Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Debate sobre publicidade em cinema promete polêmica

Leia abaixo a seleção de segunda-feira para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Segunda-feira, 31 de dezembro de 2007


CINEMA
Mônica Bergamo


Sem limite


‘A primeira reunião do Conselho Superior de Cinema está prevista só para o começo do próximo ano. Mas já há polêmica à vista: o diretor das salas do HSBC Belas Artes em SP, André Sturm, é contra a idéia de restringir de dez para três minutos a publicidade antes dos filmes nos cinemas, questão que pode entrar em debate no conselho. ‘A sala de exibição é uma atividade privada e ninguém tem o direito de intervir’, diz. ‘Existe restrição à publicidade na TV? Não. Existe restrição à publicidade nos aeroportos? Não.’’


 


Rinha de gente


‘O diretor Marcelo Galvão visitou lutas clandestinas para rodar o filme ‘Rinha’, previsto para 2008. O longa fala sobre festas que promovem lutas entre jovens da periferia.


Galvão diz que o que mais o impressiona é a frieza da platéia -formada, em sua maioria, por ‘playboys’, segundo o diretor. ‘A culpa fica diluída e até mulheres gritam ‘chuta, chuta’ diante de um jovem ensangüentado’, conta ele.’


 


PASSADO E FUTURO
Fernando de Barros e Silva


Chega de saudade


‘SÃO PAULO – ‘Vai, minha tristeza, e diz a ela que sem ela não pode ser…’ A gravação da canção de Tom e Vinicius por João Gilberto completa 50 anos em 2008. Nunca mais seríamos tão modernos. Mas alguns podem dizer: ‘Chega de saudade!’.


O próprio Ruy Castro, que sabe dessas coisas, escreveu anteontem uma coluna deliciosa -’Bom era antes’-, em que mostrava como cada geração fixou, em algum lugar do passado, a sua imagem idílica do Rio, anterior à decadência que viria desaguar na conflagração atual.


Seja como for, 1958 funciona como ano-símbolo de um período memorável. Foi quando o gênio de Pelé surgiu para o mundo, na Copa da Suécia -nossa primeira taça.


Mas foi sobretudo a época em que tomou forma e se tornou tangível um esforço coletivo de construção nacional. Uma utopia brasileira -por que não?- que tinha em Brasília sua síntese e seu ponto de fuga.


A bossa nova, Guimarães Rosa, a poesia concreta são testemunhos desses anos que prometiam integrar passado e futuro numa sociedade mais harmonizada. Diante do milagre visual que são as bandeirinhas de Volpi, como não enxergar um país reconciliado, enraizado e livre, interior e moderno, fiel às tradições e acolhedor do novo?


Um grande amigo vê nessa nostalgia a ilusão retrospectiva e sentimental de uma pequena elite litorânea. De fato, em 1958 o país tinha 1/3 da população atual, menos da metade (45%) nas cidades.


Quando a Constituição de 1988 fixou direitos e garantias sociais em grau inédito, já éramos uma sociedade urbana de massas. Fomos então atropelados pelo trem-bala da nova ordem econômica mundial e passamos 20 anos atrás do prejuízo, agarrados à segunda classe.


Gente que respeito está agora mais otimista com nossas perspectivas. Observo, como Riobaldo, desconfiado. E, por teimosia, vou para o mato, levando meus CDs do Tom Jobim. Volto de férias em fevereiro. Estou me guardando pra quando o Carnaval chegar. Feliz 2008!’


 


Boris Fausto


Fim de ano: passado e futuro


‘COMO NINGUÉM ignora, o passado é o terreno próprio do historiador. Não é um terreno sólido, pronto a ser decifrado, desde que se utilizem os métodos adequados, como pensaram os positivistas no século 19. O passado se move, como o globo terrestre, entre outros fatores, em função das interpretações formuladas em épocas diversas, das propensões de cada historiador, da acessibilidade de novas fontes.


Para ficar num exemplo contemporâneo, nos últimos dez ou 15 anos, a história da União Soviética vem sendo mais bem conhecida graças não só a arquivos que burocratas russos em boa hora preservaram mas também à memória oral -o medo diminuiu e as pessoas, mesmo com reticências, começaram a falar do passado. Assim, vem sendo possível conhecer em toda sua dimensão a figura espantosa de Stálin, as minúcias dos campos de internamento (Gulag), assim como a intimidade da corte; ou levantar o véu que encobria a vida devassada da família e do cidadão comum.


Ao mesmo tempo, a imaginação é um elemento constitutivo de boa parte dos mergulhos no passado, seja nos textos que se referem a épocas remotas, seja nos que lidam com épocas recentes. Desse modo, a reconstituição da história de povos da chamada Antigüidade se faz em boa parte pela via de fragmentos materiais -inscrições, objetos etc.-, num trabalho em que a formulação de hipóteses prováveis para a identificação de usos, costumes e rituais tem um papel relevante.


A imaginação nutre também a história contrafatual (a que poderia ter sido) de qualquer época, incidindo com particular brilho na história contemporânea. Por exemplo, o que teria ocorrido se as tropas alemãs tivessem ocupado Moscou, como quase chegou a acontecer, ou chegassem a desembarcar na Inglaterra enquanto tentavam demolir o país com incessantes bombardeios na Segunda Guerra Mundial? O que teria acontecido se, em outubro de 1962, Kruschev não recuasse, após semanas de suspense, retirando os mísseis nucleares instalados em Cuba, num dos episódios mais dramáticos da Guerra Fria? Como estaríamos hoje se a ação terrorista do 11 de Setembro tivesse sido desbaratada durante seus preparativos?


Por outro lado, a grande maioria dos historiadores se recusa -ou pelo menos hesita- a penetrar no futuro -um terreno gelatinoso que não lhes é próprio. Aí parecem acompanhar a sabedoria popular: ‘O futuro a Deus pertence’. Mas, como o poeta Drummond, num belo verso, lembrou que ‘o último dia do ano não é o último dia do tempo’, quem sabe valha a pena imaginar o que nos reserva o futuro, pensado em sentido coletivo.


Esse exercício pode ser feito de várias maneiras, seja pela lente das projeções tidas como científicas, seja pelas lentes da imaginação. Há boas razões para ler com reservas as projeções indicativas do que será o mundo daqui a 50 anos, para não falar o que será o mundo daqui a séculos.


Dito de outro modo, aqui prevalecem esmagadoramente as lentes da imaginação, mas uma imaginação diversa da que se lança ao passado, pois tudo no futuro é nebuloso. Melhor será, pois, evitar afirmações e envolver a imaginação na moldura de perguntas. Na minha perspectiva, a partir de seleção mínima, faria ao futuro algumas perguntas.


O mundo se encaminha para a hegemonia da China ou para vários focos de polaridade, incluindo os Estados Unidos, a própria China e, quem sabe, a União Européia? Em algumas ou muitas décadas, o Brasil vai não só crescer mas tornar-se socialmente mais justo, não precisando se embalar nos duvidosos indicadores de poder de compra que tendem a ocultar nossas visíveis e constrangedoras carências? Ainda haverá campo para um socialismo com face humana, diverso dos fracassados modelos do passado e contraposto aos aspectos mais selvagens do capitalismo?


Por último, mas não na ordem de importância, serão tomadas medidas globais efetivas para impedir a mudança climática e a devastação do planeta ou as discussões nos foros privilegiados vão se arrastar, enquanto a humanidade caminha para o abismo num prazo maior ou menor?


Depois dessas perguntas e divagações, acho melhor abandoná-las e me concentrar, humildemente, em 2008.


Que todos nós tenhamos um bom ano, em que as alegrias superem as inevitáveis tristezas.


BORIS FAUSTO, historiador, é presidente do Conselho Acadêmico do Gacint (Grupo de Conjuntura Internacional) da USP. É autor de, entre outras obras, ‘A Revolução de 30’ (Companhia das Letras).’


 


LIVRO
Fábio Victor


Feras no frevo


‘O selo recifense Candeeiro Records nasceu em 1999, com o álbum ‘Baião de Viramundo’, tributo a Luiz Gonzaga que reuniu bandas de Pernambuco e São Paulo em arranjos que desconstruíam a obra do rei do baião. Embora original e vigoroso, escolhido como disco da semana do ‘New York Times’ em 2000, teve pouca projeção nacional e está fora de catálogo.


Agora, após lançar DJ Dolores, Erasto Vasconcelos (irmão de Naná) e China, o Candeeiro repete a fórmula em que um time eclético e na maioria jovem relê clássicos da MPB. Só que a reverência desta vez não é a um autor, e sim a um ritmo, o que torna a empreitada tão abrangente quanto arriscada. O centenário do frevo, celebrado em fevereiro último, é o mote para ‘Frevo do Mundo’, à venda a partir do fim de janeiro. Além do álbum, está sendo lançado um livro, em edição de luxo, ‘Frevo – 100 anos de Folia’.


No disco, uma vez mais predominam pernambucanos (Mundo Livre S/A, Cordel do Fogo Encantado, Siba, Eddie, Ortinho, Erasto, China, Isaar de França, Flor de Cactus e Orquestra Popular da Bomba do Hemetério), aos quais se somaram a paulista Céu, os cariocas da Orquestra Imperial e os veteranos do mundo Edu Lobo e João Donato. Mas o diferencial do trabalho, selecionado no Petrobras Cultural, é a tabelinha de famosos com nomes cruciais na preservação do frevo, como Duda, Clóvis Pereira, Ademir Araújo e Spok, que se revezam nos arranjos de metais.


Frescor


‘A idéia é partir da essência e inserir elementos, dando frescor ao ritmo’, diz Marcelo Soares, dono do selo e idealizador do projeto junto com Pupillo, da Nação Zumbi. Ou, como define no encarte o jornalista e produtor musical Alessandro Soares, é uma tentativa de contribuir ‘para a evolução do frevo em busca do seu grau zero estético’, algo que ‘talvez o samba seja o único gênero brasileiro’ que atingiu.


Uma investida nesta direção é dada por João Donato, que, ao piano, fez da agitada ‘Fogão’ uma espécie de chachachá. Os produtores enviaram 25 canções a Donato, que escolheu este clássico. ‘Foi o que mais pareceu que poderia ter sido feito por mim’, explica. Quase um neófito no frevo (‘Na adolescência, Sivuca tocou ‘Vassourinhas’ para mim, depois não tive mais contato’), ele diz ter gostado do resultado. ‘[O maestro] Duda fez algo para não massacrar meu piano. Ele foi no sapatinho, mas ao mesmo tempo você sente a pulsação do frevo.’


Outros decidiram antes o que gravariam, como Edu Lobo. A idéia dos produtores era que ele interpretasse algo do pai, o pernambucano Fernando Lobo, mas Edu elegeu ‘Frevo Número 1 do Recife’, de Antônio Maria.


Se Capiba, regravado por Siba e China, é o mais conhecido compositor de frevo, o painel esboçado no CD faz justiça a outro monstro do ritmo pernambucano, Nelson Ferreira, presente com três músicas, entre elas ‘O Dia Vem Raiando’, executada com rara beleza pela Orquestra Imperial.’


 


Edição de luxo revê Carnavais


‘Assim como o disco ‘Frevo do Mundo’, o livro ‘Frevo – 100 Anos de Folia’ vem a público no apagar das luzes do centenário do ritmo, festejado em 9 de fevereiro de 2007, tomando como marco a primeira menção à palavra na imprensa. Foi lançado dia 20 de dezembro, em São Paulo, e o será no Recife em 9/1.


Trata-se de uma edição de luxo, com capa dura e papel couchê, que compila imagens e textos produzidos ao longo de vários Carnavais. É ancorada em ensaios dos fotógrafos Pierre Verger (em 1947) e Marcel Gautherot (1957), somados a imagens de arquivos públicos e acervos particulares, além de reproduções de obras inspiradas no frevo, de artistas como Portinari, Lula Cardoso Ayres e Vicente do Rego Monteiro.


Embora seja o típico livro de mesinha de centro, mais para ver do que para ler, há depoimentos de estudiosos e de autores influenciados pelo frevo e pelo Carnaval pernambucanos (Clarice Lispector, Mário de Andrade, Caetano Veloso etc; leia alguns ao lado), e, mais importante, a pesquisa de Camilo Cassoli, Luiz Augusto Falcão e Rodrigo Aguiar revolve documentos significativos.


É o caso da autoria de ‘O Teu Cabelo Não Nega’. Composta como frevo pelos irmãos pernambucanos Raul e João Valença e modificada em parte por Lamartine Babo, foi lançada pela RCA Victor em 1932 só com o crédito genérico ‘Motivos do Norte, adaptação de Lamartine Babo’. Após disputa judicial, os irmãos foram reconhecidos como co-autores. O livro traz os dois selos da gravadora, incluindo o ‘Adaptação de Lamartine Babo da marcha ‘Mulata’, dos irmãos Valença’.


Bê-á-bá


Há, claro, o bê-á-bá, remontando à fusão que bandas militares do início do século 20 fizeram de marchas, maxixes, dobrados e polcas, criando uma nova música, que ainda não está claro se veio a reboque da dança ou o contrário.


Bem depois viria o reconhecimento para além de Pernambuco, como relata Antonio Maria sobre a noite em que levou Orson Welles a um cabaré no Recife, onde o diretor escutou um frevo. ‘Welles ouviu com os olhos abertíssimos (sempre fez muito olho, o nosso Welles) e disse que era espantoso. Mas achou que o frevo jamais sairia do Recife. Discordei. O frevo, um dia, sairá pelo mundo. É a única música que levanta o freguês da cadeira. Agora, é preciso encontrar uma maneira de levá-lo ao mundo. Isto é, descobrir um modo de simplificá-lo (mesmo adulterando-o), até torná-lo possível ao gosto e aos nervos do mundo.’


O ritmo, mostra o livro, chegou a Hollywood -caricatural, mas chegou. Em ‘Romance Carioca’ (‘Nancy Goes to Rio’, 1950), Carmem Miranda sai de um pandeiro gigante e, ladeada por bailarinas frevando, canta e dança com um turbante adornado com sombrinhas de frevo. Ironicamente, justo o ponto forte do livro -as imagens- evidencia a depauperação do frevo ao longo dos anos. Os registros de Verger e Gautherot são instantâneos de uma espontaneidade perdida, de uma delicadeza que há muito se foi.


A idéia de cotejar as fotos antigas com outras de Carnavais recentes só escancara o abismo. Por mais que se fale em renovação do ritmo, as imagens de hoje revelam que o frevo do século 21, tal qual este livro que o celebra, depende de produção para exalar um frescor que um dia foi inato.


FREVO – 100 ANOS DE FOLIA


Organizadores: Camilo Cassoli, Luiz Augusto Falcão e Rodrigo Aguiar


Lançamento: Timbro


Quanto: R$ 95 (240 págs.)’


 


TELEVISÃO
Laura Mattos


Sucesso infantil estréia hoje na Cultura


‘Hit do público infantil pré-escolar, a animação dinamarquesa ‘Little People’ estréia hoje, às 9h25, na TV Cultura.


O programa já é exibido com êxito pelo canal pago Discovery Kids e tem como origem uma extensa linha de brinquedos e outros produtos para crianças.


Licenciada originalmente na década de 60 pela Fisher-Price, gigante do mercado infantil, continua a fazer sucesso.


A idéia da série é ‘descobrir o mundo’, e as descobertas se dão através dos personagens -fofíssimos- Sonya Lee, Eddie, Sarah, Michael e Maggie.


Outra novidade é a estréia do ‘Tchibum TV’ na TV Rá Tim Bum, canal pago da Fundação Padre Anchieta (que administra a Cultura). Produção brasileira, é uma espécie de neo-’Glub Glub’, clássico da Cultura, com dois peixinhos na apresentação do programa.


‘Tchibum TV’, voltado a crianças de seis a nove anos, entra no ar no dia 1º de fevereiro e será veiculado aos sábados e domingos, às 13h45 e às 19h50.


‘Vila Sésamo’


Também na TV Rá Tim Bum estréia a nova versão brasileira do ‘Vila Sésamo’ (que já está na TV Cultura), dirigido a um público de três a seis anos.


A partir de amanhã, o assinante do canal poderá acompanhar 26 episódios inéditos. A exibição está programada para todos os dias, em três horários diferentes: 11h, 16h e 21h.’


 


Mônica Bergamo


Deu na CNN


‘A rede americana CNN vai exibir vídeos institucionais de São Paulo a partir de fevereiro. Os filmes, de 30 segundos e de um minuto, devem exaltar a diversidade cultural e a criatividade da cidade, com eventos célebres entre os paulistanos, como a Parada Gay e a Mostra Internacional de Cinema.


A campanha vai ficar seis meses no ar e está orçada em R$ 1,8 milhão. O pagamento sairá dos cofres da prefeitura.’


 


Folha de S. Paulo


David Letterman faz acordo e volta ao ar


‘Após um acordo com os roteiristas na última sexta, o talk show de David Letterman volta a ser exibido no dia 2. Para o The Writers Guild of America, o acordo sinaliza a prontidão em terminar com a maior crise de Hollywood em 20 anos. Também voltam ao ar Jay Leno e Conan O’Brien, estes sem acordo com os grevistas.’


 


Mariana Botta


Vilões da alimentação são alvo do GNT


‘Em nome de uma alimentação mais saudável, principalmente nesta época de exageros, o canal pago GNT exibe hoje, às 16h, o documentário ‘Ano Novo Sem Toxinas’. A nutricionista Gillian McKeith avalia a alimentação dos ingleses e sugere uma desintoxicação, listando os 12 alimentos que considera vilões da saúde e que devem ser eliminados do dia-a-dia das pessoas. Os inimigos da vida saudável são citados em ordem decrescente de ‘gravidade’. Para cada um deles, há exemplos de famílias e depoimentos.


A nutricionista não poupa argumentos para provar os malefícios dos itens listados. Ela começa com o cigarro, passa por cafeína, álcool, chocolate, salgadinhos e petiscos, carne processada, pão branco, açúcar em excesso, comidas delivery, sal em excesso, gordura saturada e refrigerantes.


Bastante didática, McKeith chega a extremos para conscientizar o telespectador. Ela mostra orelhas e narinas de porcos para convencer os entrevistados a não comerem salsicha. Quando fala dos prejuízos que o pão branco causa, analisa as fezes dos entrevistados e comenta com eles sobre a consistência e o odor.


O documentário não é uma opção muito agradável para se ver antes da ceia de Réveillon, mas cumpre seu papel ao incentivar o público a deixar de comer besteiras. ANO NOVO SEM TOXINAS


Quando: hoje, às 16h


Onde: GNT’


 


Laura Mattos


‘Até hoje me perguntam se vai chover’


‘A nova apresentadora do ‘Fantástico’ parece bem-humorada. Em entrevista à Folha, Patrícia Poeta, 31, deu uma resposta simpática a uma pergunta sobre um vídeo engraçado do YouTube em que ela, no início da carreira, mostra suas curvas em uma roupa de ginástica bem justa. ‘No começo até me incomodou. Mas, quando meu filho viu e disse que achou legal porque eu parecia a moça do ‘Power Rangers’, relaxei.’ Abaixo, ela fala sobre a missão de substituir Glória Maria a partir do próximo domingo.


FOLHA – O que achou de entrar no lugar de Glória Maria?


PATRÍCIA POETA – Essa história de ‘entrar no lugar’ pode passar uma idéia equivocada: a de que eu ou qualquer outra pessoa poderia ocupar o lugar da Glória Maria. Ela é uma personalidade, criou um estilo de fazer jornalismo para TV. E isso foi construído ao longo de 30 anos. Estou fazendo meu caminho, aos poucos, um passo atrás do outro. Estou na Globo há oito anos. Colaboro com o ‘Fantástico’ há seis. Passei cinco anos fora do Brasil e trabalhei como correspondente internacional.


FOLHA – Glória sempre teve empatia com o público. Acha que encontrará rejeição dos ‘órfãos’ dela?


POETA – Pode me incluir nesta lista. Sou fã da Glória Maria. E sei que ídolo não é substituível. O que eu quero é a chance de mostrar meu trabalho, fazer as coisas do meu jeito. E assim, quem sabe, também conquistar um lugarzinho no coração deles. O meu desafio será conseguir conciliar meu estilo com a proposta do programa.


FOLHA – Glória é também conhecida pelas matérias em que chora e ‘entra em ação’. Você pensa em fazer esse tipo de reportagem?


POETA – Tenho duas paixões: contar a história de bons personagens e fazer reportagem sobre cinema. A abordagem depende do momento.


FOLHA – Já nos bastidores, Glória Maria tem fama de ser difícil. Você é uma pessoa mais tranqüila?


POETA – Em televisão chega uma hora em que nada é tranqüilo. Quando você tem que entregar a reportagem e faltam dez minutos para o programa começar, não tem meio-termo. Mas eu sempre lidei bem com isso. Provavelmente por causa do meu temperamento. Sou muito tranqüila, na minha.


FOLHA – O YouTube traz um vídeo engraçado em que você está com roupa de ginástica, no início da carreira, errando bastante o texto.


POETA – Ah, o vídeo do YouTube… No começo até me incomodou. Mas, quando meu filho viu e disse que achou legal porque eu parecia a moça do ‘Power Rangers’, relaxei. E ele estava certo. Naquele vídeo está uma garota de 16 anos, fazendo teste para um comercial e já sonhando com TV. Não tem nada de mais. A única coisa de que não gosto nesta história é o oportunismo de quem botou o vídeo.


FOLHA – Do que mais e menos gostou de fazer em sua carreira? Gostava de ser a moça do tempo?


POETA – Fui repórter em Porto Alegre e São Paulo. O trabalho na rua me ensinou muito. Tive oportunidades na apresentação, tanto como âncora do ‘SPTV’ quanto como moça do tempo. Guardo com carinho essa história de moça do tempo. Até hoje brincam comigo perguntando se vai chover. Em seguida, veio a mudança para Nova York e a experiência como correspondente. Num dia você está fazendo reportagem sobre a Guerra do Iraque, no outro, entrevista o Steven Spielberg.


FOLHA – O seu casamento com Amauri Soares determinou sua ida para Nova York, quando ele foi cuidar da sede da Globo de lá. De que maneira ser casada com um diretor da Globo interfere na sua carreira?


POETA – De fato, fomos para Nova York porque o Amauri foi transferido. Mas não podíamos imaginar como o período no exterior seria rico. Deixei algo de que gostava muito, o ‘SPTV’, e comecei do zero. Descobri como é difícil ser correspondente. Parei de trabalhar e fiz dois anos de pós-graduação em cinema na Universidade de Nova York. A esta altura, ser ou não casada com um diretor da Globo não fazia diferença. Vai fazer seis anos que o Amauri saiu do departamento de jornalismo [e se tornou diretor da Globo Internacional]. Trabalhamos na mesma empresa, mas em áreas que não têm ligação.


FOLHA – Você já recebeu convite para posar para a ‘Playboy’. Dependendo da oferta, aceitaria?


POETA – Eu? Tô fora…’


 


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O Estado de S. Paulo


Segunda-feira, 31 de dezembro de 2007


PUBLICIDADE
Marili Ribeiro


Os desafios da publicidade em 2008


‘A publicidade brasileira atravessa um dos períodos de maior transformação de sua história. Estão ocorrendo mudanças profundas no modelo de negócios, no mercado de consumo, no modo como as pessoas se comunicam e na relação das agências brasileiras com os grandes grupos internacionais.


A pressão começa na administração das empresas. Conhecidos como gastões contumazes, os publicitários estão falando em corte de custos, técnicas de gestão e profissionalização das empresas. Boa parte dos donos de agências percebeu que o modelo de negócios pautado apenas pela genialidade do seu pessoal de criação já não se sustenta mais.


Isso, pelo menos, se eles não quiserem se transformar em meros funcionários de grandes grupos internacionais, como pondera o publicitário Nizan Guanaes, presidente do Grupo ABC, sócio de 13 agências, entre elas África, DM9DDB, Loducca, MPM e B/ Ferraz.


O modelo de criação também está sendo revisto. Como o número de ofertas de produtos e de meios de comunicação aumentou muito, os publicitários precisam buscar novas estratégias e planejar detalhadamente seu plano de ação.


Antes, era quase questão de fé medir a eficiência de uma campanha publicitária. Agora a programação de usos de mídias – onde anunciar e porque – pede a análise de inúmeras variáveis. E todas essas mudanças ocorrem ao mesmo tempo em que é preciso buscar novas maneiras de se chegar ao consumidor, cada vez mais conectado à Internet e aos novos meios de comunicação.


Para discutir os novos desafios enfrentados pelos publicitários e as perspectivas para 2008, o Estado ouviu Nizan Guanaes e Roberto Justus, dois profissionais de estilos bem diferentes, mas que têm em comum o fato de estarem à frente de grandes grupos de mídia.


Justus, presidente do Grupo Newcomm, dono de sete empresas entre elas a líder de mercado por faturamento, a agência Young & Rubicam, costuma repetir a máxima ‘olho no futuro, mas pé no presente’ ao explicar que as novas tecnologias ainda levarão um tempo para ser absorvidas pelo mercado brasileiro. ‘A propaganda tradicional tem e terá seu lugar, embora nada do que é feito no campo digital possa ser deixado de lado.’


A Newcomm tem a conta das Casas Bahia – com uma verba anual estimada em R$ 1,2 bilhão -, e viu chegar ao seu portfólio verbas cobiçadas, como a dos cartões Bradesco e da Schincariol. Em janeiro, deve anunciar a chegada das contas da Dell e da LG.


Justus, que sem falta modéstia se compara, em termos de espírito empreendedor, ao inglês Richard Branson – criador da Virgin, um grupo com mais de 300 negócios -, está montando uma produtora, comandada pelo ex-executivo da Rede Record, Hélio Vargas. Quer investir na realização e comercialização de programas para tevê. Faz isso de olho em uma nova tendência: para ganhar maior visibilidade, as marcas precisam aparecer inseridas na programação e não só nos intervalos comerciais.


Nizan Guanaes se sabe polêmico por aproveitar bem as brechas de marketing para vender suas propostas e empresas – a mais recente delas ser candidato à presidência do combalido MASP. Na era da revisão dos negócios da publicidade, Guanaes tem um modelo ambicioso, mesmo sabendo dos riscos que corre em pecar pelo exagero. ‘Quero ser a Vale do Rio Doce da publicidade brasileira.’


Com mil funcionários, o ABC viu chegar ao seu portfólio no último ano contas como: Peugeot, Guaraná Antarctica, Brastemp, Consul, Philips, Grendene e C&A. O ABC tem ambições de abrir capital no próximo ano. Para se preparar, contratou há sete meses a consultoria de gestão INDG. Além disso, o grupo ganhou como sócio o fundo Gávea Investimentos, do ex-presidente do BC Armínio Fraga.’


 


‘Não quero ser guiado por uma matriz externa’


‘NIZAN GUANAES: Presidente do Grupo ABC


Empresário questiona modelo de globalização da publicidade e defende o fortalecimento dos grupos brasileiros


INDEPENDÊNCIA: ‘Existem empresas no Brasil que não perguntam o que a França, os Estados Unidos ou a Inglaterra estão fazendo. Elas têm pensamento próprio. Não vejo a Vale, a Embraer, a Gerdau, a AmBev, a Petrobrás seguindo. Vejo essas companhias liderando. O Brasil é um continente e não pode ser subserviente a regras mundiais, ditadas por um centro do poder determinante de como o resto deve se comportar. É um modelo concentrador, em que o centro vende produtos de valor agregado e cabe aos outros vender commodities. Temos que ter uma mentalidade brasileira também na publicidade, sem imitar os grupos de fora. Acredito na ?publicidade etanol?. Não quero ser guiado por uma matriz externa. Quero ser a Vale da publicidade brasileira.’


DESNACIONALIZAÇÃO: ‘O modelo mundial de publicidade é o seguinte: fraciona, estabelece os birôs de mídia, acaba com a BV (Bônus por Volume , calculado com base na verba do anunciante aplicada no canal de comunicação. Esse modelo é responsável por boa parte da receita das agências no Brasil), estabelece hot shops, agências que cuidam só de criação. O que acontece nesse cenário? Simples: o sujeito pega uma conta em Minneapolis (EUA), negocia a conta globalmente por U$ 4 bilhões e dá bônus para o lado abaixo do Equador. Vai fazer as agências daqui trabalharem por 3% em cima de uma verba que aqui fica em torno de R$ 1 milhão.


Nos meios de comunicação existem barreiras para esse tipo de dumping. Capital estrangeiro tem restrições para entrar. Caso contrário, fica impossível concorrer. É natural, dentro da dinâmica do capitalismo, que cada player defenda seus interesses. Devemos fazer em condições iguais e defender a nossa lógica.’


MODELO ARGENTINO: ‘O Brasil tem uma qualidade criativa importante. A tentação de seguir o modelo argentino de pequenas hot shops, com oito ou dez pessoas, que ganham um monte de prêmios em Cannes, mas não ganham dinheiro, é ineficiente por ser totalmente extrativista. Não tenho nada contra as hot shops. Mas os grupos que me influenciam não são conglomerados de comunicação global. Veja se na China é possível fazer negócio sem sócio chinês!


O Brasil vive um momento de ouro. Temos acesso a crédito. Temos mercado de capitais. Os grupos de serviços de comunicação no País têm que aproveitar isso para se posicionar. Se um player como Omnicon tem uma receita de US$ 11 bilhões, não é possível ficar pensando coisas pequenas.’


MEDO DE CRÍTICA: ‘O grande problema do mercado brasileiro é que toda vez que você fala de seu posicionamento soa como crítica ao outro. Cada um que tenha seu livre arbítrio. Nós, como grupo, não queremos ser rabo. Queremos ser o cachorro. A luta aqui é contra custos. Queremos acabar com toda essa ?frescurada? de festas, que eu mesmo sou um dos responsáveis por ter incentivado. Temos boas agências, precisamos ter melhores empresas.


Hoje, o executivo da publicidade tem que conversar com os clientes sobre distribuição, design e endomarketing. Não tem que torcer o nariz na hora de fazer peças para o ponto de venda, por achar que se trata de coisa menor. O importante é o anúncio.’


FUTURO DIGITAL: ‘Em 2008, vamos comprar agências digitais, as hot shops do segmento, que crescerão muito. Estamos de olho em algumas. Faz parte do planejamento e das oportunidades para o futuro. Agir dessa forma, com programação, é pura profissionalização.’’


 


‘Ainda vou vender muita cerveja pela televisão’


‘Para Roberto Justus, muitos publicitários vendem inovações que ainda não se aplicam à realidade brasileira


PERSPECTIVAS: ‘O negócio da comunicação vem a reboque da economia e a economia vai bem, conseguiu até agora descolar da crise americana. Aliás, os países do BRIC, embora se afetem, não mais se destroem pelos desacertos do primeiro mundo. Alguns anunciantes dos segmentos carros-chefes da economia, como varejo, telefonia, bancos e indústria automobilística sinalizam investimentos em marketing. Um exemplo está no fato de as cotas das Olimpíadas e as dos maiores eventos esportivos, como do futebol, já terem sido vendidas’ (uma cota na Rede Globo custa cerca de R$ 107 milhões).


CONCENTRAÇÃO DE MERCADO: ‘O que acontece no cenário global é uma concentração do negócio da comunicação, que se acirrou nos últimos anos. Há quatro grupos mundiais competindo e concentrando toda a compra de mídia. Isso acabou se refletindo no Brasil. Basta olhar o ranking interno: as dez maiores agências estão nas mãos desses grupos.’


MÍDIAS TRADICIONAIS: ‘Apesar de o cenário externo se refletir no Brasil, a modernização que se dá lá não é igual ao que acontece aqui dentro. Temos que tomar cuidado. A grande massa de consumo não tem condição de absorver a tecnologia do jeito que ela é oferecida lá fora. A televisão aberta continuará sendo o canal de consumo de mídia, e isso é totalmente diferente do que acontece no resto do mundo. Não vou falar com o público das Casas Bahia através de mensagens de celular, mas sim pelos comerciais televisivos que tem resposta imediata. Ainda vou vender muita cerveja pela televisão.’


NOVAS MÍDIAS : ‘Vejo um monte de publicitários vendendo inovações que não se aplicam ainda no Brasil. Uma empresa de geração de conteúdo fora do espaço dos anúncios, montada há quatro anos por um executivo hoje no meu grupo, não decolou na época porque só agora os anunciantes entendem o que é ?não? fazer o merchandising tradicional – aquele que interrompe a programação e irrita a audiência. ?O Aprendiz? (programa que Justus apresente e que terá no próximo ano sua quinta edição) é um exemplo do merchan dentro do conteúdo, porque as provas são dos clientes e funcionam junto da audiência.’


LINGUAGEM: ‘O avanço do uso da Internet entre os jovens diminui o tempo que eles passam expostos à televisão. A palavra chave é opção. O segredo não é mais não ter televisão, mas sim o que fazer na televisão para reter a atenção deles. É fundamental que os programas tenham uma linguagem mais moderna. Por isso, montei uma produtora para desenvolver programas mais adequadas às novas gerações’.


FUTURO: ‘Vejo o Newcomm a partir do conceito que considera a capacidade de atuarmos em três frentes: a da propaganda, a do entretenimento e a da tecnologia com interatividade. Esse é o desenho do futuro da comunicação publicitária. Quem só sabe lidar com uma das pontas – fazer anúncios – não vai sobreviver. A publicidade está cada vez mais negócio. Publicitários têm que entender que o que deve brilhar é a empresa. A agência é o parceiro que vai ajudar a fazer a empresa do cliente crescer. Logo, anúncios e as plataformas usadas são apenas os meios para se obter resultados’.’


 


TELEVISÃO
O Estado de S. Paulo


Letterman volta ao ar na quarta, sem roteiristas


‘O apresentador de talk show David Letterman, cada vez mais um humorista e menos um entrevistador, entrou em acordo com a associação dos roteiristas de Hollywood, em greve interminável por seus direitos desde 15 de novembro, e decidiu retomar nesta quarta seu programa Saturday Night Live, da rede CBS. Segundo noticiou o jornal The New York Times, graças a esse acordo de Letterman, voltarão ao ar, também a partir de quarta, mas todos sem roteiristas, os seguintes programas de variedades da TV americana: Tonight, de Jay Reno; Late Night, de Conan O’Brien, ambos da NBC, e o Jimmy Kimmel Live, da rede ABC.’


 


Keila Jimenez


A volta de A Diarista


‘Cláudia Rodrigues volta ao ar com A Diarista em 2008. Por enquanto, só ela. O diretor da atração, José Alvarenga, e parte do elenco do humorístico não querem retomar o projeto.


Assim como o diretor, as atrizes Helena Fernandes (Ipanema) e Dira Paes (Solineuza) deixaram claro que não farão mais o programa. Apenas Cláudia, Sérgio Loroza (Figueirinha) e Cláudia Mello (Dalila) devem permanecer no elenco.


A Diarista saiu do ar em julho, com a promessa de voltar no segundo semestre de 2008. O motivo alegado na época foi a queda de audiência. Em seu lugar entrou Toma lá, Dá cá, que, com a missão de alavancar o ibope no horário, fez justamente o contrário: derrubou ainda mais a audiência.


De 24 pontos, a média de A Diarista, o horário chegou a cair para 17 pontos com a sitcom de Miguel Falabella.


Com a volta de A Diarista, Toma lá, Dá cá tem dois destinos pela frente. Um deles é, sim, o término. O outro, mais otimista, é a transferência da sitcom para as noites de domingo, logo após o Fantástico.


A Globo, por meio de sua assessoria, não confirma essas mudanças da programação.’


 


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