Desgastada pela mídia, principalmente pela ineficiência de algumas de suas ações em torno do planeta, a ONU (Organização das Nações Unidas) apela para o fictício repórter fotográfico Peter Parker – identidade secreta do personagem em quadrinhos Homem-Aranha – para melhorar a sua imagem entre as novas gerações.
No novo contrato, o profissional do jornal Clarim Diário terá a árdua missão de desburocratizar as teias da intolerância e da ineficiência acumuladas em diferentes cantos do globo. O resultado dessa empreitada dará luz a uma história em quadrinhos que será distribuída para um milhão de estudantes norte-americanos em 2009.
Segundo os organizadores, futuramente o episódio poderá também estar disponível em outros idiomas. A façanha foi manchete do site da BBC Brasil no último dia (5/01).
Na reportagem, os leitores podem, através desta simples sacada mercadológica, conhecer um pouco da trajetória e deslizes de manipulação daquele organismo internacional ao longo dos anos.
Diferentemente de outros órgãos e mentes, a ONU conhece, e muito, o mundo dos quadrinhos. E não é a primeira vez que recorre aos personagens inanimados para transmitir mensagens e, acima disso, persuadir.
Reflexão sobre conflitos?
Em uma breve consulta a antigas revistas, os leitores podem ver em diferentes enredos o dedinho da simpática e gentilíssima amiga das nações. Semelhante a outras páginas da história, o aracnídeo aparecerá lutando ao lado de trabalhadores humanitários e soldados de forças de paz da ONU.
Cabe a pergunta: o emissário irá lutar ou terá apenas a intenção de sair bonito no retrato? Se a história se repetir, como ocorre diariamente, teremos a infeliz constatação de que aquele órgão está muito mais preocupado com a imagem.
Caso isso realmente aconteça, mais uma vez os problemas do Iraque, Paquistão, Quênia, Bolívia e de tantas outras regiões perderam a oportunidade de serem melhores compreendidos e, quiçá, encaminhados para uma saída.
Vale destacar que esta produção será de responsabilidade da Editora Marvel com crivo final da ONU. A lapidação do conteúdo, com suas aberturas, ângulos e focos, entre outras estratégias editoriais, ficaram a cargo de uma equipe da organização.
Com estes procedimentos, será que o famoso personagem de Stan Lee contribuirá para refletir, discutir e propor soluções para os conflitos que são travados há anos pelo mundo?
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Jornalista e pós-graduando em Linguagem, Cultura e Ensino pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Foz do Iguaçu, PR