Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Correio do Povo comprado
pela Igreja Universal


Leia abaixo os textos de quarta-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Quarta-feira, 14 de março de 2007


MERCADO EDITORIAL
Folha de S. Paulo


Igreja Universal compra o jornal ‘Correio do Povo’, do RS


‘Pouco menos de um mês após adquirir a TV Guaíba e as rádios Guaíba AM e FM, a Igreja Universal do Reino de Deus, do bispo Edir Macedo, fechou a compra do jornal ‘Correio do Povo’, o outro meio de comunicação de propriedade do grupo Guaíba, da família Ribeiro.


A negociação incluiu o edifício Hudson, no centro de Porto Alegre, onde desde 1946 funciona a Redação do jornal, que tem circulação de cerca de 150 mil exemplares.


Não há valores divulgados da compra, mas, no mercado, a transação envolvendo os quatro meios é calculada em mais de R$ 100 milhões.


O império de comunicação da Universal começou a ser erguido nos anos 80, quando Macedo comprou por US$ 45 milhões as três emissoras de TV da Record de São Paulo. A Receita Federal chegou a investigar o negócio, mas ele foi autorizado pelo Ministério das Comunicações.


Em 1995, a Record, que já possuía seis geradoras próprias de TV, passou a ter 14. Além disso, a Universal decidiu investir em mais duas novas redes de TV: a Rede Mulher e Rede Família.’


TV PÚBLICA
Elvira Lobato


Governo defende TV estatal para ‘mostrar suas idéias’


‘O ministro das Comunicações, Hélio Costa, afirmou ontem, para justificar a criação de um novo canal de TV estatal, que o governo precisa de mais espaço na mídia para discutir projetos de interesse público, como o biodiesel, do que os 30 segundos de que dispõe no noticiário das emissoras comerciais. ‘Fomos observando as dificuldades que o governo tem de mostrar suas idéias, de discutir diversos assuntos (…) Levei a proposta ao presidente’, enfatizou o ministro.


Em entrevista à Folha, Costa disse que a nova TV seria ‘menos chapa branca do que a Radiobrás’ e poderia até mesmo criticar o governo, ‘desde que a crítica fosse correta’.


Anteontem, ele expôs ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva as linhas gerais do que chamou de Rede Nacional de TV Pública do Executivo. O projeto tem custo estimado de R$ 250 milhões, em quatro anos, dos quais R$ 100 milhões seriam usados, no primeiro ano, na compra de equipamentos.


Ainda não há clareza, segundo o ministro, sobre a participação da Radiobrás, emissora estatal responsável pela divulgação das ações do governo federal, no projeto. A estatal tem um canal de TV aberto, em Brasília, chamado TV Nacional, e um canal executivo, transmitido pelas redes de TV a cabo, chamado NBR.


Sobre a declaração de Costa de que a nova TV seria menos chapa branca do que a Radiobrás, Eugênio Bucci, presidente da estatal, confirmou que há muitas passagens de ‘chapabranquismo’ na história da Radiobrás, até durante sua gestão, mas que a empresa superou bem os vícios do passado.


‘A Radiobrás não tem a pretensão de ser um modelo de jornalismo independente. Esse é um processo difícil de construir, e tem sido feito com humildade e sem presunção. Se Costa vai fazer uma comunicação menos chapa branca, só aplaudo’, respondeu Bucci, que disse não ter participado das discussões da nova TV. As TVs legislativas e os dirigentes das emissoras educativas também foram surpreendidos com o anúncio de Costa.


Extensão


Segundo o ministro, a nova TV será transmitida em sinal aberto e ocupará uma das freqüências (entre os canais 60 e 69) disponíveis em todos os Estados, para que a programação chegue a todo o país. A transmissão começaria no sistema analógico. A cobertura da Radiobrás, segundo Costa, se limita a 30% do território nacional.


Os recursos, em princípio, viriam do Orçamento da União, mas o ministro cogita dividir custos com as Assembléias e as Câmaras municipais, que compartilhariam a infra-estrutura para os canais legislativos.


A proposta coincide com a resolução do PT para a criação de uma rede nacional de TV. Costa, porém, sustentou que vinha desenvolvendo a idéia há meses, e negou que o projeto tenha sido pedido por Lula.


Um dos argumentos de Hélio Costa na defesa da nova TV estatal é o de que a privatização do Sistema Telebrás, em 1998, restringiu a possibilidade de o presidente convocar uma rede nacional de TV. ‘Antes da privatização, bastava ao governo pedir o link de satélite à Embratel. O governo não tem mais como ter um link imediato. Ou pede para as TVs ou pede para as companhias telefônicas. Até por segurança nacional, não se pode prescindir de uma rede pública’, declarou.


Para o ministro Luiz Dulci (Secretaria-Geral da Presidência), a nova TV estatal deverá ser, na prática, uma extensão da Radiobrás. ‘A minha opinião é que devem ser aproveitadas as estruturas de governo que já existem. Aliás, não são de governo, e sim do Estado brasileiro, que tem funcionários, estrutura, acúmulo de experiências que considero positivo’, disse.


Ministro que responde pela Radiobrás, Dulci defende a criação de uma rede nacional de TV que divulgue temas dispensados pelas redes privadas.


Colaborou a Sucursal de Brasília’


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Perfil: ministro já foi chefe da sucursal da Tv Globo em Nova York


‘Ministro das Comunicações desde 2005, Hélio Costa, 67, já comandou a sucursal da TV Globo em Nova York. No ministério, empenhou-se para aprovar o padrão japonês para as TVs digitais. Adversários de Costa o acusaram de agir em benefício da Globo. O padrão japonês favorece as emissoras; as telefônicas defendiam a implantação do padrão europeu, que as permitiria entrar no mercado da TV digital.’


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Para deputados, proposta exige ‘grande debate’


‘Deputados reagiram com cautela ao anúncio do ministro das Comunicações, Hélio Costa, de que o governo criará uma rede nacional de TV ao custo estimado de R$ 25 milhões. A maioria afirmou que a proposta ainda não está clara e que exigirá grande debate no Congresso.


Para o presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara, Julio Semeghini (PSDB-SP), o governo está na direção errada, embora a idéia possa ser útil. ‘Se vai gastar R$ 250 milhões, e acho que acabará gastando muito mais, é importante saber primeiro qual é o objetivo. O ministro está criando uma grande infra-estrutura sem deixar claro do que precisará. Quer se criar um canal sem saber o ministério que administrará o conteúdo, qual são os objetivos de conteúdo.’


Segundo Semeghini, a discussão deveria ter sido iniciada pelo formato editorial que terá a rede, não pela estrutura física.


O vice-presidente da comissão, José Rocha (PR-BA), elogiou a medida, mas afirmou que ela será fruto de grande debate entre os parlamentares. ‘Na medida em que você cria um sistema público, você terá a mesma diretriz, uma base legal para todas as estações, acho interessante unificar.’


O deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA) foi o mais crítico. No plenário da Câmara, disse que o projeto é autoritário. ‘O que está em jogo é uma crise da democracia. Os jornais hoje mostram algo horroroso, que o governo do PT pretende instalar uma rede nacional de televisão e rádio; quer, de forma mais ampla, profissional e autoritária, influenciar a mente das pessoas. É assim que se começa um regime autoritário.’


O ex-ministro das Comunicações Miro Teixeira (PDT-RJ) disse que pretende se informar primeiro dos detalhes do projeto. Mas afirmou que ‘unificar as diversas estações usadas pelo poder público pode melhorar a qualidade e reduzir custos’.’


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Projeto reflete desejo de aparelhamento do Estado, diz entidade


‘O presidente da Abepec (Associação Brasileira das Emissoras Públicas, Educativas e Culturais), Jorge da Cunha Lima, diz que há uma ruptura dentro do governo em relação à televisão pública.


Para Cunha Lima, o projeto do ministro Hélio Costa (Comunicações) reflete a posição de segmentos do governo favoráveis ao aparelhamento político do Estado. ‘Felizmente, não é esta a posição de todo o governo. Prevejo grandes crises.’ A proposta do ministro atropelou a discussão sobre o futuro da televisão pública no país, promovida pelo Ministério da Cultura, que realizará, em abril, o 1º Fórum Nacional de TVs Públicas no Brasil.


O Minc, a Radiobrás, as TVs educativas dos Estados, as TVs legislativas e as que se definem como do ‘campo público’, como as comunitárias e as universitárias, defendem o conceito de que a TV pública é a que tem autonomia de gestão e programação voltada para os interesses da sociedade, e não para os dos governantes.


O fórum é preparado desde o ano passado. Na última sexta-feira, diante de rumores de que setores do governo preparavam uma proposta de criação de uma rede nacional estatal, os organizadores enviaram uma carta a ministros pedindo que nenhum projeto nesse sentido fosse feito antes do evento.


A carta foi assinada pela Abepec, pela ABTU (Associação Brasileira de Televisão Universitária), pela Astral (Associação Brasileira de Televisões e Rádios Legislativas) e pela Abccom (Associação Brasileira de Canais Comunitários).


Hélio Costa diz defender que a nova TV tenha perfil semelhante ao da BBC, famosa por sua independência editorial em relação ao governo britânico.


Público vs. estatal


Para estudiosos do setor, porém, a comparação é improcedente, pois a BBC é uma emissora pública. As divergências deles com a proposta do ministro começam pelo nome dado ao projeto – Rede Nacional de TV Pública do Executivo.


‘Há um equívoco conceitual’, diz Gabriel Priolli, presidente da ABTU. ‘Se é uma rede que vai usar um canal da União tocado por órgãos estatais, não é uma TV pública, é estatal. Vamos dar nome aos bois.’


‘Está havendo uma confusão entre estatal e público na proposta do ministro’, concorda Laurindo Leal Filho, sociólogo e professor da Escola de Comunicações e Artes da USP. Para ele, o Executivo não precisa de outro canal se já possui o NBR, vinculado à Radiobrás.


Eles lamentaram ainda a forma como o projeto foi apresentado -’a portas fechadas’, de acordo com Leal Filho- e antes do fórum que ocorre em abril. Procurada, a TV Globo não quis falar sobre o projeto. A TV Record e a TV Cultura não responderam à Folha até o fechamento desta edição. (EL)


Colaboraram ANGELA PINHO e RODRIGO RÖTZSCH, da Redação’


CASOY CENSURADO
Elio Gaspari


Waldir Pires censurou Boris Casoy


‘PELA PRIMEIRA vez em 51 anos de profissão, o jornalista Boris Casoy teve um texto expressamente censurado por um ministro. O censor foi o titular da Defesa, Waldir Pires, no episódio que aqui vai narrado.


No dia 5 de outubro, Casoy recebeu uma mensagem do encarregado da edição da revista ‘Informe Defesa’, uma publicação trimestral da Assessoria de Comunicação Social do Ministério da Defesa. Pediam-lhe um artigo para a seção ‘Abre Aspas’, sobre qualquer assunto que julgasse relevante. Ofereciam-lhe o espaço para que opinasse ‘de forma livre e transparente’.


Nove em dez jornalistas que recebem esse tipo de solicitação argumentam que estão atarefados, agradecem e seguem em frente, mas Casoy decidiu atender ao pedido. Escreveu pouco mais de 20 linhas, relembrando o levante comunista de 27 de novembro de 1935.


Disse coisas assim: ‘Ai de quem invoca as vítimas da fracassada tentativa comunista de tomada do poder! Imediatamente sofre a censura e os ataques das ‘patrulhas’ dispostas a levar adiante seus propósitos, que apesar dos fracassos, agora sob nova roupagem, ainda motivam -por volúpia de poder ou ignorância- parcelas de nossa sociedade. E mais: há todo um movimento pela deificação do executor da Intentona, Luiz Carlos Prestes. (…) A ação comunista produziu 33 vítimas, cujas famílias nunca reivindicaram nada do governo brasileiro’.


Proféticas palavras. No dia 27 de dezembro, o jornalista recebeu uma mensagem informando que seu texto fora mandado às urtigas. Nas seguintes palavras, de um assessor de Waldir Pires: ‘Ao ser levada a prova gráfica à consideração do ministro (como de praxe) ele solicitou-me retirar o ‘Abre Aspas’. O argumento do ministro é o de evitar-se a reabertura de feridas do passado. Ele chegou a conversar com o Comandante do Exército sobre isso’.


O ministro, no caso, é um cidadão que, em 1964, teve os direitos políticos suspensos pela ditadura militar. Tornou-se um ‘cassado’, nome que se dava à época aos malditos da política. Durante anos a mazorca dos generais proibiu a imprensa de ‘veicular declarações, opiniões ou citações de cassados ou seus porta-vozes’.


Censura não fecha ‘feridas do passado’. Elas são cicatrizes da história, com as quais é necessário conviver. A grandeza da França convive com a degola de Luís 16 e com o encarceramento do octogenário marechal colaboracionista Philippe Petain, mandado em 1945 para uma enxovia de pedra no meio do oceano. (Está lá até hoje.) Na história do Brasil, os comunistas de 1935 matando colegas de farda, e os generais de 1974, ordenando o extermínio de guerrilheiros presos no Araguaia, são feridas que não têm remédio pela ação da censura. Elas pedem debate em vez de silêncio.


Dá vontade de chorar quando se sabe que, em novembro do ano passado, no meio do apagão aéreo, o ministro da Defesa, um advogado, ocupava-se conferindo ‘a prova gráfica’ de um boletim de sua assessoria. Devia estar sob a influência de um ex-estudante de direito da universidade de Kazan que lia os editoriais do Pravda antes que circulassem. Com uma diferença: Lênin lendo o Pravda rendeu uma bonita fotografia. Waldir Pires lendo o ‘Informe Defesa’ não dá xilogravura de feira.’


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Pouco, pouco


‘O ‘Guardian’ traz hoje seu balanço e a conclusão de que ‘George W. Bush sai com pouco para mostrar de sua turnê pela América Latina’. Ele ‘pouco ofereceu de concreto’, avaliou o Inter-American Dialogue.


Não por coincidência, ontem o ‘Financial Times’ perguntou e Paul Wolfowitz, o ‘falcão’ que a Casa Branca escolheu para presidir o Banco Mundial, respondeu que ‘os Estados Unidos deviam diminuir ou remover as tarifas contra o etanol do Brasil’.


Enquanto os EUA não se abrem, ontem nos sites de ‘Wall Street Journal’ e Bloomberg se liam notícias como ‘Petrobras inicia construção do duto de etanol em 2007’. O duto vai do Centro-Oeste ao litoral, para ‘servir principalmente à exportação para o Japão’ -em acordo com a Mitsui que prevê mais 40 usinas.


ETANOL, A RELIGIÃO


Diz o ‘Washington Post’ que ‘o etanol vive uma evolução como tema político’ nos EUA. Antes críticos, os presidenciáveis Hillary Clinton e John McCain estão em ‘conversão’, no que o jornal ironiza como ‘a coisa mais próxima de uma experiência religiosa’. O motivo é a recepção da bandeira pelos eleitores.


VEM AÍ ‘TERRA PRETA’


E o Brasil já tem ‘buzz’ novo nos EUA. Saiu na revista ‘Discover’ e ecoou no blog do ‘WSJ’ que ‘a ‘terra preta de índio’ é o ouro preto da agricultura’. São áreas férteis da Amazônia trabalhadas desde 400 d.C. para poder plantar. Um cientista da universidade Cornell afirma que descobriu como produzir ‘terra preta’.


A MAIOR ONDA


Em destaque ontem no blog espanhol Fogonazos, de repercussão global, ‘a maior onda do mundo’, que ‘avança 17 km’, Amazonas acima.


Uma das fotos pós-briga


‘EL GABO’ E O OLHO ROXO


‘Independent’ e ‘Guardian’ se estenderam ontem sobre o aniversário da célebre briga em que o escritor peruano Mario Vargas Llosa deu um murro no colombiano Gabriel García Márquez, em 1976. Em textos aparentemente especulativos, repisaram ser por ‘mulher’. Semana passada -como deu o blog Fogonazos e ecoaram, como sempre, os sites de edição compartilhada Digg e Reddit- a grande novidade sobre o caso saiu no jornal mexicano ‘La Jornada’. O colombiano Rodrigo Moya divulgou suas fotos e escreveu como ‘el Gabo’ o procurou no mesmo dia para registrar a agressão. E nunca voltou para buscar.


INDÚSTRIA FONOGRÁFICA 2


As manchetes nos sites de ‘WSJ’ e ‘Financial Times’ tratavam ontem do processo da Viacom (dos canais MTV, Comedy Central) contra a Google (YouTube), por conta da ‘infração maciça e intencional de copyright’. Pede US$ 1 bilhão, no que o ‘WSJ’ parece entender como tática da negociação em andamento entre as duas gigantes.


O influente blog de mídia BuzzMachine ironiza que ‘a Viacom tenta, sozinha, fazer da indústria de TV uma indústria da música’. Não tem jeito, diz o blog, ‘você não pode deter os mercados, você tem que seguir o fluxo’.


RECORD VS. GLOBO


De um lado, a Record adquiriu rádios AM e FM, a TV Guaíba e por fim o jornal ‘Correio do Povo’, de Porto Alegre -a mesma praça do grupo RBS, ligado à Globo. De outro, segundo o site Tela Viva, a Record News, que estréia após o Pan, anuncia que terá um formato igual para ‘competir com Globo News’.


JOGO QUÁDRUPLO


O site Tele-Síntese, concorrente do Tela Viva/Teletime, deu em manchete ontem que a Brasil Telecom, do portal iG e outros, ‘lança a sua TV via satélite’ nesta quinta-feira.


Será a primeira com o pacote ‘quadruple play’, jogo quádruplo, de TV paga, acesso à web, telefone fixo e celular. E ‘não fere regulamentação’.’


INTERNET
Folha de S. Paulo


Viacom processa YouTube e quer US$ 1 bi


‘No primeiro grande ataque ao YouTube, a Viacom entrou ontem com uma ação na Justiça dos Estados Unidos em que pede uma indenização de mais de US$ 1 bilhão pela veiculação de vídeos de sua propriedade no site pertencente ao Google.


Dona de canais de TV como MTV e Nickelodeon e do estúdio de cinema Paramount, a Viacom afirma no processo que o ‘desprezo descarado’ pelos direitos autorais por parte do site adquirido pelo Google por US$ 1,65 bilhão em outubro de 2006 ‘ameaça um dos mais importantes setores’ da economia dos EUA.


A Viacom disse ter encontrado 150 mil vídeos no YouTube de programas como ‘Bob Esponja’ e ‘The Daily Show with Jon Stewart’ e que eles foram vistos 1,5 bilhão de vezes. E, de acordo com a empresa, esses clipes são ‘apenas uma pequena fração’ do material de sua propriedade que é veiculado no popular site de vídeos.


Em nota, o Google disse não estar preocupado com o processo e que está ‘confiante’ em que o YouTube tenha respeitado os direitos legais dos proprietários de direitos autorais.


O uso sem autorização de vídeos é considerado um dos grandes riscos do YouTube. Desde a compra pelo Google, vários especialistas disseram que estúdios de TV e gravadoras processariam o site pela veiculação de clipes protegidos por direito autoral.


À época da aquisição, chegou a ser comentado que uma parte do US$ 1,65 bilhão ficaria em um fundo, por um determinado tempo, para que fosse usado em caso de processos judiciais.


Segunda medida


Essa é a segunda medida da Viacom contra o YouTube. No início de fevereiro, ela pediu que o site retirasse 100 mil vídeos do ar -o que foi feito. A ação foi tomada depois que as duas empresas não chegaram, após meses de negociação, a um acordo sobre a divulgação do material. Duas semanas depois, a proprietária da MTV fez uma parceria com o Joost, a TV on-line criada pelos fundadores do Skype.


A Viacom reclama de que o site do Google não toma nenhuma precaução, como filtros, a fim de impedir a veiculação de material não autorizado porque ‘lucra diretamente’ com a presença de clipes populares.


O dinheiro do YouTube vem da publicidade que é veiculada no site, porém (com exceção das parceiras feitas com empresas como NBC e BBC) ele não é dividido com os donos dos direitos autorais. Assim, a Viacom não recebe um centavo por um clipe seu que é colocado no ar sem a sua autorização.’


TV PAGA
Patrícia Zimmermann


Brasil Telecom entra no mercado de TV por assinatura com a Sky


‘Com uma estratégia diferente da Telefônica, que adquiriu sua própria licença de TV paga por satélite (DTH), a Brasil Telecom vai lançar comercialmente amanhã sua parceria com a Sky para oferecer aos clientes um pacote de serviços de telefonia fixa, celular, acesso à internet em banda larga e TV por assinatura.


Segundo o presidente da Brasil Telecom, Ricardo Knoepfelmacher, o pacote estará disponível em toda a área de concessão, que inclui os Estados das regiões Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), Centro-Oeste (Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal), além do Acre, Rondônia e Tocantins.


Knoepfelmacher admitiu que o serviço em teste de vídeo sob demanda (IPTV) não atende completamente às necessidades dos clientes, e que a parceria com a Sky vai ajudar a tele a suprir essa demanda.


‘A convergência deixou de ser um conceito para ser uma demanda do cliente’, disse Knoepfelmacher, ao comentar que a solução encontrada pela BrT não fere a regulamentação do setor.


Além da Brasil Telecom, a Sky fechou acordo com também com a Telemar para oferecer pacotes de serviços completos aos clientes.


Pulverização


Ricardo Knoepfelmacher admitiu que a Brasil Telecom estuda pulverizar suas ações para simplificar a estrutura acionária e também melhorar a gestão. Com mais de R$ 4 bilhões em caixa, o objetivo da empresa não seria o de se capitalizar, mas melhorar a governança corporativa.


Knoepfelmacher destacou, no entanto, que os estudos sobre a pulverização ainda não estão maduros e não há um prazo para que a empresa tome decisão a respeito. A Brasil Telecom (operadora) tem hoje cerca de 35% das ações negociadas em bolsa, enquanto a holding (Brasil Telecom Participações) tem cerca de 81%.


A empresa foi a tele que mais se valorizou no último ano. Desde agosto de 2005, quando a nova gestão da companhia assumiu, as ações se valorizaram 59%.’


Pedro Soares


TVA critica associação de TV paga por ‘defender’ Globo


‘A diretora-geral da TVA, Leila Loria, criticou ontem a intenção da ABTA (Associação Brasileira de Televisão por Assinatura) de recorrer ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) ou à Justiça contra a decisão da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) de conceder uma licença à Telefônica para o serviço de TV paga via satélite.


A Telefônica adquiriu uma participação acionária na TVA, que antes era controlada exclusivamente pelo grupo Abril, e aguarda apenas a aprovação do negócio pela agência reguladora.


Para a executiva, a postura da ABTA apenas reforça a concentração do setor e não abre espaço para a concorrência: ‘A reação da ABTA é, na verdade, a reação de um determinado grupo que não quer ameaçar o seu monopólio no mercado de TV por assinatura [pelas teles].’


Indagada sobre a que grupo ‘monopolista’ se referia, a executiva citou a Globo, que tem participação na Sky (satélite) e na Net (cabo) e controla a Globosat (programadora de canais).


Loria afirmou ainda que ‘a ABTA não representa mais os interesses de todas as operadoras [de TV paga]’ e que a posição de recorrer contra a licença da Telefônica foi tomada ‘à revelia de todos os outros associados’.


A ABTA informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o conselho da entidade aprovou a oposição à entrada das teles no setor de TV por assinatura em suas áreas de concessão.


A executiva refuta o argumento da ABTA de que a entrada da Telefônica na TV por satélite reforçaria o monopólio da companhia na telefonia fixa. Para ela, haveria maior competição, especialmente na produção de conteúdo, dominado pela Globo.’


TELEVISÃO
Daniel Castro


Record oferece R$ 500 mi pelo Brasileirão


‘A Record está disposta a gastar R$ 500 milhões por ano para tirar o Campeonato Brasileiro de futebol da Globo a partir de 2009 (a Globo já garantiu os direitos até o ano que vem).


A emissora da Igreja Universal, que teria de bancar parte desse investimento, já está negociando com clubes de futebol. A conquista do Brasileiro será a principal meta da rede após a compra dos direitos da Olimpíada de 2012.


A aquisição do Jogos de Londres, aliás, faz parte da estratégia da Record para adquirir o Brasileirão. Com a Olimpíada, a Record quer mostrar aos clubes brasileiros que seu projeto de investir no futebol nacional é sério, sólido e de ‘longo prazo’.


Diferentemente da Olimpíada, a Globo não admite perder o Campeonato Brasileiro. A emissora já investe quase R$ 400 milhões por ano no torneio, incluindo direitos de TV aberta, paga, ‘pay-per-view’ e custos de produção. O futebol já não é mais lucrativo para a Globo, mas perdê-lo seria pior.


A Globo diz que a Record levou a Olimpíada de 2012 porque fez uma ‘proposta irreal para o mercado brasileiro’, algo entre US$ 30 milhões e US$ 60 milhões pelos direitos. Aposta que a Record não conseguirá recuperar esse dinheiro com anúncios. Para se ter uma idéia, a Globo faturou R$ 90 milhões com a Olimpíada de Atenas, pela qual todas as TVs da América Latina desembolsaram US$ 30 milhões.


EMPATE 1 As redes comerciais, por incrível que pareça, são favoráveis ao projeto do governo Lula de criar uma nova rede pública de TV, agora com cobertura nacional. ‘Nós apoiamos essa iniciativa’, diz Daniel Pimentel, presidente da Abert, a associação das grandes redes.


EMPATE 2 O apoio tem suas razões. Primeiro, a nova rede não tomará espaço das TVs comerciais _sua freqüência ocupará algum canal do 60 ao 69, que será será criado com a TV digital. Em outras palavras, a rede pública já foi negociada com as TVs comerciais, na escolha do modelo japonês de TV digital.


EMPATE 3 Segundo, as emissoras não acreditam que a rede pública vá ter grande audiência.


AQUISIÇÃO A Record contratou Doc Comparato, que já escreveu minisséries na Globo. Ele colaborará com Tiago Santiago em ‘Caminhos do Coração’, substituta de ‘Vidas Opostas’.


MENOS VOCÊ O ‘TV Xuxa’, que a partir de abril englobará o ‘Sítio do Picapau Amarelo’, passará a entrar no ar às 9h. Isso quer dizer que o ‘Mais Você’, de Ana Maria Braga, perderá 27 minutos.


NOTÁVEIS O conselho curador da Fundação Padre Anchieta, mantenedora da TV Cultura, elegeu anteontem cinco novos membros, nenhum por unanimidade: Luiz Gonzaga Belluzzo, Matinas Suzuki Jr., Rubens Barbosa, Eugênio Bucci e Gustavo Ioschpe. E reelegeu Marcos Mendonça e Milú Villela.’


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O Estado de S. Paulo


Quarta-feira, 14 de março de 2007


TV PÚBLICA
Gerusa Marques


Lula dá sinal verde e projeto de TV do Executivo deve estar pronto até maio


‘O presidente Luiz Inácio Lula da Silva promoverá na próxima semana uma reunião para começar a detalhar o projeto de criação da Rede Nacional de Televisão Pública, que vai divulgar ações do governo. A intenção, segundo o ministro das Comunicações, Hélio Costa, é que o projeto seja concluído em dois meses. A partir daí começaria a instalação dos equipamentos transmissores em todo o País, para que a TV do Executivo, como vem sendo chamada, entre em operação no final deste ano.


‘O presidente achou interessante o esboço que apresentei e pediu para fazer um projeto definitivo’, disse o ministro, que se encontrou anteontem com Lula. ‘O presidente está muito empenhado em disponibilizar os recursos que vêm com a TV digital para alavancar uma rede nacional de TV pública.’ Também vão participar da reunião os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil), Luiz Dulci (Secretaria-Geral da Presidência), Fernando Haddad (Educação) e Gilberto Gil (Cultura).


Com a mudança do sinal de televisão para o sistema digital, aumentará o número de canais. De acordo com o decreto que contém as regras de criação da TV digital, já estão previstos quatro canais públicos: do Executivo, da Cultura, da Educação e da Cidadania.


Segundo a proposta de Costa, seriam gastos R$ 250 milhões, dos quais R$ 100 milhões aplicados no primeiro ano, em compra de equipamentos, e os demais R$ 150 milhões nos três anos seguintes, em expansão da rede.


A tendência do governo é a de aproveitar a estrutura existente da Radiobrás, que tem a TV Nacional, mas alcança apenas 30% dos municípios. Para chegar ao interior do País há duas possibilidades, segundo o ministro: instalar transmissores de baixa potência (30 watts) em todos os municípios ou instalar em cidades-pólo antenas de longo alcance, com cobertura de cerca de 40 municípios.


Dulci sugeriu que a estrutura da Radiobrás seja aproveitada. Ele observou que, além da TV Nacional, existem a TVE, nos Estados, e a TV Cultura do Maranhão, que também são da União. ‘O presidente Lula é quem vai decidir, mas, na minha opinião, deve-se aproveitar a estrutura de governo. Não se trata de criar uma coisa do zero, mas sim dar extensão nacional a uma coisa que já existe.’


A TV do Executivo, segundo Dulci, seria uma estatal e cumpriria o papel de transmitir programas de interesse social, hoje não abordados pelas TVs comerciais. Ele negou que a idéia seja criar um sistema nacional apenas para divulgar as ações do governo. ‘As ações do governo falam por si’, afirmou o ministro, lembrando que em vários países ‘existe TV pública forte, cumprindo o papel que outras redes de TV não têm’.


Costa explicou que a escolha de um ou outro sistema para a expansão da rede vai depender, entre outros fatores, da participação das Câmaras Municipais e das Assembléias Legislativas. Se houver interesse no projeto, seriam instaladas antenas e os municípios poderiam ter espaço na TV do Executivo, com programas regionais. A maioria dos programas seria de conteúdo do governo federal.


De acordo com Costa, o Ministério das Comunicações discutirá detalhes do projeto no Conselho Consultivo das Comunicações, que deverá ser criado nesta semana. COLABOROU RENATA VERÍSSIMO’


Vannildo Mendes


Abert apóia iniciativa do ministro


‘A Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), entidade que representa o setor privado, saiu ontem em defesa da proposta do ministro das Comunicações, Hélio Costa, de criar uma rede de televisão pública de alcance nacional. ‘Apoiamos a iniciativa do governo porque ela não traz antagonismo com setor privado e atende ao princípio da complementaridade’, afirmou o presidente da entidade, Daniel Slaviero.


De acordo com o dirigente da Abert, a proposta está prevista no decreto que criou as regras para o início da TV digital e foi amplamente discutida com a entidade. Slaviero confirmou que já estava planejada a criação de dez canais de rede pública – do número 60 ao 69. Além da rede estatal, está prevista a abertura de canais comunitários, de cultura e de educação.


O presidente da Abert apóia a rede pública de rádio idealizada pelo governo, mas com reservas – por haver uma saturação de freqüências em muitas metrópoles, como São Paulo. O temor é de que a rede pública, em vez de complementar, invada o espaço das emissoras comerciais.


‘Apoiamos conceitualmente, porém é preciso adotar medidas, como a ampliação do espectro, para evitar que o setor privado seja prejudicado’, observou.


Defendida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a rede pública de rádio se destinaria a estabelecer um canal de comunicação direto com o povo, numa espécie de Voz do Brasil 24 horas no ar. Muitos empresários vêem na proposta a oportunidade de acabar com a obrigatoriedade de veicular o programa em cadeia nacional.’


Gabriel Manzano Filho


País confunde conceitos de TV pública, estatal e educativa, afirma especialista


‘Uma razoável confusão vem sendo feita, no Brasil, entre TV estatal, TV pública e TV educativa. A TV estatal é, pura e simplesmente, um instrumento do governo. Seus diretores são nomeados por autoridades políticas. Sua finalidade é fazer propaganda e defender as autoridades de críticas. Quem a sustenta é o poder público – a União ou um Estado – e nela a liberdade de informação ou a defesa do interesse público só ocorrem quando coincidem com os objetivos políticos do poder. São TVs estatais a TV Nacional de Brasília, a NBr, as TVEs do Rio e do Maranhão, as TVs Câmara, Senado, Justiça e as de Assembléias nos Estados.


TV pública é uma versão mais macia desse modelo. Não não busca o lucro, não depende de audiência, não tem por finalidade divulgar ações de governos. Estes ajudam a sustentá-la, às vezes pagando mais de 50% dos custos, complementados por outras fontes da sociedade. Sua gestão é, ao menos teoricamente, autônoma: cabe a um conselho criar e alterar seus estatutos e definir sua linha de programação. Aparentemente, o projeto do Ministério das Comunicações quer uma estrutura de TV pública com conteúdo de TV estatal.


‘Na prática não há lei especificando o que seja uma TV estatal ou pública’, diz Gabriel Priolli, presidente da Associação Brasileira de TV Universitária. O modelo de TV pública ‘ainda está se construindo no País’, diz ele. TV educativa é outro nome da TV pública. Vale para canais que, com a expansão das comunicações, assumiram projetos de teleducação e migraram para um formato de TV cultural.


Cerca de 20 emissoras brasileiras reúnem-se, hoje, na Associação Brasileira de Emissoras Públicas, Educativas e Culturais (Abepec), criada em 1998. Elas querem uma TV pública inspirada na BBC inglesa e na PBS, rede pública dos Estados Unidos. A Lei da TV a Cabo, de 1995, ‘acabou criando uma mescla de situações’, diz Priolli, com o surgimento das TVs comunitárias, que podem ser geridas por Estados, fundações e universidades.’


Rosa Costa


Congresso critica projeto e quer explicações do ministro


‘Foi recebida de forma crítica no Congresso, até mesmo por petistas, a proposta do ministro das Comunicações, Hélio Costa, de criação de rede pública de TV ao custo de R$ 250 milhões em quatro anos. Por causa da polêmica, Costa será chamado a apresentar explicações tanto à Câmara quanto ao Senado.


Autores do convite ao ministro, o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) e o líder do PFL no Senado, José Agripino (RN), afirmam que qualquer iniciativa do governo na área de telecomunicações deve, necessariamente, ser debatida no Congresso. Em datas a serem marcadas, Costa falará na Comissão de Infra-Estrutura do Senado e na Comissão de Defesa Nacional e Relações Exteriores da Câmara.


Para Gabeira, é necessário saber a intenção do ministro e do governo com a novidade. Já Agripino recomendou ‘cautela’ na avaliação da matéria. ‘Partindo de um governo que tentou criar o Conselho Federal do Jornalismo como forma de tutelar a imprensa, há de despertar no mínimo uma atitude antenada’, disse o líder do PFL. ‘Nada pior para o interesse da sociedade do que ter um governo instrumentalizado com uma TV estatal com amplo alcance para praticar o marketing.’


O senador Tião Viana (PT-AC) viu a iniciativa ‘sem grande entusiasmo’. De acordo com ele, o Ministério das Comunicações faria melhor se investisse nas emissoras publicas já existentes, ‘sem que elas tenham de abrir mão de divulgar a educação e cultura’. O petista disse que vai aguardar esclarecimentos do governo e defendeu medidas para valorizar as rádios comunitárias, ‘que mal conseguem superar a concorrência das emissoras comerciais’.


O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), apontou na idéia a intenção oculta de sufocar críticas ao governo. ‘Sou contra, não só por razões econômicas, mas porque vejo a idéia de criar o pensamento único’, afirmou. Segundo Virgílio, o problema do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o de ‘saturação da imagem’ e não da falta de canais para se expor. ‘Ele está exposto demais na mídia, fala de todos os assuntos, não precisa de mais meios.’


O senador Jefferson Péres (PDT-AM) disse não haver justificativa para criar uma TV para exprimir a opinião pessoal do presidente, ‘sobretudo em um país democrático’. ‘Seria um passo adiante no controle dos meios de comunicação, para contrapor a imprensa livre ao pensamento governamental’, resumiu. Para o pedetista, não há como comparar uma emissora do governo com as existentes no Congresso e no Supremo Tribunal Federal, que são órgãos coletivos e não monolíticos como o Executivo.’


Tânia Monteiro


Executivo já tem emissora pública, diz Eugênio Bucci


‘O governo já dispõe, na Radiobrás, de emissoras estatais que fazem parte do projeto que o ministro das Comunicações, Hélio Costa, está propondo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva – a criação de uma Rede Nacional de Televisão Pública, uma espécie de TV do Executivo. A NBR, que pode ser potencialmente captada por 13,5 milhões de residências, já é um canal especializado no Executivo e exibe, junto ao seu logotipo na tela, os dizeres: ‘A TV do governo federal.’


O presidente da Radiobrás, Eugênio Bucci, não sabe da proposta nem está participando dos estudos no Ministério das Comunicações para a criação da Rede Nacional de Televisão Pública. ‘Nunca fui consultado’, disse. Bucci ressaltou que ‘já existe um sistema funcionando, que divulga atos e eventos do presidente e de representantes do governo’, mas frisou que não conhece o projeto do ministério e, portanto, não pode falar em superposição de tarefas.


A NBR não tem orçamento próprio. Funciona dentro da estrutura da Radiobrás, com os repórteres e equipamentos da emissora, e retransmite sua programação pelo satélite B-1 da Embratel, para 12 milhões de residências. ‘É um canal especializado no Executivo, a exemplo da TV Câmara, TV Senado e a TV Justiça (para os outros poderes)’, comentou Bucci, lembrando que 1,5 milhões de lares com TV por assinatura também recebem a programação. Ele assegura, ainda, que a emissora é impessoal e ‘não faz culto a personalidades’.


OUTRO PERFIL


Bucci afirma que a TV Nacional tem outro perfil – ‘é parte da rede pública de televisões do País’ – e agora está vinculada à Associação Brasileira de Emissoras Públicas e Educativas e Culturais. A entidade congrega cerca de 20 emissoras, que podem ser sintonizadas por 60% das residências no País.


Sintonizada no Distrito Federal, a TV Nacional chega potencialmente a 2 milhões de telespectadores. Tem uma grade de programação produzida pela emissora e retransmitida por outras TVs públicas, como a TV Educativa.


O restante da programação, segundo Bucci, é bastante diversificado. Debates, filmes, documentários e programas culturais de dez Estados compõem a grade.’


Carlos Zarur


O Poder Executivo deve ter uma rede de TV?


‘O Poder Executivo não deve ter, sob seu comando, uma rede pública de TV. Essa rede só pode ser viável se não tiver compromisso com a promoção de governos, políticas partidárias e, sobretudo, com ideologias.


O imposto pago pelo contribuinte, que poderá subvencionar uma proposta não utópica de comunicação pública, deve ser respeitado, levando-se em conta as diversas nuances de opinião, o que dificilmente ocorreria numa rede controlada pelo Estado.


Para que um projeto de rede de comunicação neste molde tenha sucesso, é preciso, antes de tudo, a montagem de um núcleo governamental de divulgação que leve à sociedade as informações oficiais. Por outro lado, o Poder Executivo já tem em suas mãos poderosas e onerosas máquinas de propaganda que servem, de sobra, aos seus interesses.


Com este novo setor de divulgação da informação especificamente de governo, seria possível a liberação de boa parte da estrutura oficial de mídia para o público no seu sentido mais livre e descomprometido. Uma entidade que recebesse, legalmente, recursos para a comunicação puramente cidadã.


Fica no ar, porém, a pergunta de como isso pode ser realizado. Não é simples, há que se ter vontade política e desprendimento, pois a tentação autoritária tende a impor barreiras à liberdade da comunicação, sobretudo a pública. A solução pode estar na criação de uma espécie de ONG da informação, juntando o quebra-cabeça do atual e fragmentado sistema de mídia estatal. Esta ONG seria administrada por um conselho de ‘notáveis’, escolhidos por entidades de diversos segmentos, que realmente representem a sociedade. Seria subvencionada, repito, por recursos previstos em lei, o que impediria pressões de interesses governamentais ou mesmo empresariais.


Em diversos condados dos EUA existem TVs públicas que facilitam, inclusive, o livre acesso às suas programações. Uma rede de comunicação pública nestes moldes poderia servir ao Brasil.


Este tema não deve incluir a discussão em torno do controle da informação pública por grupos políticos ou de poder. Ao contrário, é viável e factível, em nosso país, a criação desta rede de comunicação livre e compromissada, de fato, com o cidadão.


* Carlos C. L. Zarur é jornalista e foi presidente da Radiobrás’


Valter Pomar


Sim


‘Comunicação é um tema de enorme importância do ponto de vista da democracia, da soberania nacional e da economia. A área da comunicação, entendida no sentido amplo (telefonia, internet, rádios e televisões, jornais e revistas, indústria cultural), é um dos setores mais importantes do capitalismo moderno.


A importância não é meramente econômica. A influência das grandes potências, a soberania nacional e a maior ou menor democracia política dependem de como se organiza a comunicação em cada país.


Todos sabemos o papel que Hollywood teve na expansão do american way of life. Todos vemos a movimentação da Índia e China neste terreno, bem como da França. Vemos, também, a batalha que a Telesur e a Al Jazeera travam contra as grandes redes.


Comunicação é um assunto estratégico, que precisa ser debatido publicamente. Não podemos aceitar a interdição tentada por quem confunde liberdade de imprensa com liberdade de empresa. Neste sentido, apoiamos a realização de uma conferência nacional, convocada pelo governo federal e aberta a todos os segmentos afeitos, para debater o tema.


Apoiamos, também, todas as iniciativas que visam a democratizar a comunicação no Brasil. Interromper a repressão contra as rádios comunitárias. Democratizar o emprego das verbas publicitárias de governos e empresas públicas. Impedir que concessões públicas se convertam em propriedade privada. Garantir que os movimentos sociais tenham suas emissoras de rádio e TV. Estimular a imprensa democrática. E cumprir a Constituição, que prevê a existência de um setor estatal e outro público. A premissa é que o acesso à informação e à comunicação constituem direitos básicos, tal como a educação e a saúde.


Neste sentido, a criação de uma rede pública de TV é um passo necessário de uma longa caminhada.


Quanto à proposta apresentada pelo infelizmente ainda ministro Hélio Costa, esta apresenta diversos problemas, contraditórios inclusive com os propósitos do governo.


Trabalharemos para reverter estes problemas, presentes também em recente decisão do Senado Federal.


* Valter Pomar é secretário de Relações Internacionais do PT’


INTERNET
O Estado de S. Paulo


Ação de US$ 1 bi contra o Google


‘O grupo de mídia Viacom, dono da MTV e da Paramount, está processando o Google e seu serviço de vídeos online YouTube em mais de US$ 1 bilhão. O grupo acusa as empresas de uso não autorizado de seus conteúdos. O processo, o maior até agora desferido contra os planos do Google em tornar o YouTube um importante veículo para publicidade e entretenimento, acusa o líder de buscas na internet e sua unidade de ‘infração maciça e intencional de direitos autorais’.


A Viacom abriu o processo em Nova York, pedindo reparação por danos e uma ordem contra outras violações. O grupo de mídia sustenta que quase 160 mil vídeos não autorizados de seus conteúdos foram enviados ao YouTube e vistos mais de 1,5 bilhão de vezes.


‘A estratégia do YouTube tem sido evitar tomar medidas proativas para suspender a violação de direitos autorais no site’, disse a Viacom em comunicado. ‘O modelo de negócios deles, que é baseado em atração de tráfego (internautas) e venda de publicidade em conteúdo não autorizado, é claramente ilegal e está em óbvio conflito com as leis de direitos autorais.’ A Viacom informou que a decisão de processar o Google segue-se a ‘uma grande negociação improdutiva’ com a empresa.


O porta-voz do Google, Ricardo Reyes, afirmou em um comunicado via e-mail que não recebeu o processo, mas está confiante de que o YouTube respeita os direitos legais dos detentores de copyright, e acredita que os tribunais vão concordar com isso. ‘Certamente nós não vamos deixar que este processo se torne um problema para o crescimento contínuo e a forte performance do YouTube’, disse.


DIFICULDADES


O Google comprou o YouTube no final do ano passado por US$ 1,65 bilhão. Porém, apesar do estardalhaço feito em torno do negócio à época, a empresa tem encontrado dificuldades em fazer com que o negócio de compartilhamento de vídeos pela internet se torne rentável.


O Google colocou alguns de seus principais executivos para estudar, em conjunto com os maiores grupos mundiais de mídia, formas de lucrar com a operação.


A idéia era que as companhias colocassem seus vídeos no YouTube e compartilhassem com o Google as receitas de publicidade do site. Mas as negociações não têm avançado.


O YouTube prometeu desenvolver novas tecnologias para impedir que materiais protegidos por direitos autorais aparecessem no site. Enquanto essas tecnologias não chegam, porém, vídeos piratas continuam a ser vistos em todo o mundo. REUTERS e THE WASHINGTON POST’


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Briga Pelo Vídeo


‘Música: O YouTube fecha um acordo com a Warner, em setembro de 2006. A gravadora passa a receber uma fatia da publicidade que acompanha os vídeos de seus artistas no site ou os vídeos caseiros que usam músicas suas. No mês seguinte, saem acordos com a CBS, a Universal Music e a Sony BMG.


Aquisição: Em outubro de 2006, o Google anunciou a compra do YouTube por US$ 1,65 bilhão em ações. Uma semana antes, Mark Cuban, investidor bilionário da


internet, havia dito que só um ‘idiota’ compraria o YouTube. Ele previu que a empresa seria ‘processada até o esquecimento’ por desrespeito aos direitos autorais.


Arquivos: O YouTube concordou em apagar cerca de 30 mil arquivos, atendendo a um pedido apresentado por um grupo de empresas de entretenimento japonesas. Em janeiro, o site recebeu uma intimação judicial da Twentieth Century Fox para identificar os usuários que colocaram no site cópias piratas de episódios de Os Simpsons e 24 Horas.


Acordo: No começo deste mês, o site fechou um acordo com a BBC. Foram criados três ‘canais’ da rede britânica no YouTube, com pequenos clipes de seus programas. A BBC passou a ter uma participação na receita publicitária do YouTube relacionada a seu conteúdo.’


TELEVISÃO
Cristina Padiglione


Globo inova estética


‘Apesar da aparente diferença estética presente na textura de imagem de Paraíso Tropical, a Globo informa que não há ali nenhum recurso tecnológico que já não tenha sido utilizado em outras novelas. Os méritos de distinção de imagem são, em sua maioria, alcançados com recursos de pós-produção.


Já na linha de produção de fato, o Base Light, tecnologia que permite efeitos múltiplos no tratamento de imagem, é utilizado em Paraíso e em todos os títulos de teledramaturgia da casa, sem contudo desfilar em cena aquele efeito de película exibido no remake de Sinhá Moça.


A Globo tem buscado experimentar novidadices a cada produção. No caso de Paraíso, o experimento deu as cartas na longa seqüência sem cortes que inaugurou a história de Gilberto Braga, em plena Praia de Copacabana: um trilho enorme foi milimetricamente projetado para flagrar os banhistas – e boa parte do elenco deu o ar da graça ali, entre um punhado de figurantes. O trabalho mereceu dias de estudo e chegou à tela com cara de cinema. Não é expediente que se possa cumprir com freqüência nesse ritmo industrial da novela, mas, havendo antecedência, todo teste para inovar é bem-vindo.


entre-linhas


É de Alfonso Aurin a concepção de toda a engenharia que agora abriga, sem maiores necessidades de obras, a nova TV JB nos estúdios da GGP, de Gugu Liberato, em Alphaville. Aurin, aliás, mentor do SBT Anhangüera, acaba de deixar pronta para a era digital a TV Aparecida, de Aparecida do Norte. O próximo passo é a TV Universidade Católica de Goiás.


Maria Adelaide Amaral já prepara a próxima minissérie da Globo, com estréia prevista para janeiro, que vai resgatar Maurício de Nassau e as invasões holandesas em Pernambuco. ‘A minissérie vai se chamar Nassau, o Brasileiro. Era assim que Nassau era referido pela família e pelos amigos quando voltou para a Europa’, explica a autora.


A Globo já dá como certa a vitória de Diego no BBB 7. Na terça-feira, dia 27, dia da grande final, a emissora vai dar um presentão a ele: um show do grupo Babado Novo. Alemão vive cantarolando um dos sucessos do grupo.


Leandro, o vencedor da primeira edição de Ídolos, no SBT, ganhou uma faixa musical na próxima novela da casa, Maria Esperança, com estréia prometida para este mês.


A Record inscreveu as novelas Prova de Amor, Cidadão Brasileiro, Bicho do Mato e Vidas Opostas no Emmy Internacional 2007. A premiação será dia 19 de novembro em Nova York.


O Disney Channel terá sinal aberto para toda a base de assinantes Net até o dia 16 de abril.’


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