Enquanto os telespectadores americanos reclamam dos atrasos na transmissão da rede NBC, os britânicos experimentam uma cobertura mais ampla. A BBC está envolvida em uma verdadeira maratona – 2,5 mil horas de programação durante as duas semanas dos Jogos. Com o simples toque de um botão no controle remoto, o chamado “botãqo vermelho”, telespectadores podem escolher entre 24 transmissões ao vivo de várias modalidades. “Quisemos dar às pessoas cada atividade, do primeiro evento da manhã até o último da noite”, afirmou Roger Mosey, diretor da cobertura olímpica da rede pública.
Emissoras, entre elas a BBC e a japonesa NHK, também aproveitam os Jogos para testar iniciativas tecnológicas, como a Super Hi-Vision, que tem uma resolução 16 vezes maior do que a televisão de alta-definição convencional. A Super Hi-Vision ainda não está disponível nos lares e não deve estar até 2020. Mas a tecnologia está sendo usada em diversos eventos com transmissão em circuitos fechados em Londres e Bradford, no Reino Unido; em Glasgow, na Escócia; e em Tóquio e Fukushima, no Japão. Uma transmissão foi cedida à NBC para exibição em Washington. “É melhor do que 3D. É como olhar um evento através de uma janela de vidro”, diz Mosey.
Nos primeiros seis dias dos Jogos, 45,4 milhões de britânicos assistiram a pelo menos 15 minutos da cobertura da BBC – mais do que durante as três semanas das Olimpíadas de Pequim, em 2008, ou de Atenas, em 2004. Mais de 16 milhões de pessoas usaram o chamado serviço “botão vermelho”, para transmissão ao vivo. “A exibição ao vivo de eventos esportivos está mais dominante do que nunca”, disse Kevin Alavy, diretor da unidade de pesquisa em esportes da agência de comunicação Initiative. “Quando você tem mais canais e mais aparatos para se assistir a eventos ao vivo, há um impacto na programação”.
Americanos não têm mesma sorte
Já a NBC está oferecendo a maior parte da programação ao vivo via streaming (na internet), com acesso apenas para clientes de TV por assinatura. Já a cobertura televisiva é baseada em material editado e exibido no horário nobre de eventos que foram realizados horas antes, ou seja, em delay. Mas mesmo com reclamações de telespectadores e de críticos de TV, os números de audiência e de anunciantes mantêm-se fortes.
A rede americana pagou mais de R$ 2,4 bilhões pelos direitos de exibir os Jogos nos EUA e tem a maior parte de sua receita proveniente de publicidade. Já a BBC recebe a maior parte do seu financiamento do público, por meio de uma taxa anual de R$ 457 paga pelos moradores do país que têm aparelhos de TV. Na maior parte dos países europeus, os Jogos são exibidos por emissoras públicas, como a BBC.
O Comitê Olímpico Internacional sempre buscou ter as maiores audiências televisivas possíveis. Mas novas tecnologias, como as usadas pela BBC e Sky Italia, para tornar diversas opções disponíveis simultaneamente, podem estar subitamente alterando este objetivo, afirmam analistas. “A prioridade ainda é ter o maior número de pessoas possível assistindo aos Jogos. Mas agora eles também querem o máximo de cobertura para dar mais exposição a algumas modalidades menores”, opina Ben Speight, analista do londrino SportBusiness Group.
Mosey contou que, depois dos Jogos de Pequim, realizados com uma diferença de sete horas à frente de Londres, conversou com Mark Thompson, diretor-geral da BBC, sobre se teria feito sentido atrasar a transmissão da cerimônia de abertura. Na ocasião, a BBC exibiu o evento ao vivo, à tarde, mas poderia ter atraído uma audiência maior no horário nobre. Eles concluíram, entretanto, que a audiência britânica não toleraria atrasos. “Respeitamos o que a NBC está fazendo, mas a BBC estaria morta se tivesse atrasado a transmissão da cerimônia de abertura”, disse. Informações de Eric Pfanner [New York Times, 5/8/12].