Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A questão do diploma em reprise

A discussão sobre a recente decisão do Senado em regulamentar a profissão de historiador deveria ser ampliada. Matéria publicada na Folha de S.Paulo na segunda-feira (12/11, “Historiadores se dividem sobre lei que regula profissão”, acesso para assinantes), traz interessantes aportes do dream team, a nata de historiadores brasileiros.

Estão certíssimos: quase todos são contra esta reserva de mercado embora alguns admitam, com razão, que a docência no primeiro e segundo graus seja facultada apenas aos historiadores formados.

A ampliação desta discussão deverá nos reconduzir inevitavelmente à questão obrigatoriedade do diploma para o exercício de jornalismo. Esta discussão foi embargada arbitrariamente com a decisão do Supremo Tribunal Federal em 2009 de impedir a exigência do diploma de jornalismo num voto desastrado, leviano e impertinente do então presidente da corte e relator da matéria, o ministro Gilmar Mendes (ver, neste Observatório, “Uma decisão danosa”, “Uma sucessão de equívocos”, “Quem contrataria Gilmar Mendes para dirigir um jornal?” e “O tamanho do estrago”).

O meritíssimo comparou a profissão de jornalista à de chef de cozinha. Queria ser engraçadinho e quebrou a cara: os chefs de cozinha estão em campanha para serem reconhecidos como profissionais especializados.

Qualificação profissional

Da mesma forma que antropólogos, sociólogos e cientistas políticos podem ser considerados historiadores quando fazem doutorado em história, porque não usar o mesmo raciocínio e converter a profissão de jornalista numa atividade com nível obrigatório de pós-graduação?

Quando tivermos médicos, economistas, advogados e estatísticos com pós-graduação em jornalismo não teremos veículos jornalísticos mais ricos, diversificados e consistentes?

E quando tivermos jornalistas pós-graduados em história, estatística, relações internacionais ou direito nossas redações serão certamente mais criativas, mais eficazes e menos vulneráveis às crises.

O debate sobre qualificação profissional não pode ser esmagado pelas pressões corporativas ou empresariais.