Repórteres e editores do New York Times têm grande dificuldade de traduzir os relatórios de desempenho trimestrais de grandes empresas em artigos compreensíveis ao leitor comum, comenta, em sua coluna [12/8/12], o ombudsman Arthur S. Brisbane. Outros veículos também enfrentam o desafio de produzir matérias econômicas de forma clara e acessível.
A cada três meses, investidores e jornalistas esperam ansiosamente os resultados que empresas divulgam em coletivas e teleconferências. Mas, muitas vezes, há divergências na interpretação dos resultados. O desempenho do próprio NYTimes, por exemplo, foi visto de maneira diferente pelos rivais. O jornalão foi pessimista e enfatizou a perda de R$ 177 milhões que resultou em uma depreciação do site About.com, de sua propriedade, assim como “declínios contínuos na receita publicitária do impresso e do online”. Já a Reuters e o Wall Street Journal ressaltaram o modo como as assinaturas impressas e digitais do NYTimes estavam compensando os declínios na publicidade – um modo muito mais otimista de ver os números.
Peneira
O leitor, diante de tais matérias, pode não saber o que pensar. O problema não é novo, mas está mudando. Jornalistas de economia veteranos colocam a culpa no boom das empresas de tecnologia, quando os empreendimentos tentaram convencer analistas e jornalistas de que a receita líquida, a medida padrão de lucro, não era tão importante quanto as métricas que estavam lançando. Analistas têm, ainda, outra tarefa: tentar prever cenários futuros.
Larry Ingrassia, editor de economia do NYTimes, define os desafios como peneirar todas as informações para descobrir o desempenho real da empresa, para então revelar aos leitores a estratégia e compará-la aos rivais – em um processo que se parece com um mosaico. O jornalão é muito seletivo em relação ao que divulga e produz apenas uma fração do número de relatórios que costumava publicar. Agora, foca apenas em empresas que considera “interessantes”. O objetivo é ter uma cobertura mais profunda e complexa.