“‘O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se.’ Vinícius de Moraes
‘Um caderno bonito. Uma capa primorosa. Um trabalho de primeira. Parabéns!’. O recado foi deixado pelo leitor Ricardo na secretária eletrônica do ombudsman – ainda retornei a ligação, sem sucesso. O elogio, porém, precisa ser registrado. Dificilmente um leitor tem gesto semelhante. Geralmente as manifestações são de crítica, de ironia. E o especial ‘A cidade das delicadezas’, publicado sexta-feira em referência aos 286 anos de Fortaleza, merece aplausos não só pela qualidade dos textos, planejamento, imagens e boa concepção gráfica, mas, principalmente, pela escolha do tema.
Nossa capital permanece com os mesmos problemas de trânsito, educação, desrespeito ao meio ambiente e amnésia histórica. Não é diferente de outras. Mas ao escolher ‘outro olhar’, a chamada pauta positiva,
O POVO conseguiu uma cobertura diferenciada, profunda, de amor à cidade. E o melhor: conclamou os leitores a interagirem com a pauta através de fotos. Imagens que formaram o mosaico utilizado como capa do jornal. Uma grande ideia.
Efeito multiplicador
A editoria Brasil deixou a leitora Givanilda surpresa e indignada ao ler a manchete ‘Criança ingere ácido em hospital por erro de enfermeira’, publicada na edição da última quinta-feira. Surpresa pelo equívoco ao informar que a falha partiu de uma enfermeira, quando na realidade foi de uma técnica de enfermagem. E indignada pelo constrangimento profissional criado. ‘Principalmente vindo de um importante meio de comunicação que deve esclarecer a população e não confundi-la’. Adriana Alencar, também enfermeira, criticou o desconhecimento do redator. ‘O técnico é quem aplica os medicamentos!’.
O fato de o jornal ter recebido a informação via agência de notícia – no caso, a Agência Estado – torna difícil detectar alguns erros. Esse é um deles pelo quesito apuração. Justifica, mas não explica. Há outros erros, entretanto, que não têm como explicar. Também em Brasil, três dias antes, o jornal publicou material enviado pela Folhapress definindo como ‘escócia cerebral’ a falta de oxigênio no cérebro de um ator que sofreu acidente. ‘O correto é anóxia’, lembrou o leitor Marcelo Gurgel. Bastava um pouco de atenção ou uma consulta ao dicionário para não ser engolido pelo erro alheio.
Milagres do título
Encontrar o título ideal é o desafio diário do editor. Além dos obstáculos com espaço, fonte e informação, é preciso torná-lo atraente. Para o leitor Carlos Martins, essa preocupação tem provocado alguns ‘exageros’. E justifica a crítica diante do título ‘Bar afirma que cumpre lei de poluição sonora’, publicado em Fortaleza, dia 11. ‘Por acaso tem uma gravação do bar dando declarações?’ ironizou ele, com razão. Seria um ‘milagre’ o bar ter falado. A afirmação foi dada pelo advogado do proprietário do bar. No dia seguinte, em Ceará, outra pérola: ‘Mercado Público conclui reforma’. Ou seja, o mercado virou agente ativo, concluindo a própria repaginada, rebocando, pintando. O correto seria ‘Concluída reforma em Mercado Público’. Bingo!
Desserviço
Há casos em que o título até está correto, mas a matéria peca pelo desserviço. No domingo (8), a editoria Ceará manchetou: ‘Ministério Público quer demolir mansão em Canoa Quebrada’. Boa apuração com riqueza dos detalhes de impasse criado pela construção da casa em área de preservação permanente. Porém, o principal não estava lá: a foto da mansão. Utilizou-se uma imagem generosa de quase meia página do morro que simboliza a praia. A falha se repete em Veículos, dia 10. A manchete ‘Velocidade] Ao vivo no Eusébio’ é um convite ao leitor para acompanhar o Estadual de Automobilismo indo ao autódromo. O problema é que não há informação das provas nem das disputas. Não dá para ir assim…
Repeteco
Espaço é tudo em jornal. A luta entre repórter e editor para evitar um corte no texto é ferrenha. Diante disso, é de se estranhar a repetição constante de matérias nas edições do fim de semana. No domingo (8), por exemplo, Ceará publicou a matéria ‘Laboratório de Paleontologia da Urca cataloga material do período Jurássico’ que já havia sido utilizada seis dias antes na própria editoria. No mesmo dia, Tendências e Mundo repetiram texto sobre ‘Amor orgânico’. Uma como manchete e outra como Breves. Guardar matérias ‘frias’ é rotina na Redação. O problema é o leitor receber notícias repetidas por pura falta de comunicação dos editores.
ESQUECIDO PELA MÍDIA: Projeto de instalação do primeiro Porto Seco no Ceará?
FOMOS BEM
SUMIÇO DE ARMAS
Matéria mostra descaso das próprias autoridades com armamento público
FOMOS MAL
VÔLEI DE PRAIA
Cobertura de etapa do Brasileiro disputada na Praia de Iracema limitou-se a textos e fotos de assessoria”