Qualquer assunto minimamente controverso tratado no New York Times acaba se transformando em uma discussão filosófica e esotérica, comenta, em sua coluna [5/5/12], o ombudsman Arthur S. Brisbane. O tema “comida”, por exemplo. Outros jornais e sites publicariam informações sobre restaurantes, receitas e dietas. O NYTimes também o faz – mas, além disso, escreve sobre a ética de comer.
Na revista de domingo do dia 6/5, o NYTimes anunciaria o vencedor de um concurso de artigos iniciado há algumas semanas por Ariel Kaminer, que escreve a coluna “The Ethicist”. Participaram três mil pessoas, que responderam à questão de Ariel sobre “por que é ético comer carne?”. Quase 17 mil pessoas votaram no artigo preferido entre seis finalistas escolhidos por jurados que eram, nas palavras de Ariel, “os mais influentes pensadores a questionar ou condenar o ato de comer carne”.
Ariel explica que decidiu realizar o concurso porque vegetarianos e veganos frequentemente explicam suas posições de maneira ética, mas o mesmo não acontece com quem come carne. “Comida e animais são dois temas com os quais nossos leitores mostraram que se importam muito, por isso achei que seria divertido convidá-los para falar de um tema que seus amigos onívoros ignoram há muito”, disse.
A competição, como era de se esperar, gerou polêmica. Logo que foi lançada, ela teve grande repercussão entre blogueiros, comentaristas e leitores que escreverem para o ombudsman para levantar questões sobre cada lado do tema. Para Linda Cork, professora de medicina comparativa da Universidade de Stanford, por exemplo, faltou equilíbrio no concurso e na declaração da colunista de que os onívoros têm de responderàs críticas éticas feitas por vegetarianos e veganos. “Por que as críticas de vegetarianos e veganos são ‘éticas’ ou ‘poderosas’? Podem ser para ela, mas não para mim e para outros leitores. Um esquimó do Alasca teria problemas em ser vegetariano. Nômades que vivem em climas áridos sobrevivem porque seguem seus rebanhos de pequenos ruminantes, que podem converter a celulose não digerível de grama e mato em produtos que humanos podem digerir. Eles não são éticos?”.