A produtora argentina Cuatro Cabezas, criadora de vários formatos para o Brasil e outras partes do mundo, segue sua saga na TV brasileira em sua parceria com a TV Bandeirantes. Agora a coisa é com os solteirões de plantão. Êxito em vários países, e tendo sua última versão na Argentina pelo canal Telefe, chega ao Brasil o Quem quer casar com meu filho? As perguntas que se devem fazer no Brasil são: os homossexuais serão escondidos das propagandas como ocorreu no país vizinho? Mesmo considerando que los hermanos são menos fascistas que os brasileiros, pois aprovaram com aprovação presidencial o casamento entre pessoas do mesmo sexo em 2010.
Como será feito o casamento entre os dois homens? Caso logrem conformar-se como casal, já que o Brasil tem na gaveta escura do Congresso Nacional e conservador, com apoio da presidenta Dilma Rousseff e sua base aliada, o matrimônio igualitário. Corrigindo, a união estável, essa que não dá direitos iguais a parte da população sem dar-lhes os devidos descontos de impostos ou indenização vexatória por esse diferenciamento quanto à liberdade de expressão, culto e credo, ou como queiram chamar.
Nota de O Estado de S. Paulo: “Classificado como date show, o programa Quem Quer Casar com Meu Filho ganha sua primeira versão brasileira em edição que chega à tela da Band em novembro. A ideia é que cinco personagens solteiros de idades diversas tenham seus pretendentes escolhidos por suas mães. Em determinado momento, eles também deverão opinar se querem de fato se casar ou continuar sob as saias de mamãe. Por pretendentes, entenda-se meninas ou meninos. Na versão espanhola do programa, um formato da Eyeworks/Cuatro Cabezas, o grupo era formado por quatro héteros e um gay. A Band abriu inscrições a interessados em seu site e caça personagens por meio de olheiros.
“Ele é teimoso, mas um doce de pessoa”
Se em um país onde homofobia é crime e o matrimônio entre iguais é legalizado, além da adoção, “esconderam os rapazes de gosto diferenciado até o quarto episódio”, afirma o participante Fernando Schweitzer, cantor e estudante de jornalismo que viveu por alguns anos no Brasil e hoje reside em Buenos Aires, “imaginem no Brasil, onde são mortas quase 300 pessoas pelo simples e exclusivo fato de serem homossexuais?”
Existem outras controvérsias sobre o programa, que no país vizinho não conseguiu repetir o sucesso da versão espanhola – que ao seu término teve uma segunda edição. Uma das polêmicas nas ruas quanto ao programa é se são ou não atuações. Ou por exemplo, por um dos participantes na vida real ter um namorado, ao comentar no sábado antes da estreia em seu perfil de uma rede social: “Hoy 23:30hs: Último capítulo de Quién quiere casarse con mi hijo? por Telefe. Me elegirá Franco para casarnos? O habrá quedado muy dolido por ‘la traición’? Ajajajajajaja No se lo pierdan!”.
Mais além das controvérsias que todos os shows de realidade podem ocasionar, a pergunta a deixar no ar é: como fará a TV Bandeirantes para casar os homossexuais? Caso consigam, no meio das plumas que vão voar, formar um par. Porque obviamente não esperemos que os 10 homossexuais que vão hipoteticamente se candidatar ao coração de paulistano Ramon, 27 anos, serão homossexuais não estereotipados. Segundo o portal especializado em notícias do mundo LGBTS A Capa, esse é o participante gay da versão brasileira do reality.
Deixo a vocês a frase da mamãe do perfil gay, dos cinco perfis abordados no programa: “Ele é um pouco teimoso, mas um doce de pessoa. É muito romântico e quer formar uma família. É gay!”, diz a mãe do jovem no vídeo de apresentação.
***
[Fernando Schweitzer é diretor teatral e jornalista, Buenos Aires, Argentina]