A nova geração de leitores é predominantemente visual. E um público que busca entender as coisas de um jeito fácil e rápido, num relance. A primeira coisa que em geral se lê, junto com os títulos, são os infográficos. Às vezes é a única coisa que se lê; em outras, é a porta de entrada para a matéria jornalística. Quando não é possível entender os infográficos em poucos segundos, nenhuma dessas funções se cumpre. Quando não informa ou induz à leitura, essa determinada página de jornal só servirá mesmo para embrulhar verduras na feira do dia seguinte.
Os infográficos (do inglês informational graphics) revolucionaram o design e isso não aconteceu só porque enfeitam as edições de jornais e revistas. São imprescindíveis para apresentar informação técnica, habituais nas páginas de saúde e ciência. Só assim os números, estatísticas, processos e mecanismos podem ser transmitidos em pouco espaço e tempo, e de maneira atrativa.
Na semana passada, a procriação de um mamífero sem intervenção masculina obrigou a mídia a usar infográficos para explicar como tinha sido feita a experiência. Incluem-se aqui dois exemplos – um do jornal brasileiro O Estado de S.Paulo e outro do argentino La Nación – publicados na quinta, 22/4
O Estado de S.Paulo (22/4/04)
La Nación (22/4/04)
O leitor pode usar as indicações abaixo para analisar os infográficos em qualquer mídia, e sobre qualquer assunto.
Decálogo do infográfico
1. O infográfico é bom se consegue transmitir em segundos o que um texto levaria minutos.
2. Deve ser completo, mas não profuso. Simples, claro e, sobretudo, unívoco.
3. Um bom infográfico não precisa de muito texto. O excesso de informação dispersa o interesse do leitor.
4. No primeiro lugar está a idéia clara do que se quer dizer; no segundo, a beleza. Se alguma falta, o leitor vai notar.
5. O titulo deve ser direito, sintético e expressar o conteúdo.
6. O subtítulo deve ser sucinto e oferecer a explicação necessária para entender o quadro.
7. O espaço deve estar estruturado, com uma ordem de leitura clara e que revele as informações essenciais.
8. Não deve ter elementos gráficos nem termos técnicos desnecessários.
9. A fonte de informação tem que estar sempre presente, em um lugar que não distraia a atenção.
10. Fazer uma prova: caso alguém demorar mais do que uns poucos segundos para entender tudo, o melhor e jogar fora e começar a tarefa de novo.
A infografía é uma técnica complexa que exige sentido visual, e este implica capacidade de abstração. Por isso, os infográfícos estão mais próximos das idéias que das palavras. Só que é preciso tê-las claras.
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Bióloga e jornalista especializada em saúde