No passado, o fluxo de informação durante uma campanha militar era controlado, em grande parte, pelos exércitos envolvidos. Hoje em dia, entretanto, com a possibilidade de qualquer um publicar e distribuir dados, incluindo fotos e vídeos, muda-se a natureza dos ataques, como aconteceu na campanha israelense contra o Hamas.
O exército israelense usou as mídias sociais, como Twitter, YouTube, Instragram e Tumblr. Obviamente, isso tem valor de propaganda, mas não é o único modo que a campanha de mídia moderna está mudando a natureza da estratégia militar, avalia Mathew Ingram [GigaOM, 19/11/12]. Como as mídias sociais são difíceis de regular e são, por natureza, multidirecionais, podem ser uma faca de dois gumes e somente agora é possível observar as repercussões disso.
Dias depois que as Forças de Defesa de Israel lançaram o que chamaram de Operação Pilar de Defesa, contra o Hamas, o exército israelense solicitou aos cidadãos para não postarem detalhes dos ataques ou dos movimentos das tropas em plataformas sociais, como Twitter, Facebook ou Instagram, para não correr o risco de revelar, inadvertidamente, a localização de alvos específicos.
O episódio guarda semelhanças com a campanha de propaganda durante a Segunda Guerra Mundial, com o slogan “Lábios soltos afundam navios”, que alertava cidadãos americanos e dos países aliados a não disseminar informações específicas sobre os ataques militares que poderiam ameaçar o esforço de guerra. Na época, o fenômeno era bem menor – as informações se espalhavam apenas quando pessoas falavam com os que poderiam ter relação com o exército. Agora, qualquer um com um smartphone pode publicar detalhes, assim como latitudes e longitudes específicas, com imagens e vídeos.
Toda guerra é uma guerra social
O exército de Israel pode até tentar controlar o fluxo de informação por meio de seus perfis no Twitter ou no Tumblr, mas eles são apenas uma gota no mar gigante de dados de indivíduos que estão participando ou observando o conflito. Há soldados, por exemplo, que postam suas fotos no Instagram, ou ainda um site criado para reunir fotos das missões de aviões teleguiados, o Dronestagram. Tudo o que for geolocalizado torna-se uma fonte potencial de informações cruciais sobre a ação israelense e a resposta do Hamas.
Em um passado não tão distante, informações cruciais de guerra iam de cima para baixo e os dados de campo eram difíceis de serem acumulados ou distribuídos de maneira eficiente. As ferramentas sociais e a internet mudaram essa estrutura de maneira significativa. As redes sociais podem ser uma boa maneira de distribuir mensagens do governo sobre o conflito, mas também possibilitam que qualquer um envolvido publique detalhes do confronto.
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