Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Paulo Rogério

“‘Não posso consertar nada, mas tenho obrigação de denunciar tudo’ – Chico Anysio, humorista

Um caderno especial com oito páginas marcou a cobertura do O POVO sobre a morte do humorista Chico Anysio. Não podia ser diferente para um dos cearenses mais famosos da história. O jornal optou na edição de ontem em sair da factualidade, já bem explorada por sites e tevês, para levar ao leitor bons textos de análise. E caprichou na criatividade. Principalmente na capa do Especial, com a fotografia dos personagens criados por Chico Anysio formando o rosto dele.

O trabalho envolveu outros bons recursos como o uso da sobrecapa e a charge (Clayton Rebouças) ilustrando a manchete. Há algumas pequenas ausências, como a história dos filhos, os bordões, os casamentos – como o mais polêmico deles com a ex-ministra Zélia Cardoso de Mello. Mas nada que comprometa a ótima cobertura que traz uma das marcas do jornalismo do O POVO: a ousadia.

O Portal O POVO Online foi um dos primeiros a noticiar o falecimento de Chico Anysio, às 14h59min, sete minutos após a morte oficial. Como novidade disponibilizou download de entrevista feita com o humorista pela rádio O POVO/ CBN, em 2008. Ficou devendo, neste primeiro momento, no quesito vídeos – optou por fotogalerias – e nas pautas o que complementaria o trabalho do jornal impresso.

Capítulos desnecessários

O jornal abriu a manchete da edição de terça-feira com uma grave denúncia: as eleições no Ceará estariam ameaçadas pela falta de juízes em 61 cidades. A matéria baseou-se em afirmações do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seção Ceará, Valdetário Monteiro, de que magistrados da Justiça Comum atuariam como juízes eleitorais, acumulando atuação em vários municípios. O que se esperava era que o outro lado da denúncia – o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) – fosse ouvido como manda uma boa apuração e respondesse questões básicas: Falta mesmo juiz eleitoral? Como foi organizado o último pleito municipal? O que será feito agora?

Não foi o que aconteceu. O jornal ouviu somente o Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJCE). A versão do TRE sairia dois dias depois: não há ameaça. Uma informação que poderia ter sido dada ao leitor – e ao presidente da OAB – logo no primeiro dia, sem outros capítulos desnecessários. O editor executivo do Núcleo de Conjuntura, Gualter George, concorda que o outro lado poderia ter sido procurado inicialmente. ‘Porém, a falha foi reparada pela decisão de manter o assunto em pauta, abrindo-se espaço para as manifestações da Justiça Eleitoral nos dias seguintes.’

Espaço perdido

O leitor Wanderberg, do bairro Colônia, criticou a ligação que o jornal fez na cobertura do assalto ao Bradesco, na editoria Fortaleza, com matéria sobre segurança no pagamento de salários, em Economia, na edição de quarta-feira. ‘Os textos sobre o assalto estão bons, sem apelação, mas não vi nada que relacionasse um assunto com o outro’ observou.

De fato, O POVO fez uma boa cobertura de textos e imagens, humanizando a pauta sem ser piegas.

O jornal acertou ao indexar assuntos. O único exagero, a meu ver, foi publicar meia página para uma foto posada da empresária entrevistada. ‘Era uma foto tecnicamente boa, cuja plasticidade contrastava com a dureza do assunto. Poderia ter ido menor? Poderia. Algo grave? Não’ alegou a Chefia de Redação. Sim, fotojornalismo é informação, não beleza plástica. É ótimo quando ambos andam junto, o que não foi o caso.

Esquecido pela mídia:

Execução do ambientalista Zé do Tomé, em Limoeiro. Mistério fará dois anos em abril.

FOMOS BEM

DOSSIÊ PECÉM

Reportagem revelou estrutura atual e analisou perspectivas para o futuro

FOMOS MAL

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