A indicação do jornalista Franklin Martins para comandar o recém-criado Ministério da Comunicação Social deixou a imprensa excitada neste fim de semana.
A preocupação, evidentemente, não é com a pessoa do futuro ministro, jornalista competente e sério. As aflições relacionam-se com o fato de que pela primeira vez a mesma repartição cuidará da distribuição das informações e da distribuição de publicidade, o que já está sendo chamado de combinação do verbo com verbas.
A excitação é despropositada: o novo ministro ainda não desenhou a estrutura do novo ministério e certamente só a apresentará quando tomar posse.
É preciso não esquecer que mesmo em guichês diferentes o governo pode castigar com cortes de publicidade aqueles que o criticam ou privilegiar aqueles que lhe são simpáticos. Isso, aliás, vem acontecendo a partir das revelações do mensalão.
Decisões voluntaristas
É engraçado notar que a mídia não reclama contra as vultosas verbas publicitárias do governo – essa é uma causa que estranhamente não a sensibiliza. Pois devia: o dinheiro do contribuinte só deveria ser gasto em publicidade explícita de serviços públicos ou em projetos comprovadamente culturais, como acontece em tantos paises.
Ao invés de espernear antes da hora, a imprensa deveria preparar sugestões ao novo ministro. Uma boa ouvidoria evitaria eventuais injustiças, um conselho auto-regulador impediria decisões voluntaristas e assim por diante.
Uma coisa é certa: o tal projeto da rede de TV do Executivo vai sair das mãos do ministro Hélio Costa e a RAI italiana não mais servirá de paradigma para nossa rede pública de TV.
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