Dentre as muitas estreias deste verão na televisão, podemos destacar a do reality-show Mulheres Ricas, que teve seu último episódio exibido no último dia 5 de março, pela TV Bandeirantes. O formato é produzido pela Eyeworks/Cuatro Cabezas, produtora já de bastante prestígio na emissora, devido ao sucesso do Custe o Que Custar (CQC) e, mais recentemente, o talk-show Agora é Tarde. O programa contrasta com a realidade da maioria massacrante dos brasileiros, mostrando mulheres ricas esbanjando dinheiro e ostentação, estrelado por Brunete Fraccaroli, Val Marchiori, Lydia Sayeg, Débora Rodrigues e Narcisa Tamborindeguy.
Em primeiro lugar, é evidente que pelo que a atração se propunha a mostrar, era bastante óbvio que muitas pessoas iriam dizer que o programa é fútil. E muita gente disse. É verdade, é fútil. Mas… O que não é? Estamos cercados de futilidades e na televisão não é diferente. Muita gente que critica o Mulheres Ricas deve ser um telespectador assíduo de Big Brother e deve achar o máximo bisbilhotar pessoas que nunca viram na vida. E ainda por cima perder tempo (e até dinheiro) votando e discutindo por essas pessoas. Ou deve achar super legal ficar vendo um programa como aquele que o SBT exibia até pouco tempo atrás, o Quem Convence Ganha Mais, onde o palco se tornava um bate-boca generalizado, um baixo nível total. A hipocrisia rola solta.
Chover no molhado
Esse “show de realidade” da Band conseguiu o que queria, que era gerar comentários, repercussão. A atração não passou despercebida. Bem ou mal, mas ainda sim, repercutindo. Agora, é claro também que aquilo ganhou tons caricatos. Muita coisa forçada e extravagâncias surreais, como frases da socialite Val Marchiori que disse, no primeiro episódio, que comprar um avião de R$ 30 milhões é como comprar blusa, ou de que ter um cabeleireiro 24 horas por dia é a realização de um sonho das mulheres – bom, esta última, pode ser, de fato, um sonho para muitas.
Uma das missões da televisão é entreter. E Mulheres Ricas, apesar de todos os excessos que cometeu, conseguiu, de certa forma, fazer isso. E, futilidade por futilidade, francamente, temos produtos bem piores, mas é mais fácil bater nesse tipo de programa, por conta do poder aquisitivo da maioria da população. É chover no molhado.
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[Thiago Forato é jornalista, Ribeirão Preto, SP]