Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A mídia também é responsável

O Planeta Terra vai mal. As catástrofes a que assistimos freqüentemente na TV são produto das maldades que o homem comete contra a natureza. Recebemos um paraíso, é bem verdade que faz tempo, e estamos deixando um lugar maltratado de tudo o que não presta. A poluição é geral. Jogamos imundícies nos rios, praias e mar e, não satisfeitos, contaminamos o ar através das fábricas e dos produtos saídos das fumaças das chaminés. E o que tem feito a mídia?

Há queima indiscriminada em imensas áreas da Amazônia, nas quais foi encontrado até um cemitério de árvores centenárias. As aves e outras espécies, algumas raras, estão desaparecendo e a paisagem fica mais pobre. Resultado: recebemos o troco em doses mortais, que provocam também prejuízos incalculáveis aos que são atingidos pela fúria da natureza, que se sente agredida. O fenômeno conhecido como efeito-estufa é o responsável pelo aumento da temperatura global, eis por que reclamamos a todo instante do calor que nos incomoda. Essa camada tóxica acima da nossa cabeça não tem como devolver os gases venenosos ao espaço. Eis o drama, pelo qual pagaremos caro. Como evitar agravar-se a situação? Parando de bombardear a atmosfera com dióxido de carbono, metano e óxido nitroso.

Idéias geniais

Cientistas de todo o mundo, trabalhando para a ONU, estão preocupados com o problema. A solução gastará uma soma incalculável em dinheiro da sociedade internacional. Quem pagará a conta? A vida, que não anda boa, vai piorar. Os planos já elaborados parecem esquisitos e difíceis de compreendermos. Vamos ter, para começar, de desfazer o que se acha feito. Substituir trezentas usinas termelétricas atualmente planejadas no mundo por usinas nucleares. A estratégia é trocar o carvão pelo átomo. Enterrar sucatas e derivados de gases tóxicos, o gás que gera o efeito-estufa. Pergunto: onde? Quem oferecerá o quintal para esse tipo de operação?

Os planos são mirabolantes, caros, cinematográficos, mas, há quem afirme ser a saída para salvar o Planeta Terra o nosso ‘Planeta Azul’, tão bem definido pelo astronauta Yuri Gagarin. Eis outras idéias saídas da genialidade dos cientistas, alguns, detentores do Prêmio Nobel: colocar no espaço trilhões de pequenos discos espelhados de 60 centímetros cada um para desviar parte dos raios solares que atingem a Terra. Para os que adoram um espelho, afastem a idéia de usá-los para fins triviais. Pensem o que seja colocar um guarda-chuva no espaço, para bloquear os raios solares que chegam até nós. Não estou inventando nada. Reproduzo o que li, ouvi nos jornais, revistas e televisão. Há quem defenda a missão de espalhar enxofre na atmosfera. Um outro mestre da ciência quer adicionar ferro aos oceanos para proteger as riquezas submarinas. Por último há quem considere ideal pulverizar as nuvens sobre o oceano com gotículas de água salgada, para refletir sobre os raios solares.

O apocalipse anunciado

A situação se agrava. Precisamos, com urgência, oferecer um gesto de solidariedade. Façamos alguma coisa, para minorar os problemas que avançam. Há uma poetisa, Tayane Rangel, que localizei nessa selva de civilizados e bárbaros que é a internet. Ela quer formar um exército anônimo e ativo, disposto a pintar o Planeta Terra com apelo feito através da sua poesia cativante, sensível e realista. Veja o seu grito de alerta:

A terra chora, desbota, falece / O verde queima e arde em vermelho / A água turva em cinza e chumbo / Os ventos gritam enfurecidos / As forças da natureza unidas em desequilíbrio protestam / A terra precisa de um abraço de amor / O planeta precisa voltar a ser azul.

A mídia tem parcela de responsabilidade pelo apocalipse anunciado. Só agora passa a preocupação para o público. E isto porque fala-se como verdade que o Pólo Norte poderá desaparecer e, com o derretimento das geleiras, a hecatombe será inevitável: a água para beber, difícil; o calor aumentará de 5 a 8 graus centígrados; sem a Amazônia, então, o mundo não será o mesmo. Precisamos divulgar o problema, tanto quanto as tragédias, mesmo que a audiência não seja a mesma. Depois, não digam que o Planeta Terra não avisou.

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Jornalista e ex-professor de Comunicação da UFMA