A mídia calou-se diante das evidentes marcas de torturas nos dois primeiros acusados do bárbaro crime de uma criança de 6 anos no Rio de Janeiro por se sentir acuada diante da forte pressão da opinião pública?
Poucos meios de comunicação atreveram-se a citar tal fato. Pior, como relata o repórter Mario Hugo Monken, da Folha de S.Paulo, em matéria de 14 de fevereiro, integrantes de equipes de televisão chutaram os acusados no momento da apresentação dos mesmos pela polícia.
A imprensa perde a oportunidade de denunciar a prática de tortura em presos sob a tutela da Secretaria de Segurança Pública para obter confissões recorrendo a meios tão bárbaros quantos aos atos cometidos pelos criminosos. Perde também a oportunidade de cobrar da polícia a aplicação de meios legais através de seus serviços de inteligência para a elucidação de crimes.
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Os três temas colocados na última urna do OI são muito restritivos. Aliás, todos os temas têm sido assim. A urna deveria ser repensada. Votei no tema ‘violência’, mas gostaria que ele fosse tratado de forma muito mais profunda do que a que vem sendo feita pela imprensa em geral. É necessário analisar o conjunto de medidas práticas em vários âmbitos, desde o resgate das famílias como ponto de partida para a formação de valores, passando pela total reformulação da educação, de novos indicadores de sucesso econômico e social tanto das pessoas como das empresas, e indo também aos valores que definem a forma de atuar do judiciário e do sistema penal, saindo do valor da vingança e dirigindo-se para a recuperação social dos penalizados. Se não for assim, a imprensa permanecerá sensacionalista, buscando apenas ‘audiência’ mórbida. (Tarcisio Cardieri, consultor, Cotia, SP)
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A quem interessa certas notícias? Não sou jornalista, sou apenas uma ouvinte e espectadora, mas fico muito indignada com as notícias que a imprensa acaba passando para o público e que só interessa aos bandidos. Canso de ver na TV repórteres entrevistando policiais ou alguém da Justiça, mostrando como são os mecanismos de segurança dos banco, aeroportos , rodoviárias e vias em geral. Acabam dando dicas preciosas às pessoas mal-intencionadas.
Hoje (quinta, 22/2) foi a gota d´água: pela manhã, ouvi na Rádio Bandeirantes uma pessoa que devia ser policial, que ao ser entrevistado por um repórter disse que iriam dar um ‘batida’ no corredor da Av. Santo Amaro revistando os motoqueiros que assaltam no centro da cidade e levam o produto do roubo para uma favela X. Outro dia, um outro policial mostrava as câmeras existente na Rua 25 de março.
Gostaria que esse assunto fosse discutido num programa do Observatório da Imprensa, inclusive esclarecendo se a imprensa é ou não obrigada a dar dicas a malfeitores. (Cecilia Passos, professora, Guarulhos, SP)
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Gosto muito de ouvir o programa radiofônico do Observatório da imprensa, mas me chama a atenção a absoluta falta de atualização (compreendido que só ouço isso de jornalistas experientes, logo, um repete o erro do outro) sobre assuntos de ordem científica: o pulmão do mundo não é a Amazônia. Pelo amor a ela e a nós, coloquem-na no lugar certo. Pulmão do mundo são as algas marinhas que produzem de fato a maior parte do oxigênio do planeta. Amazônia, qualquer pesquisador do INPA ou do Museu Goeldi pode esclarecer, é banco de dados genéticos, é bolsão de ar quente que impede o desequilíbrio térmico entre os dois hemisférios e tantas outras razões já comprovadas. (Cristina Pape, professora universitária, Rio de Janeiro, RJ)
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No dia 16 de fevereiro foi publicada pelo Diário da Região, jornal da região de Osasco, matéria referente a um acidente no qual meu primo estava envolvido. Expressamos nosso repúdio à matéria, que não é fiel de maneira alguma à realidade dos fatos.
Primeiro, o jornal coloca como imprudência a razão do acidente, e isto apenas a perícia pode afirmar. Lógico que, ao final, isso é colocado, mas os senhores sabem que o que fica latente é a manchete. E esta cita que o carro chocou-se contra o caminhão e não foi o que ocorreu. O caminhão chocou-se contra o carro, jogando-o para a calçada. O carro estava na pista da direita e a própria foto que estampa a matéria mostra isso. A matéria cita apenas duas pessoas envolvidas e havia quatro: meu primo, a mulher (que está grávida), meu afilhado de dois anos e minha tia, que se estivesse do lado da batida teria a cabeça atingida.
A matéria cita que eles ficaram no carro até a chegada da SAMU, e não foi o que ocorreu. Meu primo saiu primeiro e foi avisado que o caminhão estava ligado, pois o motorista tinha fugido. Ele desligou o caminhão, ajudou minha prima e tia a saírem do carro, os primeiros a chegarem foram o SAMU e depois a ROCAM, fatos estes invertidos pelo jornal. O carro estava perfeitamente estável e assim ficou até a chegada dos peritos. Manifestamos nosso repúdio por matérias que sequer procuraram os envolvidos para divulgar os fatos e, como cita o Observatório de Imprensa, ‘o produto jornalístico é, inquestionavelmente, um serviço público, com garantias e privilégios específicos previstos em vários artigos da Constituição, o que pressupõe imperiosas contrapartidas em matéria de deveres e responsabilidades sociais’.
E por entendermos dessa maneira, pedimos a ajuda aos senhores para obter do jornal a retratação, com igual destaque, pois essas declarações em uma cidade grande com ares de pequena, onde todos se conhecem e muitos nos procuraram para comentar a matéria, acaba com a moral da pessoa que já está desempregada, lutando por uma vida melhor, com um filho por vir, lutando para recuperar a auto estima, e de maneira alguma cumpre com a função social que é imposta ao meio de comunicação. (Erika Giaj-Levra, economista, Osasco, SP, em nome das famílias Giaj-Levra, Flores de Araújo, Lefort e Cesarano)
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O jornal gaúcho Correio do Povo publicou, em 27/01/07, charge que ridiculariza a consciência negra. Vejam a charge no meu álbum de fotos no orkut. Mandei vários e-mails para o Correio do Povo (correio@correiodopovo.com.br), mas eles não me responderam. Vamos mostrar que não concordamos com esse tipo de discriminação. Se você concorda comigo, recorte a mensagem abaixo e mande para o jornal (correio@correiodopovo.com.br):
Ao Jornal Correio do Povo
Os abaixo-assinados, brasileiros, solicitam da Empresa que responde pelo referido jornal, o esclarecimento e retratação pública quanto à charge racista veiculada no dia 27-01-07.
Manifestamos nossa indignação e vergonha por existir jornal que veicule charges racistas e discriminatórias. O fato ocorreu no dia 27 de janeiro desse ano no caderno ‘Folha da Tarde’. Na página 8 consta de uma charge feita pelo ‘Amorim’ que tem caráter racista e que ridiculariza todo um movimento que luta para reduzir a discriminação para com os negros.
A tal charge é de péssimo gosto. Basta de discriminação! A mídia está deve dar exemplos bons; não vergonhosos.
(Ricardo Cazanova, Porto Alegre, RS)
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Volta e meia, o colunista de Veja André Petry se aproveita de sua coluna (verdadeira torre de marfim) para destilar seu ódio contra aqueles que ele chama de ‘fundamentalistas religiosos’. Na edição de 28 de fevereiro, seu artigo traz o título ‘Sexo, não. Câncer, sim’, e afirma que é um ‘desvio típico do fundamentalismo religioso’ o ‘fato’ de as pessoas que têm fé não se contentarem em viver segundo seus dogmas; ‘precisam que a humanidade inteira o faça’.
Petry faz vista grossa à lista de atividades levadas avante pelas organizações religiosas em favor dos menos favorecidos (tema curiosamente quase sempre ausente na mídia). E parece ignorar o fato de que a imensa maioria dos cidadãos de fé é constituída de gente honesta, ordeira e respeitadora. Não é justo que ele condene todos os crentes pelo fato de haver aqueles que não concordam com a utilização de preservativos ou vacinas anti-HPV. O que a Bíblia ensina é a pureza e a fidelidade na vida, incluído aí o aspecto sexual. Que mal há nisso? Para os de mentalidade cético-liberal, como Petry, isso significa ‘fundamentalismo’.
O colunista acusa os crentes de querer impor seus dogmas a toda a humanidade. Mas o que quer ele, com sua coluna de opiniões também tão dogmáticas? A postura dele é semelhante à do cético que é cético quanto a tudo, menos com o ceticismo. (Michelson Borges, jornalista, editor de notícias da Revista Adventista)
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Fiquei impressionado com a matéria ‘Kit ladrão é vendido livremente’ publicada no Estado de S.Paulo. Por dois motivos: primeiro, pela facilidade em se comprar tal artefato; segundo, pela publicação do passo-a-passo de como utilizar o kit. Será que falta tanta criatividade assim no jornalismo para que seja necessário ensinar como roubar veículos para criar matérias de interesse geral? Se o objetivo fosse denunciar problemas de segurança em veículos ou sobre a regulamentação da profissão de chaveiro, não seria necessário este passo-a-passo. Ainda bem que não foi sobre atos terroristas. Já pensou? O título da matéria poderia ser ‘Kit Bin Ladené vendido em SP’; e, na seqüência de fotos, ‘faça seu carro bomba ou o cinto bomba em 5 minutos’. (Natan Praxedes, assistente de arte, São Paulo, SP)
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Estudante, São José dos Campos, SP