A Folha de S.Paulo teve um novo surto de desbundite, ou desbunde, na edição de domingo (18/8). O jornalão parecia ter superado definitivamente a demorada adolescência, mas o veranico de agosto trouxe de volta a velha compulsão de fazer barulho, perder a compostura, esquecer responsabilidades.
A novela gráfica “O Incrível Mensalão”, com desenhos de Angeli e roteiro de Mario Cesar Carvalho é engraçadíssima, merece o espaço que lhe foi concedido num caderno especial (ver aqui, para assinantes).
Faltou senso de medida, sensatez, no destaque dado na primeira página do jornal: não deixou um centímetro sequer para chamar alguma das reportagens ou análises contidas nas três páginas internas sobre um evento que a própria Folha & congêneres chamam de “julgamento do século”.
Última moda
O século está engatinhando, é possível que as novas tecnologias associadas à velha corrupção venham a produzir de forma exponencial escândalos cada vez mais espantosos. Mas este julgamento da Ação Penal 470, vulgo mensalão, é coisa séria, está sendo levado a sério pelos meritíssimos, pela classe política, pelo elenco de grandes jornalistas, colunistas e opinionistas que o acompanham diariamente. No país dos bacharéis e das injustiças, este esforço de fazer justiça começa a chamar a atenção. O julgamento está sendo levado a sério pela sociedade, ou a ínfima parte que procura entender o que se passa além e aquém do barulho.
A criatividade, picardia e coragem de grandes caricaturistas e chargistas precisa ser alimentada por um jornalismo de qualidade. Esta qualidade não apareceu na capa da edição dominical da Folha.
Angeli precisa do espaço e liberdade para as suas gozações. Seus editores precisam de juízo para valorizá-las.
A informalidade parece ser a última moda nos telejornais e radiojornais. Problema deles, escolheram ser descartáveis. A mídia impressa é referência. A referência. Como dizem bicheiros e contraventores – vale o escrito. Portanto deem-se ao respeito.