edição de ontem e traz, na edição de hoje, apenas uma nota sem novidades (‘Governador nega fraude em eleição’, A6).
Câmara dos Deputados
A Folha, enfim, fugiu da cobertura baseada em números enganosos e expôs um pouco os candidatos que disputam a presidência da Câmara. As duas páginas da edição de ontem – ‘Projetos expõem contrastes entre candidatos à Câmara’, A4, e ‘Petista é o único que não veta reajuste de 91%’, A6 – são contribuições importantes para se entender um pouco a disputa. É uma pena, no entanto:
1 – Que o jornal não tenha feito um levantamento do comportamento dos três durante os escândalos que marcaram a legislatura que termina;
2 – Que tenha trocado os projetos de Chinaglia e Fruet, corrigidos hoje.
PAC
Ficou redundante o exemplo escolhido pela Folha para ilustrar, na capa de ‘Dinheiro’, o anúncio do lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento. A reportagem sobre o estado da rodovia SP 310 – ‘Com pedágio, trecho da Washington Luís tem 17 buracos por quilômetro’ – repete a idéia da reportagem da página A4 – ‘Rodovias onde foram gastos R$ 76,9 mi já têm buracos’. Ficou excessivo e parece falta de planejamento. O jornal deveria ter ilustrado a necessidade de obras em infra-estrutura com outros áreas (portos ou saneamento, por exemplo).
Esporte
Esta errada, na Edição Nacional, o cálculo feito na capa do caderno ‘Esporte’ – ‘Força dos grandes em SP é a maior em 3 décadas’. A Edição SP informa que esta é a melhor campanha dos principais times de futebol de São Paulo desde 1962.’