Os comentários que acompanham as matérias publicadas no site do Washington Post são, muitas vezes, uma selvageria vinda de partidários de todos os lados. A confusão é grande, até porque os comentários são anônimos e quem é barrado por ter infringido as regras do jornal acaba voltando com um novo pseudônimo. Ainda assim, comenta o ombudsman Patrick Pexton, trata-se de um lugar para liberdade de expressão.
Há um mecanismo de correção e reunião de informações em tempo real no sistema de comentários. Nos minutos e horas depois do terremoto e tsunami no Japão, no ano passado, alguns leitores que fizeram comentários online sabiam mais sobre os riscos da tecnologia de energia nuclear do que os próprios repórteres do Post. Alguns se tornaram fontes de futuras matérias.
Trata-se de um novo tipo de jornalismo de conteúdo – e é popular. No Post, são quase 800 mil comentários por mês e há um número cada vez maior de matérias que geram mais de cinco mil comentários. É parte do esforço do jornal para aumentar o “engajamento” dos leitores, a noção de que eles devem se sentir parte da “comunidade” do Post.
Liberdade de expressão
O diário aumentou o monitoramento dos comentários nos últimos meses e está aplicando suas regras de maneira mais rígida. Como resultado, Pexton tem recebido menos reclamações sobre abusos e ameaças online. Entretanto, o Post não deve exagerar na moderação – como um leitor de Wilmington convenceu o ombudsman. Ele relembra um episódio em uma matéria sobre o presidente Barack Obama, em que um leitor postou o comentário: “Qualquer branco que votar de novo em Obama é louco”, quando o outro, de Wilmington, respondeu: “Obrigado pelo conselho, ralé racista”, para, logo em seguida, reconsiderar o que escreveu. “Quando eu digitei ‘ralé’, eu pensei que não era legal e que o Post teria motivo para remover meu comentário. Mas como eu achei o que ele falou tão odioso, quis correr o risco. Quando minha resposta foi postada, entretanto, o post original já havia sido removido. Claramente, para o Post, ‘branco’ era mais ofensivo do que ‘ralé’”.
O leitor alega que não concorda, de maneira nenhuma, com o comentário racista do primeiro, mas defende que a Constituição dá aos cidadãos o direito de dizer o que pensam. Assim, ele sugeriu ao jornal uma moderação mais leve. “O nosso país deve ser um mercado livre de ideias e o Post compartilha desta tradição”, escreveu.
O sistema de comentários do Post não é perfeito e tem problemas técnicos que precisam ser aprimorados. A ferramenta que identifica quem “comenta mais” é inconsistente. Mas no que se refere à gestão dos comentários, as discussões tendem a ser influenciadas pelas inclinações dos moderadores.
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