Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Ação em nome da solidariedade

A luta contra a violência pressupõe uma cruzada a favor da solidariedade. Mais do que as ações do governo e as promessas dos legisladores, o dado capaz de reverter a hegemonia do crime é a resposta firme da comunidade.


O gesto de João Cândido Portinari, filho do nosso maior pintor, ao abrir mão dos direitos autorais de cinco mil obras desde que utilizadas em mensagens contra a violência, começou com um e-mail dirigido a duas mil pessoas. Logo se converteu em notícia no Globo de segunda-feira (19/2) e, na quinta (22), ganhou a primeira página do Estado de S.Paulo. Alguém se mexeu e algo se moveu.


No receituário para combater o crime raramente aposta-se na vontade coletiva dos ameaçados pelo crime. Fala-se muito em cidadania, mas cidadania pressupõe um Estado de Direito – estágio político que, reconheçamos, ainda estamos longe de alcançar.


Comunidade é algo mais simples. Comunidade é filha dileta da comunicação. São palavras com a mesma raiz – indicam comunhão, identidade, afinidade.


A sociedade brasileira finalmente assumiu que está dominada pelo medo. Não é medo físico, mas medo do que nos espera se ficarmos quietos e calados. Este medo não tem sido aplacado pelos governantes, está sendo aplacado por aqueles que resolveram se juntar.


Estamos diante de uma outra inclusão, definitiva, articulada pelo nome mágico de Candido Portinari.