Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Comunicação deve
ganhar nova legislação


Leia abaixo os textos de sexta-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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O Estado de S. Paulo


Sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007


COMUNICAÇÃO DE MASSA
Gerusa Marques e Leonardo Goy


Nova Lei de Comunicação pode sair até o fim do ano


‘Até o fim do ano o Brasil terá uma nova Lei de Comunicação de Massa, que vai tratar de temas relativos à prestação dos serviços de televisão aberta, TV por assinatura, internet e telefonia. A promessa foi feita ontem, em seminário, pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa. Ele anunciou a criação de um conselho consultivo, formado por representantes de vários setores da sociedade, para assessorar o governo na elaboração de um novo marco regulatório para o setor.


Costa disse que até meados do ano o governo enviará um projeto de lei ao Congresso. ‘Estamos conscientes, eu e a ministra (da Casa Civil) Dilma Rousseff, que temos de apresentar essa proposta urgentemente’, afirmou. ‘E achamos que existem condições de aprovar essa lei ainda neste ano.’ Segundo ele, é preciso fazer uma revisão no Código Brasileiro de Comunicações, que é de 1962 e regula o setor de rádio e TV.


O ministro defendeu ainda mudanças na Lei Geral de Telecomunicações (LGT), criada em 1997 para o setor de telefonia. Uma delas deve ser a adaptação da legislação às exigências de tecnologias que não estavam disponíveis há dez anos, como a conexão à internet por banda larga.


O presidente da Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Daniel Pimentel Slaviero, concorda com a atualização do marco regulatório ‘para evitar que surjam iniciativas isoladas’ como o projeto apresentado nesta semana pelo deputado Paulo Bornhausen (PFL-SC). A proposta retira todas as amarras para a participação das empresas de telefonia nos mercados de TV por assinatura e na produção, programação e distribuição de conteúdo, como programas de televisão.


Os presidentes das três maiores empresas de telefonia fixa do País – Telemar, Telefônica e Brasil Telecom – querem que as mudanças no marco regulatório levem em conta o que já está acontecendo na prática no mercado.


Na outra ponta da discussão, o vice-presidente das Organizações Globo, Evandro Guimarães, disse que o modelo brasileiro é fraco para garantir a competição na área de conteúdo e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) não está preparada para dar condições equânimes às empresas.’


INTERNET
O Estado de S. Paulo


Comércio online já cresce 18% no ano


‘De 1º de janeiro de 2007 até ontem, as vendas no comércio online brasileiro superaram em 18% o valor comercializado no mesmo período de 2006: foram registrados R$ 26,9 milhões até agora, ante R$ 22,9 milhões no ano passado. A previsão da consultoria e-bit é de que o setor tenha um crescimento de 45% este ano, chegando a R$ 6,4 bilhões. O cartão de crédito é a forma de pagamento mais utilizada na internet, representando 68% das transações.’


TELEVISÃO
Suzana Uchôa Itiberê


Gene Simmons, o linguarudo do Kiss, é mesmo bonachão


‘Nos anos 70, Gene Simmons vestido a caráter para um show do Kiss era uma figura de dar medo. A língua enorme que saltava da boca enquanto cuspia sangue, as roupas negras com pregos metálicos, as botas de plataforma com saltos de garra e, por fim, a maquiagem que lhe dava feição diabólica. Com mais de 30 anos de estrada, ‘o demônio’ – apelido dado pelos fãs – abre as portas de sua casa na série Gene Simmons: Uma Família Jóia, exibida pelo canal pago A&E, sextas, às 21h30. Para quem pensou em uma nova versão de Os Osbournes, surpresa! Ao contrário de Ozzy, que virou um caco de homem de tanto se entupir com drogas, Simmons é um paizão avesso a cigarros e bebidas, do tipo exigente que checa o boletim e dá sermão aos filhos sobre os perigos do vício e o valor do trabalho.


Seus rebentos adolescentes, Nick e Sophie, nada têm dos chatinhos Jack e Kelly Osbourne. É a garota, por sinal, quem conta que o sangue que o pai usa nos palcos é uma mistura de framboesa com vinagre. A rotina na mansão em Beverly Hills é das mais comuns, e aí o charme da série. Aos 57 anos e dono de uma barriga proeminente, o roqueiro que diz ter dormido com mais de 400 mulheres se revela não só um pai careta, mas um cordeirinho submisso aos desejos de Shannon Tweed, a ex-coelhinha da Playboy com quem tem um ‘não casamento’ feliz há 23 anos. Há cenas curiosas de vídeos caseiros, mas pouco se fala dos outros integrantes da banda, que continua na ativa. A estrela é Gene e seu estilo bonachão.


Basta uma olhada em seu escritório, um verdadeiro santuário, para compreender que os 36 discos são apenas parte de um negócio milionário que inclui o licenciamento de mais de 2 mil produtos com a marca Kiss – de bonecos e máscaras a acentos sanitários e camisinhas. Simmons é um empresário incansável. Shannon até consegue levá-lo para uma temporada de esqui, mas, entre um tombo e outro, ele dá um jeito de se encontrar com o prefeito e de encomendar uma prancha de snowboard inspirada no grupo. Também adora gabar-se de projetos que vingaram, como o desenho Meu Pai É um Roqueiro, atração do Cartoon Network, e a Kiss Coffeehouse, aberta ano passado.


Em depoimentos mais pessoais ele relembra a chegada aos Estados Unidos, com 9 anos, ao lado da mãe, sobrevivente do Holocausto. Como experimentou a pobreza, se declara exemplo vivo do ‘sonho americano’ e cuida para que os filhos valorizem a fortuna que construiu. Seu cotidiano é cheio de humor, principalmente quando entra nas maiores frias em nome da fama. Em certa ocasião, se dispõe a passar o dia com um fã, mas não esconde o desaponto ao não se deparar com uma ‘gatinha’, mas com um gorducho que o leva para jogar minigolfe e ainda tenta lucrar em cima do ídolo. O episódio de hoje é um dos melhores da primeira temporada – a segunda já está confirmada. O casal vai a um spa e deixa Tracy, a irmã amalucada de Shannon, cuidando de Nick e Sophie. A mansão vira uma zona enquanto a viagem romântica de Simmons se transforma em pesadelo quando Shannon decreta greve de sexo até ele perder uns quilinhos.’


Cristina Padiglione


Medidas urgentes


‘Silvio Santos recria novela, jornal e metas


Silvio Santos mandou trocar o título da novela – de Maria Mercedes para Maria Esperança -, autorizando inclusive a regravação de uma série de cenas que já atribuíam à personagem de Bárbara Paz o nome inicial. Para evitar outras surpresas, ela agora só é chamada de ‘Maria’ em cena.


As incertas de Silvio Santos se multiplicaram nos últimos dias, sem poupar o jornalismo, a dramaturgia, a linha de shows ou o departamento comercial, que tem se esforçado para cumprir a gincana lançada pelo patrão: aumentar o faturamento, sem saber o que irá ao ar na semana seguinte.


Maria Esperança tinha previsão de estrear até o fim de fevereiro, mas, pelo andar da carruagem, a novela não sai antes de março.


No telejornalismo, a expectativa é ver Carlos Nascimento contracenando com Cíntia Benini, ex-Casa dos Artistas. Dos pilotos gravados para ‘popularizar’ o SBT Brasil, essa combinação de apresentadores é a mais cotada para vingar.


A esperança na Anhangüera é Daniela Beyrute, filha do patrão e nova diretora artística da casa, a quem os súditos de Silvio confiam mais sabedoria nos últimos tempos.


entre-linhas


A promessa da Net em devolver aos assinantes do pacote Advanced os canais BBC, TVE e TV5, tão logo eles aderissem à Net digital, foi só uma ‘promoção’ e já acabou. Não foi essa a informação que a direção da Net deu ao Estado quando procurada a se manifestar sobre a troca desses canais por sintonias de conteúdo inferior (como The History Channel e A&E).


Os assinantes do Advanced, da Net, que acessavam a TV5 e a BBC quando compraram o pacote, tiveram seus direitos tratados como favor (promoção?) e agora, se quiserem esses canais de volta, terão de pagar mais R$ 35 (além dos R$ 135 já cobrados) por mês.


Depois de Malu Mader, Lorena Calábria apresenta o especial Vida no Ventre: Gêmeos, do National Geographic Channel. Mãe de gêmeos, Lorena estará no NatGeo no dia 8 de março, às 21 horas.


Walter Silveira (ex-TV Cultura e Radiobras) é o novo diretor de operações da TV Educativa da Bahia e da Educadora FM, a convite do cineasta Pola Ribeiro. A idéia é regionalizar a programação, com conteúdo mais afro, visto que mais de 70% do que vai ao ar lá vem de outras TVs públicas.


A novela Vidas Opostas, da Record, ficou 11 minutos em 1.º lugar no Ibope em São Paulo, quarta-feira, graças a mais violência: o seqüestro de um ônibus, bem ao estilo do 174. Na faixa das 21h46 às 22h50, Vidas Opostas teve média de 18 pontos, 25% de participação e pico de 23 pontos.’


MEMÓRIA / OZUALDO CANDEIAS
Luiz Zanin Oricchio


Morre Candeias, papa do Cinema Marginal


‘Aos 88 anos, morreu o diretor Ozualdo Candeias, considerado um dos papas do cinema ‘marginal’. Candeias, que faleceu de insuficiência respiratória no Hospital Brigadeiro, era, talvez, o nome mais representativo do Cinema da Boca do Lixo, que se fez na região onde fica a atual Cracolândia, no centro de São Paulo, em especial na Rua do Triumpho. Seu primeiro longa, de 1967, tem o título-manifesto de A Margem. Depois prosseguiria a carreira com filmes como A Herança (1971), Caçada Sangrenta (1973), Manelão, o Caçador de Orelhas (1982) e As Belas da Billings (1987), entre outros. Concorreu no Festival de Brasília de 1992 com O Vigilante. Com mais de 70 anos na ocasião, foi à capital pilotando sua moto. Não andava de avião.


Candeias tinha o sentido da imagem. Era um intuitivo, pouco ou nada teórico, e havia aprendido a dirigir exercendo as várias funções do cinema, produtor, cinegrafista, continuísta. A experiência sempre teve precedência sobre a reflexão. Antes de chegar ao cinema, esse paulista de Cajubi foi office-boy, lustrador de móveis, metalúrgico, criador de cavalos em Mato Grosso e sargento da Aeronáutica. Quando começou a se interessar por cinema, comprou uma câmera de 16 mm e livros de técnica cinematográfica. Tornou-se autodidata, e a experiência na Boca do Lixo completou a formação.


Apesar disso, tinha uma sofisticação oculta que lhe permitiu adaptar Hamlet, de Shakespeare, sob o título de A Herança, sem diálogos, com temas e ambientação brasileiros e tocadores de viola fazendo as vezes de coro. Sua incorporação de tipos populares (com os quais conviveu) às tramas, seu desprezo pelo bom gosto, que chamava de ‘burguês’, e uma liberdade muito grande na hora de filmar o tornaram uma referência para cineastas tidos como ‘malditos’, como Rogério Sganzerla, José Mojica Marins e Carlos Reichenbach.


O Vigilante foi seu último longa. Como em todos os anteriores, seus heróis eram a gente do povo. No caso, bóias-frias que, sem grandes perspectivas no interior de São Paulo, vão tentar a sorte na capital. Caem na periferia da cidade, onde impera a lei do cão. Um deles se torna vigilante de uma empresa e descobre logo em seguida que pode trabalhar melhor por conta própria, ou seja, como ‘justiceiro’. Já em Manelão, um fazendeiro ajuda o protagonista a se curar de uma doença venérea e em troca exige que ele se torne pistoleiro.


Esses eram os temas e personagens preferenciais para Candeias, impostos talvez por sua visão de mundo. Nela, o forte come o fraco e este tem de se fazer de forte, ou esperto, se quiser sobreviver.


Candeias, que tinha uma visão bastante artesanal do seu trabalho e não aceitava o rótulo de primitivista, sempre colocou em primeiro plano os deserdados da existência. Atenta, a censura do governo militar não se deixou iludir pelo suposto caráter ingênuo de alguns dos seus filmes e os proibiu, como foi o caso de Caçada Sangrenta (1973). Médias-metragens como Zezéro e Candinho iam a contrapelo da euforia fictícia do governo militar e tiveram circulação quase clandestina, subterrânea.


Há alguns anos, o Centro Cultural Banco do Brasil fez uma revisão de sua obra e Candeias ganhou um catálogo caprichado, cheio de artigos elogiosos e referências eruditas. Era a redenção do ‘maldito’.’


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Folha de S. Paulo


Sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007


CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA
Ana Olmos, Guilherme Canela e Ricardo Moretzsohn


Classificação indicativa na democracia


‘ALEMANHA, Austrália, Espanha, Chile, EUA, Holanda, Portugal, Reino Unido, Suécia. Todas essas democracias possuem índices de desenvolvimento humano e de liberdade de imprensa bem melhores que os nossos. Adicionalmente, contam com sistemas de classificação indicativa mais sedimentados do que aquele hoje em vigor no Brasil. Sistemas estes que regulam os conteúdos veiculados pela televisão aberta ao definir as faixas etárias que deveriam -ou não- ter acesso a determinados programas e, paralelamente, os horários nos quais esses programas podem ser apresentados.


Em suma, a proteção dos direitos de crianças e adolescentes no contexto da programação das emissoras de TV aberta é uma das preocupações centrais dos modelos de classificação adotados por essas democracias.


Para a autoridade reguladora britânica, por exemplo, ‘conteúdos que podem seriamente impactar o desenvolvimento físico, mental ou moral de pessoas com menos de 18 anos não devem ser veiculados’.


Nesses países, é central ressaltar, o processo classificatório não gera polêmica. Primeiro, porque é amplamente aceito o fato de que regular os radiodifusores detentores de uma concessão pública -e, portanto, uma espécie de inquilino do espectro eletromagnético, propriedade de cidadãos e cidadãs contribuintes- é um dever e um direito do Estado. Segundo, porque se entende que a regulação democrática dos meios -incluindo a classificação indicativa- não tem absolutamente nada a ver com a prática de censura, ao contrário do que, não raro, propalam alguns indivíduos pouco conhecedores da temática.


Quando uma autoridade regulatória legítima sinaliza quais conteúdos audiovisuais são especialmente válidos para determinados segmentos populacionais -ou inadequados para outros-, ela deve ter dois objetivos primordiais: oferecer à sociedade a possibilidade de escolha consciente das programações de TV às quais terá acesso e proteger os direitos de todos os cidadãos e cidadãs, em especial os das chamadas minorias políticas (recorte social no qual crianças e adolescentes têm posição de destaque, pois são, ao menos legalmente, prioridade absoluta para o Estado e a sociedade).


O que está em questão, portanto, quando a relação entre o público infanto-juvenil e a regulação democrática dos meios de comunicação entra em foco é o reconhecimento, por nossa legislação, da ‘condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento’. Nesse sentido, classificar as produções de TV a partir de uma escala de horários e indicar publicamente qual o teor de seus conteúdos é também um importante instrumento de fortalecimento dos laços familiares.


Pais e mães ficam cada vez mais fora do lar, trabalhando. Crianças e adolescentes vêem cada vez mais televisão -é a segunda atividade a que dedicam mais tempo, logo após a escola.


E a TV, vale lembrar, não pode ser entendida como um simples eletrodoméstico. Ela tem produzido fortes impactos sobre a produção das subjetividades e identidades culturais, sobretudo em meninos e meninas. É por isso que podemos afirmar que a classificação indicativa também se configura como um instrumento pedagógico. Ao evidenciar as particularidades de cada programa que começa a ser veiculado, a classificação contribui para que os telespectadores façam uma opção: assistir ou não àquele determinado conteúdo. A tomada de decisão, necessariamente, implica algum grau de reflexão, o que pode ser um convite para uma relação mais independente e proveitosa com a ‘caixa mágica’, cabendo às famílias a palavra final. A liberdade, o maior de todos os direitos, enfim, estaria garantida. Redemocratizar o país é um processo, e não um truque. Assim, as vozes preocupadas com uma possível volta da censura devem ser ouvidas.


Entretanto, o debate precisa ser travado a partir do que efetivamente está sendo proposto pelo novo instrumento de classificação indicativa do Ministério da Justiça -que resulta de uma construção transparente, envolvendo as diversas partes interessadas, além de encontrar-se em plena consonância com os parâmetros utilizados nas sociedades mais avançadas do planeta.


Ou seja, não se trata de uma volta aos tempos obscurantistas, mas sim de um avanço fundamentado na democracia e no conseqüente respeito aos direitos humanos. Todos e todas devemos assumir nossas responsabilidades nesse processo -Estado, empresas, sociedade civil organizada, famílias. É isso que está em jogo.


ANA OLMOS, psicanalista de crianças, é especialista em neuropsicologia infantil. GUILHERME CANELA, mestre em ciência política, é coordenador de Relações Acadêmicas da Andi (Agência de Notícias dos Direitos da Infância). RICARDO F. MORETZSOHN, psicólogo, é ex-representante do Conselho Federal de Psicologia no Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional.’


MÍDIA & RELIGIÃO
Folha de S. Paulo


D. Cláudio critica evangelização da igreja


‘D. Cláudio Hummes criticou ontem em Roma tanto a Igreja Católica, pela dificuldade em manter fiéis, quanto o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, por seu suposto populismo. As informações são da Ansa, agência de notícias da Itália.


O ex-arcebispo de São Paulo e atual ‘ministro’ de Bento 16 na Congregação para o Clero disse durante palestra em uma universidade que ‘não se trata de lutar contra as seitas’, mas de entender por que os católicos não foram capazes de ‘conduzir até Jesus Cristo’ aqueles que batizaram.


‘É como se nossa evangelização tivesse sido feita pela metade’, afirmou ele.


Ainda em tom de autocrítica, d. Cláudio explicou por que a igreja tem de ser mais próximas de seus fiéis. ‘Já não será possível concluir com uma bela festa o período do anúncio do Evangelho e dizer àquelas pessoas que voltaremos a nos ver em cinco anos. Sabemos que essas mesmas famílias serão visitadas pelas seitas com um estilo próprio, feito também de ajuda material, a cada 15 dias.’


Chávez


O cardeal brasileiro disse que Chávez é ‘portador de proposta fortemente populista e ainda não está claro aonde vai parar’ e que ‘chegou até a ‘ressuscitar’ Fidel Castro que, de fato, se tornou uma espécie de guru em eleições na América Latina’.


No ano passado, quando recebeu Chávez no Vaticano, Bento 16 disse estar preocupado com a relação entre igreja e Estado no país. Pediu, em especial, que o venezuelano assegurasse que não haveria interferência nos meios de comunicação católicos do país. Chavéz acatou o pedido do papa.


Contudo, a relação do presidente com a igreja venezuelana não é boa: a igreja criticou o ‘socialismo do século 21’ e Chávez retrucou, no dia da posse, dizendo que o bispo Roberto Lücker, um de seus maiores críticos, ‘vai para o inferno’.


Ainda segundo a agência Ansa, D. Cláudio destacou a diferença entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Chávez. O cardeal afirmou que o brasileiro é ‘mais pragmático do que ideológico e é preciso não esquecer que no Brasil o capitalismo é muito ativo’.’


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Desde a manhã


‘De uma senhora, no telejornal ‘RJTV’:


– Eu estou chorando desde as seis da manhã. Foi a hora que comecei a ver na televisão e a chorar. É impossível você não chorar. É uma criança de seis anos, meu Deus do céu.


Na narração da Globo, mais tarde, ‘uma história de crueldade e covardia: o carro onde estava o pequeno João foi roubado, e o menino, arrastado por seis quilômetros. Quando o veículo parou, estava morto’.


Band e Globo falaram em ‘crime bárbaro’. Os sites de ‘O Dia’ e ‘Jornal do Brasil’ destacaram ‘barbárie’. Na Folha Online, à tarde, os relatos eram a primeira, segunda e terceira notícias ‘+ lidas’ pelos internautas.


CHICAGO É AQUI


Ecoou do chinês ‘Diário do Povo’, no site, ao americano ‘Christian Science Monitor’ o avanço no Rio das ‘milícias paramilitares’. A comparação é com a Colômbia ou, pior, com a Chicago de Al Capone. No dizer de Andrew Downie, correspondente do ‘CSM’:


– Como se a violência de gangues não fosse o bastante, existe um novo elemento, milícias com policiais fora do horário de serviço que desalojam os traficantes para instalar sua própria extorsão.


ETANOL, ETANOL


O americano ‘Washington Post’ deu longa reportagem sob o título ‘EUA buscam uma parceira com o Brasil em etanol’. Apesar de destacar o peso da nova alternativa ao petróleo, o jornal nota que ‘a iniciativa é mais do que puramente econômica’ e visa se contrapor a Hugo Chávez.


O espanhol ‘El País’, em sua reportagem sobre o tema, vai pelo mesmo caminho e sublinha como, ‘no Brasil, estão entusiasmados com o interesse dos EUA no etanol’.


PARLAMENTO OU CHIQUEIRO?


A ‘Economist’, como se diz, pegou pesado. Sob o título ‘Parlamento ou chiqueiro?’, a revista falou da ‘campanha fracassada para limpar uma legislatura manchada’. Em outubro, apesar de todos os escândalos, ‘os eleitores não se abalaram’ e reelegeram personagens como João Paulo Cunha. O texto, depois de mencionar Arlindo Chinaglia sem maior esperança, termina dizendo que ‘a tarefa mais difícil é proteger a democracia brasileira de si mesma’.


Na ‘Economist’, os muitos ‘filhos’ do casamento da TV com a internet


GLOBO VS. JOOST


Longamente no ‘Jornal da Globo’, na home page do G1, ‘o portal da Globo’, e pelas Globos todas se destacou a avaliação de ‘engenheiros do Google’, num evento na Holanda, de que a infra-estrutura da internet não tem como sustentar a transmissão de televisão com ‘a qualidade que os clientes desejam’.


A festa global não encontra eco, no entanto, na nova ‘Economist’. Sob os enunciados ‘A seguir’ e ‘O futuro da televisão’, a revista relata como os ‘chefes da indústria de TV têm mantido olhar nervoso’ sobre o Joost (acima), TV por internet criada pelos fundadores de Skype e KaZaA. E ouve um executivo do Joost, que avisa às redes que não se desesperem, porque seu sistema atual será respeitado.’


INTERNET
Folha de S. Paulo


Fundadores de YouTube ganham mais de US$ 700 mi com venda de site ao Google


‘Com a venda do YouTube, os criadores do o site de vídeos mais popular da internet ganharam ações do Google que hoje valem mais de US$ 700 milhões.


Chad Hurley e Steve Chen receberam, respectivamente 735 mil e 694 mil ações do Google, pessoalmente ou em um fundo em seus nomes. Ontem, as ações dos fundadores do YouTube valiam US$ 346 milhões e US$ 327 milhões, respectivamente.


O terceiro criador do site, Jawed Karim, que abandonou o negócio ainda no início, recebeu 137 mil ações do Google, que valiam ontem US$ 65 milhões.


Já o Sequoia Capital, o grupo de capital de risco que investiu US$ 11,5 milhões no YouTube, ganhou 941 mil ações do Google. Esses papéis equivaliam ontem a US$ 443 milhões.


Na época do negócio, em outubro de 2006, sabia-se quantas ações os investidores e os criadores do site haviam recebido. O montante foi divulgado na quarta pelo Google à comissão de valores mobiliários dos EUA.’


TELEVISÃO
Daniel Castro


MTV se opõe à Globo e apóia ministério


‘A MTV, emissora do Grupo Abril, começou ontem a veicular uma vinheta em que apóia a classificação indicativa de programas, ao contrário de todas as outras redes comerciais.


A vinheta é uma resposta à peça publicitária da Globo (também exibida no SBT) em que uma criança aparece com os olhos encobertos por várias mãos, numa defesa da idéia de que somente os pais devem dizer o que seus filhos podem ver.


Toda essa movimentação ocorre porque o Ministério da Justiça deve editar na próxima segunda uma nova portaria regulamentando a classificação indicativa. A portaria introduz um manual (que determina percentuais de violência, sexo e drogas que se pode exibir em cada horário) e cria dispositivos de punição ao não cumprimento da classificação.


Na prática, isso torna obrigatório o cumprimento de horários, o que hoje só pode ocorrer em caso de decisão judicial. Para a Globo, é a volta da censura.


A vinheta da MTV diz que ‘a televisão brasileira já fez coisas geniais mas também colocou diversas porcarias no ar’ porque ‘alguns profissionais são capazes de qualquer coisa na luta pela audiência’. Por isso, defende não só ‘a responsabilidade dos pais na educação dos filhos’, mas também a existência da ‘classificação indicativa de horários’ porque os ‘veículos de comunicação são os maiores responsáveis pelo conteúdo que exibem’.


VIROU ROTINA ‘Vidas Opostas’ voltou a bater a Globo no Ibope. Anteontem, mesmo juntando numa só transmissão jogos do Palmeiras, São Paulo e Santos, a Globo ficou sete minutos atrás da novela da Record.


DIVÓRCIO A Sony notificou o SBT reclamando que o programa de Celso Portiolli copiou parte do quadro ‘Jogo do Namoro’, do ‘Programa da Tarde’ (Record), do qual detém o formato.


DESFALQUE O argentino Victor Tobi, que exerce as funções de superintendente comercial do SBT, deixará a emissora em 31 de março, quando vence contrato que ele não quis renovar. Tobi irá para a Sony, em Miami, onde será vice-presidente de produção para a América Latina.


PATRÃO TOTAL No SBT, circula o rumor de que o cargo de Victor Tobi ficará vago e que os diretores de vendas e de novos negócios responderão diretamente a Silvio Santos _que na semana passada, pela primeira vez na história, comandou pessoalmente uma reunião com 35 profissionais da área comercial.


SEGURO AUDIÊNCIA 1 Na reunião, Silvio Santos anunciou a oficialização no SBT da ‘garantia de audiência’. A partir de março, os intervalos serão vendidos com a promessa de que os programas darão no mínimo a mesma audiência que registraram em janeiro.


SEGURO AUDIÊNCIA 2 Se derem menos, o anunciante terá direito a compensar os pontos que faltarem com nova exibição do comercial.’


MEMÓRIA / OZUALDO CANDEIAS
Folha de S. Paulo


Morre o cineasta marginal Ozualdo Candeias, 88


‘Morreu ontem à tarde, em São Paulo, de insuficiência respiratória, o cineasta Ozualdo Candeias, 88, um dos nomes decisivos do cinema marginal brasileiro. Ele sofria de câncer na próstata havia cerca de um ano e estava internado no Hospital Brigadeiro desde a última sexta-feira. O corpo é velado desde a noite de ontem na Beneficência Portuguesa e deverá ser cremado no fim da manhã de hoje, na Vila Alpina.


Filho de um imigrante português, ele nasceu em 11 de novembro de 1918, em Cajubi, interior paulista. Antes de descobrir o cinema, em 1963 -ao assinar, com José Mojica Marins, o roteiro de ‘Meu Destino em Tuas Mãos’-, foi recruta do Exército, voluntário da Aeronáutica e caminhoneiro, passando por São Paulo, Rio, Pernambuco e Mato Grosso.


Foi novamente com Mojica que Candeias estreou na direção, como assistente do amigo em ‘À Meia-Noite Levarei Sua Alma’, em 64. ‘O cinema artesanal, independente e marginal perde o seu carro-chefe intelectual’, disse Mojica.


Candeias começaria de fato a chamar atenção três anos mais tarde, com ‘A Margem’, olhar desolado sobre os esquecidos ribeirinhos do Tietê. Em seguida, vieram um segmento do filme coletivo ‘Trilogia de Terror’, ‘Meu Nome é Tonho’ e ‘A Herança’, transposição de ‘Hamlet’ para o interior brasileiro. ‘Ele era único no cinema brasileiro. Representava, no meio, o que Bispo do Rosário era para as artes plásticas. Violentava a linguagem, era visceral’, afirmou o escritor e cineasta João Silvério Trevisan, que dirigiu o Candeias ator em ‘Orgia’ (70).


Para o diretor Eugênio Puppo, que organizou uma retrospectiva da obra de Candeias em 2002, em São Paulo, o paulista foi ‘um legítimo representante do cinema de autor, irreverente e brilhante’. Já o secretário municipal de Cultura de São Paulo, Carlos Augusto Calil, que já presidiu a Embrafilme, destacou a ‘postura existencial, não apenas estética ou ideológica’ do cinema de Candeias. ‘A sua coragem para lidar com a alta cultura sem reverência era notável’, observou.


Em homenagem ao cineasta, o Canal Brasil reapresenta, entre segunda e terça da semana que vem, ‘A Freira e a Tortura’, ‘Trilogia de Terror’, ‘Caçada Sangrenta’ e ‘Candeias – Da Boca pra Fora’.’


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