A morte de filósofos não costuma merecer, hoje em dia, grandes espaços na imprensa brasileira. Os editores acham que vale o registro, porém nada além disto: o público não se interessaria por questões muito complicadas. Claro, com Sartre foi diferente não apenas porque ele foi um filósofo ‘midiático’, mas porque nossa imprensa, naqueles áureos tempos, era mais sensível às questões de cultura. Por isto, chamou a atenção o tamanho e o esmero dos necrológios de Jean Baudrillard publicados ontem no Globo e na Folha. Chamaram mais atenção ainda os preciosos 30 segundos do Jornal Nacional de terça-feira, onde Baudrillard foi apresentado com uma das credenciais maiores: a de implacável crítico da mídia e do consumismo.
É evidente que os veículos que publicaram os detalhados necrológios de Baudrillard não endossam as suas críticas, certamente discordam delas com veemência. Mas não puderam eximir-se da obrigação de lembrar o filósofo e, principalmente, a sua filosofia.
Foi uma homenagem à inteligência dos seus leitores e telespectadores. Pena que um jornal do porte do Estadão tenha sido tão econômico nesta homenagem à inteligência dos seu público.