Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Apoios do Post favorecem democratas

O Washington Post começou a demonstrar publicamente o apoio aos candidatos a presidente em 1976, com Jimmy Carter, relembra, em sua coluna [4/11/12], o ombudsman do jornal, Patrick Pexton. Desde então, a diretoria do Post não apoiou qualquer republicano para a Casa Branca, embora na eleição de 1988, entre George H.W. Bush e Michael Dukakis, não tenha apoiado nenhum deles. Revendo os apoios dados pelo Post desde 1976, percebe-se que na grande maioria das eleições – federais, estaduais ou locais – o jornal apoia geralmente os democratas.

Ao longo dos anos, entretanto, o Post apoiou muitos republicanos. O republicano Robert Ehrlich recebeu apoio quando se candidatou, sem sucesso, à reeleição para governador de Maryland, em 2006. No Estado de Virgínia, o Post não apoia qualquer candidato republicano a governador desde 1977. Ainda nesse estado, apoiou o republicano John Warner, candidato à reeleição para o Senado, em 1990, 1996 e 2002, enquanto em Maryland nenhum republicano recebeu apoio para o Senado desde o finado Charles “Mac” Mathias Jr., na década de 80.

Para a Câmara dos Representantes [correspondentes a deputados], o Post apoiou com frequência republicanos moderados tanto em Maryland quanto Virgínia. No primeiro, apoiou Connie Morella e Wayne Gilchrest, respectivamente nos condados de Montgomery e Chesapeake Bay. Na Virgínia do Norte, o Post apoiou o ex-deputado Thomas M. Davis III, assim como o republicano Frank Wof, quando candidatou-se à reeleição, em 1982.

Nada a ver com a redação

No Distrito de Columbia, onde os democratas são tradicionalmente majoritários, o Post apoiou muitos republicanos. Apoiou a ex-conselheira [equivalente a vereadora] Carol Schwartzwhen quando ela concorreu ao cargo de prefeita, em 1994. Este ano, dois candidatos independentes, David Grosso e Leon Swain Jr., assim como o republicano Ron Moten, são apoiados para conselheiros. Vários republicanos moderados receberam apoio, para conselheiro e prefeito, nos condados de Fairfax e Montgomery, assim como para deputados, em Annapolis e Richmond.

Entretanto, e de forma assimétrica, o Post apoia os democratas que, afinal, dominam a região. Republicanos e conservadores escrevem ao ombudsman do Post dizendo que esse histórico de apoios equivale a debochar do lema que está na página editorial do jornal: “Um jornal independente”. Alguns vão mais longe e dizem que o Post é um braço do Partido Democrata.

É importante lembrar que o conselho editorial e seu processo de apoio a um candidato nada têm a ver com a redação. Numa recente conversa online, o editor da página editorial, Fred Hiatt, disse: “Ficamos completamente separados da operação de notícias. Não me meto, nem sei o que estão fazendo, e eles não se metem na minha operação.” Hiatt e mais 11 pessoas participam do processo de apoio que, diz ele, é “uma das coisas que toma mais do nosso tempo”. O conselho editorial entrevista muitos candidatos pessoalmente; outros, entrevista via conferência telefônica; e faz uma extensa investigação sobre aqueles com quem não consegue falar. “Nosso conselho coleta muita informação, lê muitos relatórios e depois discute, expõe argumentos, escreve e reescreve.”

Postnão é o braço de um partido

Hiatt não acha que o Post seja o braço de partido algum. “Temos opiniões fortes e princípios sólidos sobre uma porção de assuntos – a favor de uma política externa comprometida, que apoie os direitos humanos, a favor da livre iniciativa, a favor das liberdades civis, a favor de uma estrutura de impostos progressiva, a favor de balanços fiscais corretos, a favor de limites sensatos para financiamento de campanhas. Isso são nos faz alinharmo-nos com um ou outro partido. Damos nosso apoio baseados no candidato que esteja mais próximo a nossas opiniões sobre os assuntos mais importantes, mas também, com base no caráter e na capacidade, nós os avaliamos.”

Donald Graham, principal executivo do grupo The Washington Post Co., e a diretora do jornal Katharine Weymouth não fazem parte do conselho editorial, mas têm voz. Como disse Hiatt, “nunca me deram ordens sobre um apoio ou qualquer outra coisa. Mas têm, e deveriam ter, voz no que se refere à tomada de decisões e eu jamais publicaria um apoio importante sem consultá-los”. Graham e Katharine não são fanáticos de esquerda ou de direita. São empresários pragmáticos que, como muitas outras pessoas protegidas pela Primeira Emenda, tendem a apoiar as liberdades e os direitos civis com um toque apropriado de compaixão. Mas não interferem nas decisões do dia a dia. “Seriam os apoios do Post mais à esquerda do que à direita ou ao centro? Sim, mas isso não faz com que seja o braço de um partido ou de uma facção”, conclui o ombudsman.